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sexta-feira, 27 de julho de 2012

(DES)CONHECIDOS - CENA CONTEMPORÂNEA


Após a decepção com Apple Love, assisti a uma excelente peça no Teatro II do CCBB na noite de quinta-feira, sessão de 19:30 horas. Não tinha ingresso, mas na saída do teatro na noite anterior, uma amiga me presenteou com dois ingressos para ver (Des) Conhecidos, da Probástica Companhia de Teatro, residente na cidade do Rio de Janeiro. Como fui só, dei o ingresso que estava sobrando para a primeira pessoa na fila de espera para ver a montagem carioca que acabou por abrir duas sessões extra tamanho o burburinho em torno dela e da propaganda boca a boca. O teatro onde ela é encenada é pequeno, comportando cerca de oitenta pessoas por vez. Há sessões no qual o texto é encenado por dois personagens masculinos, que formam um casal gay, e no qual o mesmo texto é interpretado por um casal heterossexual. Na noite de quinta era a vez da encenação gay. Direção e dramaturgia são de Igor Angelkorte que também atua ao lado de Samuel Toledo. Nas sessões com um casal hetero, Samuel cede lugar para a atriz Chandelly Braz. Dois músicos ficam em cena executando a trilha sonora instrumental ao vivo. O teatro ficou lotado, com público atento ao encontro amoroso entre dois homens. Dois caras se conhecem virtualmente e combinam um encontro em um bar para um primeiro contato real. Enquanto o público vai entrando e se acomodando no teatro, o ator Igor Angelkorte já está sentado em uma mesa de bar ao centro do teatro, enviando e recebendo mensagens pelo seu celular. Já era o início da peça, pois ele sempre está conectado, em contato com seus amigos virtuais. Ele espera alguém que não conhece, mas não se mostra ansioso. Com todos já acomodados, o ator sai de cena, como se fosse ao banheiro do bar, quando o ator Samuel Toledo aparece e se senta na mesma mesa, até que Angelkorte retorna e diz que já estava ocupando aquela mesa. No entanto, com o bar cheio, restou a Toledo pedir para ficar ali sentado até que uma mesa ficasse vaga. Ficam então conversando com ótimas sacadas, fazendo a plateia rir com as ironias e sarcasmos de ambos os lados. Em uma cena previsível, mas hilária e muito bem interpretada, cada um descobre que o outro que espera já está sentado na mesa. Toledo esperava Angelkorte e vice-versa. Afinal, eles se conhecem através de fotos e perfis nas redes sociais, nem sempre correspondentes com a realidade. A partir daí, se inicia um relacionamento entre os dois, com uma discussão que gira em torno de afeto, de amor físico, de fidelidade conjugal, de amor nos tempos cibernéticos. Isto tudo recheado com humor, com erotismo, com lindas cenas, especialmente a do ato sexual, num jogo de sombra e penumbra muito bem feito, dizendo tudo e mostrando pouco. Ao final de setenta minutos, muitos aplausos e a curiosidade para ver o mesmo espetáculo sendo encenado por um homem e uma mulher. Gostei muito.

teatro

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