Kitty me presenteou, no início de 2013, com o livro A Confissão da Leoa, obra de 2012 do escritor Mia Couto, de Moçambique, editada no Brasil pela Companhia das Letras. Somente agora, no voo Lima-Guarulhos, li o livro. E li de uma só sentada. Tão logo comecei, não consegui mais parar. A leitura é muito instigante. Gosto muito da maneira como Mia Couto escreve e aqui ele narra toda a história, em duzentos e cinquenta e uma páginas, na primeira pessoa, revezando os relatos entre dois personagens, Mariamar, uma jovem com problemas de relacionamento na família e na comunidade, e o caçador, um forasteiro que veio da cidade grande para matar os leões que atacavam uma pequena aldeia. A história é até simples, pois gira em torno de um ataque de leões às pessoas de uma cidade pequena, uma vila rural, mas o autor consegue abordar tantos temas atuais, como a submissão feminina em países africanos, problemas com o meio ambiente, a falta de respeito com as tradições, as relações inter familiares, o incesto, o jogo de poder político. Os leões são uma ameaça constante, mas ao mesmo tempo são vítimas de um processo de extermínio do ambiente natural onde vivem. Eles acabam virando uma alegoria na história de Couto. O que importa é o ser humano, suas dúvidas, seus anseios, seus desejos mais profundos e carnais. É um jogo de relacionamentos. Os relatos dos personagens começam totalmente desligados entre si, mas vão se aproximando, ora convergindo, ora controversos, mostrando que algo os ligava. E o final tem uma surpreendente confissão, a confissão da leoa. Recomendo.
literatura
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