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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

VIVENDO DESESPERADO

John Waters é um diretor maldito. É daqueles que se ama ou se odeia, sem direito a meio termo. Vi quase toda a filmografia deste diretor americano. Sem maiores pretensões, estava vendo os lançamentos em DVD na Livraria Cultura quando me deparei com uma edição dupla contendo dois de seus filmes: Polyester e Vivendo Desesperado. O primeiro eu já conhecia, mas não tinha em minha coleção, enquanto o segundo nunca tinha tido a oportunidade de ver. Não tive dúvidas, comprando de imediato o DVD. Em casa, coloquei no aparelho Vivendo Desesperado (Desperate Living), produção americana de 1977. No elenco, um bando de atores feios ou enfeiados para a produção, tais como Susan Lowe (Mole), Liz Renay (Muffy), Edith Massey (Rainha Carlotta), Jean Hill (Grizelda), Mink Stole (Peggy Gravel) e Mary Vivian Pearce (Coo Coo). O filme tem cerca de uma hora e meia de duração e o que aparece na tela durante a projeção não é para qualquer um. Perversão, sujeira, mendicância, atitudes que passam longe do politicamente correto, idolatria a grandes assassinos e ditadores da história mundial, enfim, tudo o que há de mais repulsivo está no filme. Interpretações que beiram o pastiche, personagens que gritam o tempo inteiro, cores e figurinos berrantes. Para quem tem estômago fraco, é melhor passar longe deste filme. Cito aqui uma cena que, com certeza, deixa muita gente com ânsia de vômito: Peggy Gravel e Grizelda são presas e levadas à presença da Rainha Carlotta que as obriga a comer baratas vivas. Ainda há outras coisas do mesmo tipo...Na parede do castelo onde vive a rainha de Mortville, uma cidade de renegados e pervertidos, um verdadeiro lixão a céu aberto, estão quadros de Charles Manson (famoso serial killer americano), Hitler e Idi Amim (o ditador que governou Uganda). O domínio do elenco feminino não é por acaso, pois a maioria das personagens são lésbicas. A história é uma pérola do nonsense: Grizelda ajuda |Peggy a matar o marido, o que as faz fugir para Mortville, onde alugam uma espelunca do casal lésbico Mole/Muffy, e tem que enfrentar a Rainha Carlotta e suas ordens esdrúxulas, como o dia do inverso, quando todos da cidade tinham que vestir suas roupas ao contrário e só andar de costas. Caso contrário, seriam fuzilados. A exceção fica por conta dos adeptos do nudismo. Cenas surreais povoam a história o tempo inteiro, como a ida de Mole ao hospital para fazer uma cirurgia de troca de sexo, implantando um pênis artificial para satisfazer sua parceira, a estonteante loura peituda Muffy, ou a continuação desta cena, quando Muffy rejeita o pênis, fazendo com que Mole o corte com uma tesoura e a própria loura costura uma nova vagina em Mole. Surreal é pouco para definir tais cenas. O cartaz do filme, rejeitado por muitos jornais e revistas americanos à época do seu lançamento, já diz tudo. Se eu visse este filme quando ele foi lançado nos cinemas ou mesmo durante a década de oitenta, talvez eu teria outra opinião do que a que tive neste final de 2013. Hoje, achei o filme bobo e muito ruim.

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