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sábado, 28 de maio de 2011

PROJETO LIVE P.A. - CHINA + SÍLVIA MACHETE



Momento heavy metal? Beyoncé?


Sílvia Machete + China - Projeto Live P.A.

Depois de uma semana estafante, com saídas tardes todos os dias do trabalho, sempre após 22 horas, chegou a sexta-feira. Consegui me libertar mais cedo. Quando o relógio marcou 20 horas, já estava dentro do carro, voltando para casa. Queria sair, me divertir um pouco, não ter em que pensar. Consultei a programação cultural e resolvi conferir mais um encontro inusitado promovido pelo Projeto Live P.A., evento gratuito que tem movimentado o final das noites de sextas e sábados de maio nos jardins do CCBB. O slogan do projeto é "2 músicos. 1 computador. E vai rolar o som!". Ric não quis ir, preferiu ficar em casa. Coloquei uma roupa mais quente para me proteger do frio gostoso que está fazendo nas noites de Brasília e fui para o centro cultural. Quando cheguei na entrada do estacionamento, uma fila de carros indicava que o local ficaria cheio. Todos os carros eram parados pelos seguranças, que não permitiam a entrada de garrafas de vidro no recinto. O estacionamento já estava lotado, pois eram 22:30 horas, horário marcado para o início do show da noite. Nada rolava no palco, ainda escuro. Muita gente circulando entre o Bistrô Bom Demais e o bar especialmente montado para estas noites de música e diversão. Fiquei perto do palco, como da outra vez. O encontro da noite era entre o cantor China, conhecido no circuito alternativo como o vocalista da Banda Del Rey, especializada no repertório de Roberto Carlos, mas que também tem um trabalho autoral, e a cantora performática Sílvia Machete, a carioca que usa elementos de circo em cena, além de uma pomba no cabelo em suas apresentações. Os dois subiram ao palco com meia hora de atraso. Não houve anúncio. Simplesmente chegaram, pegaram o microfone e começaram a falar. Sílvia estava sem a famosa pomba, motivo para alguns gritarem perguntando onde ela estava. Ela, totalmente desinibida, falou alguma coisa de duplo sentido, apontando para o seu quadril, mas logo disse que a pomba estava na camisa do China (na verdade, era o desenho do pica pau, símbolo da marca Reserva). De início, Sílvia Machete foi dizendo que ela não conhecia o China e que foram apresentados, via e-mail, quando convidados para o projeto. Ficaram trocando e-mails, conhecendo o repertório um do outro, só se conhecendo dois dias antes do show, ou seja, na última quarta-feira. China, por sua vez, disse que não tocava nada de guitarra, mas o formato daquele encontro exigia que ele dedilhasse alguma coisa. Todos riam muito. A diversão já estava garantida. Eles se revezavam na interpretação das canções. Em músicas de China, Sílvia ficava fazendo vocalizes. Em uma das músicas dele, ela fez uma dança interpretativa, que ficou muito divertido. Uma performance de Machete, ao final de uma de suas músicas, ela coloca uma peruca dourada, enquanto China segura um ventilador ligado voltado para a peruca. A performance foi um misto de guitarrista de banda de heavy metal balançando a vasta cabeleira com os números de Beyoncé, que nunca dispensa os potentes ventiladores no palco  O jardim do CCBB estava muito cheio. Muito jovem, muita maconha, muito casal homossexual, muita agitação, muitas fotos. De vez em quando um gritava para os cantores pararem de falar e fazer o show. Claramente não era um show. Era um improviso, sem nada de ensaio prévio. Sílvia segurou bem a onda, afinal, viveu muito tempo fora do Brasil fazendo apresentações nas ruas para ganhar seu dinheiro, sabendo lidar com todo tipo de reação. Ela anunciou e mostrou seu mais novo cd, dizendo que estaria vendendo e dando autógrafos após o show. Quando Sílvia