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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CENA CONTEMPORÂNEA - DIA 2



A minha quarta-feira foi tumultuada com muitos problemas a resolver, além do dia ter sido muito quente e seco. Cheguei ao final do dia sem vontade de fazer nada, mas tinha ingressos para duas peças de teatro que integram o festival internacional Cena Contemporânea. Respirei fundo, enfrentei um trânsito na hora do rush para chegar ao Teatro SESC Garagem, local da primeira peça. Dificuldade para estacionar, já que há faculdades nas proximidades. Entrei na fila às 19 horas, mesmo horário em que as portas foram abertas. O teatro não lotou, mas recebeu um público grande. Diria que faltou pouco para lotar. O ingresso custou R$ 8,00 a meia entrada (cupom Sempre Você). O espetáculo é do grupo espanhol Kabia - Espacio de Investigación Dramática de Gaitzerdi Teatro. Paisagem com Argonautas (Paisaje con Argonautas) é o nome da peça que tem direção de Borja Ruiz. No palco uma atriz (Juana Lor) e um músico (Iñio Olazábal) encenam um texto do alemão Heiner Muller, cuja tradução em português foi entregue na entrada, pois a atriz interpretava em espanhol. A própria sinopse do texto diz que o texto é desconexo, fato ratificado pela atriz em cena, quando ela para a interpretação para explicar, em português, o que significava. Além do texto, uma reprodução de um quadro de Paul Klee no qual um anjo é lavado pelo vento em uma paisagem com fundo vermelho e uma sombra de uma árvore seca, devastadora. Enquanto a atriz está em cena, o músico executa a música ao vivo, tocando alguns instrumentos bem diferentes ou inusitados. A atriz tem uma performance arrebatadora, especialmente quando simula uma bailarina de uma caixa de música, ou provocadora, quando levanta a saia preta e mostra que está portando um pênis falso. Mas o texto é chato, pra baixo, pessimista. O texto retrata o caos, a miséria, a impossibilidade de se voltar atrás, atrocidades,  dores, morte. A peça durou apenas quarenta minutos e a plateia ficou dividida. Alguns aplaudiram de pé, enquanto outros batiam palmas protocolares. Fiquei no segundo grupo. Saí do teatro para outro teatro. Desta vez o teatro da Caixa Cultural, onde vi a segunda peça da noite, Não Precisa Chorar (No Vayas a Llorar), do Teatro Viento de Agua, de Cuba. A dramaturgia é de Boris Villar, enquanto Maribel Barrios faz a encenação. O texto se baseia em fatos reais ocorridas em Havana no ano de 1994, quando milhares de cubanos se jogaram ao mar em embarcações toscas com o objetivo de saírem da ilha para alcançar a sonhada liberdade na Flórida. Mais um texto pessimista, cheio de rancor, de morte, de saudades. Maribel é ao mesmo tempo a mulher abandonada por um ente querido e os cubanos que se aventuraram em uma balsa de madeira e pneus, além de fazer a voz cavernosa que nos remete à própria morte. O teatro não estava cheio, cujo ingresso também paguei R$ 8,00 (meia entrada). Ao final de ciquenta minutos, comentários diversos eram ouvidos na saída do teatro, inclusive em relação à reação da plateia que também se dividiu ao aplaudir a atriz, muitos permanecendo sentados. Fica a sensação de que algo faltou, que a utilização dos recursos de projeção eram excessivos, que a repetição de nomes de pessoas que morreram soa sem sentido para encenação fora de Cuba, de que o texto ficou datado. Noite ruim.

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