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quarta-feira, 30 de março de 2022

ASCENSÃO (ASCENSION)

Ascensão (Ascension), 97 minutos.

Documentário que concorreu ao Oscar 2022 dirigido por Jessica Kingdon, uma americana de origem chinesa.

O filme difere dos muitos documentários recentes, pois não tem aquelas entrevistas com as pessoas sentadas olhando para a câmara, tampouco tem narrador para conduzir a história. A câmera da diretora apenas observa, às vezes de longe, outras de perto, o cotidiano de trabalhadores na pungente economia chinesa.

Em nome da produtividade, tudo vale, principalmente exploração da mão de obra. É quase incompreensível para mim ver um recrutamento de trabalhadores por grandes indústrias chinesas informando que o trabalho pode ser feito sentado ou que não é exigido exame de saúde para entrar. Outros gritam que o trabalho é feito 100% em pé, exigem altura máxima do trabalhador, que os trabalhadores dormirão em cômodos com até oito pessoas no mesmo quarto, ou ouvir que quem decide se a jornada que o trabalhador laborou no dia é o seu chefe.

Talvez por sua origem, ao final, a diretora tenta glamourizar a dureza que ela mostrou, colocando na tela momentos de descontração de centenas de chineses em um parque aquático, como se quisesse passar a mensagem: "o trabalho sem limites compensa".

Por quase não ter falas, e quando tem, são diálogos entre os trabalhadores, com cenas longas, o documentário fica monótono a partir da metade.

De qualquer forma, foi válido para conhecer a realidade dos trabalhadores chineses.

HOMEM ARANHA: SEM VOLTA PARA CASA (SPIDER-MAN: NO WAY HOME)

Homem Aranha: Sem Volta Para Casa (Spider-Man: No Way Home), 2021, 148 minutos.

Direção de Jon Watss, com um elenco milionário: Tom Holland (Peter Parker), Zendaya (MJ), Benedict Cumberbatch (Dr. Estranho), Jacob Batalon (Ned Leeds), Jamie Foxx (Max Dillon), Willem Dafoe (Norman Osborn/Duende Verde), Alfred Molina (Dr. Octopus), Andrew Garfield (Peter Parker), Tobey Maguire (Peter Parker), Marisa Tomei (Tia May), Jon Fraveau (Happy Hogan).

O roteiro é interessante ao abrir o multiverso, trazendo infinitas possibilidades paras as aventuras dos heróis Marvel, incluindo resgate de vilões icônicos derrotados pelo Homem Aranha em filmes anteriores. Foi uma ótima ideia a de trazer junto com os vilões, interpretados pelos mesmos atores, os três Peter Parker/Homem Aranha de toda a franquia. Assim, tivemos de volta Tobey Maguire e Andrew Garfield, ambos vindos de outros universos. Mantiveram o mesmo design de traje que cada um usou em seus filmes.

Homem Aranha é o herói da Marvel mais bem humorado. Nesta nova aventura, sobra bom humor durante toda a projeção, com ótimos diálogos entre os três Peter Parker, que fazem comparações do que cada um faz em seu universo. A cena em que Peter Parker (Tobey Maguire) lança sua teia a partir de seu próprio pulso é hilária, pois Peter Parker (Tom Holland) e Peter Parker (Andrew Garfield) querem saber como ele consegue fazer isso, pois o primeiro compra suas teias das empresas Stark e o segundo faz suas teias em laboratório.

Nesta nova fase do Homem Aranha, ele tem sempre ajuda de sua namorada MJ e de Ned, dois personagens sem poderes, mas destemidos. O empoderamento das personagens femininas MJ e Tia May são marcantes, uma grande diferença dos primeiros filmes.

O que faltou foi mais maldade por parte dos vilões. Dr. Octopus e Norman Osborn se tornam dóceis e até ensaiam uma ajuda a Peter Parker.

Como no início do filme, a identidade do Homem Aranha é revelada, foi boa a forma com que encontraram para fazer todo mundo esquecer quem era Peter Parker no final do filme.

Diversão, aventura, efeitos especiais de primeira, bom humor são garantidos durante toda a duração do filme. 

A participação do Dr. Estranho é fundamental neste filme, pois é ele que consegue abrir portas para os vários universos, além de preparar o espectador para o segundo filme deste outro herói Marvel.

Há duas cenas pós início dos créditos, uma no meio e outra no final.

Disponível para alugar/comprar em várias plataformas de streaming.

terça-feira, 29 de março de 2022

HELLRAISER IV: HERANÇA MALDITA (HELLRAISER: BLOODLINE)

Hellraiser IV: Herança Maldita (Hellraiser: Bloodline), 1996, 85 minutos.

Quarto filme da franquia Hellraiser, desta vez sob a direção de Kevin Yagher, continuando no roteiro Peter Atkins.

Yagher não gostou do resultado final do filme, pois a edição ficou por conta dos produtores, que nem quis assinar como diretor, usando o pseudônimo Alan Smithee, que era o pseudônimo que sinalizava para a indústria que o diretor não gostou do filme que foi lançado.

E o filme é muito ruim mesmo. Atores muito ruins para um roteiro péssimo. Em 85 minutos, o filme consegue condensar Século XVIII, dias atuais (anos 1990) e futuro, para tentar justificar que o tal cubo mágico usado para invocar o mal dos infernos foi construído por um fazedor de brinquedos de madeira e que sua linhagem masculina sempre está às voltas com algo que envolva o cubo.

Doug Bradley continua a aparecer como Pinhead e eu gosto da maneira como o personagem fala, pausado, com consistência e ameaçador sempre. Mas neste filme, ficou meio sem graça, pois a entidade malvada Angelique (Valentina Vargas) quer aparecer mais do que ele.

Não disponível em nenhum serviço de streaming.

domingo, 27 de março de 2022

HELLRAISER III: INFERNO DA TERRA

Hellraiser III: Inferno na Terra
(Hellraiser III: Hell on Earth), 1992, 97 minutos.

Os filmes de terror que viram franquia sempre têm uma mesma linha mestra de roteiro. Vai ter uma mocinha destemida, alguns caras que invocam o mal, e, no caso de Hellraiser, tem o famoso Pinhead, líder dos cenobitas.

Este terceiro filme da saga Hellraiser foi dirigido por Anthony Hickox, tendo o diretor do filme anterior, Tony Randel, atuado como corroteirista. No elenco, saem os inexpressivos atores dos duas primeiras películas, entrando pessoas mais convincentes nos seus papéis, como é o caso de Terry Farrell, que interpreta a repórter Joey Summerskill. Fora Pinhead, que continua sendo interpretado por Doug Bradley, há uma aparição rápida de Kirsty, personagem principal dos dois primeiros filmes.

Joey presencia a chegada de um ferido com correntes penduradas no corpo no hospital onde fazia a gravação de uma reportagem, e vê a pele do ferido se soltar do corpo. Com o homem, chegou uma mulher que logo saiu correndo, mas Joey consegue saber onde encontrá-la, partindo para o bar Caldeira, onde Pinhead está preso em uma torre de pedra, conforme vimos no final do segundo filme. Gotas de sangue caem na tal torre, despertando o monstro, que faz um pacto com o dono do bar para se alimentar de outras pessoas até conseguir se libertar daquela prisão. Joey, por meio de sonhos, recebe a forma humana de Pinhead, que a orienta como levar o monstro para sua dimensão, onde ele se encarregaria de destrui-lo. Joey, com o cubo nas mãos, será perseguida por novos monstros, criados por Pinhead, até o final do filme.

Desta vez, parece que havia mais recursos que nos dois primeiros filmes, pois os efeitos especiais são muito convincentes, mas é a maquiagem que se destaca, especialmente com a caracterização dos monstros. Não se menciona mais cenobitas, simplesmente são monstros. O roteiro é lotado de falhas, de buracos, pois muita coisa deixa de ser explicada, mas o mais bizarro são os erros de continuidade. Em uma das cenas finais, Joey, com o cubo em uma das mãos, está fugindo dos monstros, quando há um corte, ela aparece sem o cubo, outro corte, está com o cubo, mais um corte, e, novamente, sem o cubo nas mãos. Pode passar batido, pois o foco fica na correria de Joey pelas ruas da cidade e nas explosões, mas um olhar mais atento percebe esse erro.

Diverte.

Disponível no Prime Vídeo.

OSCAR 2022


Sempre procuro ver todos os filmes indicados ao Oscar antes da premiação. Nesta temporada, consegui ver todos os longas, com exceção de dois documentários, e, de quebra, vi alguns curtas.

Se eu tivesse o poder de premiar os filmes, os vencedores de 2022 seriam:

  1. Filme: Ataque dos Cães.
  2. Diretora: Jane Campion (Ataque dos Cães)
  3. Atriz: Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)
  4. Ator: Will Smith (King Rochard: Criando Campeãs)
  5. Atriz Coadjuvante: Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
  6. Ator Coadjuvante: Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
  7. Roteiro Adaptado: Jane Campion (Ataque dos Cães)
  8. Roteiro Original: Kenneth Branagh (Belfast)
  9. Animação: A Família Mitchell a A Revolta das Máquinas
  10. Filme Estrangeiro: Drive My Car
  11. Documentário: Flee
  12. Fotografia: Bruno Delbonnel (A Tragédia de MacBeth)
  13. Design de Produção: O Beco do Pesadelo
  14. Montagem: Duna
  15. Figurino: Cruella
  16. Maquiagem e Penteado: Os Olhos de Tammy Faye
  17. Trilha Sonora: Hans Zimmer (Duna)
  18. Canção: No Time do Die, Billy Eillish (007: Sem Tempo Para Morrer)
  19. Som: Duna
  20. Efeitos Visuais: Duna
Deixo de fora as três categorias de curta metragem, pois pouco vi dos indicados.

sábado, 26 de março de 2022

PROFISSÃO: REPÓRTER (PROFESSIONE: REPORTER)

Profissão: Repórter (Professione: Reporter), 1975, 126 minutos.

