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quarta-feira, 25 de julho de 2012

TRABALHOS DE AMORES QUASE PERDIDOS - CENA CONTEMPORÂNEA

Na noite de terça-feira, dia 24/07/2012, compareci à decadente Sala Martins Penna do Teatro Nacional Cláudio Santoro para ver mais uma peça do festival Cena Contemporânea 2012. Trabalhos de Amores Quase Perdidos é o curioso título para texto e direção de Pedro Brício. Em cena, os atores Branca Messina, João Velho, Lúcia Bronstein e Pedro Henrique Monteiro. A peça tem dois atos. O primeiro é encenado na parte frontal do palco, com uma cortina azul fechada tampando o cenário do segundo ato, localizado na parte mais ao fundo. O texto brinca com o público, pois fica entre a ficção (com um quê de realidade) e o ensaio de uma peça que aborda o que se passa nesta ficção. Assim, um dos atores sempre esclarece ao público o que acontecerá no palco depois que o texto for encenado, dizendo frases  interessantes como "fulano está em pé no fundo do palco", ou "ciclano pega uma garrafa de champagne", enquanto os atores ficam sentados de frente para o público. Eles alternam, principalmente no primeiro ato, o mais longo, o ensaio e a encenação. Gosto das inovações de Pedro Brício e, mais uma vez, acho que ele acertou, pois a narrativa ficou dinâmica e prendeu a atenção do público. Em alguns momentos, parecia até um ensaio aberto. O texto também é muito bom, com discussões sobre o fim da juventude, já que todos os personagens estão entrando na casa dos trinta anos, quando sentem o peso das responsabilidades que chegam com o avançar da idade. Neste bojo estão os amores e desamores, as idas e vindas de paixões, a explosão carnal, o desejo sexual, os sonhos de jovens que querem um futuro promissor. Outro ponto interessante é a constante troca de papeis dos atores, com homens fazendo personagens femininas e mulheres fazendo as masculinas. Há, ainda, várias falas em espanhol, pois duas personagens são espanholas. Um ótimo diálogo é travado entre um brasileiro, falando o espanhol que todos os brasileiros que não estudaram a língua acreditam saber falar, e a espanhola, com pronúncia perfeita da atriz que a interpreta. Fica evidente que nosso portunhol está longe de ser parecido com o espanhol. Ao final de uma hora e vinte minutos a peça terminou, sendo bastante aplaudida pela plateia, mostrando que texto e atuação agradaram aos presentes. Foi a quarta peça da programação do Cena Contemporânea que assisti nesta edição e até agora gostei de todas. Mais um peça que nos leva a reflexão pós espetáculo.

teatro

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