Para mim, a década de setenta foi bem profícua em filmes divertidos, que misturavam muita ação, atores desconhecidos, roteiros exagerados que combinavam tiros, lutas, sangue, mulheres gostosas, mocinhos com cara de poucos amigos. Não havia muita preocupação com a qualidade. O que importava era entreter o público, especialmente o masculino. Quentin Tarantino e Robert Rodriguez são dois cineastas que nunca esconderam a admiração por estes filmes B, alguns deles classificados como "exploitation movies", onde sexo, consumo de drogas, violência, sangue, muito sangue, lutas, mortes são uma constante. Confesso que sou um dos fãs destes filmes. Recentemente, comprei o blu-ray Machete (Machete), produção americana de 2010 dirigida por Robert Rodriguez. Na última quarta-feira à noite coloquei o filme para assistir. É uma grande homenagem aos filmes apelativos dos anos setenta. Tem todos os elementos que lhes são característicos. Rodriguez colocou como ator principal um colaborador sempre presente em seus filmes, o ator americano com cara de mexicano Danny Trejo que vive o personagem título. Machete é um policial federal mexicano incorruptível que combate o tráfico de drogas, mas cai em uma cilada armada por uma gostosona totalmente nua e é quase morto pelo chefão do tráfico, Torrez, interpretado por Steven Seagal (um péssimo ator que ficou famoso pelos filmes de ação). O filme salta três anos no tempo e Machete está buscando emprego em cidade da fronteira no lado americano, quando tem contato com Luz (Michelle Rodriguez), uma das gostosonas do filme, líder de um movimento chamado A Rede, que auxilia os mexicanos que entram ilegalmente nos Estados Unidos. Sartana, a outra gostosona, interpretada por Jessica Alba, é uma agente da polícia de imigração americana, com ascendência mexicana, que observa o movimento em torno do trailer onde Luz vende comida. Machete é contratado por um homem rico para matar o Senador McLaughlin (Robert De Niro). Claro que é outra cilada e a busca por vingança desencadeia uma sequência de mortes em situações que chegam a ser engraçadas, tamanho o exagero. Lindsay Lohan é outra gostosona que interpreta April, a filha do homem rico, aliado do senador e com relações com Torrez. April é viciada em drogas (um espelho da atriz que a interpreta?), sendo a paixão platônica do próprio pai que utiliza o confessionário para confessar seus pensamentos impuros. O padre é irmão de Machete e maneja uma arma tão bem quanto ele. Enfim, são várias ligações que ocorrem durante os poucos mais de 100 minutos do filme, onde sangue jorra para tudo quanto é lado. Sangue espesso e escuro, visivelmente falso, numa clara referência de Rodriguez aos efeitos pouco especiais das películas "exploitation". Ainda sobra espaço para homenagear o amigo Tarantino, com cenas inspiradas no filme Cães de Aluguel (Reservoir Dogs). De quebra, para quem gosta de filosofar em torno do roteiro, há uma discussão subliminar sobre a discriminação contra os imigrantes nos Estados Unidos e o tráfico de drogas bancando políticos. O sorriso de Robert De Niro ao final do filme, mesmo em situação difícil para o personagem, mostra o escárnio de quem é xenofóbico. Filmaço, mas que não agrada a qualquer pessoa.
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