Direção de Michelangelo Antonioni, com Jack Nicholson (David Locke) e Maria Schneider (moça).

Vi este filme no início dos anos 1980, em uma sessão na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, onde eu era estudante. Na época, achei cansativo e arrastado. Quatro décadas depois, sem me lembrar absolutamente nada do filme, o revi para o ciclo sobre cinema e filosofia do Clube da Análise Fílmica, coordenado pelo Prof. Alysson Gutemberg. Minha visão foi totalmente diferente agora.

Com muitas cenas longas sem nenhum diálogo, o que conversa com o espectador são as imagens e a performance dos atores. Um primor, que mostra solidão, fuga para liberdade, frustração, momentos de euforia e de depressão.

Antonioni é um gênio por trás das câmaras, fazendo com que cada milímetro de imagem na tela faça sentido para a história de David Locke, que foi designado para cobrir uma guerrilha na aridez desértica de um país africano, sofre alguns reveses com seus guias no deserto, se frustrando não só na sua missão, mas de sua própria vida.

Locke conhece Robertson, hóspede no mesmo hotel em que estava, com quem faz uma longa entrevista, conhecendo um pouco da vida do cara. Robertson morre repentinamente. Ele não tinha parentes, nem amigos. Locke, frustrado com sua vida, resolve trocar de identidade com o morto, pensando que assim se livraria dessa frustração, de sua vida de casado, de sua profissão, de seu passado.

Começa a sua fuga para a liberdade, sem saber muito para onde ir. Nesta caminhada, descobre que Robertson, sua nova identidade, é um traficante de armas, conhece uma moça em Barcelona, cujo nome nunca é dito no filme, com quem começa a ter uma relação. Ela o acompanha em sua viagem pela Europa. Ambos estão fugindo de algo, em busca da felicidade e da liberdade. Os compradores de armas começam a perseguir Locke querendo que o negócio feito com Robertson seja concretizado. Mas nem tudo são flores nesta caminhada.

A sequência inicial é ótima, com raros diálogos, mostrando Locke em sua jornada pelo deserto imerso em sua solidão. Nesta cena, Antonioni usa planos bem abertos, contrapondo a pequenez de Locke com a imensidão de areia. Aqui fica clara a solidão na qual vive o protagonista da história, mas também sua arrogância, se achando superior perante os africanos.

A sequência final é sensacional, sem nenhum diálogo, em cena longa, quando acompanhamos a câmera, posicionada dentro do quarto de hotel onde Locke está, mostrando a parte exterior, tendo a grade da janela como enquadramento. A câmera vai se movimentando lentamente, até "passar" pela grade, quando temos um plano aberto, novamente com uma paisagem árida, com poucas pessoas, desta vez em uma cidade do interior da Espanha. Neste movimento da câmera, aparecem, do lado de fora do hotel, todos os personagens que tinham relação com Locke durante sua jornada: a moça, a polícia, a sua mulher, seu colega de redação no jornal, os compradores de armas. Só um mestre poderia entregar tanto em uma cena lenta, sem diálogos, mas com muito conteúdo. Para mim, fica clara a mensagem de que Locke, mesmo trocando de identidade, não conseguiu se livrar de seus conflitos internos, de sua persona, e de seu passado, terminando imerso em uma fria solidão em um quarto de hotel.

Também há que se destacar o uso das cores. Tons mais pastéis nas etapas de solidão de Locke e mais coloridos em seus momentos com a moça em sua jornada pela Europa.

Disponível no Belas Artes À La Carte.

A SABIÁ SABIAZINHA (ROBIN ROBIN)

A Sabiá Sabiazinha (Robin Robin), 2021, 32 minutos.

Animação em curta metragem dirigida por Daniel Ojari e Michael Please que concorre ao Oscar 2022.

É daqueles desenhos animados com personagens fofinhos, com textura diferente nos traços dos desenhos, com mensagem sobre a importância de reconhecer a diversidade e promover a inclusão. Mas fica nisto.

O roteiro é batido, já explorado centenas de vezes em filmes e animações. Uma sabiá, ao sair do ovo, é acolhida por uma família de ratos, onde a presença materna não existe. Ela cresce acreditando ser uma ratinha. Ao sentir que atrapalhou os ratos na busca por comida, ela vai sozinha tentar mostrar que pode ser uma boa rata, encontrando obstáculos pelo caminho, como uma malvada gata, e faz amizade com um pássaro que não pode voar por ter a asa quebrada. Os humanos aparecem apenas como sombras.

Apesar da mensagem atual de saber conviver com os diferentes, há mensagens não muito positivas no curta.

A figura feminina é sempre vista pelo lado negativo: a sabiá é atrapalhada, faz tudo errado; a gata encarna a maldade, tem cara de poucos amigos, quer comer os ratos e os pássaros, e a sombra humana que identifica a bagunça da sabiá em sua casa é uma mulher que os personagens animais tratam como monstro. Até que os diretores tentam se redimir ao final, pois é a sabiá que salva todos da tal gata.

Outro ponto negativo, para mim, muito evidente, é a exaltação ao ato de roubar, praticado e enaltecido pela família de ratos, que sempre rouba migalhas e restos de comida nas casas dos humanos.

Enfim, não gostei.

Disponível na Netflix.

quinta-feira, 24 de março de 2022

HELLRAISER II: RENASCIDO DAS TREVAS (HELLBOUND: HELLRAISER II)

Hellraiser II: Renascido das Trevas (Hellbound: Hellraiser II), 1988, 97 minutos.

Sequência do sucesso de Cliver Barker, desta vez dirigido por Tony Randel. No elenco, mais uma vez interpretando os mesmos personagens do filme anterior, estão Ashley Laurence (Kirsty), Clare Higgins (Julia), Sean Chapman (Frank) e Doug Bradley (Pinhead). Como novidade, William Hope (Kyle), Kenneth Cranham (Channard) e Imogen Boorman (Tiffany).

Kirsty, depois de conseguir mandar para o inferno os cenobitas no final do primeiro filme, foi internada em um hospital psiquiátrico. Ninguém acredita no que ela diz, sendo tratada como uma louca. O Dr. Channard, psiquiatra que trata dela, tem uma estranha paixão pelo inferno, pelos cubos misteriosos e mantém uma clínica no subsolo do hospital na qual faz experimentos bizarros com os doentes mentais, entre eles Tiffany, uma adolescente que parou de falar e é uma exímia decifradora de quebra-cabeças. Claro que Channard vai conseguir trazer de volta Julia, a madrasta de Kirsty, do mundo dos mortos. Ela vai tomar sangue e comer vísceras dos doentes para retornar sua forma humana. Kirsty se alia a Kyle, outro médico que a tratava, e a Tiffany para deter Julia, achar seu pai e tentar barrar a vinda dos cenobitas. No entanto, Kyle é assassinado por Julia, enquanto Kirsty e Tiffany passam por um portal, deparando com um labirinto no inferno. Com quase uma hora de projeção, enfim, os cenobitas aparecem. A partir daí, a correria vai se instalar.

Efeitos especiais horríveis, o que me fez lembrar seriados da década de 1960, roteiro nada convincente, pouca presença de Pinhead e seus discípulos, tentativa de humanizar os cenobitas (literalmente), interpretações mais sofríveis que no primeiro filme, que já eram muito ruins. O gore, muito presente no Hellraiser: Renascido do Inferno, é mais discreto nesta sequência, mas continua presente. A música, que pontuava bem as cenas mais tensas do primeiro filme, aqui não consegue adicionar a sensação de medo ou de tensão. Bizarra a cena do descolamento da pele de Julia, quando estão todos no labirinto do inferno.

O diretor tentou criar uma ilusão de ótica em tomadas aéreas do labirinto, mas foi muito infeliz, pois pareceu mais uma fotografia mal feita, sem sensação de profundidade. Tentou imitar o artista gráfico holandês Escher, mestre da ilusão de ótica, mas foi muito raso e infeliz.

Disponível no Prime Vídeo, Looke e Netmovies (este último gratuito).

segunda-feira, 21 de março de 2022

O BECO DAS ALMAS PERDIDAS (NIGHTMARE ALLEY, 1947) / O BECO DO PESADELO (NIGHTMARE ALLEY, 2021)


O Beco das Almas Perdidas
(Nightmare Alley), 1947, 110 minutos. Direção de Edmund Goulding, com Tyrone Power (Stanton Carlisle), Joan Blondell (Zeena), Coleen Gray (Molly), Helen Walker (Drª Lilith Ritter), Taylor Holmes (Ezra Grindle), Ian Keith (Pete) e Mike Mazurki (Bruno).


O Beco do Pesadelo
(Nightmare Alley), 2021, 150 minutos. Direção de Guillermo Del Toro, com Bradley Cooper (Stanton Carlisle), Toni Collette (Zeena), Rooney Mara (Molly), Cate Blanchett (Dr. Lilith Ritter), Richard Jenkins (Ezra Grindle), David Strathairn (Pete), Ron Perlman (Bruno) e Willem Dafoe (Clen).

