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terça-feira, 19 de abril de 2011

AS TRÊS VELHAS


Na quinta-feira, dia 14 de abril, fui conferir a peça em cartaz no Teatro I do CCBB de Brasília, pagando para tanto o valor de R$ 7,50 pela meia entrada por ser correntista do Banco do Brasil. Depois de ler críticas favoráveis à peça e sabendo que se tratava de um texto do chileno Alejandro Jodorowsky, considerado um dos grandes nomes da contra-cultura, cuja direção era de Maria Alice Vergueiro, hoje com 76 anos, atriz queridinha do underground teatral e recentemente conhecida por milhões de jovens devido ao sucesso do vídeo "Tapa na Pantera" no YouTube, não tive dúvidas em ter que conhecer texto e direção. Melhor ainda quando soube que a própria Maria Alice Vergueiro é uma das intérpretes. Em cena, acompanhando-a, estão dois excelentes atores do teatro nacional, Luciano Chiarolli e Pascoal da Conceição. Completa o elenco, em participação pequena e sem fala (mas com falo! - quem viu a peça entenderá), o ator Marco Luz. O teatro não estava lotado. A história se passa em uma mansão decadente onde vivem três velhas senhoras, uma delas em cadeira de rodas, uma adaptação para a atuação de Vergueiro, já que ela sofre do Mal de Parkinson. Ressalto que ela utilizou-se muito bem de sua limitação física para compor a personagem. Estas senhoras já não tem a riqueza e a opulência em que viveram no passado, mas sonham com aquela época que não mais voltará. O texto é ácido, brutal, chocante, provocador, próprio do autor, com cenas fortes. Notei que um casal mais velho que se sentou ao meu lado se sentiu incomodado com as palavras de baixo calão, com os gestos chulos e com o sexo oral que uma das três velhas demonstra em cena. A direção de Maria Alice vai na linha provocadora proposta por Jodorowsky, nos fazendo refletir sobre a sociedade de consumo, sobre a velhice, sobre abandono, sobre solidão, mesmo que tendo companhia, sobre frustrações, sobre arrependimentos. Magistral a interpretação dos três que dão vida à Garga, Melissa e Graça. Também destaco os efeitos especiais pirotécnicos utilizados, especialmente na cena do aborto. Para quem ainda não viu, aconselho a ir conferir. Fica em cartaz em Brasília até o próximo dia 01º de maio. Sensacional!

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