Elza Soares entra no palco do Teatro Oi Brasília conduzida por alguém da produção. Ela é a atração do segundo show da primeira noite do festival I Love Jazz em Brasília. Com o tornozelo inchado, ela se acomoda em um cadeira no centro do palco. Fiquei sentado bem em frente a ela. Com um figurino todo negro e uma cabeleira assanhada, ela inicia o show com sua voz rouca entoando What A Wonderful World, sucesso de Louis Armstrong. Foi a deixa para ela contar como conheceu este grande músico quando acompanhava a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo no Chile, em 1962. Terminada a história, chamou seu convidado especial, o saxofonista Nivaldo Ornelas. Acompanhando Elza também estavam os três músicos do primeiro show, inclundo Victor Biglione e um trompetista. Já na segunda música, o problema de retorno voltou a dar sinais de vida. Elza percebeu e segurou a onda, fazendo os seus tradicionais vocalizes, enquanto técnicos de som tentavam corrigir o problema. Os músicos entraram na onda de Elza e também improvisavam solos, tornando-se uma jam session, mostrando o quanto bons músicos e uma cantora competente conseguem segurar a onda enquanto um problema é equacionado. Resolvido o retorno, o show prossegue, com Elza cantando e encantando a plateia com suas interpretações para clássicos do jazz. Ela anunciou que ainda está finalizando a gravação de um cd com sua leitura para este clássicos. O cd se chamará My Soul Is Black, mesmo nome dado ao show da noite, e deve ser lançado ainda em 2010. Cada música que ela interpretava na noite era muito aplaudida. Entre uma música e outra, ela deliciava o público com suas histórias. Contou-nos de sua amizade com Ella Fitzgerald, inclusive o fato de tê-la substituído em uma turnê na Itália no show Ella Canta Jobim. Por falar em Tom Jobim, ela o homenageou interpretando duas músicas: Retrato em Branco e Preto, na qual ela mais leu do que cantou. Ficou visível que não sabia a letra. Percebendo que não daria conta de cantá-la, ela resolveu declamar a letra da música, fazendo alguns vocalizes entre uma estrofe e outra, enquanto os músicos mostravam porque ali estavam. Solos de violoncello, guitarra, bateria, trompete e sax foram ouvidos e ovacionados. Já na segunda música de Jobim, Elza arrasou, ficando de pé, mesmo com o tornozelo inchado. A música? Garota de Ipanema. Ela inseriu seu nome na letra algumas vezes, dando um toque pessoal e insubstituível à canção. Summertime é outra canção cuja interpretação foi de arrepiar. O show durou pouco mais que uma hora. Ela sai de cena amparada pelos músicos, fazendo graça de seu tornozelo, cantando que ela o levaria para descansar. Era a senha de que não voltaria ao palco para o aguardado bis. A plateia, entendendo, apaudiu fervorasamente. Quase 23 horas. O show foi maravilhoso. Ainda haveria outro show, mas algumas pessoas foram embora. Talvez tenham ido apenas para ver Elza. Tenho certeza de que não se arrependeram.
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010
I LOVE JAZZ - ELZA SOARES
Elza Soares entra no palco do Teatro Oi Brasília conduzida por alguém da produção. Ela é a atração do segundo show da primeira noite do festival I Love Jazz em Brasília. Com o tornozelo inchado, ela se acomoda em um cadeira no centro do palco. Fiquei sentado bem em frente a ela. Com um figurino todo negro e uma cabeleira assanhada, ela inicia o show com sua voz rouca entoando What A Wonderful World, sucesso de Louis Armstrong. Foi a deixa para ela contar como conheceu este grande músico quando acompanhava a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo no Chile, em 1962. Terminada a história, chamou seu convidado especial, o saxofonista Nivaldo Ornelas. Acompanhando Elza também estavam os três músicos do primeiro show, inclundo Victor Biglione e um trompetista. Já na segunda música, o problema de retorno voltou a dar sinais de vida. Elza percebeu e segurou a onda, fazendo os seus tradicionais vocalizes, enquanto técnicos de som tentavam corrigir o problema. Os músicos entraram na onda de Elza e também improvisavam solos, tornando-se uma jam session, mostrando o quanto bons músicos e uma cantora competente conseguem segurar a onda enquanto um problema é equacionado. Resolvido o retorno, o show prossegue, com Elza cantando e encantando a plateia com suas interpretações para clássicos do jazz. Ela anunciou que ainda está finalizando a gravação de um cd com sua leitura para este clássicos. O cd se chamará My Soul Is Black, mesmo nome dado ao show da noite, e deve ser lançado ainda em 2010. Cada música que ela interpretava na noite era muito aplaudida. Entre uma música e outra, ela deliciava o público com suas histórias. Contou-nos de sua amizade com Ella Fitzgerald, inclusive o fato de tê-la substituído em uma turnê na Itália no show Ella Canta Jobim. Por falar em Tom Jobim, ela o homenageou interpretando duas músicas: Retrato em Branco e Preto, na qual ela mais leu do que cantou. Ficou visível que não sabia a letra. Percebendo que não daria conta de cantá-la, ela resolveu declamar a letra da música, fazendo alguns vocalizes entre uma estrofe e outra, enquanto os músicos mostravam porque ali estavam. Solos de violoncello, guitarra, bateria, trompete e sax foram ouvidos e ovacionados. Já na segunda música de Jobim, Elza arrasou, ficando de pé, mesmo com o tornozelo inchado. A música? Garota de Ipanema. Ela inseriu seu nome na letra algumas vezes, dando um toque pessoal e insubstituível à canção. Summertime é outra canção cuja interpretação foi de arrepiar. O show durou pouco mais que uma hora. Ela sai de cena amparada pelos músicos, fazendo graça de seu tornozelo, cantando que ela o levaria para descansar. Era a senha de que não voltaria ao palco para o aguardado bis. A plateia, entendendo, apaudiu fervorasamente. Quase 23 horas. O show foi maravilhoso. Ainda haveria outro show, mas algumas pessoas foram embora. Talvez tenham ido apenas para ver Elza. Tenho certeza de que não se arrependeram.
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