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sábado, 4 de dezembro de 2010

LIGAÇÕES PERIGOSAS

Liguei para a bilheteria do Teatro da FAAP (Rua Alagoas, 903, Higienópolis, São Paulo) e fiquei surpreso ao saber que havia muito ingresso disponível para a noite de sexta-feira para o espetáculo Ligações Perigosas, adaptação de Christopher Hampton para o romance de Choderlos de Laclos, publicado em 1782. A peça estava marcada para começar às 21:30 horas e realmente começou no horário. Eu e Ric fomos de táxi do hotel para o teatro (R$18,00). Chuviscava. O motorista sabia a direção, mas não sabia exatamente como chegar. Usamos o GPS do iPhone de Ric, garantindo o trajeto correto. Chegamos quarenta minutos antes, mas não encontramos fila na bilheteria, apenas um casal estava à minha frente. Enquanto esperava, li no cartaz afixado no local que o ingresso para as noites de sexta-feira custava R$ 70,00. Quando chegou minha vez, duas surpresas. A primeira delas foi quanto aos lugares disponíveis, pois havia mais de dois terços das cadeiras vagas e a segunda foi quanto ao preço. Houve uma redução de 50% no valor do ingresso. Assim, cada entrada custou R$ 35,00. O hall de espera estava vazio, nem fila no Café do Teatro tinha, diferentemente das outras oportunidades em que assisti a outras peças neste teatro. Nossos lugares eram na fila I, mas ao dar o terceiro sinal, um funcionário nos perguntou se queríamos sentar mais a frente. Ficamos na primeira fila, bem centralizados. O teatro não tinha nenhum 1/3 de sua capacidade. A história é sobre vingança no final do século XVII. Imoralidade, futricas e intrigas fazem parte do jogo dos ex-amantes e amigos Marquesa de Merteuil (Maria Fernanda Cândido) e Visconde de Valmont (Marat Descartes). A Marquesa lança um desafio ao Visconde: seduzir a jovem virgem Cécile (Laura Neiva), filha de sua prima, Madame de Volanges (Chris Couto), prometida ao ex-amante da Marquesa e enamorada de Danceny (Ricardo Monastero). O Visconde recusa a princípio, pois tem planos mais ousados, ou seja, seduzir uma recatada jovem casada, Madame de Tourveil (Sabrina Greve), que está hospedada no castelo da tia do Visconde (Clara Carvalho). A Marquesa promete ao Visconde um retorno aos velhos tempos, tendo uma noite de amor com ele, caso ele cumpra as duas missões. Ele o faz, mas descobre, tardiamente, que a vingança, na verdade, era contra ele. A comparação com o sucesso do cinema de 1988, dirigido por Stephen Frears e estrelado por Glenn Close, John Malkovich e Michele Pfeiffer é inevitável. O texto é bom, atual, ácido, a trama é bem conduzida pelo diretor Mauro Baptista Vedia, além da excelente iluminação de Maneco Quinderé e dos ótimos figurinos de Maria Gonzaga. Apesar disto tudo, a interpretação do elenco é muito díspare, comprometendo o espetáculo. Marat Descartes é o grande nome, é a figura central, com uma encenação entre o irônico, o sedutor e o cafajeste, consegue ainda dar um toque de humor durante as mais de duas horas de duração da peça. Os outros atores masculinos são mero coadjuvantes, sem grande relevância. No elenco feminino é que estão os problemas. Laura Neiva é sofrível, não consegue passar ingenuidade ao papel da virginal Cécile, além de ter um sotaque insuportável de menina mimada. Não passa de um rostinho bonito encontrado no Orkut para o filme À Deriva, de Heitor Dhalia. Clara Carvalho tem uma entonação forçada, não passa verdade. Maria Fernanda Cândido está, como sempre, lindíssima, mas também não consegue convencer como a fria e calculista Marquesa. Suas limitações são visíveis no palco. Duas atrizes tem boas interpretações. Sabrina Greve, como a mulher casada que se deixa seduzir pelo Visconde, apaixonando-se por ele, e Camila Czerkes, em um pequeno papel como a prostituta que atende o Visconde. Chris Couto não faz feio, mas também não se destaca. Acho que deviam alterar a chamada nas propagandas da peça. Ao invés de Maria Fernanda Cândido e grande elenco, deveria ser Marat Descartes e grande elenco, pois a peça é toda centrada nele. Uma pena, pois Vedia tinha tudo nas mãos para uma excelente peça. Ficou no mediano.

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