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quinta-feira, 30 de abril de 2009

CALMARIA EM VÉSPERA DE FERIADO


Pizzaria Avanhandava 34 - Bela Vista - São Paulo


Acordo cedo, antes de 7 horas da manhã. Não dormi bem. Fiquei sem sono e li muito durante boa parte da madrugada. A leitura me faz dormir, mas desta vez não surtiu efeito. Li todos os cadernos de cultura dos jornais Correio Braziliense e Folha de São Paulo que ainda estavam pendentes de leitura. Estou em dia com meus jornais.
Já que estava cedo, arrumei calmamente a mala para a viagem do feriado prolongado. Pouca coisa, mala de mão para agilizar na saída do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O final de semana promete, pois haverá a Virada Cultural, evento da prefeitura paulistana, com muitos shows e eventos em vários locais. Vamos tentar arrumar tempo para fazermos tudo o que queremos, eu e meu companheiro.
Tenho tempo para tomar café da manhã com calma. Aprecio um belo nespresso.
No trabalho as coisas estão super tranquilas. Véspera de feriado é sempre assim. O trânsito fluiu bem. Não há processos para despachar, os telefonemas e e-mails são raridade. Tudo está em dia.
Vejo no Diário Oficial da União que fui nomeado como representante suplente da secretaria em que trabalho em um fórum nacional que tratará de políticas específicas para a aprendizagem de jovens. Ainda bem que sou suplente, pois faço parte de muitos outros grupos de trabalho.
Como o meu voo é às 17:30 horas, sairei mais cedo do serviço. Por isso, decido almoçar no restaurante do trabalho com três colegas. A comida é variada e o restaurante também está vazio. Parece que muitos já estão na estrada ou no aeroporto. Como o básico para quem está em dieta e pago a quantia de R$3,75. Que contradição!, podem exclamar alguns, pois ontem paguei mais de cinquenta reais para almoçar (sem bebida alcóolica) e hoje pago quase quinze vezes mais barato.
Gosto desta vida contraditória. Um dia no luxo, outro na simplicidade e assim vai-se vivendo.
Leio neste blog um comentário que diz que repeti um título do post. Nem havia notado, mas realmente o título reflete aquilo que vivi nos dois dias em que houve a repetição. Adoro comentários no blog.
Saio do trabalho por volta de 15 horas e vou para casa. É o tempo de trocar de roupa, arrumar a mochila e saimos em meu carro para o aeroporto. Deixar até três dias o carro no estacionamento do aeroporto fica mais barao do que pagar a corrida de táxi casa-aeroporto-casa. Fazemos o check in no tóten da TAM e despacho minha bagagem no setor de atendimento aos clientes fidelidade vermelho. Não que eu tenha o cartão vermelho, mas meu cartão de crédito me oferece esta vantagem. O voo está lotado e sai na hora. Sem problemas no percursso, com apenas dois minutos de pequena turbulência, li os jornais do dia. O serviço de bordo foi picolé de frutas. Um horror, pois o ar condicionado do avião estava gelado. Chegamos no horário marcado. A mala saiu rápidamente na esteira e fomos para a fila do táxi. No balcão para pagar a corrida havia um aviso de que a espera média para um táxi estava em quarenta minutos. Isto é São Paulo, pensei. Paguei R$41,00 para o trajeto aeroporto de Congonhas até o Mercure Saint Germain, em Cerqueira César, próximo ao Conjunto Nacional. O trânsito flui bem. Chegamos ao hotel por volta de 20:15 horas e nossas fichas já estavam prontas, incluindo o lançamento de minha estadia no cartão de crédito - R$523,20 para três noites (duas pessoas). Decidimos ir a uma peça na Praça Roosevelt. Descemos a Rua Augusta a pé. Como estamos com fome, paramos na tradicional lanchonete Frevo, na própria Augusta e comemos cada um um mini beirute. Eu um de atum e Ric, um de filé. O meu eestava ótimo. Pagamos pelo lanche R$44,80 e continuamos nossa caminhada. Levamos vinte minutos para chegar no Espaço dos Satyros 1, localizado na Praça Roosevelt, 214. A peça começaria às 23 horas. Compramos dois ingressos inteiros, R$20,00 cada um e sentamos ali mesmo no balcão do bar no hall de entrada do teatro. O local é bem alternativo e a frequência é jovem, especialmente pessoas ligadas ao mundo das artes cênicas. A conversa de todos parecia ser uma só: a Virada Cultural, 24 horas de eventos culturais por toda a cidade. Atores da Cia dos Satyros circulam pelo local. Às 23:10 horas, soa o sino, sinal de que podemos entrar para assistir ao espetáculo. O espaço tem as paredes pintadas de marrom e o teto de preto e é bem precário, mas aconchegante. Os assentos, poucos, estão em forma de arquibancada. Resolvo sentar na primeira fila, mas Ric diz para sentarmos mais atrás, pois a interatividade de algumas peças. Falo que o título da peça não remetia a esta possibilidade e ficamos na primeira fila, bem em frente ao cenário, muito simples, diga-se de passagem. O ator entra e começa a conversar com a plateia, enquanto passa um batom claro, põe um colar e uma peruca loura (o ator é careca). Apresenta o companheiro de cena e informa o autor, o diretor e o staff da peça. A peça se chama Monólogo da Velha Apresentadora, texto de Marcelo Mirisola e direção de Josemir Kowalic. Em cena, os atores Alberto Gusik, que comemora 60 anos de carreira, e Chico Ribas, um jovem ator. A apresentadora é Febe Camacho, uma referência direta a Hebe Camargo e a história se passa no estúdio de tv onde é gravado o programa no momento em que a gravação é interrompida por motivos técnicos. começa, pois o monólogo, onde o ator vai fazer remissão a um passado de glórias e glamour, com várias passagens claramente inspiradas na vida de Hebe. Em seu discurso, vemos preconceito, saudosismo, vícios (bebida e cigarro), num texto leve, porém contundente e com um humor refinado, embora fácil de entender. A peça dura quarenta minutos apenas. Aplausos sinceros, mas ninguém de pé. Cabe aqui um comentário: em Brasília, o público aplaude qualquer peça de pé, parece que se sentem obrigados a fazê-lo desta forma. Saimos do espetáculo e fomos a pé até a Rua Avanhandava, bem próximo, para comer uma pizza na Pizzaria Avanhandava 34. Como já passava da meia noite, olocal estava tranquilo (já enfrentei fila de espera nesta pizzaria em outras ocasiões). Pedimos um vinho português, simples, mas honesto, um Monte Velho 2006, vinho tinto do Alentejo. Para comer, uma pizza metade berinjela com tomates e manjericão e metade à portuguesa. Ficamos pouco mais que uma hora no restaurante. A conta: R$168,70. Em frente, pegamos um táxi para o hotel. Valor da corrida - R$14,00. Mais de 1:30 da madrugada, chegamos ao hotel e fomos dormir.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ROTINA 2

