A sexta edição do projeto Todos os Sons Domingo CCBB teve início no final da tarde do último domingo, 27 de maio. O projeto mistura, em uma mesmo evento, várias tendências musicais, com artistas locais, nacionais e internacionais e faz sucesso desde o seu início. Com entrada franca, tem sempre um público expressivo. Esta iniciativa sempre acontece no período de seca em Brasília, quando os shows ao ar livre podem acontecer sem problemas. Este ano parecia que choveria, pois as chuvas ainda insistem em cair na cidade, mas logo após o meio dia, o céu limpou, proporcionando um agradável final de tarde, início de noite no extenso gramado na parte de trás do prédio do CCBB. Sendo a atração principal o paulista Criolo, as expectativas do CCBB era de um grande público. Durante a semana inteira o centro cultural postou mensagens no Facebook e no Twiter informando que haveria transporte gratuito saindo de pontos especiais diferentes dos habituais do ônibus que leva o público para as suas instalações. Tais pontos de partida seriam nas cidades em torno do DF, como Taguatinga e Sobradinho. Sabendo disto, resolvi chegar antes das 17 horas, pois queria estacionar o carro do lado de dentro do CCBB. Quando cheguei, por volta de 16:30 horas, já havia dificuldade em achar vaga, pois além do público que chegava para os shows, muita gente estava lá para conferir a exposição Índia!, que ainda não vi. Dei uma volta no local, encontrando algumas pessoas conhecidas. Como conhecia o pessoal da produção, fui conversar com alguns deles e acabei recebendo um convite para ficar na área próxima ao palco, reservada para quem portava pulseira verde. Aceitei de pronto, colocando a pulseira no pulso, mas resolvi circular. Muitos jovens em grupinhos conversavam, riam, bebiam bebidas baratas, tipo vinho de garrafão, e fumavam. Fumavam muito. Não sabia que a juventude atual fumava tanto. Além dos cigarros normais, a maresia dos baseados era uma constante, especialmente nas rodas mais afastadas do palco. Às 17 horas em ponto anunciaram o início dos shows, quando foi chamada ao palco a instrumentista Paula Zimbres e seu grupo, o Água Forte. Em uma hora de show, ela apresentou repertório próprio, que faz parte do primeiro cd do grupo, ainda em finalização, previsto para lançamento em 2012. Um momento especial foi a homenagem que ela fez a Milton Nascimento, uma fonte de inspiração para o grupo. Clima cool, jazzístico, com um friozinho gostoso e um belo por do sol emolduraram o show de Paula Zimbres. Eu estava próximo à grade que separava o público da área reservada, mas ainda do lado de fora, onde a galera chegava aos poucos. A receptividade da música de Paula Zimbres e Água Forte foi muito boa, mesmo para quem curtia um hip hop, a maioria que estava no gramado externo do CCBB naquele domingo. Foram necessários vinte minutos para que o palco fosse arrumado para a entrada da segunda atração, o Sistema Criolina, que como Paula e seu grupo, também é de Brasília. A festa Criolina é muito conhecida na cidade, agitando com música negra brasileira as concorridas noites de segunda-feira no Bar do Calaf. Seus DJs ficaram famosos e criaram o grupo Sistema Criolina, agregando a eles um time de instrumentistas. Assim, o set do DJ é acompanhado por ótimos arranjos musicais executados ao vivo pela banda. Som dançante que agitou o público, preparando todo mundo para a atração principal da noite. A galera começou a ocupar todos os espaços perto da grade, ficando até difícil de dançar com folga. Ainda fiquei do lado do público, mas sabendo que no show do Criolo seria impossível ficar por lá sem ser amassado. Coisa para jovens, pensei. Durante o show do Sistema Criolina, algumas imagens eram projetadas no fundo do palco. Uma hora de show, uma hora de música dançante, espantando o frio e alegrando corpo e alma. E os jovens fumavam...Terminado o segundo show, resolvi dar uma volta para sentir o público, que já era enorme. Tinha gente espalhada para todos os lados do gramado. Alguns levaram cangas ou esteiras, estenderam-nas na grama e ali faziam um divertido pic-nic. Outros se isolavam para namorar debaixo das árvores típicas do cerrado. Muitos iam e vinham sem parar. Ainda havia uma interessante feira de trocas acontecendo no deck atrás do Café Cristina Roberto, onde dinheiro era proibido. Voltei para perto do palco, mas vi que era impossível ficar ali sem ser esmagado nas grades. Era hora de usar a pulseira verde e entrar no cercadinho próximo ao palco. Os credenciados da imprensa estavam todos neste cercadinho, preparados para fotografar de todos os ângulos o show de Criolo. O cantor paulista entrou no palco às 19:35 horas, acompanhado de banda e do MC Dan Dan, que o acompanha há mais de uma década. Criolo usava uma bata africana de tonalidade amarelo puxado para o pastel. Minutos antes de ele entrar no palco, ninguém pode entrar na tenda utilizada como camarim. Quando foi anunciado, ele caminhou devagar até a escada de acesso ao palco, colocando uma das mãos no ombro de MC Dan Dan, subindo as escadas com olhar fixo para o chão. Parecia que ele estava em um transe. Assim que apareceu, a plateia explodiu de alegria, gritando e pulando sem parar. Fui imediatamente para o cercado em frente ao palco, onde fiquei até o término do espetáculo. A sinergia de público com o cantor é incrível. Ele baseou seu show no repertório de seu cd Nó na Orelha. A cada música, o público reagia cantando, batendo palmas, gritando. MC Dan Dan estava elétrico, correndo de um lado para o outro do palco, dividindo os vocais com Criolo e incentivando a galera a cantar junto. Não negando as raízes de quem estava no palco, ele entrou com uma bandeira do movimento dos que vivem nas ruas, sendo bastante ovacionado. O set list contou com todos os sucessos de Criolo, como Subirusdoistiozin, Grajauex, Linha de Frente, Freguês da Meia Noite (um autêntico bolerão), Samba Sambei e os hits Bogotá e Não Existe Amor em SP. A cada música, Criolo agradecia a Deus, e dançava de uma forma especialíssima, parecendo, em certos momentos, que estava em transe total. Com uma hora de duração, ele terminou um show vibrante. A galera não arredou pé, pedindo bis. Ele não demorou para voltar cantando dois raps que colocaram todos pulando no gramado do CCBB. O relógio marcava 20:50 horas quando o show chegou ao fim. A produção agradeceu a presença de todos, convidando para os shows do Todos os Sons do domingo 17 de junho, quando no mesmo local se apresentarão Watson, Patubatê e André Abujamra. Estarei presente, com certeza. Resolvi sair rapidamente para não ficar parado no trânsito, mas foi uma triste ilusão. Para conseguir alcançar a saída do centro cultural demorei exatos 45 minutos. Tinha carro estacionado por todos os cantos possíveis e imaginários, dentro e fora do espaço do CCBB. Noite excelente.
Paula Zimbres
Belo por do sol nos céus de Brasília
Sistema Criolina
Sistema Criolina
Criolo
Criolo e MC Dan Dan com a bandeira do Movimento População de Rua
Criolo
música
show
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