cantava, China acendia um cigarro. Como fumava o cara! Já para mais de meia hora de show, uma performance maluca de Machete, quando ela canta uma de suas músicas tocando um violoncelo. Em certo momento, o violoncelo deixa de ser um instrumento musical e passa a ser um instrumento sexual. Ela simula uma trepada com ele. "Muito doido", dizia a mulher que não parava de fumar maconha ao meu lado. Outro momento delirante foi a chegada de Vanderlei, o garçom do Bistrô Bom Demais que sempre se fantasia para participar dos shows que rolam no CCBB. Quando ele se aproximou do palco, Sílvia Machete disse que ele só poderia estar fazendo aniversário, pois somente um aniversariante teria coragem de ficar com aquela roupa no meio da multidão. Ele foi chamado a subir no palco, Sílvia puxou um "Parabéns Pra Você" e ainda deu a ele um cd de presente. Ele ficou no palco, enquanto ela cantava sua música mais conhecida, Toda Bêbada Canta. Acho que ele atrapalhou a interpretação de Machete (era visível na cara dela, pois ele roubava a cena justamente na sua música mais conhecida pelo público), fazendo caras e bocas, com a galera rindo muito. Chegou a vez de China cantar uma música do repertório de Roberto Carlos, como já era esperado. Escolheu A Distância. Sílvia Machete não sabia a letra e sua cola se perdeu. Ela confessou que não sabia nenhuma música de cor de cantores e autores conhecidos, mas que tinha certeza de que a maioria dos presentes sabia aquela música, o que logo se confirmou. No meio da música, o roadie apareceu com a letra e ela pode cantar, com um largo sorriso no rosto. A falação continuou. Alguém continuava a gritar, reclamando. De repente, uma garrafa de plástico cheia de água foi arremessada em direção ao cantor China, mas não chegou a bater nele. Não vi onde acertou, mas sobrou água para todos que estavam em frente ao palco, inclusive para mim. Sílvia não perdeu o rebolado. Disse pro cara que para ele ter cuidado porque eram mil contra um e que a grande vontade dele era ser ela, como não conseguia, extravasava sua frustração daquela maneira. China ficou arredio, com medo. Ela anunciou o final do show, quando os dois ficaram juntinhos para cantar um sucesso de Raul Seixas (Machete, mais uma vez, se socorreu de um papel com a letra escrita). Apenas uma hora de duração. Voltaram para um breve bis, quando China ficou na bateria e Sílvia Machete fez seu famoso número com o bambolê no corpo. Rodopiando o arco sem deixar cair, ela tirou de dentro de sua calcinha um papel de seda, um pacote de onde pegou um pouco de fumo para enrolar um cigarro, guardou o pacote de volta na calcinha, enrolou o cigarro, imitando um baseado, pegou um isqueiro, acendou o trabuco, deu uma tragada, pegou uma taça que o roadie lhe entregara, colocou um pouco do líquido na boca e começou a soltar bolhas de sabão. Isto tudo com o bambolê rodopiando em seu corpo. Nada mais circense, nada mais alto astral. Diversão garantida, mas de show musical, quase nada. A Sílvia Machete eu já conhecia, tenho seus dois discos, já vi um show dela com banda e bem produzido, do qual gostei. Já China foi a primeira vez que o vi em um palco. Achei sem graça, com uma voz sem alcance e sem carisma, mas tem um público jovem cativo. Dizem que na Banda Del Rey a coisa é diferente e a performance é ótima. Vou ter que esperar uma oportunidade para conferir. De qualquer forma, fiquei satisfeito com minha noite de sexta-feira. Foi como eu queria, com diversão e sem precisar pensar em nada. De lá, voltei direto para casa, onde ainda brinquei um pouco com Getúlio antes de dormir.


China


Sílvia Machete e Vanderlei, o garçom performático do Bistrô Bom Demais


Sílvia finalizava o show da noite com seu famoso número com o bambolê

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