Rotina, rotina, rotina. Nada mais do que rotina. Este foi o dia de hoje.
Pesei de manhã, depois de trinta dias de dieta. Resultado: seis quilos e seiscentas gramas a menos. Sigo em frente.
Manhã no trabalho igual a tarde no trabalho: processos, documentos, e-mails, telefonemas, relatórios, planilhas, quadros e tabelas.
Almoço com minha chefe e um colega de trabalho. Escolhemos o restaurante Oliver, do Clube de Golf de Brasília, restaurante que foi eleito o melhor variado da cidade pela Veja Comer Beber 2009 2010. Atendendo a pedido de leitor deste blog, a conta ficou em R$55,77 para cada um. Os três comemos o mesmo prato, um risoto cítrico com camarões.
No final da tarde reservo hotel para o feriado de Corpus Christi em São Paulo, quando também aproveitarei o Dia dos Namorados e a Parada Gay. A intenção é ficar em São Paulo de 11 a 15 de junho, enforcando o trabalho na sexta-feira pós feriado.
Noite em casa, atualizo o meu ipod classic com os novos cds e salvo as mesmas músicas em um HD externo. Toda a minha coleção de cds está digitalizada. São mais de 25.000 músicas em meu ipod classic e no HD externo.

Música do dia: Ângela Maria. Ouvi no carro a coletânea que comprei na Livraria Cultura.

terça-feira, 28 de abril de 2009

TAXA DE LIMPEZA URBANA

Acordei tarde, quase 09:30 horas. Corro com o banho, café da manhã e dirijo para o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para comprar entrada para o show de Roberta Sá e Pedro Luís no projeto Alô Alô? 100 Anos de Carmen Miranda. Projeto interessante que ocupará os finais de semana de maio. Se der, irei em todos os shows. O último deles promete muito, pois será com Rita Ribeiro e Eduardo Dussek. Óbvio que comentarei aqui a performance de todos e as músicas que cantaram. Cheguei no trabalho já eram mais de 11 horas da manhã. Minha secretária, que agora só me chama de Lord, disse que já havia colocado uma manchete no jornal: "Lord Desaparece na Asa Norte". Hilário. A final da manhã foi dedicada a fazer a avaliação referente ao ano de 2008 de um programa integrante do Plano Plurianual, do qual sou gerente executivo. A avaliação é feita em formulário na internet e este ano estava muito simples. Em menos de uma hora e meia terminei tudo. Em seguida ao envio, via internet, chega um elogio para a equipe do programa pela tempestividade e por ser o primeiro programa cuja avaliação foi concluída no órgão que trabalho.
Saí para almoçar no Feitiço Mineiro na companhia de minha chefe e de um colega de trabalho. Foi um teste, pois comida mineira é pesada, o sistema é self service e há muita fritura, que adoro. A balança indicou, ainda na parte da manhã, que já houve nova redução de peso, constatando o que suponha no post de ontem, que o aumento registrado na segunda-feira era apenas um reflexo do que comera na casa de mãe na véspera. Embora tentado, resisti. Não comi nenhuma linguiça, nem costela de porco, nem pão de queijo, nem mandioca frita, nem torresmo. Um pedaço de pernil assado, quiabo, couve, milho verde cozido e salada de folhas compuseram meu prato. Ainda tive que ver os companheiros de mesa degustarem a sobremesa. Venci uma etapa.
De volta ao trabalho, pagamento de uma Taxa de Limpeza Urbana, referente aos anos de 2008 e 2009. Até 2007, os imóveis funcionais eram isentos desta taxa, mas o Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu, a partir de uma lei distrital, que a partir de 2008 a isenção chegaria ao fim. O Ministério do Planejamento somente comunicou aos permissionários (sou um deles) que moram em apartamentos funcionais por ofício recebido em abril de 2009, que teríamos que pagar as referidas taxas e, pasmem, com a multa pelo atraso no pagamento da primeira parcela vencida. Não adiantou reclamar. Tive que ouvir que o valor da multa era irrisório. Relamente é. Pouco mais que um real. Mas entendo ser um absurdo cobrar, pois não recebi nenhum boleto do GDF e nenhum comunicado do setor que controla os imóveis funcionais do governo federal. Conclusão: paguei as duas taxas, num total de R$372,00 (soma das taxas dos dois anos) e já enviei cópia dos comprovantes de pagamento aos setores competentes.
Hoje é o lanlamento da edição 2009 do festival Brasil Sabor Brasília. Evento anual no qual participam restaurantes da cidade oferecendo um prato elaborado exclusivamente para a ocasião, a um preço fixo. Nesta edição há quatro tipos de preços - R$16,10; R$24,20; R$ 32,30; e R$42,20, praticados por 68 restaurantes em 94 endereços da cidade. O festival é bem recebido pela população, que recebe um livrinho para ser colado um selo a medida em que consome o prato do festival. Com um número determinado de selos (não sei ainda a quantidade definida para este ano), o cliente poderá concorrer a viagens para vinícolas do Chile e do Brasil. Em anos anteriores, o cliente ganhava um dos pratos degustados marcados com o selo. Um amigo, dono de restaurante e participante do festival, me liga para convidar para o coquetel de lançamento. As tarefas no trabalho me impedem de ir. Saio tarde e vou até a Livraria Cultura, no CasaPark Shopping. Chego quase na hora de fechar. Compro os cds de Caetano Veloso (Zii e Zie), Pedra Letícia (Pedra Letícia), Vander Lee (Faro), Nana Caymmi (Sem Poupar Coração) e Ângela Maria (Simplesmente Ângela - coletânea em cd duplo). Também aproveito para comprar três filmes em dvd: Austrália, de Baz Luhrmann; O Banheiro do Papa, de César Charlone & Enrique Fernandez; e 1900, de Bernardo Bertolucci. Na sacola de compras, também o novo livro de Chico Buarque, Leite Derramado, e as últimas edições das revistas Junior, Joyce Pascowitch, Revista de Cinema, Set, Próxima Viagem, Veja Brasília Comer Beber 2009 2010 e a revista em quadrinhos Batman  (sou leitor e colecionador). Ainda há tempo para um lanche rápido no Marietta Itália Café, também no CasaPark Shopping. Como um sanduíche de shitake e mussarela de búfala no pão ciabatta.
Coloco o cd do Pedra Letícia no carro no caminho de volta. A música é bem debochada, um som brega, que lembra o grupo Mamonas Assassinas, mas sem a pretensa ingenuidade deles. As letras falam de sacanagem e, para não negar que são de Goiânia, há músicas que remetem ao tema central dos sertanejos, ou seja, o corno manso. Eles fazem paródia inclusive deste fato de Goiás ter a fama de gostar de música sertaneja. Ainda não ouvi tudo. Farei um comentário melhor depois de uma audição mais acurada. A princípio, gostei e esta é a música do dia: Pedra Letícia.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

