Depois de duas noites mal dormidas, a noite de sexta-feira para sábado foi dedicada ao sono. Não era esta minha intenção, mas a necessidade de descansar corpo e mente dominou todos os outros desejos. Acabei furando com dois amigos paulistanos que me aguardavam para jantar. Com os celulares no modo silencioso, não acordei para atender às chamadas telefônicas. Dormi mais de doze horas seguidas, fato que não acontecia comigo há um longo tempo. Quando dei por mim, a manhã de sábado já estava quase no fim, fazendo um dia lindo de céu azul e sol brilhando na capital paulista. Ainda deu tempo de tomar um café da manhã. Na pressa de arrumar a mala, esqueci o desodorante, o que me fez passar na farmácia para comprar um. Já de volta ao hotel, de banho tomado e energias recarregadas, era hora de ligar para os amigos, me desculpar pelo furo e marcar um almoço juntos. Ao atender o telefone, meu amigo foi muito gentil, como lhe é costumeiro, já dizendo logo que em vinte minutos estaria na porta do hotel para me pegar. Ele foi pontual. No carro, também estava seu filho. Fomos para a Vila Madalena, um bairro que eu acho muito interessante, mas que ainda não consegui explorar suas ruas, cheias de ateliês, lojas descoladas, bares e restaurantes. Descobri que há um mapa do bairro com todos os pontos de interesse. Peguei um exemplar no restaurante onde almoçamos. Há finais de semana onde os ateliês são abertos para visitação pública com uma van fazendo uma espécie de "neighborhood tour" (passeio turístico pelo bairro). Exatamente neste final de semana estava acontecendo o evento Ateliês Abertos, no projeto Arte da Vila Madalena. Os restaurantes e bares do local já são sempre disputados e, com um evento destes, tal disputa por mesas fica maior. Mas enfrentar filas para se sentar em bares e restaurantes em São Paulo faz parte do cotidiano da cidade. Meu amigo escolheu um famoso bar/restaurante para nosso almoço, o Jacaré Grill (Rua Harmonia, 321/337, Vila Madalena). Já tinha passado em frente dele várias vezes, mas nunca estive lá. O movimento na calçada é intenso. São as pessoas esperando mesas. Chegamos por volta de 13:15 horas. Obviamente que não encontramos mesa. Colocamos nome na fila de espera. Outro amigo se juntaria a nós para o almoço. O serviço é muito eficiente, pois logo já tinha um garçom perguntando se queríamos beber alguma coisa ou algo para petiscar. Pedi água. Meu amigo sugeriu a entrada que mais tem saída no Jacaré, uma porção de pasteis fritos mista (petisco que é a cara de São Paulo). Em frente ao restaurante me chamou a atenção a quantidade de motos Harley-Davidson estacionadas. Descobri que ali era um reduto de colecionadores destas motos. Os pasteis são muito bons. São sequinhos, massa crocante e farto recheio. Na sorte, peguei um pastel de queijo com ervas e um de palmito. Enquanto batíamos um descontraído papo na calçada, percebi que o tempo quente começou a mudar, vindo um vento gelado, nuvens cinzas cobrindo o céu, com uma leve garoa já iniciando. Previsão de chuvas para logo mais à noite, lembrei-me do que havia lido na internet. Sentamo-nos depois de mais de uma hora de espera, mas confesso que nem vi este tempo passar. O papo estava agradável e o movimento em frente era interessante de ser notado. Com a lei anti-fumo da cidade, nem nas mesas na calçada os fumantes exercem seu vício. O senta e levanta era grande. Os fumantes iam acender seus cigarros longe dos demais fregueses, fato que achei de grande respeito. Nossa mesa ficava na calçada, a garoa já tinha cessado, deixando apenas um frio que não chegava a incomodar. O amigo que faltava chegou quando estávamos com os cardápios na mão. Segui a sugestão deles, pedindo a especialidade da casa: picanha grelhada, acompanhada de batatas fritas e arroz biro biro. Vem ainda uma farofa de farinha grossa (parecia farinha de pão, mas não experimentei) e um molho vinagrete só com cebolas. Como continuo firme com os remédios da dieta, comi bem pouco. A picanha vem fatiada em finos pedaços, ao ponto, como pedimos. Uma colher de servir de arroz biro biro, dois palitos de batata frita e duas destas finas fatias de picanha foram a minha refeição. A picanha estava muito boa, bem macia, com tempero apenas de sal grosso. A batata estava insossa, enquanto o arroz não era dos melhores, mas não fez feio. Gostei mesmo foi da carne. O filho de meu amigo se despediu de nós, pois ficaria no bairro, onde mora a sua namorada. Ao pedirmos a conta, meu amigo não me deixou pagar nada, gentil como sempre. Caminhamos até onde ele havia estacionado o carro, subindo e descendo as ladeiras que enfeitam o bairro. Ele sugeriu tomar um café. Outro hábito bem paulistano, ou seja, deixar para tomar um café em outro local. Fomos para o famoso e sempre cheio Café Santo Grão (Rua Oscar Freire, 413, Jardins), onde conseguimos uma mesa assim que chegamos. Um colega de trabalho e sua esposa se juntaria a nós, já que são muito amigos de meu amigo, moram no Rio de Janeiro e estavam passeando em São Paulo. Pedi apenas um café expresso descafeinado, enquanto os demais fizeram pedidos mais elaborados, mas, por incrível que pareça, meu café foi o último a ser entregue, com um providencial pedido de desculpas por parte do garçom devido à demora. Quando vi o relógio, já eram 17:30 horas. Tinha planejado sair do hotel às 18 horas para ir para o Estádio do Morumbi, onde à noite veria o show do U2. Hora então de me despedir, voltando a pé para o hotel, a poucas quadras de onde estava.
Nenhum comentário:
Postar um comentário