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domingo, 8 de agosto de 2010

GORDA


Mais uma noite de sábado dedicada às artes cênicas. Eu e Ric fomos conferir o sucesso de público em terras paulistas e cariocas Gorda. Ingresso a R$ 35,00 (meia entrada com o cupom Sempre Você). Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro lotada. Atraso de apenas dez minutos. O público brasiliense continua sem educação, pois muitas pessoas insistem em chegar atrasadas, já com o espetáculo iniciado. Houve um problema com o som durante toda a peça, mas no começo foi pior. Gritos da plateia durante um diálogo, pois o som não estava chegando ao fundo e às laterais do teatro. Também houve muita microfonia, pois tentavam aumentar o volume de captação dos microfones que ficavam pendurados no teto. A solução pode ser eficiente em salas menores, mas não o é em grandes teatros, como é o caso da Sala Villa Lobos. O texto é do cineasta americano Neil Labute. Direção do argentino Daniel Veronese, que gosta de dar um toque natural às peças que dirige. E nesta peça não foi diferente. Embora uma comédia leve (sem trocadilhos!), tudo que se passava em cena parece realidade, parece natural. O elenco conta com Fabiana Karla (Helena, a gorda do título), Michel Bercovitch (Tony), Mouhamed Harfouch (Caco) e Cacau Melo (Joana). Venderam a imagem de ser uma comédia, explorando a imagem de Fabiana Karla, sucesso nas noites de sábado no global Zorra Total (nunca vi este programa). Realmente é uma comédia, mas o texto é inteligente, nada de besteirol ou stand up comedy que fazem sucesso nos palcos nacionais. Com forte conteúdo, a peça nos dá um soco no estômago. Explorando a situação de Helena ser bem resolvida com seu corpo, fora dos padrões de beleza ditados pela sociedade atual, e seu relacionamento com um jovem executivo, magro, expõe os preconceitos e a vergonha de se relacionar com pessoas "estranha" ao padrão exigido por uma sociedade capitalista e moralista. O preconceito se revela, principalmente, nas falas de Caco e de Joana, colegas de trabalho de Tony, o namorado de Helena. E para provar que o texto se relaciona com toda forma de preconceito e discriminação, o personagem Caco, tentando convencer Tony a largar a gorda, diz que os "normais" da sociedade rejeitam os gays, os velhos, os gordos, os deficientes (ele usa as palavras retardados e aleijados) porque sentem medo de existir a possibilidade de ser um deles. Ele chega a falar que espera morrer antes de chegar a velhice pois odeia velhos. O elenco está afinado, mas embora Fabiana Karla é a única a aparecer no material de divulgação da peça, cabe aos dois atores a maior quantidade de falas. Destaco Mouhamed Harfouch. Ele tem um tempo de comédia muito bom e conseguiu transmitir emoção ao falar um texto dramático, descrevendo sua relação com a sua mãe gorda. O público aplaudiu em cena aberta por mais de uma vez. O final é impactante e surpreendente. Ouvi muita puxada de nariz, sinal de algum choro, de emoção, também visível nos olhos dos atores.


Terminamos esta noite em uma festa de quarenta anos do filho de uma colega de trabalho.

2 comentários:

  1. Noel,
    Por aqui ando também em maratona de teatro, pois está acontecendo o FIT.
    Bjs

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  2. Pek,

    Estou seguindo as reportagens sobre o FIT2010. Em Brasília, a partir de 24 de agosto, começa o Cena Contemporânea, um irmão do FIT de BH. A abertura será com o Grupo Galpão, com a pela Till. Será de 24 de agosto a 05 de setembro, com muitas peças, shows, oficinas e diversão.

    Bjs.

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