ROTINA

Segunda-feira, dia de pesar. Balança indica um aumento de peso em 300 gramas. Talvez seja o resultado da comida de mãe neste último domingo. Hora de voltar para o batente.
No trabalho nada de novo. Rotina, apenas rotina.
A minha chefe acaba de voltar de duas viagens internacionais a serviço e depois de mais de vinte dias sem nos ver, colocamos a conversa em dia, tanto amenidades quanto temas relacionados ao trabalho. Almoçamos juntos, no Marietta Café do Pier 21. No final do dia, juntos fomos a uma reunião no Ministério do Planejamento.
De volta ao trabalho, já no início da noite, consigo enviar ao Tribunal de Contas da União (TCU) o Relatório de Gestão 2008. Este ano houve inovação. O envio foi via página do TCU na internet, mediante prévio cadastro. O prazo se esgotará em 30 de abril para o citado envio. Nem bem termino esta tarefa, já há mais três outras com prazo vencendo também em 30 de abril. E não adianta tentar planejar e fazer todos os relatórios e avaliações com antecedência, pois dependo de várias pessoas para consolidar os textos e a maioria dos brasileiros, como sempre, deixa tudo para a última hora.
Em casa, dedico a noite para colocar a leitura dos cadernos de cultura dos dois jornais que assino em dia - Caderno C do Correio Braziliense e Ilustrada da Folha de São Paulo. Li os cadernos referentes ao período de 13 de abril a 26 de abril. Cansado, deixo os dias 27 e 28 para leitura nesta terça-feira, quando, então, estarei lendo os jornais do dia.

Música do dia: novamente escutei o CD Simone, de 1980, remasterizado recentemente e colocado à venda pela EMI.

