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quinta-feira, 5 de maio de 2011

O BOSQUE


Quarta-feira com jornada dupla de teatro no CCBB. Primeiro, peça O Bosque,em cartaz até dia 08 de maio no Teatro II. Entrada a R$ 7,50 (meia entrada por ser correntista do Banco do Brasil). O texto é de David Mamet, o que me chamou a atenção para conferir o espetáculo. A tradução coube a Roberto Alvim e Júlia Novaes. No elenco, os atores Bruno Kott e Cristine Perón. O cenário é bem escuro, pois a história do casal se passa em uma noite em um local isolado no meio de um bosque, em frente a um lago. Um insistente barulho de grilo ecoa praticamente durante toda a peça, que tem a duração de uma hora. Tal barulho chega a irritar um pouco. Os diálogos são curtos, com rapidez na resposta e contra-resposta, mas, por incrível que pareça, o ritmo da peça é lento. Confesso que dei umas pescadas, sem trocadilhos por causa do lago fictício onde eles sempre viam peixes, gaivotas ou castores. Presenciamos uma autêntica discussão de relação entre o casal, a famosa DR, com uma troca constante de quem ataca e de quem é atacado. Ora temos a mulher com desejos e o homem a rejeita, ora o jogo se inverte e é a vez do desejo passar para o lado do homem, com a mulher preferindo um passeio debaixo de chuva durante a noite pelo bosque. O texto trata de solidão, de dificuldades de relacionamentos, seja de qual natureza for, entre as pessoas, especialmente no mundo moderno. A localização da DR em um bosque, local bem idílico, também demonstra a necessidade cada vez mais presente de o homem moderno se afastar do estresse do dia a dia para vivenciar momentos de paz, mesmo que vivenciando uma discussão, uma crise conjugal. Não é um texto que agrada a todos, e isto ficou patente para mim no desconforto de algumas pessoas que se mexiam demais nas cadeiras (que, por sinal, eram bem desconfortáveis). A iluminação é bem fraca o tempo inteiro e a sensação de morte ronda o casal durante todo o texto, seja nas histórias "de pescador", como a do rapto de um homem por marcianos naquele local ou de uma casa que foi construída em cima da caverna de um urso que mais tarde voltaria raivoso. Isto sem falar na citação de guerra em vários momentos da peça. Em determinadas ocasiões, os temas voltam aos rápidos diálogos, enquanto vai-se deteriorando cada vez mais a relação. Uma música em espanhol, bem estilo fossa, encerra a peça, quando uma luz forte se acende em direção à plateia. Os atores aguardam a música acabar para se curvar perante o público, em sinal de agradecimento pela presença e saem imediatamente. Ninguém se levantou para aplaudir, como de costume em Brasília. Os aplausos foram protocolares e muitos ficaram indecisos se a peça havia terminado ou não. Levanta ou não levanta, esta era a dúvida. Levantei primeiro. Vários fizeram o mesmo. Realmente era o fim do espetáculo. Eu gostei, mas na saída, os semblantes eram sérios, poucos comentavam algo relativo à peça. Uma amiga que havia conseguido ingresso de última hora, pois eles estavam esgotados, sendo que a sessão que eu fui era extra, apenas disse que valeu a experiência. Por falar em ingressos esgotados, havia, no mínimo, umas dez cadeiras vazias. Com certeza eram cortesias não trocadas na bilheteria. Quando saí, a fila para entrar no Teatro I já era grande. Era a pré-estreia da peça Antes da Coisa Toda Começar, para a qual eu ganhei dois ingressos, utilizados por mim e Ric.



3 comentários:

  1. olá, eu assisti à peça e me dei ao trabalho de perguntar sobre o barulho de grilo, não é uma gravação, são os grilos do jardim do ccbb.

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  2. e a música ao final é em italiano

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  3. Prezado,

    Já vi várias peças naquele teatro e nunca ouvi barulho de grilo lá dentro. Mas como você foi atrás da informação, vou acreditar.

    Abraços e obrigado pela visita ao blog.

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