Com quatro indicações ao Oscar (filme, fotografia, figurino e direção de arte), O Beco do Pesadelo me despertou o interesse de não somente vê-lo, mas também a versão de 1947, que no Brasil teve o título O Beco das Almas Perdidas.

Ambos são adaptações do livro escrito por William Lindsay Gresham. Ambos são ambientados em uma feira de atrações circenses, que tem como chamariz algumas aberrações, como por exemplo o selvagem que fica dias sem comer e se alimenta de galinhas vivas. Os dois filmes são classificados como do gênero noir e se passam nos anos 1940. Na versão de 2021, o dono do empreendimento ganha destaque, interpretado por Dafoe.

Stanton Carlisle começa a trabalhar na feira como ajudante de Zeena e Pete, com quem aprende alguns truques que vai usar para ganhar dinheiro, levando Molly consigo. Nesta nova empreitada, ele conhece Lilith Ritter, uma psicóloga que duvida dos seus dons mentalistas. Ele se junta à Lilith para ganhar dinheiro dos ricos da cidade, aproveitando as informações que a psicóloga tem de seus pacientes, pois ela grava as sessões de terapia. A ganância por dinheiro lhe sobe à cabeça e tudo pode ruir a qualquer momento.

Enquanto a versão de 1947 é filmada em preto e branco, a de 2021 é em cores, mas em tons amarelados, escuros. Del Toro fez muitas cenas com chuva, durante a noite, sempre remetendo aos filmes noir da década de 1940.

A performance do time de atores da versão de Del Toro é infinitamente superior à daquela dirigida por Goulding. A direção de arte é um grande destaque neste filme de 2021, com minúcias na decoração dos ambientes, assim como o figurino. O consultório da Drª Ritter é um primor de direção de arte.

Apesar destas qualidades, o filme de Del Toro se perde por querer explicar o passado de Carlisle, assim como de outros personagens, além de tentar dar importância demais para os personagens secundários. Por causa deste didatismo, a versão de 2021 ficou longa, cansativa, com introdução de novos personagens que nada acrescentam ao roteiro, fazendo o espectador perder o interesse em continuar seguindo a história. Neste aspecto, Goulding acerta em nos mostrar Carlisle já integrado à feira, sem dar importância ao seu passado. Na versão de 1947, não há enrolação, nem cenas longas e repetidas. Del Toro faz um flash back para contextualizar os traumas de Carlisle, além de o introduzir na história como um andarilho que chega à feira e é contratado por Clen.

Em relação ao final, talvez pela época em que foi feito, há uma esperança para o destino de Stanton, enquanto na versão de Del Toro, o fim de Stanton é muito mais sombrio.

Preferi a versão de 1947, que ficaria bem melhor com o final de Del Toro.

O Beco das Almas Perdidas está disponível no Belas Artes À La Carte.
O Beco do Pesadelo está disponível no Star+.

domingo, 20 de março de 2022

SNAKE (ZMIJA)

Snake (Zmija) - 2019, 20 minutos.

Zapeando os aplicativos de streaming que assino, parei no Belas Artes À La Carte porque fiquei curioso com uma mostra de filmes da Macedônia do Norte que está disponível de 10 a 23 de março de 2022. Li as sinopses, escolhendo o curta metragem Snake pelo tema que aborda, a descoberta da homossexualidade na infância.

Dirigido por Andrej I. Volkashin, o curta tem uma boa produção, mas peca por não conseguir empolgar. Gasta-se muito tempo com uma briga de crianças, pré-adolescentes, por causa de uma cobra, enquanto a história principal é Mario se descobrindo gay, e quem sabe, trans, ao se esconder na varanda de um vizinho gay que é chacota na cidade, onde os homens são, em sua maioria, homofóbicos. Mario apanha do pai porque foi encontrado vestido de mulher. É aquela história clássica de pai que não admite que seu filho seja gay, machista, que não deixa a mãe se manifestar.

Borche, o vizinho muito afeminado que o acolhe em seu quarto, quando Mario fica encantando com as plumas e paetês, em uma noite, quando retorna para sua casa, é atacado pelos pré-adolescentes com pedras, socos e pontapés. Mario está no meio, mas ao fugir com os amigos, resolve parar, retornando para ajudar Borche. Quando menos se espera, o curta termina.


sábado, 19 de março de 2022

PARIS, TEXAS

Paris, Texas
, 1984, 145 minutos.

Direção de Wim Wenders, tendo como principais atores Harry Dean Stanton (Travis), Nastassja Kinski (Jane), Dean Stockwell (Walt), Aurore Clément (Anne) e Hunter Carson (Hunter).

Vi pela quarta vez Paris, Texas. Desta vez para me preparar para a aula 3 do ciclo de março do Clube da Análise Fílmica: Cinema e filosofia: uma introdução ao pensamento filosófico através dos filmes - O tempo e o pensamento em Paris, Texas: uma introdução às ideias de Hegel.

Cada vez que vejo este filme, gosto mais dele. Novas leituras, novas nuances, novas contemplações. O filme, apesar de longo, prende a atenção, mesmo com algumas cenas lentas. A transformação de Travis ao longo da projeção nos faz refletir muito, torcer por ele, não torcer por ele, torcer por ele de novo e assim vai.

Trata de solidão, de encontrar um sentido para a vida, de redenção, de maternidade, de amor familial.

É um road movie dos anos 1980, com homenagens sutis ao cinema que se produzia na época. Por exemplo, a trilogia Star Wars (1977, 1980, 1983), que aparece tanto na fala do garoto Hunter, quando na roupa de cama e nos brinquedos dele. É como se Wenders nos dissesse que Star Wars era infantil, mas ao mesmo tempo, tinha profundidade para entreter um adulto. Star Wars remete a uma releitura do gênero western, que Wenders também homenageia com tomadas em planos abertos, mostrando uma paisagem árida do deserto, tal qual fazia John Ford em seus filmes de faroeste. A cena inicial de Paris, Texas é similar a uma abertura dos filmes de Ford. Outra referência a filmes dos anos 1980 é um cartaz enorme com a foto de Barbra Streisand, como no filme Yentl, lançado um ano antes de Paris, Texas.

Mas são as cores que chamam a atenção ao longo do filme. Elas ditam o humor dos personagens ou o clima da cena. Wenders aproveita esta ligação de cores com os rumos da história para fazer um jogo com as cores vermelho, azul e branco, não por acaso, cores da bandeira da França, que junto da Alemanha, produziu o filme, e cores da bandeira dos Estados Unidos, terra do escritor L. M. Kit Carson, cuja obra foi adaptada por Sam Shepard para o filme e onde foi rodado Paris, Texas. Sem contar que França e Estados Unidos estão presentes no título do filme. Uma atriz francesa, Aurore Clément, integra o elenco. Ainda na primeira parte do filme, tomamos conhecimento de que Paris não é bem a que imaginávamos. O vermelho aparece em cenas quentes, que apontam não só para a paixão, mas também para o futuro. O azul traz ideia de tristeza pela certeza de que o futuro não será como o esperado, além da frieza e da racionalidade dos personagens. O verde, que aparece pouco no filme, traz ideia de esperança, tanto nos momentos iniciais do filme, quando Travis está em uma clínica esquisita para a qual foi levado após um desmaio, quanto nos momentos finais, quando, enfim Travis consegue uma sinalização para o futuro de Jane e Hunter. O vermelho ainda domina a cena quando Jane, uma estonteante Nastassja Kinski, aparece no peep show onde trabalhava. E tem o preto, no mesmo peep show, indicando que não haverá felicidade para o casal.

Além da direção segura e perfeita de Wenders e do roteiro excelente de Shepard, temos que dar destaque para a trilha sonora de Roy Cooder, que traz para o filme um blues que envolve perfeitamente as cenas com as cordas de guitarra, e a fotografia marcante de Robby Müller.

Enfim, um filmaço que só cresce em meu conceito.

Disponível no Belas Artes À La Carte.

quinta-feira, 17 de março de 2022

ARGENTINA - DIA 14 - A VOLTA PARA CASA

15/01/2022
(sábado) - acordei cedo, como sempre acontece em dia que tenho que viajar. Ansiedade sempre. Eram antes das 07:00 horas. Também tomamos café da manhã mais cedo. Ligamos para Emi e Rogério, mas eles não atenderam. Nosso desjejum foi apenas eu e Gastón na mesa.

Em seguida, voltamos para o quarto, onde arrumamos as malas, pesando-as com minha balança de mão. Todas com peso bem menor do que o limite máximo. Último banho no hotel antes de voltar para casa.

Descemos com malas prontas para a recepção, entrando na fila para fazer o check out. Enquanto esperávamos, Emi e Rogério desceram para saber sobre nossa conta, pois eles achavam que tinham pago valor a maior. Já tinham feito o check out, embora o voo deles estava marcado somente para o final da tarde. Nossos voos de volta eram em horários diferentes. Chegou nossa vez de acertar as contas no balcão da recepção.

