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domingo, 1 de maio de 2011

ENSAIO DE CORES - ANA CAROLINA

Há mais ou menos um mês fiquei sabendo que Ana Carolina estaria em Brasília apresentando seu show no Auditório Master, agora batizado de Auditório Ruth Cardoso, do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Como fazia um bom tempo que não via um show desta cantora mineira, procurei me informar quando seria e onde os ingressos seriam vendidos. Apresentação única no dia 29 de abril de 2011, com ingressos vendidos nos pontos físicos da Ingresso Rápido ou no sítio eletrônico desta empresa. Preferi comprar na Loja Free Corner do Brasília Shopping, mais próxima de minha casa e de mais fácil acesso para quem trabalha na Esplanada dos Ministérios, como eu. Fui na hora do almoço. Escolhi os lugares mais à frente disponíveis no momento. Comprei três ingressos, pois uma amiga e colega de trabalho, que mora no Espírito Santo viria com seu filho para este show. Duas inteiras e uma meia entrada, já que desta vez apenas idosos e estudantes tinham direito à meia entrada. Valor salgado. Foram R$ 300,00 para um ingresso de valor cheio para me sentar no setor "Plateia VIP", na fila P, na lateral direita de quem fica de frente para o palco. No mesmo dia do show, a partir de 15 horas, uma exposição de telas pintadas pela própria cantora estava exposta no saguão de entrada do Auditório Ruth Cardoso. Minha amiga me buscou em casa para irmos juntos. Além do filho, uma sobrinha também veio conhecer Brasília e conferir o show de Ana Carolina. Para tanto, ela comprou o ingresso pela internet. Chegamos por volta de 20:40 horas. Já havia um grande movimento na porta, mas foi fácil estacionar no pequeno estacionamento em frente ao Centro de Convenções. Isto comprova o que sempre digo: o público da cidade adora chegar atrasado em shows e peças teatrais. Como de costume, recebemos quase uma dezena de filipetas na porta, que faziam propagandas de outros shows, de empreendimentos imobiliários, dos patrocinadores do show e de outras atividades culturais. Demos uma rápida passada pela exposição das telas. Na verdade fizemos o que chamo de leitura diagonal ou leitura dinâmica, ou seja, passamos meteoricamente pelos quadros. Deu apenas para perceber que todos eram abstratos, com uso de muita cor e seus nomes eram de sucessos musicais da cantora. Mais tarde, fiquei sabendo que ela assina AC quando está revestida da condição de artista plástica. Todas as telas estavam à venda, com parte da arrecadação revertida para uma entidade paulista que atende diabéticos, doença da qual sofre a cantora desde sua adolescência. Ficamos muito tempo no saguão que dá acesso ao teatro, pois as portas estavam fechadas. Para entrar no teatro, há, pelo menos, quatro portas ao fundo, mas placas indicavam que apenas duas delas, as mais ao canto, seriam abertas. E de fato o foram, gerando uma grande demora para que o público entrasse. Isto sem falar no considerável atraso para que o acesso ao teatro fosse liberado. Conclusão: o show começou às 21:50 horas. Observando o ingresso, notei uma filigrana da empresa. O horário do show não estava marcado de forma exata, mas sim com a singela expressão "a partir de 21 horas", ou seja, se considerarmos ao pé da letra esta informação, não houve atraso algum no início do espetáculo. Quando as luzes se apagaram por completo, indicando que era hora do show começar, houve a já famosa gritaria histérica das mulheres que amam mulheres, público fiel e cativo de Ana Carolina. A histeria foi mais intensa quando o locutor agradeceu a presença de todos, anunciando que estava confirmado para aquele mesmo local, no dia 21 de setembro, o show de Maria Gadú. Terminados os avisos e agradecimentos, três mulheres entram no palco. Era a pequena banda de Ana Carolina, todas vestidas de preto. Elas eram Gretel Paganini no violoncelo, Délia Fischer nos teclados e LanLan na percussão e bateria. LanLan já é uma referência no cenário nacional no quesito percussão, posição conquistada ao longo destes anos desde a época em que fazia parte da banda de Cássia Eller. E durante o show mostrou toda a sua habilidade em um ótimo duelo de pandeiros com Ana Carolina. A cantora entrou no palco com seu indefectível paletó preto, sua marca registrada, empunhando uma guitarra, sendo muito ovacionada pelo público, mas a gritaria da mulherada eram