domingo, 26 de abril de 2009

ALMOÇO EM FAMÍLIA

Domingo de sol, dia de almoçar com a família. Café da manhã no hotel. Grande Prêmio de Fórmula 1 de Bahrein e final da primeira etapa do circuito mundial de volei de praia, em Brasília. Ambos na TV. Recordo, assim, os domingos esportivos que costuma assistir em tempos atrás. Arrumação de malas, check out no hotel. Conta paga, baixa no A-Club e táxi para casa de meus pais. Chegamos em Ermelinda, bairro em que moram, às 12:40 horas. Todos estavam a nossa espera: pai, mãe, irmãos, cunhadas e sobrinhos. Almoço com família reunida. Cardápio variado, tudo feito por minha mãe. Bacalhau desfiado ao forno com requeijão e batatas, filé de frango à milanesa, salada de cenoura, maxixe, pimenta dedo de moça, tomatinho cereja, couve flor e alface, arroz e feijão. Também tinha os pratos preferidos de meus sobrinhos: batata sauté e ovo cozido. De sobremesa, sorvete, vários sabores. Muita algazarra com meus sobrinhos, fotos, atualização de orkut. Meus irmãos vão embora por volta de 15 horas. Ficaremos na casa de meus pais até 18:30 horas, hora marcada para o táxi da Coopertramo nos pegar e levar para o aeroporto.
Enquanto espero o tempo passar, durmo um pouco. Acordo com os gritos vindos de fora comemorando mais um gol do Cruzeiro. Infelizmente meu time, o Atlético Mineiro, não jogou nada e levou um surra de 5 X 0, desfazendo-se em pó a vantagem que tinha de jogar por dois resultados iguais e se sagrar campeão mineiro de 2009. O táxi chegou às 18 horas. Estávamos acabando de lanchar pães de quiejo feitos por minha mãe. O motorista era mudo, mas ouvia perfeitamente (ele entregou um cartão plastificado que tinha uma mensagem sobre sua condição de mudo e que devia dizer a direção e colocar o cinto de segurança). chegamos no aeroporto com uma grande antecedência para o voo. Um amigo também iria no mesmo avião. Aguardamos, pois tinhamos a incumbência de ajudá-lo a transportar para Brasília oito quilos de pimenta para um amigo em comum. Pimenta comprados no Mercado Central de BH e que será utilizada por nosso amigo em seu restaurante. O voo atrasou apenas quinze minutos e estava completamente lotado. Chegamos em Brasília às 22 horas,  aguardamos pouco tempo nossa bagagem e como estávamos de carro no aeroporto, demos carona para nosso amigo que ficaria em um hotel na cidade. Antes, porém, encontraríamos o dono da pimenta em uma pizzaria. Comemos uma pizza tamanho família, pois erámos sete à mesa. O amigo dono da pimenta ofereceu uma carona para o amigo de BH e como ele aceitou, viemos direto para casa. Hora de desfazer as malas e acabar de atualizar este blog.

Música do dia: infelizmente, o hino do Cruzeiro que ficava tocando em algum apartamento vizinho aos meus pais.

sábado, 25 de abril de 2009

SABADÃO


Restaurante Graciliano - Belvedere

Acordamos tarde, já passavam das 10 horas. Café da manhã no hotel. O salão do café funciona no segundo piso da casa tombada pelo patrimônio histórico. A casa, mesmo com as modificações internas, continua linda. A casa funciona como a recepção do hotel. Os quartos ficam em um prédio, construído na parte de trás, onde outrora fora o pomar, o quintal, em uma época que as tradicionais famílias mineiras moravam em palacetes na região. Combinamos de almoçar com amigos, diferentes dos que saímos na noite de sexta-feira. O local escolhido foi o restaurante Rancho do Boi, numa região lindíssima de BH, em um local conhecido como Mutuca. Amigos nos buscam no hotel e vamos direto para o restaurante, onde encontramos mais dois amigos. Restaurante muito cheio, fila de espera. Oito mesas à frente. Meu companheiro aprecia as montanhas de Minas. A vista é privilegiada. Decidimos procurar outro restaurante, pois já passam de 14 horas. O novo local escolhido é Lagoa Seca, próximo ao BH Shopping. A idéia é conhecer um novo restaurante na região. O restaurante se chama Megusta. Cara de bistrô, simpático, mas pequeno para abrigar seis pessoas em uma mesa. Resolvemos ir a pé a um restaurante já conhecido dos amigos, Graciliano. O restaurante faz a linha self-service a quilo, mas com uma proposta bem elaborada, com decoração contemporânea. Devido ao adiantado da hora, a comida já está remexida e não há reposição dos pratos. De qualquer forma, muita opção para quem está em dieta, com uma excelente variedade de saladas. O risoto de polvo estava saboroso. Ficamos por uma hora e meia. Já havíamos combinado de ir ao cinema, onde encontraríamos mais um amigo. O filme escolhido é Evocando Espíritos, em cartaz no Cinemark do Pátio Savassi Shopping. Fomos de carro com os amigos que encontramos no Rancho do Boi, pois os que nos buscaram no hotel precisavam passar em um açougue e na casa deles. Todos se encontrariam mais tarde. Enquanto aguardamos, sentamos e batemos papo em um dos cafés do shopping, Cappuccini. Às 17:40 horas, todos se encontram na porta do cinema e vamos ver o filme. Um dos amigos sai em uma das primeiras cenas. Não gosta de filmes que tenham mortes violentas. Não seria o caso ao final do filme, mas ele preferiu não arriscar. O filme Evocando Espíritos (The Haunting in Connecticut), cuja direção é de Peter Cornwell, é baseado em uma história real e tem a história muito arrastada na sua primeira metade. A ação mesmo ocorre da metade para o final, com necessidade de solução de todos os mistérios em ritmo frenético. As cenas de suspense são previsíveis. Diria que vários elementos estão presentes: drama, no qual um filho está à beira da morte, desenganado com um câncer, remetendo aos filmes com estas caracterísitcas que fizeram relativo sucesso na década de setenta (alguém se lembra de um famoso que tinha uma música melosa como tema, cantada por John Denver?). Também tem suspense, na linha Psicose (há até uma cena de chuveiro, com uma mocinha se banhando). Também terror, com espécies de mortos vivos em cena. Elementos de filmes como Os Outros, de Alejandro Almenebar também presentes. Enfim, uma colagem de vários tipos. Assim, o filme acaba não agradando a quase nenhum apreciador dos gêneros citados. Apesar disto tudo, meus amigos que ficaram até o fim do filme gostaram. Eu daria nota 4. Fim de filme, novo amigo quer nos ver. Esperamos alguns minutos e ele chega. Conversa rápida e todos vamos embora. Combinamos um jantar para 22 horas.
Jantamos em um restaurante japonês no bairro de Lourdes, chamado Udon. As entradas, shimeji assado em alumínio e gioza estavam deliciosos. Confirmando que meu paladar se alterou em relação ao maracujá, bebi duas caipisakês desta fruta. Na mesa se sucederam caipisakês de morango, uva, abacaxi e lima. Os pratos principais tinham uma bela aprensentação e o combinado de sushi, sashimi que compartilhei com dois amigos na mesa estava delicioso, com exceção do haddock defumado (não sei explicar, mas tenho uma sensação ruim em relação a este peixe). Ficamos batendo papo até uma hora da manhã na mesa do restaurante. O establecimento é relativamente novo na cidade e já tem uma grande clientela, pois estava lotado o tempo todo. A culinária japonesa é muito querida em BH.
Final de sábado e, assim como na sexta, dia dedicado a rever amigos. Saudades de morar em BH...