O mesmo empregado que fez nosso check in nos atendeu. Estava com semblante cansado, tipo farol baixo mesmo. Estava trabalhando em excesso por causa do surto de covid entre os empregados do hotel. Quando apresentou o extrato, verificamos que tinha inserido a cobrança do IVA, que não deve ser cobrado de estrangeiros que pagam com cartão de crédito emitido fora da Argentina. Fizemos a reclamação. Ele estava muito mal humorado. Gastón aproveitou para novamente reclamar das condições do ar condicionado, tanto no primeiro quanto no segundo quarto que ficamos na estadia no Hotel 725 Continental. Ele respondia rispidamente. Gastón também reclamou que não pode usar a piscina após 16 horas da quinta-feira, pois a cobertura estava fechada para um happy hour que ocorre semanalmente, fato que não nos foi comunicado quando chegamos no hotel (outros hóspedes também faziam a mesma reclamação). Entreguei o cartão para pagamento. Ele passou o valor com o IVA. Nova discussão. Ele pediu desculpas, dizendo que estava muito atarefado. E ofereceu três opções para sanar o problema: esperar a fila diminuir para estornar o valor pago, que não aceitei, pois a fila estava grande e a ideia era sair para o aeroporto, no máximo às 11:30 horas, pois tínhamos que estar no Aeroparque ao meio dia, com voo marcado para sair às 15:00 horas. A segunda opção foi ele fazer o estorno na noite, me enviando um comprovante por e-mail, que também não aceitei. A terceira foi devolver o valor em pesos, que obviamente não aceitei. Perguntamos se ele poderia devolver o dinheiro em dólares. Ele fez a conversão, checando se havia efetivo em caixa. Ele me entregou $ 64,00. No cartão foi passado o total de ARS 33.068,00 (R$ 1.980,30 na conversão do cartão, já incluído o IOF). Pedi a nota fiscal, que foi impressa de imediato.

Começamos a pedir um Uber, mas nenhum aceitava a corrida. Voltamos ao balcão e pedimos ao recepcionista para chamar um táxi para nós. Ele ligou para a Táxi Premium, que não demorou a chegar.

O taxista passou pela autopista, onde há cobrança de pedágio. Por isso, a corrida ficou em ARS 900,00 (R$ 25,74), pagos em dinheiro. Pelo menos, este trajeto é mais rápido, pois é uma via expressa sem sinais de trânsito. O pedágio custa ARS 175,00.

No aeroporto, no balcão de check in da Aerolíneas Argentinas, ainda tivemos que preencher, on-line, uma declaração de saída do país, obrigação imposta pelo governo argentino àquela altura. Apresentamos o resultado do exame negativo para covid 19. Depois de despachar as malas e receber os cartões de embarque, tudo foi muito rápido, quase sem fila. Primeiro a passagem no detector de metais, onde a guardete pediu para eu tirar o relógio, eu respondi que ele não soava o alarme por ser de alumínio. Quando eu fui passar no portal, ela fez um sinal para o colega e o alarme tocou. Todos riram, inclusive eu, que não tive dúvida em falar que a vi fazendo o tal sinal. Tirei o relógio e passei, continuando a rir. Depois, passei pela imigração junto com Gastón, no guichê para argentinos e residentes no país.

Passada a imigração, entramos na loja Dufry, onde fizemos algumas comprinhas, basicamente alfajores da marca Cachafaz.

Eram 13:30 horas. Dava tempo de almoçar com tranquilidade. Há poucas opções para almoço na área de embarque do Aeroparque. Escolhemos o Outback. onde eu pedi uma Coca Cola sem açúcar (ARS 290,00), que não tem refil como nas unidades deste restaurante no Brasil, e um sanduíche de ciabatta (ARS 1.200,00). Gastón também pediu uma Coca Cola sem açúcar e um Outback burger (ARS 1.300,00), um clássico da casa. A ciabatta era bem grande, recheada com carne bovina assada na brasa, que estava desfiada, e muito queijo cheddar derretido, o que deixava o sanduba um pouco enjoativo. nem consegui comer tudo, embora o sabor estivesse muito bom. Acompanhou batatas fritas. Ficamos no restaurante até às 14:45 horas. A conta totalizou ARS 3.080,00, os quais pagamos ARS 2.800,00 (R$ 80,00) com o resto dos pesos que tínhamos e a diferença, ARS 280,00, em cartão de crédito (R$ 16,77, já incluído o IOF).

Ficamos sentados perto do portão de embarque para o voo Aerolíneas Argentinas 1242 com destino ao Aeroporto de Guarulhos. O início da chamada para embarque atrasou bastante. O avião decolou às 16:10 horas, um atraso de pouco mais de uma hora. Dormi boa parte do voo, que transcorreu muito tranquilo. Serviço de bordo com dois sanduíches de miga e refrigerante. Pousamos em Guarulhos às 18:40 horas.

Passamos pela imigração juntos, no guichê para brasileiros e residentes no Brasil, esperamos uns vinte minutos para pegar nossas malas, evitamos a Dufry local, mas tivemos que passar por dentro da ampla loja para alcançar a saída, passando pela Receita Federal direto, sem parar. Já do lado de fora, fomos até o balcão da Gol para check in de conexão, que fica no mesmo piso, embora nosso voo não fosse de conexão. Fomos os primeiros a nos apresentar à única atendente. Ela até que tentou nos atender, mas a impressora para imprimir as etiquetas de despacho das bagagens travou e não funcionava. Agradecemos, subindo para o piso das companhias aéreas, onde despachamos as malas, já que o check in já estava feito pelo aplicativo desde Buenos Aires.

Com os cartões de embarque nas mãos, ouvimos uma manifestação naquele piso. Era uma turma protestando contra a Gol que tinha perdido a cachorra Pandora em um voo de conexão doméstica (soube umas duas semanas depois que Pandora foi encontrada e entregue para seu dono). Gastón foi comprar cigarro, enquanto eu entrei para a área de embarque (olha a ansiedade aí de novo!). Fila do controle de raio X mínima, mas a área de embarque estava movimentadíssima. O aeroporto de Guarulhos é um mundo de gente, de comércio, de idas e vindas. Estava com sede. Sentei no Rei do Mate em frente ao acesso para o embarque remoto para nosso voo para Confins. Bebi apenas uma lata de Coca Cola sem açúcar (R$ 11,00).

Assim que Gastón chegou, descemos para a área de embarque remoto. Nosso voo, G3 1326, para Confins saiu no horário, bem cheio. O avião decolou às 22:25 horas, pousando em Confins às 23:35 horas.

As malas apareceram na esteira rapidamente. Pegamos nossa bagagem, fomos até o balcão da Coopertramo, na área central do aeroporto, mas não tinha ninguém para atender. Na fila do táxi, uma motorista da cooperativa se apresentou, perguntou nosso destino, e cobrou o valor que pagamos no trajeto de ida, ou seja, R$ 144,00, no cartão de crédito. Quando descemos do táxi, já na porta de casa, Elza e Ziggy começaram a latir esganiçadamente, felizes com nossa chegada.

Entramos em casa às 01:05 horas. Os cachorros fizeram a festa. Estávamos cansadíssimos.

Fim de uma movimentada viagem por três províncias argentinas: Buenos Aires, Entre Rios e Santa Fé.

HELLRAISER: RENASCIDO DO INFERNO (HELLRAISER)


Hellraiser: Renascido do Inferno
(Hellraiser), 1987, 94 minutos.

Terror escrito e dirigido por Clive Barker a partir de um conto de sua própria autoria. Inaugurou uma franquia longeva, já com dez filmes ao todo. Na esteira dos grandes sucessos de público da década de 1980, iniciado com o clássico Halloween (1978), Barker introduz mais um personagem na galeria dos ícones do terror: Pinhead, que se juntou a Michael Myers (Halloween), Jason Voorhees (Sexta Feira 13), Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo) e Leatherface (O Massacre da Serra Elétrica).

Embora esteja no subgênero slasher, Hellraiser também foi inovador ao trazer os cenobitas, vilões que não perseguem as suas vítimas, mas são evocados por elas em um ritual de magia negra utilizando um cubo cuja manipulação lembra o famoso cubo mágico lançado nos anos 1970. Assim, eles deixam de aparecer nas ruas, com alguma ferramenta/instrumento cortante nas mãos, para sempre estarem em um espaço fechado ao redor da vítima.

A trama: um casal se muda para um sobrado onde tinha vivido o irmão do marido, que estava desaparecido. Júlia, a mulher, primeiro resistente à mudança, ao descobrir o paradeiro do cunhado, que fora seu amante no passado, não só gosta da ideia de fixar residência ali, como vai ajudar o cunhado a voltar à forma humana, levando homens, matando-os para ele beber o sangue e ir retornando à sua forma física. A enteada não gosta da mulher de seu pai, motivo pelo qual não mora no sobrado. É ela que vai desvendar o mistério, se colocando em real perigo, tanto em relação aos cenobitas, quanto a seu tio.

O roteiro é fraco, apresentando muitos personagens que aparecem e desaparecem sem contribuir para a história. A performance dos atores principais também não ajuda, pois é sofrível, especialmente Claire Higgins, que interpreta Julia. Seu figurino e seu cabelo sempre montado com laquê atrapalham a composição da personagem, que é lasciva (o cabelo está sempre fixo, imóvel, em qualquer cena). No último terço do filme, a história acelera, como se a grana da produção tivesse chegado ao fim.

Mas com todos estes defeitos, enquanto terror, o filme prende a atenção. O gore, ou seja, a quantidade de sangue presente nas cenas, chama a atenção. Méritos também para os efeitos especiais, escorados na maquiagem, principalmente, e na trilha sonora, que deixa o espectador tenso. O mais impactante do filme são os cenobitas, liderados por Pinhead (Doug Bradley), uma turma de monstros que cultua o prazer a partir da dor. As sessões de tortura com ganchos e correntes são assustadoras. A composição destes monges do sadomasoquismo é muito boa, quando foram usados muito látex e maquiagem.

