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segunda-feira, 21 de março de 2022

O BECO DAS ALMAS PERDIDAS (NIGHTMARE ALLEY, 1947) / O BECO DO PESADELO (NIGHTMARE ALLEY, 2021)


O Beco das Almas Perdidas
(Nightmare Alley), 1947, 110 minutos. Direção de Edmund Goulding, com Tyrone Power (Stanton Carlisle), Joan Blondell (Zeena), Coleen Gray (Molly), Helen Walker (Drª Lilith Ritter), Taylor Holmes (Ezra Grindle), Ian Keith (Pete) e Mike Mazurki (Bruno).


O Beco do Pesadelo
(Nightmare Alley), 2021, 150 minutos. Direção de Guillermo Del Toro, com Bradley Cooper (Stanton Carlisle), Toni Collette (Zeena), Rooney Mara (Molly), Cate Blanchett (Dr. Lilith Ritter), Richard Jenkins (Ezra Grindle), David Strathairn (Pete), Ron Perlman (Bruno) e Willem Dafoe (Clen).

Com quatro indicações ao Oscar (filme, fotografia, figurino e direção de arte), O Beco do Pesadelo me despertou o interesse de não somente vê-lo, mas também a versão de 1947, que no Brasil teve o título O Beco das Almas Perdidas.

Ambos são adaptações do livro escrito por William Lindsay Gresham. Ambos são ambientados em uma feira de atrações circenses, que tem como chamariz algumas aberrações, como por exemplo o selvagem que fica dias sem comer e se alimenta de galinhas vivas. Os dois filmes são classificados como do gênero noir e se passam nos anos 1940. Na versão de 2021, o dono do empreendimento ganha destaque, interpretado por Dafoe.

Stanton Carlisle começa a trabalhar na feira como ajudante de Zeena e Pete, com quem aprende alguns truques que vai usar para ganhar dinheiro, levando Molly consigo. Nesta nova empreitada, ele conhece Lilith Ritter, uma psicóloga que duvida dos seus dons mentalistas. Ele se junta à Lilith para ganhar dinheiro dos ricos da cidade, aproveitando as informações que a psicóloga tem de seus pacientes, pois ela grava as sessões de terapia. A ganância por dinheiro lhe sobe à cabeça e tudo pode ruir a qualquer momento.

Enquanto a versão de 1947 é filmada em preto e branco, a de 2021 é em cores, mas em tons amarelados, escuros. Del Toro fez muitas cenas com chuva, durante a noite, sempre remetendo aos filmes noir da década de 1940.

A performance do time de atores da versão de Del Toro é infinitamente superior à daquela dirigida por Goulding. A direção de arte é um grande destaque neste filme de 2021, com minúcias na decoração dos ambientes, assim como o figurino. O consultório da Drª Ritter é um primor de direção de arte.

Apesar destas qualidades, o filme de Del Toro se perde por querer explicar o passado de Carlisle, assim como de outros personagens, além de tentar dar importância demais para os personagens secundários. Por causa deste didatismo, a versão de 2021 ficou longa, cansativa, com introdução de novos personagens que nada acrescentam ao roteiro, fazendo o espectador perder o interesse em continuar seguindo a história. Neste aspecto, Goulding acerta em nos mostrar Carlisle já integrado à feira, sem dar importância ao seu passado. Na versão de 1947, não há enrolação, nem cenas longas e repetidas. Del Toro faz um flash back para contextualizar os traumas de Carlisle, além de o introduzir na história como um andarilho que chega à feira e é contratado por Clen.

Em relação ao final, talvez pela época em que foi feito, há uma esperança para o destino de Stanton, enquanto na versão de Del Toro, o fim de Stanton é muito mais sombrio.

Preferi a versão de 1947, que ficaria bem melhor com o final de Del Toro.

O Beco das Almas Perdidas está disponível no Belas Artes À La Carte.
O Beco do Pesadelo está disponível no Star+.

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