Pesquisar este blog

sexta-feira, 5 de junho de 2009

CENAS CARIOCAS

Não vou escrever sobre o trabalho. Muito cansativo hoje. Vou direto às cenas cariocas presenciadas nesta sexta-feira:

Cena 1: bilheteria do metrô, estação Siqueira Campos, em Copacabana. Uma senhora de idade está no guichê tentando comprar uma passagem de metrô para o neto. O bilheteiro, numa falta de paciência inacreditável, destrata a mulher várias vezes. Uma outra mulher, na fila, começa a reclamar da senhora que está atrasando a fila, falando bem alto que lugar de gente velha é dentro de casa ou em um asilo. Nenhuma sensibilidade. Fiquei chocado. Tomei as dores da senhora e fui reclamar com o responsável pela estação. Não adiantou muito.

Cena 2: ônibus no trajeto Candelária-Leblon. Na altura do Rio Sul, dois senhores de idade entram pela saída (fato não comum, já que os idosos no Rio tem cartão com passe livre e entram pela porta da frente e passam a roleta), enquanto um outro que estava com eles entra pela frente, passa seu cartão no leitor eletrônico da roleta e paga a passagem. Achei estranho. Cumprimenta o trocador. Cada um se senta em locais diferentes no ônibus. Um deles se senta ao meu lado, sorrindo simpaticamente. Depois de entrar na Avenida Princesa Isabel, já no Leme, o que estava sentado no local destinado aos cadeirantes se levanta e faz sinal para o mais novo deles, o que pagou a passagem, apontando para um outro idoso. Ele se levanta, fica ao lado do idoso e deixa cair um envelope pardo que carregava, aparentemente sem nada dentro. O envelope cai aos pés do senhor escolhido. O que estava ao meu lado se levanta e se posta de forma a que ninguém pudesse ver o mais novo, tampando com o envelope, enfiar a mão dentro do bolso da bermuda da vítima. Nestas alturas, os três senhores já estavam de pé, cercando o quarto idoso. Consegui ver isto tudo e creio que outras pessoas também estavam vendo e ninguém falava nada. Num impulso, me levantei e, fingindo ter perdido o equilíbrio, encostei em um deles e segurei no que seria a vítima. Os três ficaram irados e me fitaram como quem ameaçava alguma coisa. O trocador pede para o motorista parar no próximo ponto e os três saem e ficam do lado de fora fazendo gestos para mim. A vítima fica dentro do ônibus e digo a ele que os três estavam tentando roubar a carteira do seu bolso. Ele se assusta, me agradece e diz que não se pode mais andar de transporte coletivo na cidade. O trocador fica olhando o tempo inteiro para mim. Resolvo descer quando o ônibus chega em Ipanema, na Praça General Osório, bem distante do meu destino. Desço e olho para o trocador que fica me fitando. Parecia tudo articulado. Pego outro ônibus.

E o Rio ainda quer ser sede de uma Olímpiada...

4 comentários:

  1. Nossa Noel,
    Admirável sua atitude.
    Mas, que medo...

    ResponderExcluir
  2. Agi por impulso. Tenho medo de não ter medo...

    Bjs.

    ResponderExcluir
  3. Minha intenção era elogiar usa atitude! Então farei coro ao comentário do Adilson.
    Beijos,
    Kitty

    ResponderExcluir
  4. Noel, além de admirar sua coragem, o que já foi expresso no comentário anterior, acho sua capacidade de observar e narrar as cenas que você presencia sensacional. Estou ficando realmente viciada no seu blog. Beijos,
    Kitty

    ResponderExcluir