Disponível no Prime Vídeo, Looke, Mubi e Pluto TV (este último é gratuito).


terça-feira, 15 de março de 2022

PAIXÃO DOS FORTES (MY DARLING CLEMENTINE)

Paixão dos Fortes
(My Darling Clementine), 1946, 97 minutos.

Direção de John Ford, tendo como protagonistas Henry Fonda (Wyatt Earp), Victor Mature (Doc Hollyday), Linda Darnell (Chihuahua) e Cathy Downs (Clementine Carter).

Inicialmente, esclareço que não sou fã do gênero, tendo assistido poucos filmes western. Assim, não conheço todos os mitos e lendas do chamado faroeste. Mas Paixão dos Fortes aborda uma parte da história americana, o famoso tiroteio no Curral OK, com participação dos lendários Wyatt Earp e Doc Hollyday, que eu já tinha lido a respeito.

Marca registrada de Ford, o filme começa com um plano aberto mostrando a paisagem árida do oeste americano, com os irmãos Earp conduzindo um rebanho de gado para a Califórnia. Param para descansar no vale. Enquanto o irmão mais novo toma conta do gado, os outros três vão à cidade de Tombstone para fazer a barba. Na volta, encontram o irmão morto e o gado desaparecido. Wyatt aceita o cargo de xerife de Tombstone para descobrir quem cometeu o assassinato e o roubo. Conhece Doc Hollywood, um médico que retorna à cidade por estar morrendo de tuberculose, com quem faz amizade. Doc namora Chihuahua, uma cantora do saloon da cidade, mas deixou para trás Clementine, uma enfermeira que trabalhava com ele e que por ele é apaixonada. Wyatt tem uma queda por Clementine. Ao final, com a descoberta de quem matou o irmão mais novo, além de outros assassinatos que ocorrem ao longo da história, acontece o famoso tiroteio no Curral OK.

Clementine, que aparece no título original do filme, mas não aparece no cartaz de divulgação, tem participação pequena, mas fundamental para a mudança de comportamento de Wyatt e de Doc. O primeiro passa a ser mais cordial e o segundo decide com qual das duas mulheres vai ficar.

É um faroeste diferente dos outros poucos que já vi. Há mais doçura nos personagens, embora aquela imagem de macho viril, machista, se faça presente. A trama amorosa é sutil, mas com cenas marcantes, especialmente aquela em que Wyatt conduz Clementine até o local onde se realizava a primeira missa na cidade, terminando com os dois dançando no tablado montado na construção da igreja. Parece um ensaio para um casamento.

Henry Fonda está muito bem, entregando um Wyatt Earp incorruptível, leal, amigo e solidário.

Ao ouvir a música tema do filme, chamada Oh My Darling Clementine, que só toca no início e no final da projeção, voltei no tempo para lembrar de um desenho animado com ratinhos mexicanos que cantavam uma versão desta música.

Vi, em 12/03/2022, no Netmovies (gratuito).

segunda-feira, 14 de março de 2022

ARGENTINA - DIA 13 - LA RURAL E MUSEO EVITA

14/01/2022 (sexta-feira) - mais um café da manhã no hotel. Dia quente demais. Tínhamos mais um teste para covid agendado para às 10:15 horas no parque de exposições La Rural. Saímos do hotel às 09:30 horas. Fomos de metrô, Línea D, embarcando na estação Catedral, onde carregamos a tarjeta SUBE com mais ARS 200,00 (R$ 5,71), em dinheiro. Pelos 4 bilhetes, foram descontados ARS 120,00 na SUBE. Não foi necessário fazer baldeação, descemos na estação Plaza Italia da mesma Línea D e caminhamos poucos metros até a entrada do parque La Rural. Havia duas entradas. Para os agendados, tivemos que caminhar mais uns 100 metros.

Tudo muito organizado, fila com distanciamento social, todos usando máscaras corretamente. A fila não ficava parada nunca, sempre andando. O material para os testes eram colhidos em um enorme galpão, muito bem ventilado, com dezenas de pessoas atendendo. Primeiro, passava por uma espécie de cadastro, como no dia anterior no Teatro Colón, e depois entrava em outra fila, quando um empregado direcionava as pessoas para a mesa vazia para colher o material para o teste. No cadastro, informei que queria fazer o teste de antígeno, pois viajaria no dia seguinte. A atendente fez o cadastro com meu CPF, anotou meu celular, não me entregou nenhum papel, me mandando para a fila para colher o material. Em menos de três minutos, eu já estava na mesa, mas as atendentes perguntaram-me por um papel entregue pela responsável pelo cadastro. Informei que ela não me entregou por se tratar de antígeno. Tiveram que consultar a chefe, que confirmou o procedimento da cadastrante. Em seguida, fiquei sentado com a cabeça erguida para trás e uma auxiliar de enfermagem enfiou o cotonete gigante nas minhas narinas. Colhido o material, ela me mostrou o tubo de ensaio onde ele foi colocado com meu nome, informando que o resultado sairia entre 12 e 24 horas, e que eu deveria consultar via leitura de QR Code que tinha fixado na mesa. Eu já tinha este acesso por ter feito o exame no dia anterior. Gastón também colheu o material na mesma mesa, enquanto Emi e Rogério estavam em outras mesas.

Quando nós terminamos os exames, eram 10:30 horas, ou seja, em 15 minutos todos fomos atendidos.

Havia duas possibilidades para visitar nas redondezas, o Eco Parque, onde era o zoológico da cidade, que ficava em frente ao La Rural e o Museo Evita, distante uns 800 metros de onde estávamos. Fomos para o Eco Parque, mas estava fechado. Só abriria às 12:30 horas. Decidimos, pois, pelo Museo Evita, que apenas eu já conhecia. Fomos caminhando. Fazia muito calor, sensação térmica de 38ºC. Ainda bem que durante todo o trajeto foi possível andar na sombra.

Chegamos no Museo Evita faltando dez minutos para abrir. Esperamos sentados no pequeno pátio ao lado da entrada. Enquanto esperava, consultei pela enésima vez para ver se tinha resultado para o exame RT-PCR feito no dia anterior. Nada. Resposta automática no WhatsApp do governo argentino, prevendo as consultas contínuas, informava que sabia de minha ansiedade, mas que ainda tinha que esperar o prazo estabelecido, entre 24 e 72 horas. O museu abriu às 11:00 horas. Pague-se entrada. Na bilheteria, comprei os bilhetes para mim e para Gastón, totalizando ARS 1.030,00 (R$ 29,42), pagos em dinheiro. Emi pagou meia por ser aposentado. O espaço expositivo do museu é fácil de percorrer, um caminho único, que lhe permite ver todas as salas nos dois pisos do sobrado que, na época de Evita, abrigava mulheres desemparadas. O museu é bem cuidado, mostrando um pouco da história de Evita e da Argentina, através de objetos, móveis, escritos, vídeos e vestidos, muitos vestidos, que pertenceram a ela. No segundo piso, há um bonito pátio com azulejos e uma pequena fonte que me remeteu à Espanha.

Findo o percurso, resolvemos beber algo refrescante. Há um restaurante acoplado ao museu. Foi nosso destino, mas, ao invés de entrar pelo próprio museu, demos a volta por fora, entrando na rua perpendicular à rua onde está o Museo Evita.

Restaurante: Museo Evita Restaurant.

Endereço: Juan María Gutiérrez, 3.926, Buenos Aires, CABA, Argentina.

Instagram: @museoevitarestaurant

Data: 14/01/2022 (sexta-feira) - almoço.

Especialidade: bistrô, com pratos rápidos.

Curiosidade: fica acoplado ao Museo Evita, mas tem entrada independente.

Minha nota: 7 (sete).

Tempo no local: 2 horas.

Valor pago: ARS 3.750,00 (R$ 107,14), pagos em dinheiro, já incluída a gorjeta. Valor para duas pessoas (eu e Gastón).

Ambientetem três ambientes, um pátio externo, na entrada do restaurante e dois salões internos. No primeiro deles, há também um balcão para pedidos rápidos. Ficamos no salão mais ao fundo, onde o ar condicionado estava um pouco melhor. Neste salão, há passagem para quem está no museu. Uma escada leva ao segundo piso, onde ficam os banheiros. O pátio externo é um charme, cheio de plantas, uma tranquilidade, mas com o calor que fazia, era impossível ficar nele. Iluminação natural chega muito bem nos dois salões internos. A decoração é simples, com paredes brancas e luminárias retrô. O piso chama a atenção por ser quadriculado em preto e branco. Mesas de madeira, com cadeiras confortáveis. 

Serviço: eficiente. Por ter menu executivo, os pratos oferecidos no dia, indicados em uma lousa, chegam bem rápido à mesa. Guardanapos de papel. Nada de toalhas nas mesas, apenas jogos americanos descartáveis. Não cobram cubierto para quem almoça.

A experiência
a ideia, quando chegamos, era apenas fazer hora, tomar algo refrescante, mas fomos ficando até que chegou a hora de almoçar. Comecei com uma Pepsi light (ARS 190,00), e durante o almoço, pedi outra e um baldinho cheio de gelo. Tanto eu, quanto Gastón, escolhemos o menu del día (ARS 1.560,00 cada um), que incluía um prato principal, uma guarnição, uma sobremesa e uma garrafa de água com gás ou uma taça de vinho. No caso, escolhi a água com gás, bife de chorizo, arrroz pilaf y madedonia de frutas. O prato veio bem montado, com um molho chimichurri servido em um potinho. Carne macia, ao ponto, como pedi. Era tão macia que cortava com o próprio garfo, mas veio com muita gordura para meu gosto. O arroz estava cremoso, bem temperado. Salada de frutas é salada de frutas, mas tem que estar fresca, e estava. Refrescante para o calor que fazia. Não foi a melhor refeição que fiz nesta viagem, mas foi boa.

