Salomé, 1978, 12 minutos.
Antes de rodar seu primeiro longa metragem, Pedro Almodóvar fez 13 curtas. Resolvi procurá-los para assistir e só encontrei Salomé, justamente o último deles antes dos primeiros longas.
Salomé é baseado em peça de Oscar Wilde e trata da figura bíblica que pede a cabeça de João Batista em uma bandeja de prata por ter dançado a dança dos sete véus.
No entanto, no curta, Almodóvar mistura os personagens bíblicos do Velho Testamento, colocando Abraão (Fernando Hilbeck) como pai de Isaac (Agustín Almodóvar). Ambos estão em uma colina, quando Abraão encontra com Salomé (Isabel Mestres), ficando hipnotizado por sua beleza. Ele a pede para dançar e ela impõe a condição de se o fizer, Abraão terá que cumprir o seu desejo. Ela dança e pede o sacrifício de Isaac. Abraão, cumpridor de sua promessa, se prepara para o sacrifício, quando uma fogueira se ascende do nada e dela sai a voz de Deus (voz de Juan Lombardero), tendo Salomé desaparecido. Era um teste de honradez para com Abraão. Isaac é poupado da morte. Salomé, a fogueira e Deus são a mesma coisa. Almodóvar sempre provocando: a trindade divina de forma diferente e a figura feminina como divindade máxima.
Apesar do roteiro ser bem interessante, a execução é muito rudimentar. Faltou recurso, com certeza. Nem de longe lembra o Almodóvar de filmes icônicos como Tudo Sobre Minha Mãe (meu preferido), ou Fale com Ela. Mas os elementos de provocação e a figura feminina empoderada já estão presentes.
Disponível, em cópia ruim, no YouTube.
Nenhum comentário:
Postar um comentário