Em cartaz no Museu Nacional Honestino Guimarães (Complexo Cultural da República), em Brasília, com entrada franca até 24 de junho de 2012, a exposição Geometria da Transformação - Arte Construtiva Brasileira na Coleção Fadel. Tem curadoria de Max Perlingueiro que pinçou 142 obras da coleção de Sérgio Fadel dos artistas brasileiros que adotaram a vertente da arte construtiva, tendo como base de suas obras a geometria. São 155 artistas, entre os quais Hélio Oiticica, Lygia Pape, Lygia Clark, Alfredo Volpi, Milton Dacosta, Cícero Dias, Maria Leontina, Franz Weissman, entre outros. A exposição ocupa quase todo o piso térreo do museu, havendo nichos dedicados a grupos importantes do movimentos (Neoconcretismo, Grupo Ruptura) ou algumas fases/artistas. Ainda há um espaço dedicado à oficinas para crianças. Um fato que considerei interessante foi a mostra estar em um museu desenhado por Oscar Niemeyer, que usa e abusa da geometria em sua arquitetura. As linhas arredondadas do museu "conversaram" harmonicamente com os triângulos, quadrados, círculos, losangos, retângulos, retas e linhas presentes nos diversos quadros da coleção. Até a poesia concretista de Augusto de Campos está presente com Dias, dias, dias em um imenso quadro com palavras e letras difíceis de se ler à primeira vista. O diferencial é o áudio com Caetano Veloso recitando esta poesia, também de forma concreta!. Gostei da exposição, mas, infelizmente, a falta de preparo de alguns monitores estragou um pouco a minha visita ao museu no final de uma manhã ensolarada de sábado, dia 28 de abril. Levei meu irmão, minha cunhada e meus dois sobrinhos para conhecer o museu e percorrer as três exposições em cartaz no local. Na entrada, havia bastante gente no balcão onde fica o vigilante, mas como já conheço o lugar, passamos direto, uma vez que ninguém tinha bolsa/mochilas para deixar no guarda-volumes. Iniciamos nossa visita pelo mezanino, onde estavam quadros de Ziraldo, quando fotografamos à vontade sem usar o flash. O mesmo fizemos quando percorremos a segunda exposição sobre o Egito nos fundos do primeiro piso. A terceira mostra era a maior de todas. Fiquei com meu sobrinho mais novo mais demoradamente em um dos nichos da mostra, enquanto os demais fizeram uma leitura mais dinâmica das obras expostas. Não fotografei nada da exposição. Quando estava vendo o Parangolé azul de Hélio Oiticica, explicando do que se tratava para meu sobrinho, um simpático monitor chegou perto e puxou conversa, perguntando se queríamos alguma explicação. Agradeci, seguindo em frente, parando para apreciar uma escultura de Amílcar de Castro. Em seguida, vi que duas pessoas com máquinas com lentes gigantes tiravam fotos de algumas outras esculturas. Decidi tirar uma foto do painel onde estão as informações da exposição, incluindo o nome dos 155 artistas com obras ali mostradas. Fiz a foto porque não havia nenhum folder sobre a exposição disponível no museu. Ninguém me abordou porque estava tirando esta foto (a que ilustra esta postagem). Terminada a visita, fui até onde meu irmão estava sentado, aproveitando o banco para checar as fotos tiradas. Neste momento, uma mal humorada monitora se aproximou e disse que era proibido tirar fotos no local, que era a terceira vez que me abordavam neste sentido no museu, que eu podia ser processado por tirar fotos em local não permitido. Fiquei possesso. Argumentei que ninguém havia me abordado falando de tal proibição desde que tinha entrado no museu, que não tinha tirado nenhuma foto, a não ser a das informações da mostra, que tinha tirado fotos sem flash das duas outras exposições ali em cartaz, chegando a disponibilizar minha máquina para ela checar se havia alguma foto, uma sequer, da Geometria da Transformação. Em seu visível mal humor, repetiu que eu já havia sido abordado por três vezes e que estava me observando. Pedi a ela que me apontasse quem me abordara durante minha visita ao museu. Obviamente que ela não apontou ninguém. Como ela continuava a afirmar que eu tinha sido avisado por três vezes da proibição de tirar fotos, pedi para falar com o responsável pelo museu. Ela respondeu-me que eu poderia ir até a administração. Cheguei a ligar a máquina para apagar a foto com as informações da mostra na frente da monitora, mas estava tão nervoso que não apertava o botão correto. Chamei o pessoal para ir embora e ela me seguiu. O monitor simpático que conversara comigo se aproximou e eu disse a ela, em voz alta, que ele sabia lidar com o público, mas ela estava longe disto. Saí do museu, dei a volta por fora até a administração, quando falei com a responsável. Ela pediu-me desculpas, disse que os monitores eram temporários, que isto não podia acontecer, perguntando-me se o vigilante não havia me avisado sobre a proibição de tirar fotos das obras da Coleção Fadel. Respondi que tinha passado direto, sem parar no balcão onde ficava o vigilante. Ela pediu meu e-mail para passar para o diretor do museu, mas até a presente data ninguém me escreveu. Eu disse a ela que não importava para mim se os monitores eram permanentes ou temporários, o importante era que eles soubessem lidar com o público. Há maneiras educadas de abordar as pessoas, mesmo que para dizer algo de negativo, como a proibição das fotos na exposição. Se a monitora achava que eu havia tirado fotos, que fosse educada ao falar comigo (ou com qualquer outro visitante do museu) e não inventasse coisas. Disse também que havia gente tirando fotos com máquinas muito mais poderosas do que a minha e ninguém os incomodava. Que esta proibição em época de celulares, redes sociais e câmaras digitais portáteis era de uma burrice tremenda, citando exemplos de grandes museus do mundo, como o Louvre, onde fotos são tiradas a todo instante. Citei ainda a bela exposição Guerra e Paz de Portinari, em cartaz no Memorial da América Latina em São Paulo, onde fotos são permitidas, desde que sem flash. Ela deu a desculpa de que não era o museu que proibia, mas sim a curadoria ou os donos das obras. Ela foi muito gentil, pedindo para que eu não deixasse de visitar as exposições do museu, levando amigos e familiares. Respondi dizendo que meu apreço pela arte era maior do que qualquer mal humor de uma monitora, mas que situações como aquela arranhavam a imagem do museu e que todos os que trabalhavam nas exposições deveriam ter aulas de como tratar o público.
artes plásticas
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