Música do dia: para entrar no clima, música mineira - 14 Bis, especialmente a música Bola de Meia Bola de Gude (adoro a versão com Zezé Motta).

COMIDA DI BUTECO

A sexta foi bem atribulada. Muita correria e sem tempo de atualizar este blog. Assim, este post será relativo ao dia de ontem.
Como fiquei até tarde acordado de quinta para sexta, era inevitável que eu acordasse por volta de 9 horas da manhã de sexta, 24 de abril. Sem vontade de levantar, mas tendo que fazê-lo. Rumei para o serviço, combinando com meu companheiro que iria almoçar em casa. Conclusão: lá foi ele para a cozinha. No trabalho, tudo muito rápido. Despachos em processos, retorno para as poucas ligações, e-mails lidos e respondidos, liberação de ordens de serviço no sistema informatizado e já está na hora de voltar para casa.
Em casa apenas duas tarefas: arrumar a mala e almoçar. O relógio indica que já devemos ir para o aeroporto. Vamos de carro, pois deixar no estacionamento do aeroporto é mais barato do que pagar táxi no trajeto casa-aero-casa.
Check in da TAM vazio. Optamos pelo check in nos tótens e entrei no local indicado para despacho rápido de bagagem para quem está com o check in feito. O curioso é que a maioria das pessoas na fila está sem o tal check in e nenhum funcionário da companhia aérea fala nada. A rapidez que se quer não é conseguida. Olho para o local correto do check in feito por atendentes e não há fila. Comento o fato com a atendente ao despachar minha bagagem e ela diz que o povo tem preguiça de ler, pois há placas indicando onde fazer o check in. Falo que há necessidade de um empregado da TAM na entrada para evitar isto. Ela diz que tem, mas que ele deve ter saído naquele momento. Voo no horário. Leio jornais antigos, do período em que estava de férias (só leio o Caderno C do Correio Braziliense, a Ilustrada da Folha de São Paulo e os cadernos de turismo de ambos os jornais). Pousamos em Confins no horário marcado. Como estava de mala, preferi pegar um táxi, embora o ponto final do Conexão Aeroporto, o ônibus que serve Confins, seja nas proximidades do hotel onde me hospedaria. O valor do táxi é salgado, um dos mais caros do país (creio que Galeão e Guarulhos tenham preços semelhantes). Pago R$87,00 pela corrida do aeroporto até a Praça da Liberdade, onde está situado o hotel Ibis Liberdade.
Check in no hotel às 17:30 horas. Quarto do hotel padrão, como em qualquer Ibis no mundo. Hotel completamente lotado.
Ligo para meu amigo que viajou comigo para Fortaleza, pois já havíamos combinado encontrar velhos e bons amigos e amigas na noite de sexta-feira em um dos bares participantes do 10º Comida di Buteco. Ele confirma o local: Agosto Butiquim, no bairro Prado. Vou rever o bairro onde morei por mais de vinte anos. O horário combinado é 19:30 horas, pois a notícia que se tem é a lotação de todos os 41 bares que participam do festival.
Saímos do hotel às 19 horas e, lembrando dos velhos tempos em BH, atravesso a Avenida João Pinheiro, bem em frente ao hotel, e pegamos o ônibus Prado-Anchieta, no sentido Prado. Que diferença pegar um ônibus em BH se compararmos ônibus em Brasília ou Rio de Janeiro. O coletivo é muito limpo e sempre parece ser novo. Pagamos R$4,60 por duas passagens. Vou mostrando, no caminho, alguns prédios e locais do centro da cidade. Eis que entra no mesmo ônibus uma amiga que também se encontraria conosco mais tarde. Pura coincidência. Descemos em frente ao Clube dos Oficiais da Polícia Militar, clube que frequentei durante muitos anos, onde aprendi a nadar e para o qual competia nas provas de natação no Estado. Subimos cinco quadras a pé, conversando ao telefone com outro amigo, o que mais posta comentários neste blog, explicando para ele como chegar ao bar.
Agosto Butiquim lotadíssimo. Havia espera para sentar nos bancos onde pessoas aguardavam mesas dentro do bar. Coloquei meu nome na lista de espera, solicitando mesa para oito pessoas. Eram 19:40 horas. O primeiro a chegar, de táxi, foi minha companhia de viagem de férias. Também esperando local estavam dois conhecidos dele, que logo se juntaram a nós. Conversamos um tempo, sempre com a sensação de que a demora seria grande. Meu amigo consulta seu iphone e verifica que há outro bar participante do festival nas proximidades. Ele e seus conhecidos resolvem andar até lá para ver a situação. Eu e meu companheiro ficamos, esperando os demais, já que um de nossos amigos não possui celular para avisar sobre mudanças de local. ele liga, rindo muito, pois o tal bar nas proximidades tinha pegado fogo. Decide voltar e esperar conosco, sem seus conhecidos. Pedimos, pelo menos, um banquinho e nada. Meu companheiro verifica que um casal se prepara para pagar a conta, pois desistem de esperar e nos posicionamos perto do banco deles. Conseguimos nos sentar. Já havia se passado quase uma hora de espera em pé. Sentados, pedimos as primeiras bebidas. Dois amigos, que viveram cinco anos nos Estados Unidos, chegam de carro. O amigo sem celular chega, explicando que minhas orientações para acertar o bar foram ótimas. A primeira amiga chega. Já éramos sete, com apenas dois bancos. Fazíamos um rodízio. Por fim, a amiga que encontramos no ônibus também chega. Os oito amigos estão reunidos