Durante o almoço, já servida a sobremesa, consultei mais uma vez o WhatsApp para conferir um possível resultado. Para minha alegria, o resultado do teste RT-PCR, feito na manhã do dia anterior, tinha saído com resultado negativo. Senti um mega alívio. Todos pegaram o celular para consultar, mas de ninguém mais tinha saído. Passados dez minutos, foi a vez de Gastón ter seu resultado, também negativo, só que o do teste de antígeno, feito um par de horas antes. Consultei novamente e meu resultado do teste de antígeno também tinha saído, negativo. Rogério consultou e nada de resultados. Emi consultou e falou com voz embargada que o teste dele de antígeno tinha dado positivo. Foi um balde de água fria na mesa. Emi saiu com semblante preocupado, subindo para o banheiro. Eu coloquei a máscara de imediato, assim como Gastón e Rogério. Muitas especulações, muitas dúvidas do que fazer.

Terminado o almoço, de forma tensa, voltamos caminhando até a estação Plaza Italia do metrô, onde fizemos o caminho inverso da ida, descontando mais ARS 120,00 pelos 4 bilhetes na SUBE. Descemos na estação Catedral. Emi e Rogério sempre caminhando com distanciamento para conosco.

No hotel, Gastón pegou R$ 400,00 para fazer câmbio, quando o trocou por ARS 14.000,00, passando, em seguida, no Carrefour Express para comprar as últimas guloseimas para trazer para o Brasil, onde gastou ARS 4.020,00 (R$ 115,00), pagos em dinheiro.

Eu não acompanhei Gastón, ficando no quarto. Rogério ligou dizendo que resolveram fazer novo teste de antígeno, desta vez em um laboratório particular, já que o dele ainda não tinha saído nenhum resultado.

Dormi.

Acordei já de noite, com o telefone tocando. Gastón atendeu. Era Rogério informando que os resultados dos exames de antígeno que pagaram tinham saído e ambos deram negativo. Era um alívio para eles viajarem no dia seguinte. Chamou para jantar para comemorar, queriam ir em um restaurante premiado. Além de nossa grana já estar curtíssima, tive receio de sair com eles, pois tenho a imunidade baixa por causa de um tratamento que faço contra artrite psoriática, e não sabia qual dos resultados de Emi poderia ser confiável. Afinal há resultados falso-positivo e falso-negativo. Declinamos do jantar comemorativo.

Gastón fez algumas consultas de restaurantes. Ele queria comer carne. Propôs o La Bisteca, que eu de pronto aceitei, pois não o conhecia. Fomos só nós dois.

Chamamos um Uber Confort, pelo qual pagamos, em dinheiro, ARS 350,00 (R$ 10,00) pelo trajeto Hotel 725 Continental - La Bisteca (Puerto Madero).

Restaurante: La Bisteca.

Endereço: Alicia Moreau de Justo, 1.890, Puerto Madero, Buenos Aires, CABA, Argentina.

Instagram: @labistecagrill

Data: 14/01/2022 (sexta-feira) - jantar.

Especialidade: buffet variado, self-service a preço fixo.

Minha nota: 7 (sete).

Tempo no local: 1 hora e meia.

Valor pago: ARS 6.360,00 (R$ 182,00), pagos em dinheiro, já incluída a gorjeta. Valor para duas pessoas (eu e Gastón).

Ambienteocupa uma loja bem grande em uma das docas de tijolinhos vermelhos em Puerto Madero. Tem entrada tanto pela avenida, quanto pela área próxima aos diques. São vários salões internos, com decoração sóbria, acompanhando a parte externa do edifício. Iluminação amarelada. Mesas gigantes indicam que é frequentada por grupos, especialmente de turistas. Mesas cobertas com toalhas brancas, com guardanapos de pano. O buffet é montado em uma mesa, em local mais próximo da entrada da avenida, com dois balcões laterais lotados de iguarias. Em um outro balcão, enorme, são servidas as massas, feitas na hora, e as carnes e legumes assados na parrilha. Ficamos em uma mesa no fundo do salão, ao lado da vidraça que dava vista para o dique. O piso é quadriculado de preto e branco.

Serviço: os garçons são atentos e atenciosos, servindo rapidamente as bebidas solicitadas. Já no balcão dos assados, o empregado é muito mal humorado, atende as pessoas como se estivesse fazendo um favor incalculável.

A experiênciaum buffet é difícil de avaliar, pois a variedade é muito grande de itens, e sempre fico em dúvidas de como montar meu prato. Tem itens ótimos e tem aqueles secos, ruins. Preferi comer as entradas frias, das quais destaco uma salada de grão de bico, e depois, abusei dos legumes assados, especialmente berinjela e milho verde. Comi apenas um pedaço pequeno de uma carne assada, que estava bem macia. Outra coisa que sempre acontece comigo em self-service livre é que vejo tanta coisa que perco a vontade de comer. Sou um ótimo cliente para estes restaurantes, pois como pouco. O milho verde assado estava muito bom, tanto é que repeti. Os pães que o garçom colocou na mesa, também disponíveis no buffet, estavam bem gostosos. Para beber, apenas Coca Cola sem açúcar. 

Para voltar, chamamos um Uber X, pagando, em dinheiro, ARS 300,00 (R$ 8,57) pelo trajeto La Bisteca - hotel.

Entramos no quarto às 22:05 horas. Tinha sido um dia quente, longo, tenso e cansativo.

Até hoje, data em que escrevo este relato, os resultados dos dois testes que Rogério fez não saíram, assim como os de Emi e de Gastón referentes ao RT-PCR.

Continua...

sábado, 12 de março de 2022

LADRÕES DE BICICLETA (LADRI DI BICICLETTE)

Ladrões de Bicicleta
 (Ladri di Biciclette), 1948, 89 minutos.

Clássico do neorrealismo italiano dirigido por Vitorio De Sica, tendo como protagonistas Lamberto Maggiorani (Antonio Ricci) e Enzo Staiola (Bruno Ricci).

Revi o filme para o ciclo Cinema & Filosofia do Clube de Análise Fílmica, com aulas ministradas on-line pelo Prof. Alisson Gutemberg. E novamente uma explosão de emoções tomou conta de mim durante a projeção. Sentimentos de tristeza, raiva, compaixão, impotência, tudo junto e misturado.

Em uma Itália devastada no pós guerra, quando a miséria, a fome, o desemprego e o descaso com o ser humano imperavam, Antonio consegue um emprego de colador de cartazes nos muros da cidade, mas para ser admitido, ele precisava ter uma bicicleta. Ele tinha, mas a tinha penhorado para poder comprar comida para sua família. Maria (Lianella Carell), sua mulher, recolhe os lençóis da casa e os leva até a casa de penhor, onde conseguem o dinheiro para tirar a bicicleta, na mesma casa de penhor.

No primeiro dia de trabalho, após deixar Bruno, seu filho de uns 7/8 anos no trabalho (a criança era frentista em uma bomba de gasolina), começa a trabalhar, levando consigo uma escada e os cartazes para colar, tudo na bicicleta. Enquanto terminava de colar um cartaz de Rita Hayworth, sua bicicleta é roubada. Começa, então, um périplo de Antonio, acompanhado de seu filho Bruno, à procura do ladrão e da bicicleta. Passam pela delegacia de polícia, por um mercado de pulgas onde havia um grande comércio de peças de bicicletas, e até dentro de uma igreja, onde os pobres eram trancados para assistir à missa antes de serem alimentados por uma espécie de sopão. Ao final, desesperançado, Antonio luta contra si mesmo, em uma angustiante cena em que ele fica na dúvida se rouba ou não rouba uma bicicleta na saída de um jogo de futebol.

Alguns pontos levantados por De Sica são muito bons e atualíssimos: a precarização do trabalho, onde temos a situação de trabalho infantil e as condições para arrumar um emprego, pois tinha que ter a bicicleta para trabalhar, o que me fez transportar para os dias atuais, especialmente durante o auge da pandemia, quando trabalhadores ficaram desempregados e entraram para a informalidade no mercado de trabalho, muitos deles em serviços de entrega de comida, para os quais teriam que ter bicicleta ou moto. A chamada uberização, onde a pessoa nem é empregada, nem é autônoma, tendo que trabalhar em condições precárias, sem garantia de benefícios sociais e recebendo uma remuneração pífia.

De Sica, que era comunista e católico, mostra o poder manipulador e doutrinador da religião, especialmente naqueles que estão mais vulneráveis socialmente. A cena dentro da igreja, com as portas fechadas, impedindo as pessoas de ir e vir, tendo que ouvir a missa para depois poderem comer um prato de sopa, é um exemplo claro desta dominação.

E não deixa de ser até contraditório, mas também um amor ao cinema, fazendo um filme realista, com grande parte do elenco de não atores, nada de filmagem em estúdios, com baixo orçamento, De Sica incorpora na história vários cartazes de filmes hollywoodianos afixados nas paredes da empresa onde Antonio conseguiu seu emprego, mas, especialmente, a figura da atriz Rita Hayworth no cartaz colado pelo personagem principal quando teve sua bicicleta roubada.

