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quarta-feira, 29 de julho de 2009

UM GATO

Tarde quente, sol a pino. Leonora está pensativa. Vê o azul do céu pela janela do quarto. Desliga o ar condicionado que a incomoda tanto e abre a janela. A brisa que vem do mar enche o ambiente. O bafo é quente, mas ela gosta. Escancara toda a janela e mira o horizonte, livre, a sua frente. Nenhum pensamento passa por sua cabeça. Liga seu notebook e tenta acessar a internet, sem sucesso. Não há sinal para sua banda larga móvel. Esbraveja internamente. Deixa o aparelho ligado e senta em uma poltrona, próxima da janela. Pega o livro que está lendo. Passa os olhos em alguns parágrafos. Ouve um estalar do lado de fora da janela. Fica pensativa, mas nada acontece. Continua a ler e novo barulho, mais perto desta vez. Vai até a janela e vê um gato no parapeito da janela da vizinha. Fica espantada com o tamanho do bichano, forte, grande, com um bigode saliente, muito bonito. Nunca vira o gato antes. Será que a vizinha tinha arrumado um animal de estimação? Não sabe e nem quer saber a resposta. Volta para a poltrona e para seu livro. Fica absorta na leitura. Não mais ouve nenhum barulho, apenas está concentrada no texto.
O gato entra em seu quarto. Ronrona. Procura aconchego. Leonora deixa o livro cair no chão e o gato se esquiva. Fica eriçado em um dos cantos, mas não sai de lá. Leonora o vê, chama o bichano para seu colo e logo o acaricia, delicadamente. As mãos dela afundam no corpo macio do gato. Ela pensa em um nome para ele, nem que seja para conversar com ele naquele momento. Vê a pomba do Espírito Santo pendurada acima de sua penteadeira e resolve chamá-lo de Trinidad. O gato gosta do nome. Atende ao chamado roçando seu corpo no de Leonora. Um calor sobe no corpo dela. Não consegue entender o que sente, gosta, apenas gosta do calor. O gato vai passando os pelos no corpo dela. Ela vai enlouquecendo de alegria. Na verdade, enlouquece de prazer. Não vê mais o gato, mas sim um homem forte, tatuado, carinhoso, descobrindo todos os pontos secretos de seu corpo. Leonora geme de prazer. Uma, duas, três, inúmeras vezes. O gato/homem percebe e lhe provoca mais. Começa a lambê-la nos pés, joelhos, virilha, umbigo, barriga, mamilos, axilas. Ela enlouquece, fica molhada. O gato continua. Ele também gosta do que faz. Sente prazer. Leonora já não sabe onde está, um vulcão quer expelir sua lava de dentro dela. O gato olha bem dentro de seus olhos miando qualquer coisa. Ela entende que ele está gostando. O vulcão explode. Leonora extravasa seu tesão. Leonora fica mole. O gato a observa, sorrindo, lambendo-a, passando seus pelos macios em seu corpo. Ela fica deitada, quietinha. O gato deita em sua barriga e ali fica, com ar de felicidade no rosto. A tarde quente estava ótima. Ficam assim por uns quarenta minutos. Leonora está muito feliz. O gato percebe e em lentos movimentos recomeça toda a história, com novas lambidas e carícias. Leonora não resiste e novamente chega ao êxtase. O gato sorri, se lambe e a olha com ar de quem está indo embora. Um olhar que diz vou embora mas volto. Leonora retribui o sorriso e tem o mesmo pensamento. O gato pula pela janela e desaparece.
O telefone celular toca estridentemente. Leonora se assusta e acorda. Vê o livro no chão. Coloca a mão em suas roupas notando que estão secas. Foi um sonho. O telefone continua a tocar. Ela atende. Era a confirmação do jantar que participaria à noite. Vê as horas e percebe que o tempo passou rápido. Perto de 19:30 horas, quase na hora que iriam pegá-la na porta de seu prédio. Ela olha para a cama e acha um pelo de gato. Que besteira, pensa ela, foi apenas um sonho. E que sonho! Vai até a janela e olha para o lado da vizinha, onde teria visto o gato. Nada vê. Realmente havia sonhado. Toma um banho e se apronta. Desce no horário marcado e entra no carro que a esperava. Olha para fora e vê, ele, o gato. Grita Trinidad!, o nome que lhe dera.
O motorista do carro não entende. Não havia ninguém na rua, apenas um gato. O gato olha na direção dela e mia. O miado se transforma num sussurro que chega aos seus ouvidos. O gato promete voltar. Leonora foi jantar feliz, com a certeza de que não foi um sonho.

4 comentários:

  1. Noel,
    O que mais gosto em suas histórias é o interesse que me desperta para saber a conclusão.
    Você sabe criar climas.
    Bjs

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  2. Pek,

    Obrigado. Geralmente quando começo a escrever, já tenho final em mente, o que facilita na hora de construir o recheio.

    Bjs.

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  3. Qual a cor do gato de LEOnora?

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