depois de muitos anos. O papo é ótimo e a cerveja não para de secar nos copos (menos no meu, pois odeio cerveja. Bebia somente refreigerante light neste momento). Ainda do lado de fora, um dos amigos diz que uma mulher se parece com uma conhecida de Caeté (na verdade, ex-namorada). Todos aqueles presentes que moraram em Caeté (quatro ao todo), concordam com ele. Ao chegar perto, verificam que é a própria. Também lembro dela, pois há anos atrás fui a um show dos Titãs e meu amigo a namorava (o amigo que viajou comigo para o Ceará, que depois se assumiu gay). Foi um reencontro e ela disse, hilariamente, que meu amigo estava fantasiado de homem, de macho. Conseguimos uma mesa dentro do mar somente às 22:30 horas e logo pedimos o tira-gosto que concorre ao festival: Dona Berinjela e Seus Dois Quitutes, ou seja, cubos de carne marinados, berinjela crocante e bolinhos de angu com taioba, ao molho Vadinho. O petisco é delicioso. Preferi a berinjela crocante. Crocante por fora e quase desmanchando por dentro. Os bolinhos de angu recheados de taioba também são ótimos. A carne é dispensável. Peço um caipiroska e não entendem. Lembro-me que estou em BH e altero o pedido para caipivodka, perguntando quais as frutas. A garçonete responde que maçã com gengibre. Acho estranho para uma vodca, mas peço para experimentar. A bebida chega e a surpresa, nada de maçã e nem de gengibre, apenas a clássica combinação com limão. Bebo assim mesmo. Todos já conversam alto devido a um sem número de cervejas. Meus amigos beberam todas as marcas disponíveis no bar, pois sempre a marca que estavam bebendo terminava. Realmente é um sucesso este festival. Chegou a hora da votação. Preencho a cédula concedendo nota máxima para o tira-gosto. Meu amigo blogueiro diz para mim que está chocado, pois ele acaba de descobrir que meu companheiro não gostava dele e que apenas de janeiro para cá, quando conversaram sobre teatro, passou a gostar. Eu quero ir dançar, meu companheiro não, meu amigo e companhia de férias topa. A conta chega, pois o bar está para fechar. Antes disto, o pessoal ainda come um outro tira-gosto, com giló. Cinco horas de bar, muita cerveja e a conta dá R$197,00. Cada um paga R$25,00. Diversão barata esta. Saímos e nos despedimos, combinando outros encontros e viagens. Pedimos ao pessoal do bar para chamar três táxis. Eu e meu companheiro voltaríamos para o hotel. Enquanto esperávamos, meu amigo convence meu companheiro a irmos dançar. Acho ótimo e fomos para o Gis Clube, uma boate gay no Barro Preto, bem próximo do bar que estávamos. Entramos na boate por volta de uma hora da madrugada, já sábado em BH. A galera está começando a chegar. A boate, ou clube como gostam de chamá-la, tem duas pistas de dança. Uma em baixa, somente com música mecânica, com predominância do eletrônico. No andar superior, um pequeno palco e show de uma cantora mineira com sucessos do pop rock nacional, com predominância das cantoras brasileiras (por motivos óbvios). A parte de cima está mais animada. Ficamos ali dançando um pouco. Meu amigo desce para fazer um reconhecimento de área. Volta em cinco minutos dizendo que Nayla Blizardi (não sei se é assim que escreve) está começando seu show. Descemos. O show é engraçadíssimo e a convidada especial da noite é Marilu Barraginha, que costumava assistir antes de me mudar para Brasília. Rimos muito e ao término do show, resolvemos ir embora, pois o sono batia. O relógio marca 2:10 horas. Meu amigo quer ficar. Pagamos a conta (R$42,00) para dois e pegamos um táxi para o hotel. O motorista corria muito, como todos os motoristas de táxi fazem na madrugada. Em um cruzamento perigoso, quase batemos (neste caso, foi o outro carro, não o táxi, que avançou o sinal, sem a precaução necessária). Ao chegar ao hotel, meu companheiro diz ter fome, que não comeu direito no bar. Pede uma lasanha no bar do hotel. Diga-se de passagem, a lasanha é a mesma que compramos congelada em qualquer supermercado e aquecemos no microondas. Enquanto esperamos, uma cena inusitada. Pessoas vestidas para festa, provavelmente de casamento, penso logo, começam a chegar no hotel com cara de cansadas. Mulheres de vestidos longos e estolas de peles (algumas falsas) com chinelos Havaianas nos pés. Crianças no colo, já dormindo. Passam todos por nós em direção aos elevadores. Passados alguns minutos, uma mulher, ainda em vestido de noiva chega. Visivelmente não está passando bem. Tenta subir as escadas que dão acesso ao refeitório, onde é servido o café da manhã do hotel. Sobe dois ou três degraus e vomita. O noivo chega, a pega nos braços, carregando-a para o quarto, desfalecida. Parece que ainda vomita ao esperar o elevador. Damos um tempo. O pai do noivo desce para falar algo sobre estacionar o carro do filho. Vamos para o elevador juntos. Meu companheiro, que adora pagar um mico, comenta que a mulher estava bêbada e devia ter subido vomitando e sujando todo o elevador. O senhor que também ouve, pois está no elevador consoco, fica todo constrangido. Meu companheiro não havia percebido, mais uma vez, a gafe cometida.
No quarto, cansado, ainda ligo o computador, mas tenho preguiça de atualizar este blog. Falo rapidamente com um amigo de Brasília pelo skype e vou dormir.

