Mais uma noite fria em Brasília. Ótima oportunidade para colocar um filme no aparelho de DVD, se enfiar debaixo das cobertas, deixando uma garrafa de espumante e alguns petiscos estrategicamente colocados no sofá. Foi o que fiz. O filme escolhido foi o brasileiro Bellini e O Demônio, baseado em livro homônimo do guitarrista da banda Titãs, Tony Bellotto. É a segunda história do detetive Remo Bellini convertida para as telas de cinema, ambas adaptadas de livros de Bellotto. Em 2002, chegou às telonas Bellini e A Esfinge e, seis anos depois, Fábio Assunção volta ao papel do detetive paulistano criado por Bellotto. Coube a Marcelo Galvão fazer o roteiro e dirigir este segundo filme. No elenco ainda estão Rosanne Mulholland (Gala), Nill Marcondes (Zanqueta), Caroline Abras (Sílvia), Christiano Cochrane (Malta) e Marília Gabriela (Letícia). Nesta sequência, Bellini está afundado em dívidas, sem clientes, viciado em remédios para aplacar suas dores, quando recebe a missão de investigar o desaparecimento de um livro. As informações lhe vão sendo entregues em envelopes nos locais mais inusitados. Ele acaba por descobrir que o sumiço do tal livro está ligado a uma seita satânica, cujos praticantes estavam sendo assassinados. Gala, uma antiga paixão de Bellini, é uma jornalista policial que cobre a morte brutal de Sílvia, uma estudante no banheiro do colégio. Claro que uma conexão entre as duas investigações é feita. Além da dupla, a polícia destacou a dupla Zaqueta e Malta para também descobrir o autor das violentas mortes. Rituais que cultuam o demônio, rodadas de chá de ayahuasca, consumo de crack e terreiro de macumba fazem parte da rota dos investigadores. As cenas que mostram o submundo são muito bem feitas, com alto grau de realismo. Na medida em que a história se desenvolve, Bellini vai piorando na dependência de remédios e, na ausência deles, começa a ter alucinações (podemos também pensar que tais alucinações são fruto de seu mergulho no mundo da magia negra). Um dos assassinados é um colecionador de livros, marido de Letícia, a chefe da redação do jornal onde trabalha Gala. Está formado o círculo que une todos os personagens. Fábio Assunção faz um Bellini consumido pelos remédios e drogas, em excelente composição. Ele se destaca entre todos os demais atores, que estão bem, mas muito longe de terem suas interpretações como excepcionais. Marília Gabriela aparece mais para o final, fazendo uma mulher elegante, fria, enigmática. O final é surpreendente, podendo ter mais de uma leitura. Gostei do filme porque havia lido o livro e o enredo já me era familiar. Para quem nunca leu as histórias de Bellini, pode achar o roteiro truncado, confuso, querendo largar o filme no meio, embora ele tenha apenas 86 minutos de duração. O filme pode ser classificado como um policial com toques do cinema fantástico. Para apreciadores do gênero.
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