Também vi muitas semelhanças nas cenas com o garoto Bruno, especialmente na que ele senta na calçada, com o filme O Garoto (1921), de Charles Chaplin.

Filme necessário para qualquer pessoa amante do cinema.

Disponível no Telecine Play e no YouTube (gratuito)

sexta-feira, 11 de março de 2022

ARGENTINA - DIA 12 - HOP ON HOP OFF E MALBA

13/01/2022
(quinta-feira) - tomamos café da manhã mais cedo, pois o combinado era sair do hotel por volta de 09:00 horas para ir fazer o teste RT-PCR na unidade de saúde do governo argentino montada no Teatro Colón. Fomos caminhando. Ventava, mas o vento era quente.

Como era esperado, havia um fila. Entramos nessa fila às 09:30 horas. Acreditávamos que demoraríamos muito ali. A fila dava uma pequena andada e parava. Nós não tínhamos como ver onde começava, pois estávamos na rua antes de virar a esquina. Quando chegamos na esquina, vimos que a lentidão era devida a um jovem que evitava ficar no sol e só andava quando sabia que ficaria na sombra em seu novo lugar. Depois que ele alcançou somente sombra, a fila desenrolou. Muita gente com sinais claros de covid ou gripe na fila. Muita tosse, muito espirro e até pessoas com agasalhos de frio, sinal que estavam com febre. Em nossa vez, o empregado que organizava a fila disse que não podíamos fazer o exame, pois ali só atendia quem tinha sintomas. Não atendia quem iria viajar. Protestamos, pois ninguém avisou isto quando estávamos na fila. Três enfermeiras passaram na fila, perguntamos por três vezes se fazia o teste para viagem, com resposta positiva. Ele foi consultar uma colega, deixando-nos passar em seguida. Ele indicava os guichês para onde cada um ia. Fomos cada um para uma mesa diferente. Rogério ficou ao meu lado. Ainda bem, pois ele não entendia nada que a moça falava e ela tampouco entendia o que ele dizia. Fiz o papel de tradutor. Entreguei  minha carteira de identidade, pois sabia que o sistema do governo não aceitava documentos com letras. No entanto, minha identidade é de Minas Gerais e tem letra. Mostrei o CPF e pedi para anotar aquele número. Ela não protestou. Em seguida, pediu o número do celular, pois era com ele que acessaríamos o resultado do exame. Rogério titubeou nesta hora, pois não sabia seu número de cor. Não foi falta de avisar, pois Gastón falou para todos anotarem o número do celular em um papel e mostrar para os atendentes. Findo o cadastro, ela me entregou uma senha, indicando o caminhão do lado de fora para fazer o teste. A maioria dos que estava na fila era para fazer o teste de antígeno, cujo material era colhido dentro do teatro. Já o RT-PCR, no caminhão. A sorte é que não tinha ninguém para entrar. Um homem pegou meu documento e minha senha e logo fui chamado. No caminhão, o material era colhido em um apertado ambiente, onde entravam duas pessoas por vez. Na minha frente, um homem carregando uma criança de colo. O homem tossia muito. Enfiaram o cotonete no meu nariz, colheram o material, informando que o resultado sairia entre 24 e 72 horas, cujo acesso se daria fazendo a leitura do QR Code que estava no cartão que me entregaram ou adesivado na lateral do caminhão. Fiz a leitura do código enquanto esperava os demais concluírem seus testes.

Eram 10:10 horas quando fomos todos liberados. Muito rápido, por sinal. Como o resultado poderia sair depois de nossa viagem, mantivemos a ida à La Rural na manhã seguinte para fazer o teste de antígeno.

Eu queria fazer o tour hop on hop off, aqueles que são feitos em ônibus de dois andares, que você pode descer e subir em paradas determinadas durante todo o período de vigência do bilhete comprado. Também queria ir ao Museo Malba, um dos pontos de parada do tour. Gastón não queria fazer nenhum dos dois, preferindo ir encontrar a família. Gastón seguiu de volta para o hotel, enquanto eu, Emi e Rogério fomos para a parada mais próxima do tour para começar nosso passeio. Chegamos no ponto do Buenos Aires Bus - o  ponto 01 (Teatro Colón), esperamos uns cinco minutos e o ônibus chegou. Infelizmente não vendiam o tíquete dentro dele. Ou era vendido on-line lendo o QR Code na lateral do ônibus ou comprava no ponto fixo, que ficava depois do Teatro Colón. Não conseguimos acessar o QR Code. Dava erro. Perguntamos onde era o ponto de venda. O empregado da empresa apontou para o local, umas quatro quadras de onde estávamos.

Caminhamos a passos largos, chegando em um local com um cartaz dizendo "tíquetes para o tour de ônibus à venda aqui", só que nada havia, apenas uma parede. Um vigilante do Teatro Colón nos ajudou, mostrando um ônibus parado poucos metros à frente. Era o tal ponto fixo de venda.

Uma moça me atendeu. Era argentina, mas falava perfeitamente o português, assim como inglês e francês. Comprei o tíquete de 24 horas, que poderia ser usado até às 10:30 horas do dia seguinte. Por ele, paguei ARS 4.000,00 (R$ 238,84 na conversão do cartão de crédito, já incluído o IOF). Com o tíquete, recebi um fone de ouvido amarelo. Os serviços do tour começam às 09:00 horas e terminam às 20:40 horas, mas tem que ficar atento com o ônibus que se pega, pois há alguns cujo término é a partir das 17:00 horas.

Tivemos que voltar ao ponto 01 para tomar o ônibus. São 22 paradas ao longo do percurso, cobrindo os principais pontos de interesse turístico da cidade. Assim que o ônibus chegou, nosso tíquete foi trocado. Tivemos que subir para o segundo piso, pois ninguém podia ficar no primeiro piso por causa das restrições impostas devido à covid. No segundo piso tinha uma parte fechada, com ar condicionado, mas, como era de se esperar, estava lotada. Ficamos sentados em local ao ar livre. Coloquei meu fone de ouvido, escolhi o português (há 9 opções de idiomas) e aproveitei o passeio, tirando muitas fotos. Neste caminho, passamos por Plaza 25 de Mayo, Plaza del Congeso, Paseo de La Historieta, San Telmo, La Bombonera (onde muita gente desceu), La Boca-Caminito (onde muita gente subiu), Parque Lezama, Puente de La Mujer-Puerto Madero, Reserva Ecologica Costanera Sur, chegando à parada 11, Galerías Pacífico, onde o ônibus faz uma pausa de 20 minutos. Tempo para comprar alguma coisa para beber e ir ao banheiro. Fomos às Galerías Pacífico. Nela, antes de voltar para o ônibus, passamos no quiosque da Cachafaz, onde comprei um alfajor de chocolate meio amargo e uma garrafa de água com gás, que me custaram ARS 346,00 (R$ 9,88), pagos com dinheiro. Para mim, o Cachafaz é muito melhor do que o famoso Havana. Retornamos para o ônibus e seguimos o tour. Nessa nova etapa, passamos por Avenida 9 de Julio, Plaza San Martín, Parque Thays, chegando ao Malba, nossa parada. Descemos com sol escaldante. Eram 13:20 horas. Entramos rapidamente no museu para ficar em local climatizado. Primeiro fui à bilheteria para comprar a entrada (ARS 600,00), pagos com cartão de crédito (RS 35,81). Emi conseguiu pagar meia entrada por ser aposentado. Antes de conferir as quatro exposições em cartaz neste ótimo museu de arte latino-americana, entramos no restaurante Ninina, dentro do museu, para almoçar.

Restaurante: Ninina.

Endereço: Avenida Presidente Figueroa Alcorta, 3.415, Museo Malba, Buenos Aires, CABA, Argentina.

Instagram: @ninina.arg

Data: 13/01/2022 (quinta-feira) - almoço.

Especialidade: almoço rápido, confeitaria e café.

Curiosidade: tem cinco endereços em Buenos Aires. Fui na unidade que fica dentro do Museo Malba.

Minha nota: 3 (três).

Tempo no local: 1 hora.

Valor pago: ARS 1.570,00, pagos em dinheiro. Valor somente para mim, pois Gastón não nos acompanhou neste almoço.

Ambienteocupa um espaço do lado esquerdo de quem entra pelo museu. São dois níveis. No primeiro, uma mesa coletiva e um balcão à direita. Uma pequena escada dá acesso ao segundo nível, onde há mesas menores, próprias para uma refeição rápida antes ou depois das atividades culturais no museu. O local é bem iluminado, graças às vidraças que garantem a entrada da luz externa. Também há mesas em uma esplanada, cujo acesso se dá por esse segundo nível. Mesas de madeira, sem toalha, com frasco de álcool em todas elas. Escolhemos uma mesa no segundo nível, mas logo nos arrependemos, pois o sol em minutos bateu forte no nosso lugar. 

Serviço: boa brigada de garçons, que são muito simpáticos e atenciosos, mas, por ser um local para refeições rápidas, a chegada dos pratos à mesa foi um pouco demorada. Meu prato chegou primeiro que minha bebida. Por falar em bebida, faz a linha orgânica, não tendo refrigerantes no cardápio, o mexedor do café é comestível e o canudo é de material biodegradável. 

A experiência: queríamos uma refeição rápida. Assim escolhi um sanduíche de frango, bacon crocante, abacate, alface, queijo, presunto, tomate e maionese (ARS 1.250,00), e um copo de limonada com mel (ARS 320,00). O sanduíche veio acompanhado por batatas fritas, que vieram murchas, cheias de óleo e sem sabor. O pão do sanduíche era um pão de forma com sementes que tiraram do pacote, puseram o recheio e serviram no prato. Sem, nem sequer, dar uma leve tostadinha antes de montar o sanduíche. Queijo e presunto também sem passar no fogo. Enfim, nada gostoso. Pelo menos a limonada estava bem feita e saborosa.