Conheci o blog de meu amigo: Minha Insensatez. Ótimo. Já sou seguidor desde criancinha...

Música do dia: Simone, cd de 1980, recentemente remasterizado e relançado pela EMI.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A NOVA GERAÇÃO

Tive consciência de minha homossexualidade muito cedo, ainda adolescente. Convivi com o medo de ser descoberto durante muito tempo. Era fim dos anos setenta. Namorei mulheres, mas não era o que me chamava atenção. Lembro-me até hoje da minha descoberta. Foi em uma barbearia. Algo me excitou naquele dia em que cortava meu cabelo. Demorou pelo menos quinze anos para que eu pudesse realmente começar a relaxar. Neste tempo, passei por colégio católico, participei de movimento de jovens da Igreja Católica, convivi com vários amigos heteros. Comecei a trabalhar e lia muito sobre a homossexualidade. Em casa, havia uma cobrança por noivado, casamento, estas coisas de família cristã. Não frequentava o meio gay. A primeira mudança foi com o filme Outra História de Amor, de produção argentina, mas não recordo o diretor. Poucas pessoas assistiam ao filme, era no primeiro horário da tarde, em um cinema no centro de Belo Horizonte, hoje já fechado. Saí do filme com um turbilhão na cabeça. Queria ter amigos com quem pudesse conversar. Depois de alguns dias, por instinto talvez, cheguei a uma sauna gay, também em BH. Mesmo assim, não conseguia fazer amigos. O medo imperava. Já no início da década de noventa, a partir de um convite para um jantar com dois colegas de trabalho, as coisas mudaram da água para o vinho. O convite era uma desculpa para revelações de ambos e tentativa de que eu também me revelasse homossexual. Levei um choque, não consegui responder e fui embora, quase batendo o carro. A noite foi de reflexão e no dia seguinte, me revelei também. Enfim, tinha amigos gays com os quais poderia compartilhar ideias, pensamentos e baladas noturnas. Assumir para amigos foi ficando cada vez mais fácil, embora para a família ainda demoraria alguns anos. Em 1995, em viagem a Paris com um colega de trabalho, ao sair de uma estação do metrô, damos de cara com uma parada gay. Achei que as pessoas eram muito tranquilas e naturais, tanto os que participavam como aqueles que assistiam ou aplaudiam. Foi um impacto positivo em minha vida. Constatei que a visibilidade do movimento e a aceitação da sociedade se devia à união e luta pelos direitos homossexuais. Não tive nenhuma intenção de engajar em alguma militância neste sentido, mas procurei informações sobre grupos existentes no Brasil. Grupos de São Paulo e Rio começavam a ser notícia, embora já existissem associações há muitos anos. Todos sabem que as paradas no Brasil começaram a se multiplicar nos últimos tempos. São Paulo ostenta o título de a maior parada gay do mundo e o Brasil deve ter o maior número de paradas deste tipo. Cidades de todos os portes possuem a sua parada, muitas fazendo parte do calendário oficial do município. A televisão começou a mostrar o homossexual sem caricaturas, como um ser humano normal. A novela A Próxima Vítima, de Sílvio de Abreu, em horário nobre da Globo, tinha um casal gay e houve uma torcida muito grande pelo final feliz de ambos com um beijo na boca. Como sabem, o casal formado pelos atores André Gonçalves e Lui Farias teve um final feliz, mas o beijo na boca não saiu (um beijo entre dois homens ainda não rolou em nenhuma novela da Globo, ainda esperamos). Filmes, peças de teatro, festival de cinema, como o Mix Brasil, e canções abordam o tema e são consumidos por um público além do homossexual. Ídolos do pop nacional, como Cazuza, Renato Russo e Cássia Eller não escondem sua orientação sexual. Além disto tudo, ainda há toda a informação sobre a AIDS e o pioneirismo do governo brasileiro no tratamento da questão (tanto em matéria de saúde pública, como de campanhas publicitárias, parcerias com organizações não governamentais e conscientização da população).
Descrevo isto tudo para ilustrar o clima favorável que a nova geração homossexual encontrou no momento da descoberta de sua orientação sexual. A aceitação da sociedade, embora ainda longe da ideal, é muito mais favorável do que há vinte anos. Assumir publicamente não parece ser mais um problema tão grande e esta nova geração faz isto muito cedo. Já vinha observando este "fenômeno" antes, mas nesta viagem de férias a Fortaleza, especialmente, ficou muito claro para mim que desde doze, treze anos já há uma necessidade de se mostrar homossexual. E, como em todo choque de gerações, há uma necessidade desta nova geração em se mostrar de peito aberto, especialmente em aspectos físicos e de como se vestir para se contrapor a gerações mais velhas. Não vou falar da geração que passou dos cinquenta anos. Fico na que pertenço, quarentões e os imediatamente anteriores, aqueles que se situam na casa dos trinta anos. Em sua maioria, muito preocupados com as roupas, grifes, assessórios e a forma física. Abro um parentêses para explicar que forma física não significa apenas os que malham horas e horas na academia e depois vestem roupas com numeração menor para realçar os músculos ou que tiram as camisas em boates para mostrar o corpo esculpido. Também aqui vale os que se "associam" a um tipo físico específico e se curtem, divertindo muito. O exemplo maior talvez sejam os homossexuais acima do peso e com pelos, se identificando com um grupo chamado de ursos. Voltemos para a nova geração. Estes jovens de doze (sim, doze anos) até vinte e cinco anos negam, em sua maioria, esta necessidade de malhar, de ir a academia, de ostentar grifes, mas também não querem se associar desde cedo aos ursos (mesmo que muitos gostem de paquerar pessoas mais velhas que ostentam uma barriguinha). Também devido à idade, são mais dinâmicos, o que provoca uma sensação em mim de que todos são magérrimos e usam roupa bem básica, algo como tênis detonado, calça jeans e camiseta. Os cabelos sempre desalinhados, mas com uma diferenciação incrível de penteados. Os assessórios estão presentes, mas não na linha óculos e relógios de grifes, mas brincos, colares de sementes, e muito piercing pelo corpo. Tautagem parece ser a única coisa que todas as gerações adotaram. Mas a tatuagem virou mania nacional, uma enorme quantidade de pessoas, independentemente de sua orientação sexual, ostentam ou querem ostentar uma.
A nova geração resolveu também qual seria o diferencial dela: maquiagem e sombrancelha pinçada. É algo incrível. Em uma balada noturna, pode-se observar a enorme quantidade de jovens maquiados e com a sombrancelha feita. E por fim, a nova geração de gays está mais solta, mais desinibida, com muito mais trejeitos, sem nenhum medo de receber a alcunha de bicha ou viado (creio que até gostam de assim serem chamados, pois comprovam que foram identificados). É claro que estou fazendo uma análise a partir de minhas observações, mas tais constatações eu as fiz em viagens pelo país, como Brasília, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Obviamente não estou relatando isto como aversão ou condenação. Acho salutar esta mudança de paradigmas. E só posso terminar com uma saudação à nova geração de gays: Viva os new bambis!!

