Pesquisar este blog

domingo, 29 de agosto de 2010

CENA CONTEMPORÂNEA - DIA 5

Sábado para descansar. Depois de levar Ric ao aeroporto, voltei para casa para relaxar a tensão acumulada da semana. Pedi comida pelo telefone: China in Box. Só fui sair no início da noite para conferir mais duas peças do festival de teatro Cena Contemporânea. A primeira, às 19 horas, no Teatro Sesc Garagem, encenada pelos goianos do Grupo de Teatro Artes & Fatos, chamada A Balada do Palhaço. Ingresso a R$ 16,00 a inteira. O teatro não ficou cheio para ver a performance dos atores Edson de Oliveira e Bruno Peixoto nos papeis dos palhaços Bobo Plin e Menelão, respectivamente. Não gosto de palhaços, nunca gostei, mas fiquei curioso ao saber que o texto era de Plínio Marcos, famoso pelas peças Navalha na Carne e Dois Perdidos Numa Noite Suja, nas quais as personagens são outsiders. A direção do espetáculo cabe a Danilo Alencar. Em cena, os palhaços vivem um dilema antes do início de uma apresentação: Bobo Plin, o palhaço do circo, não quer mais se apresentar. Ele quer descobrir sua alma. Menelão, o dono do circo decadente tenta demovê-lo desta ideia e fazer seu número, mesmo que seja para um público pequeno. Os recursos cênicos são interessantes, especialmente a iluminação e as performances circenses, como números com malabares e de equilíbrio em tambores. Esquetes típicas com palhaços estão, obviamente, presentes, como os tombos e brincadeiras com o público (mas não é peça interativa). Para quem conhece os textos de Plínio Marcos, vê-se claramente as perturbações presentes em suas personagens marginalizadas, tais como prostitutas, travestis e aproveitadores, todos encenados pelos dois palhaços. Soltei boas gargalhadas. Há também momentos de reflexão, nos quais a dor da solidão, o desespero e as críticas à sociedade moderna estão presentes. Foi muito aplaudido no final. Achei médio, embora tenha gostado se comparado com os demais espetáculos que vi até então. Atrasado, saí correndo para a Sala Martins Penna do Teatro Nacional Cláudio Santoro para conferir a segunda peça da noite, cujo ingresso também custou R$ 16,00. Ao chegar ao local, tive dificuldades para estacionar, já que acontecia a Virada Cultural (um arremedo da Virada Paulista) do DF, em sua primeira edição. Os dois palcos foram montados em parte do estacionamento do teatro, que tinha dois espetáculos naquela noite. Resultado: carros por tudo quanto é lado, incluindo locais não permitidos. Tive que parar o carro perto da rodoviária e descer correndo para não perder o início de Dizer Chuva e Que Chova (Decir Llucia y Que Llueva), segundo espetáculo da companhia espanhola Kabia - Espacio de Investigación Dramática de Gaitzerdi Teatro na programação do festival. Dirigido por Borja Ruiz, o mesmo diretor de Paisagem com Argonautas, desta feita com mais atores em cena, incluindo Juana Lor, a atriz que sola em Paisagem. Puro experimentalismo. Não denominaria o que vi de peça teatral, mas sim um show de efeitos cênicos, visualmente muito bonito. O pouco texto é desconexo, não se relacionando, na maioria das vezes, com o que se desenrola em cena. As referências ao cinema e ao teatro são visíveis: a sombra que se rebela contra o seu "dono" nos remete a desenhos animados, além do filme Dick Tracy; o figurino, os guarda-chuvas e o balé na chuva nos remete ao clássico do cinema Cantando na Chuva; vômitos em vermelho e xixi saindo pelos fundos da calça nos remetem a comédias estilo pastelão; as três cantoras que ficam no palco emolduradas por janelas nos remete aos filmes japoneses, com a quase ausência de movimentos; e a areia saindo da mala enquanto uma atriz caminha pelo palco me remeteu ao dinamarquês Odin Teatret, em peça encenada no CCBB, em edição de 2005 deste mesmo festival, chamada Salt, onde a protagonista tem uma mala cheia de sal. Naquela peça, há uma chuva de sal no palco, mesmo efeito utilizado pelo Kabia quando promove uma "tempestade" de areia fina no palco da Martins Penna. Enquanto teatro, não gostei. Enquanto espetáculo, achei um delírio visual. As cantoras me incomodaram um pouco. Se fosse o diretor, daria o mesmo destino a elas ao dado ao pobre pombo (de madeira) no meio da apresentação: um tiro certeiro e fatal. Enquanto performance, é muito bem ensaiado e sincronizado. Depois de oito peças assistidas, continuo com Till, do Grupo Galpão, que abriu o festival, como a minha favorita.


2 comentários:

  1. Noel,
    Sua agenda teatral, que já é intesa, está ainda mais, né?
    Hoje estou destruído, pois gandaei ontem e acordei passando muito mal hoje.
    Ainda assim, depois de banho gelado, engov, neosaldina e chá de boldo, saí de casa para ver a Amelinha naquele projeto do Sesc que rola no parque, que adoro.
    Foi ótimo!
    Bjs

    ResponderExcluir
  2. Pek,

    Realmente minha agenda está apertadíssima. Se cuida garota, olha a idade... (rsrsrs)

    Bjs.

    ResponderExcluir