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domingo, 19 de agosto de 2012

NÚCLEO CULTURAL FELIZ LUSITÂNIA - BELÉM (PA)


Praça Frei Caetano Brandão

Depois de um providencial descanso de vinte minutos sentados em um banco na Praça Frei Caetano Brandão, na Cidade Velha, começamos nossa visita aos prédios históricos construídos nos Sécs. XVII e XVIII. Tais prédios foram restaurados pelo governo estadual e hoje formam um importante pólo turístico de Belém, o Núcleo Cultural Feliz Lusitânia. No local, nasceu a capital paraense. Começamos a visita pela Catedral Metropolitana de Belém (Catedral da Sé), que domina a paisagem com suas paredes externas pintadas em branco. Foi concluída em 1771, tendo parte de seu projeto arquitetônico executado pelo italiano Antônio José Landi. Meu pai ficou sentado na praça, enquanto eu e minha mãe atravessamos a rua para ver se a igreja estava aberta, pois a porta principal estava cerrada. Na lateral, tinha um vigilante que nos informou que ela só abria para visitação pública aos sábados a partir de 16 horas. Voltamos frustrados para a praça, pois não veríamos o interior da catedral. Uma pergunta ficou ecoando na minha cabeça: porque um local turístico onde todas as atrações abrem às 10 horas, a catedral tinha de ser diferente? O pior é que o Guia Turístico de Belém, publicado há 39 anos e distribuído gratuitamente pela cidade (peguei o exemplar de agosto de 2012 com um motorista de táxi) não traz esta informação e nem mesmo um telefone para consultas. Como em tal guia existe a informação que Feliz Lusitânia está aberta ao público de terça a domingo e feriados das 10:00 às 16:00 horas, deduzi que todos os prédios históricos ao redor da praça seguem este horário. Fica para uma próxima vez. Nossa próxima parada foi o Museu de Arte Sacra, prédio também pintado de branco, em posição frontal à catedral. O museu ocupa a Igreja de Santo Alexandre (antiga Igreja de São Francisco Xavier) e o Colégio Jesuítico de Santo Alexandre. Para entrar, ingresso a R$ 4,00, sendo que maiores de 60 anos tem entrada gratuita. Não é permitido entrar com mochilas e bolsas grandes nas dependências do museu, mas os armários de madeira para depositar estes pertences são muito pequenos, não cabendo minha mochila, que teve que ficar com o bilheteiro, sem nenhum comprovante de identificação para a hora da retirada. Fotografias, nem mesmo sem o uso do flash, não são permitidas nas dependências internas do museu. A visita começa pela igreja, onde a monitora Adriana reuniu quem ia chegando para explicar a história do lugar, dando detalhes sobre as peças expostas. A igreja foi fundada pelos jesuítas que lhe deram o nome de São Francisco Xavier, mas quando eles foram expulsos do país, outras ordens religiosas ocuparam o lugar, modificando o nome para Santo Alexandre. As ordens que vieram depois também foram responsáveis por alterar a decoração da igreja. Assim, há altares totalmente esculpidos em madeira (cedro vermelho) e outros feitos posteriormente em argamassa. No entanto, houve uma preocupação destas novas capelas seguiram o rebuscado do barroco das feitas em madeira. A igreja ficou por mais de cinquenta anos abandonada, sujeita às intempéries da umidade, das infiltrações e da sujeira, além de desaparecimento de telas e imagens. Muitas peças não resistiram ao tempo. Por causa da infiltração, capelas inteiras caíram e não houve possibilidade de recuperação. Quando da restauração, prefeririam deixar uma parede do septo, a da direita, sem reforma para que os visitantes vejam como a construção foi feita, utilizando pedras, cipó, conchas, areia e o grude da gurijuba para selar, já que não havia cimento na época de sua construção. Hoje, a igreja não tem missas regulares, funcionando como um museu, mas é utilizada para eventos especiais, como casamentos e formaturas. O piso e o teto da nave central não são originais. Visitamos também a sacristia, onde vimos um móvel em madeira com detalhes em ouro. Segundo a monitora, todas as capelas no interior da igreja também eram revestidas com folhas de ouro, mas devido ao estado de deterioração que as peças foram encontradas, com muito cupim, inclusive, os restauradores tiveram que raspar