Theatro da Paz
hall de entrada
Manhã quente em Belém, onde estou com meus pais fazendo turismo. Saímos cedo do hotel. Nosso primeiro destino turístico na cidade era o Theatro da Paz (Rua da Paz, s/n). Não era longe do hotel, mas viajando com idosos, preferi pegar um táxi. Chegamos às 08:40 horas. Um vigilante nos informou que o teatro abria para visitação às 9 horas em ponto. Nestes vinte minutos de espera, passeamos pela Praça da República, que fica em frente, cheia de mangueiras frondosas. A praça está bem cuidada, embora haja um lixo aqui e outro ali. Idosos estavam sentados nos bancos aproveitando a sombra das árvores e jovens passeavam com cães. Um coreto com estrutura em ferro é um dos destaques da praça, assim como um monumento bem conservado alusivo à República. A praça também abriga o Teatro Waldemar Henrique, destinado a grupos experimentais, localizado em prédio tombado. As portas laterais do Theatro da Paz se abriram exatamente às 09:00 horas. O acesso para a visita guiada é pela bilheteria. Pessoas acima de 60 anos de idade não pagam para a visita. Assim, somente eu paguei a entrada para conhecer as dependências do teatro (R$ 4,00). Um cartaz dizia que as visitas acontecem de terça a sexta, de hora em hora, de 09 às 17 h, salvo o horário do almoço. Bem visível estava a informação de que as visitas começam rigorosamente no horário. Não foi o caso, pois ficamos esperando por quase dez minutos no hall da bilheteria, tempo que aproveitamos para apreciar o piso de ladrilho hidráulico, o mapa dos assentos do teatro em forma de ferradura e os detalhes de portas e balcão. O guia Pablo chegou pedindo desculpas pelo atraso, alegando que o trânsito de Belém estava travado. O grupo para a primeira visita do dia era formado por cinco pessoas. Fomos direto para o hall principal, onde ele começou a nos contar a história do Theatro da Paz, inaugurado em 1878 com o nome de Theatro Nossa Senhora da Paz, ainda na regência de D. Pedro II, refletindo o esplendor da época da borracha na cidade, quando a cidade imitava hábitos europeus, especialmente parisienses. Como se tratava de um local de apresentações profanas, a igreja pediu a retirada do Nossa Senhora do nome do teatro, ficando como é conhecido até os dias atuais: Theatro da Paz. Um pesado lustre de bronze trazido da França enfeita o hall de entrada, que também tem duas peças de mármore de Carrara. São bustos homenageando Gonçalves Dias e José de Alencar. As escadas são de mármore e o mosaico do chão tem desenho que faz alusão à flora e à fauna da Amazônia. Como o próprio guia disse, a figura dá asas à imaginação. O detalhe curioso deste mosaico, feito com pedras portuguesas, é que suas peças foram coladas no chão com um grude feito da gordura do peixe gurijuba, gordura esta que ainda é exportada para o Japão, provavelmente para uso na indústria farmacêutica ou em cosméticos. A pintura nas paredes, em tom avermelhado, lembra um papel de parede, pois queriam parecer franceses, mas com o calor e a umidade da cidade, os decoradores da época acharam melhor fazer uma pintura que parecesse papel, o que conseguiram. Subimos as escadas e paramos em frente a um espelho de cristal vindo da França. No local era a entrada para o teatro, mas por problemas de acústica, quando o barulho exterior vazava para dentro, decidiram fechar a tal entrada. Para não ficar apenas uma parede, encomendaram um bonito espelho para colocar na parede. O piso deste andar é feito com as madeiras pau amarelo e acapu, cujo desenho lembra uma suástica. O guia abriu uma das portas de acesso ao teatro, quando pudemos nos sentar no espaço chamado varanda, apreciando a beleza do interior. A responsabilidade pela decoração e pinturas do teatro ficou a cargo do atelier do pintor italiano Domenico de Angelis, o mesmo do Teatro Amazonas, em Manaus, motivo pelo qual há elementos semelhantes em ambos os teatros. A pintura do teto foi feita lá mesmo, sem encaixes. É direta na parede e tem elementos da mitologia greco-romana. Os anjos nele pintados, segundo o guia, tem asas inspiradas nos pássaros da Amazônia (de longe é impossível distinguir). Um lindo lustre de ferro enfeita o centro do teatro, peça que foi trazida dos Estados Unidos para substituir um grande ventilador, que amenizava o calor até que foi colocado o sistema de ar condicionado no teatro. As cadeiras de madeira obedecem o formato original, mas o seu estofado foi retirado, colocando palhinha no lugar, combinando mais com o clima da região. Continuamos a visita subindo mais um lance de escadas, desta vez feitas em madeira e placas de bronze em cada degrau, cuja função era a de não deixar as pessoas escorregarem. O piso em frente à entrada do Camarote do Imperador, hoje usado pelo Governador do Estado, é diferente, feito com três madeiras da Amazônia, com colorações distintas: preto (acapu), vermelho (pau-brasil) e amarelo (pau marfim brasileiro). As figuras no chão remetem à vitória-régia, dando um efeito muito bonito. Em seguida, fomos para o Salão Nobre, local onde as pessoas esperavam nos intervalos dos espetáculos ou aconteciam festas para os nobres. Passando pelo salão, chegamos à sacada na parte de frente do teatro, onde há seis colunas (eram sete colunas e seis entradas, mas como o estilo neoclássico italiano exigia número par de colunas e ímpar de entrada, na reforma ocorrida em 1905, recuaram o frontão, retirando uma coluna e uma entrada). Na fachada, o brasão do Estado do Pará é ladeado por quatro bustos das musas das artes: comédia, poesia, música e tragédia. Voltamos para o interior do teatro, indo para a sacada lateral, onde há uma interessante pintura nas paredes que imitam o mármore. Descemos as escadas, chegando novamente ao hall de entrada, onde terminou nossa visita. Meia hora de um passeio pela história deste belo teatro, palco de um festival anual de óperas, que acontece no mês de novembro. Uma curiosidade é que quando o teatro foi reinaugurado após uma longa reforma em abril de 2002, houve a apresentação da ópera Macbeth, de Verdi, para cerca de 250 operários que trabalharam na obra de recuperação do prédio histórico.
piso do corredor das frisas
frisas laterais
piso com figuras de vitória-régia
Salão Nobre
Brasão do Estado do Pará no frontão do teatro
Mosaico no piso do hall de entrada
turismo
Noel, obrigado por citar meu nome. Isso que busco na visita monitorada, apresentar a vocês visitantes a nossa história. Acredito que uma visitar bem elaborada enriquece o conhecimento entre as culturas.
ResponderExcluirAtt,
Pablo Pereira
Monitor do Theatro da Paz