um caso à parte, o que aconteceu durante todo o show. Os mais variados elogios e convites foram feitos à cantora, que os recebia com bom humor e os respondia provocativamente, atiçando mais suas fãs. Além da banda enxuta, o cenário era composto apenas por um fundo branco no qual projeções muito coloridas foram feitas ao longo do espetáculo, que durou pouco mais do que uma hora. O início foi vigoroso com um arranjo instrumental pesado para Rai das Cores (Caetano Veloso). Quase nem conheci a música. Ensaio de Cores, nome do show, mostra a artista antenada com seu momento artista plástica, além de revelar a faceta intérprete, cantando músicas de outros compositores, como fez com Alguém Me Disse (Jair Amorim e Gealdo Gouveia), clássico bolero brasileiro, já gravado por Gal Costa em seu disco "Plural" e pela própria Ana Carolina em seu primeiro cd. Quando da execução desta música, Gretel Paganini arrasou com seu violoncelo, o que me fez lembrar a violinista pop Vanessa May. Nesta vertente intérprete, ainda houve Todas Elas Juntas Num Ser Só (Lenine e Carlos Rennó), quando a mulherada se assanhou a cada nome feminino cantado; Azul (Djavan), em momento solo, apenas com um baixo nas mãos, enquanto ao fundo uma profusão de traços abstratos azuis pincelavam a tela branca. Sua interpretação bem particular para este sucesso de Djavan foi, para mim, um dos pontos altos do show. Mas nada superou quando ela colocou sua potente voz na música Força Estranha (Caetano Veloso). Com sua interpretação, ficou parecendo que esta música foi feita para ela. Um primor. Houve músicas inéditas, como As Telas e Elas, de sua autoria, e o samba Pra Tomar Três, composto em parceria com Edu Kriger, um nome que vem crescendo no cenário musical brasileiro. Um momento bonito foi a execução de Violão (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro), quando Ana Carolina e as três integrantes de sua banda se sentaram juntas, cada uma com um instrumento de cordas nas mãos, fazendo um belo número instrospectivo, para, em seguida, emendar com uma junção, no mínimo curiosa: a interpretação de Feriado (Chico César), O Amor É Rock (Tom Zé) e Entre Tapas e Beijos (Nilton Lamas e Antônio Bueno), esta última, grande sucesso da dupla Leandro & Leonardo. Apesar de ela anunciar antes de que não gostava deste sucesso sertanejo, mas cantaria porque virou um hit, sua interpretação foi simbolizada por muita alegria, inclusive no arranjo vocal das três instrumentistas, que nesta hora, viraram backing vocals, com direito a dança coreografada e uuus e lálálás. Claro que sucessos da cantora fizeram parte do repertório, quando a histeria chegou ao extremo, especialmente quando interpretou Eu Comi A Madonna (Totonho Villeroy, Ana Carolina, Alvin L. e Mano Melo) e Garganta (Totonho Villeroy), justamente as duas últimas músicas do show. Para conter a galera, vi pela primeira vez neste auditório, uma cerca que impedia que as pessoas chegassem próximas ao palco. A própria cantora parecia ter medo de chegar perto do público, pois acho que temia que a puxassem (creio que isto já aconteceu antes com ela). Mas ela não deixou de pegar os objetos jogados pelo público no palco, autografá-los e devolvê-los às donas. Os mais inusitados foram uma camisa da seleção brasileira de futebol e um pandeiro. Com o público de pé, pedindo bis, elas voltaram para a execução do mega sucesso É Isso Aí (Damien Rice, com versão para o português de Ana Carolina e Seu Jorge). Fim de um belo show. Na saída, passamos novamente em frente às telas. Como a saída era lenta, pude ver melhor alguns quadros. Nada me interessou muito. Gosto mais dela como cantora. A saída sempre é problemática no Centro de Convenções, pois são cerca de 3.000 pessoas tentando sair ao mesmo tempo. Para piorar, só uma banda da apertada porta de vidro estava aberta, o que afunilava o fluxo. Nesta hora, parece que todos tem que tirar o pai da forca, pois sempre há um empurra-empurra e, por incrível que pareça, quem mais gosta de empurrar são as mulheres (observem isto em grandes shows onde o público fica em pé ou em baladas e festas). Recebi uma mensagem para encontrar com os amigos no El Paso Latino. Assim, minha amiga me deu uma carona até o restaurante, que também está no 6º Brasil Sabor. Hora, portanto, de experimentar mais um prato deste festival gastronômico.

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