a madeira para fazer o devido tratamento, deixando-a sem o aplique final dourado. Os batentes das janelas da sacristia são revestidos com peças do piso original, possibilitando aos visitantes ter uma noção de como era o chão. São quadrados escuros de barro queimado. Saímos da igreja, onde meu pai ficou o tempo todo sentado (deu até um cochilo) e subimos as escadas para ver a exposição permanente do acervo do museu, que fica nas dependências do antigo colégio. Meu pai resolveu ficar na praça. A cenografia, a iluminação e a riqueza das peças me impressionaram positivamente. Vi imagens belíssimas, incluindo uma rara imagem de Nossa Senhora do Leite, com um dos seios desnudos alimentando o Menino Jesus. Esta imagem é rara porque a igreja mandou destruir todas deste tipo ao redor do mundo, mas ela se salvou porque fora enrolada em vários panos e enterrada, sendo encontrada muitos anos depois. Quando fazemos a visita no segundo piso, há uma entrada no antigo coro da igreja, onde são expostas imagens restauradas que lhe pertenceram. Uma das imagens é conhecida como "menina da vassoura", materializando uma lenda local que diz que uma menina pegou uma vassoura para bater na mãe e virou madeira. Seguimos nossa visita, vendo a coleção de objetos de prata do museu, expostas em uma sala muito escura, com iluminação fraca focando as peças. Foi difícil ler as informações sobre as peças. Para sair, usamos outra escada, com acesso ao térreo, local utilizado para exposições temporárias. Uma exposição de uma única imagem de Santo Agostinho ocorria no lugar. Passamos direto. Antes de sair, conhecemos o antigo jardim dos religiosos que fica no meio de três construções: a igreja, o colégio e o antigo convento, hoje sem nenhuma função. Neste jardim estão plantados alguns pés de açaí. Finalizada a visita, fomos para o Forte do Presépio, construção mais antiga da praça, que fica ao lado do museu, de frente para a Baía de Guajará-Mirim. O acesso se dá por um portal chamado Portal Feliz Lusitânia. Antes de entrar no forte, temos um gramado bem cuidado com obras da artista Denise Milan. Mais uma vez idosos com mais de 60 anos não pagam ingresso. Para os ainda jovens, a entrada custa R$ 2,00. Visita-se as dependências do forte e um pequeno museu, o Museu do Forte. Começamos por visitar o pátio do forte, subindo, em seguida, em sua murada, onde estão alguns canhões bem antigos. O que mais chama a atenção é a vista que se tem do local: o Rio Guamá, a Baía Guajará-Mirim, parte da Cidade Velha, o Mercado do Peixe, as tendas brancas do Ver-O-Peso, os guindastes amarelos da Estação das Docas, navios ancorados no porto e o skyline da Belém moderna. Algumas fotos e fomos conhecer o museu. Seu acervo é pequeno, mas muito rico. São peças encontradas no próprio forte, além de objetos da cultura marajoara e tapajônica. Enquanto fazemos a volta vendo as peças, andamos em passarelas de ferro que nos permitem ver como era o solo do forte. No centro ficam as urnas funerárias da cultura marajoara. Lindas, por sinal. O passeio ao forte foi rápido. A próxima atração era a Casa das Onze Janelas, um antigo hospital que foi restaurado dando lugar a um museu de arte contemporânea. Suas onze janelas do piso superior dão nome ao prédio, pintado em amarelo. Não quisemos visitar a exposição do museu, também com ingresso a R$ 4,00. Tivemos acesso gratuito aos jardins dos fundos do prédio, onde se tem uma bela vista do Rio Guamá, com direito a bancos protegidos pela sombra de frondosas mangueiras. Há também um jardim na lateral do museu muito bem cuidado. Terminamos a visita aos prédios históricos do Núcleo Cultural Feliz Lusitânia. Em frente à Casa das Onze Janelas pegamos um táxi em direção à Estação das Docas. Passamos pelas apertadas e movimentadas ruas do Comércio, confirmando o que já tínhamos visto perto do Ver-O-Peso: a região é dominado pelo comércio popular, com muito vendedor ambulante disputando freguês com as lojas de rua.


Museu de Arte Sacra


Catedral Metropolitana de Belém


Casa das Onze Janelas e obra de Denise Milan


pátio interno do Forte do Presépio


jardim na lateral da Casa das Onze Janelas


turismo

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