Terminado o almoço, conferimos, cada um em seu tempo, as exposições "Las Metamorfosis", de Madalena Schwartz, sobre travestis e transformistas em São Paulo nos anos 70, com curadoria do Instituto Moreira Salles, pois era uma mostra de fotografias e vídeos. Depois vi "Latino-America Al Sur Colección Malba", com o acervo impressionante do museu, incluindo obras de brasileiros como Tarsila do Amaral (o famoso quadro O Abaporu), Di Cavalcanti, Portinari, Lygia Clark, Maria Martins, entre outros, além de importantes nomes da cena latino-americana de renome mundial, como exemplo cito a última aquisição do museu, o quadro "autorretrato com chango y loro", de Frida Kahlo. Depois, conferi a exposição "Rafael Barradas Hombre Flecha", com obras do pintor uruguaio Rafael Barradas. Neste piso, o último do museu, tem uma pequena lanchonete, onde parei para tomar mais uma garrafa de água com gás (ARS 120,00). Por fim, desci até o subsolo para ver a exposição "Foto Estudio Luisita - Temporada Fulgor", sobre um famoso estúdio fotográfico dos anos 1950 em Buenos Aires de propriedade das irmãs colombianas Luisa e Chela Escarria. Muitas fotos de pessoas das artes e da noite portenha, incluindo drags, travestis e trans.

Ante de deixar o museu, passamos na lojinha, mas nada compramos. Voltamos para a parada do ônibus turístico. Fazia um calor insuportável. Ficamos quase meia hora esperando para o ônibus chegar. Decidimos não descer em nenhuma outra parada. Continuamos a tirar fotos, continuamos no segundo piso, sem área coberta. Passamos por Planetario, Plaza Italia-Ecoparque, Plaza Julio Cortázar, Distritos Arcos (um shopping), Bosques de Palermo (sombras providenciais), Monumento a Los Españoles, Museo Nacional de Bellas Artes, Recoleta (ponto final do ônibus). Nesta parada, aproveitamos que muitos desceram e entramos na área coberta, com ar condicionado, do segundo piso. Um empregado da empresa veio comunicar que aquele ônibus terminaria a viagem na próxima parada, justamente onde iniciamos o tour pela manhã, o Teatro Colón.

Eram 17:10 horas quando descemos do ônibus. Do Teatro Colón até o hotel fomos caminhando, parando antes no Carrefour Express, onde comprei mais uma garrafa de 1,5 litros de água sem gás Glaciar, de baixo sódio, e uma garrafa de 2,5 litros de Crush Pomelo, cujo total, pago em dinheiro, foi ARS 190,00 (R$ 5,43).

Gastón já estava no hotel. Tinha passado no supermercado Dia para comprar guloseimas para trazer para casa.

Aproveitei o tempo no hotel para tomar um longo banho relaxante, consultar o resultado do RT-PCR (a ansiedade era grande) e dormir um pouco.

Rogério e Emi queriam jantar em um restaurante mais fino, mas nossa grana já estava no fim. Preferimos uma pizzaria, escolhendo a clássica Pizzería Güerrín. Somente eu e Gastón fomos à pizzaria. Seguimos a pé do hotel até o restaurante. Eram pouco mais do que 21:00 horas.

Restaurante: Pizzería Güerrín.

Endereço: Avenida Corrientes, 1.368, Buenos Aires, CABA, Argentina.

Instagram: @

Data: 13/01/2022 (quinta-feira) - jantar.

Especialidade: pizzaria.

Curiosidade: tradicional pizzaria portenha inaugurada em 1932.

Minha nota: 8 (oito).

Tempo no local: 1 hora.

Valor pago: ARS 2.490,00, pagos com cartão de crédito (R$ 151,28 na conversão do cartão já incluído o IOF). Valor para duas pessoas (eu e Gastón). Deixamos ARS 250,00 (R$ 7,14) como gorjeta.

Ambientena entrada, sempre muito movimentado, tem uma espécie de padaria, com uma boa variedade de facturas e doces exibidas nas vitrines, mas o principal movimento é das pessoas comprando pizza em fatia e comendo em pé, apoiadas em um balcão. Depois desta parte, entra-se no primeiro salão, com dois pisos, ambos com mesas de madeira, decoração com azulejos brancos e madeira, iluminação clara, bem ao estilo de cantinas italianas clássicas. No lado esquerdo, uma porta e um extenso corredor escuro, dão acesso a outro salão, enorme, com pé direito alto, movimento dos pizzaiolos à mostra, muitas mesas. Decoração moderna, com desenhos nas paredes. Até parece outra pizzaria. Este salão tem o nome de Patio Napolitano. Mesas e cadeiras de madeira, sem toalhas.

Serviço: enorme brigada de garçons, que são muito prestativos, atentos e atenciosos. Mesmo com um movimento surreal de gente, que sai e chega a todo o instante, os pedidos nada demoraram para serem servidos em nossa mesa. 

A experiência
: cardápio extenso, com muitas opções de recheios de pizzas, além de outras iguarias da gastronomia argentina, como as empanadas, servida assadas ou fritas. Começamos exatamente pelas empanadas fritas de carne (ARS 210,00 a unidade). Pedimos uma para cada. De bom tamanho para uma entradinha, foram fritas na hora e chegaram muito quentes à mesa, quase queimei as mãos ao pegar a minha. Recheio farto, suculento, mas, como em todo lugar na Argentina, com excesso de cominho para meu paladar. Para beber, pedi uma garrafa de Pepsi light (ARS 220,00), enquanto Gastón pediu uma taça de Moscato (ARS 260,00). Já tinha ido à Güerrin mais de uma vez. A pizza de muçarela de lá é insuperável. Pedimos uma pizza grande, toda de muçarela (ARS 1.270,00). A quantidade de queijo que vem é quase surreal. Cada fatia no prato é um festival de muita muçarela derretendo. Abundância e sabor em uma só bocada. Vale muito uma visita à Güerrín. Sobrou pizza, pois só eu e Gastón estávamos jantando naquele noite, sem Emi e Rogério. Pedimos para embrulhar para viagem e entregamos para um morador de rua que vimos procurar comida no lixo na região do Obelisco.

A volta também foi a pé, mas a noite estava mais agradável, com um vento gostoso. Chegamos mais cedo no hotel, por volta de 22:30 horas.

Continua...

quarta-feira, 9 de março de 2022

CYRANO

Cyrano
, 2021, 123 minutos.

Direção de Joe Wright, tendo como protagonistas Peter Dinklage (Cyrano de Bergerac), Haley Bennett (Roxanne) e Kelvin Harrison Jr (Christian).

Há mais de uma dezena de versões da peça Cyrano de Bergerac, escrita pelo francês Edmond Rostand, em 1897, para o cinema. Ainda estou para entender os motivos para tantas versões.

Em 2021, chegou mais uma versão, desta vez Cyrano, que tem a característica de ser narigudo, deixa de o ser para ter outra característica física marcante, pois ele é um anão, interpretado por Peter Dinklage, o eterno Tyrion Lannister em Games of Thrones.

Seguindo a tendência de 2021, Cyrano também é um musical, mas, no caso, os diálogos predominam em tempo em relação aos números musicais. Nenhuma música me marcou, tanto é que, ao final do filme, já não me recordava de nenhuma delas.

A história é batida, de tantas vezes que foi encenada nos palcos e nas telas, inclusive nas telinhas: Roxanne se apaixona, à primeira vista, por Christian, soldado do regimento comandado por Cyrano, que é amigo de infância da jovem garota. Sem dinheiro, ela é cortejada por um conde rico, mas seus olhos e coração estão com Christian. No entanto, Christian não sabe como cortejá-la, pedindo ajuda para Cyrano, que a ama secretamente. Ele ajuda Christian, escrevendo cartas de amor. Forma-se um triângulo amoroso incomum. Roxanne se apaixona por Christian por sua bela escrita, como um poema, mas quando se encontram pela primeira vez, é um fiasco. O Conde torna-se general, passando a comandar a tropa, incluindo Cyrano. O Conde sofre um baque ao ver Roxanne e Christian se casando. Como vingança, envia toda a tropa para a guerra, onde Christian morre. Roxanne se recolhe a um convento, onde semanalmente Cyrano a visita. Tem um trágico final.

Não há química entre o casal Roxanne/Christian. Os momentos dos dois na tela são rasos, sem emoção e sem carisma. 

O uso de tons pasteis, quase resvalando no branco, torna o filme cansativo de ver. Tudo soa monocromático demais. Os números de dança, que são poucos, não são movimentados, mas com passos muito bem marcados, quase um teatro de mímica.

Um ponto interessante é a utilização de atores negros que não foram escalados por serem negros, mas sim por serem atores. Ponto positivo para quem fez o casting.

Além da performance excelente de Dinklage como Cyrano, o figurino é um destaque do filme, também utilizando tons clarinhos. Impressiona o figurino todo branco utilizado pelas freiras, especialmente os que elas usam quando estão fora do convento (parecem uma cabana de praia andante). O figurino é tão bom que é a única categoria em que Cyrano está concorrendo ao Oscar 2022.

Entrará em cartaz nos cinemas no dia 31/03/2022.