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domingo, 31 de maio de 2009

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO?


Para fechar o domingão, eu e Ric decidimos ir ao teatro. Escolhemos a peça Admirável e Só Para Selvagens, em cartaz no Espaço Cena ( SCLN 205, Bloco C, Asa Norte). Fomos alertados por amigos que a peça só comportava vinte pessoas por apresentação. Ligamos por volta de 13 horas, então, para reservar dois lugares. Duas entradas inteiras (R$20,00 cada uma) reservadas para a segunda sessão do dia, às 21 horas.
Chegamos um pouco antes e encontramos conhecidos e gente do meio teatral brasiliense. A entrada era uma tampinha de garrafa colorida. Pegamos duas vermelhas, que sinalizavam que pagamos inteira. Na hora de abrir as portas do teatro, um pedido para desligar totalmente o celular, nem mesmo no modo silencioso podia ficar, pois a peça tinha vários microfones que poderiam captar qualquer vibração e dar uma microfonia.
A direção do espetáculo é de Miriam Virna, conhecida diretora e atriz de Brasília que agora mora no Rio de Janeiro. Ela também atua na peça ao lado de Alessandro Brandão, outro ator da cidade que agora batalha na cidade maravilhosa. O texto é uma livre adaptação da obra de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo. Livre adaptação hoje significa que criam em cima de uma obra e nada pagam em direitos autorais ao autor que escreveu o original.
O teatro é pequeno e 28 pessoas são acomodadas em duas fileiras de cadeiras, dispostas nas laterais, uma fila em frente a outra, deixando um corredor entre elas onde a peça se transcorre. Mais quatro pessoas se sentam em uma almofada grande bem em frente a minha cadeira. O cenário é todo negro, com luzes focando os atores. Cada um faz dois papeis e a troca se dá pontuada pela música, um set eletrônico original criado e executado pelo DJ Quizzik. É necessário prestar bem atenção, pois há um despejar de frases interminável. O texto é recheado de situações já vistas e revistas em mais de uma dezena de filmes e peças, sem nada de novo. Soa, inclusive, datado, com questionamentos sobre o capitalismo, Deus, individualidade e convívio social. Embora curta, pois a peça tem apenas 55 minutos, parece longa, não anima. Ambas as interpretações são boas, com muita técnica, mas fica nisto. Aproveitaram bem a tecnologia disponível em termos de áudio. O figurino também é negro e traz a concepção de um mundo novo cheio de sombras e dúvidas (que eles verbalizam o tempo inteiro na peça). Talvez a ideia de se usar a ausência de cores (o preto) foi para contrapor as visões de futuro onde o branco asséptico prevalece (como no filme THX 1138, de George Lucas). 
Enfim, não gostei do que vi: a música é chata, cansativa, o texto é repleto de clichês e o negro total me incomodou.

Acabei a noite comendo um crepe de mussarela com tomate fresco na creperia Crepe Royale (SCLS 207, Bloco C, loja 37, Asa Sul) e de sobremesa um pequeno crepe de alfajor para adoçar a vida.

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