Enfim a turnê Verdade Uma Ilusão de Marisa Monte chegou a Brasília. Tinha ingresso no setor vip gold (R$ 280,00 - meia entrada) para a primeira noite de show no Auditório Master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Cheguei com uma hora de antecedência ao local, pois temia ter que estacionar longe com o tempo chuvoso. Desta forma, às 20:30 horas já estava no saguão do centro de convenções. As portas se abriram às 21 horas, portanto, meia hora antes do horário marcado para o início do show. Teatro lotado. A cantora atrasou vinte minutos para começar. Quando as luzes se apagaram, solicitaram que não fotografassem com flash pois o seu uso atrapalhava os músicos e os efeitos visuais do show. Foi a mesma coisa de ninguém ter falado nada, pois assim que se ouviu a voz de Marisa Monte, dezenas de luzes brancas explodiram no teatro vindas de celulares e máquinas digitais. Muita gente ficou filmando, o que acho uma bobagem e uma perda de tempo, pois a qualidade de vídeos feitos em celulares e máquinas digitais é sofrível. Muito melhor comprar o dvd do espetáculo. O show é muito bem produzido. São nove músicos que acompanham a cantora. Três deles pertencem ao grupo pernambucano Nação Zumbi. Dadi, o veterano músico que era da formação dos Novos Baianos e do grupo A Cor do Som, também faz parte do seleto time de instrumentistas que acompanham Marisa. Um quarteto de cordas dá o toque mais erudito aos arranjos, enquanto que a pegada pop fica por conta do trio pernambucano. Para cada música, há um cenário diferente. Em algumas canções, apenas luzes fazem parte da cenografia, enquanto na maioria delas, projeções que tomam conta de todo o palco, e até mesmo das paredes laterais do teatro, dão um colorido e uma leitura especialíssima às músicas e à interpretação da artista. Um jogo de espelhos que se movimentam nas laterais do palco me lembrou o cenário de Fernando Veloso para o final de Lecuona, um espetáculo do Grupo Corpo. Na primeira parte, Marisa pouco fala com o público, mas após cantar ECT, composição de Marisa Monte, Nando Reis e Carlinhos Brown, que ficou famosa na voz de Cássia Eller, a cantora se dirigiu ao público de forma mais demorada. Apesar de ser uma composição sua, Marisa nunca gravou ECT e nem mesmo tinha cantando a canção em shows. O arranjo deu uma pegada cigana, um toque espanhol à música. A frase dita pela cantora depois de interpretar ECT "alguém já disse que saudade não é quando a gente sente falta de alguém, mas quando sente a sua presença", em sincera e linda homenagem a Cássia Eller, arrebatou a plateia. Outra homenagem foi para a cantora italiana Mina Mazzini, quando Marisa interpretou Sono Come Tu Mi Vuoi, com direito a legenda na parte superior do palco. Antes de iniciar Ainda Bem, um dos sucessos de seu novo álbum, música interpretada em seguida à canção italiana, Marisa Monte explicou que chegou a convidar Mina para fazer um dueto nesta música quando estava gravando o seu mais recente álbum. A italiana gostou tanto que pediu para incluir a canção em seu disco que também estava sendo gravado. Mina gravou em português e Marisa também o fez, porém sozinha. Marisa sempre gostou de chamar artistas para participarem da concepção dos cenários de seus shows. Desta vez, ela chamou vários. Entre os artistas plásticos responsáveis pelos vídeos projetados durante o show estão Luiz Zerbini, Cao Guimarães, Arnaldo Antunes, Thiago Rocha Pitta, Rivane Neuenschwander, Alexandre Brandão e Janaína Tschape. O vídeo Dream Sequence I, de autoria de Tschape, ilustra a canção Depois e, para mim, foi o mais impactante. O curioso é que a letra da canção vai aparecendo no vídeo enquanto Marisa canta. A caligrafia que aparece na projeção é de Arnaldo Antunes. Entre sucessos de sua carreira e canções do novo trabalho, Marisa Monte cantou mais de vinte músicas, entre elas Depois, Universo Particular, Ainda Bem, Diariamente, ECT, O Que Você Quer Saber de Verdade, Beija Eu, Gentileza e Não Vá Embora, a última música interpretada antes do bis. A cantora voltou ao palco sozinha e cantou Amor I Love You, quando a plateia, já aglomerada perto do palco, puxava o U ao final da frase ao comando da artista. Nesta canção, um fã declamou o poema de Eça de Queiroz que originalmente é falado por Arnaldo Antunes na gravação em disco. Depois, Marisa se juntou à banda para interpretar mais duas canções: Velha Infância e Seja Feliz. Foi um belo show, mesmo com a voz da cantora falhando em algumas canções. Acho que já vi todos os shows da carreira da cantora e este é o que tem a pegada mais pop, com Marisa Monte mais próxima da plateia. Gostei muito.
show
música
Nenhum comentário:
Postar um comentário