DE VOLTA AO TRABALHO

Dormi muito bem. Acordei com o celular tocando. Era do trabalho. Problemas a resolver ainda pela manhã. Ossos do ofício. Levanto e pego a balança. Tenho expectativas. Maravilha! Em 12 dias sem pesar, mantendo a dieta em plenas férias no Ceará, aparece o resultado. São vinte e quatro dias de dieta e menos seis quilos e oitocentas gramas. Felicidade. Há um grande caminho pela frente. Sigo em frente, muito feliz.
No trabalho não há nada de novo. Já chego direto em uma reunião e, em seguida, despacho a pilha de documentos e processos que me aguardavam. Também leio e respondo a todos os e-mails, busco informações para o problema que deu origem ao meu despertar e as passo para quem de direito. Atualizo minha agenda com minha assessoria.
Resolvo almoçar no Café Savana com dois colegas de trabalho. Mantenho a linha e a dieta. Hoje o serviço estava muito lento. Nem café tinha, pois a máquina havia dado um pipoco (uso a expressão do garçon que nos atendeu).
Saio relativametne cedo do trabalho, no início da noite e vou para casa. É hora de atualizara leitura de minhas correspondências e acabar de arrumar a desordem da noite anterior. Registro os filmes recém comprados.
Vou escrever o post prometido.

Música do dia: CD Vila La Vida - Coldplay.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

DE VOLTA PARA CASA

Acordamos cedíssimo, antes de 6:30 horas. Fiquei na cama, rolando de um lado para o outro. Do lado de fora, um céu azul e um sol maravilhoso. No dia de irmos embora, o Ceará resolve fazer jus ao apelido de Terra do Sol. Como não consigo mais dormir, pego o livro para ler e fico entretido com a leitura até 9 horas, quando descemos para o café da manhã. Já tenho saudades de encontrar todas as manhãs as frutas picadas e o mel prontinho para ser consumido. Em Brasília, se quiser, terei que picar as frutas e fazer a salada. Voltamos para o quarto. Hora de arrumar as malas e tomar banho para partirmos. Descemos exatamente ao meio dia, hora estabelecida pelo hotel para o check out. Rápida conferência de extrato e pagamos a conta - R$798,00 - por quatro noites. As malas já estavam no táxi. O dia está bem quente. Chegamos ao aeroporto e pagamos R$25,00 pela corrida. Faço meu check in na TAM e meu amigo na Oceanair. Meu voo tem previsão de sair no horário, 14:05 horas. Meu amigo ainda não sabe, pois seu voo, com escala em Recife, tem horário marcado para 16 horas. Chá de aeroporto para meu amigo. Nos despedimos logo, entro na sala de embarque e aguardo a chamada lendo o livro sobre Almodóvar. No horário exato, os funcionários da TAM anunciam o meu voo e seu embarque. Voo lotado. Sai na hora. A rota até Brasília é feita com muita tranquilidade. Em menos de uma hora de voo termino de ler o livro. Achei muito bom, mas não é para qualquer pessoa ler. Tem que conhecer os filmes de Pedro Almodóvar. Do contrário, o leitor ficará boiando. Para mim, que já vi todos os filmes que foram lançados no Brasil, gostei muito de alguns esclarecimentos que o diretor espanhol faz de seus filmes. O livro é completo, há espaço para todos os seus filmes. Na verdade, o livro é uma coletânea de entrevistas que Frédéric Strauss fez com o diretor espanhol ao longo de vinte anos e tais conversas são dispostas no livro em ordem cronológica, o que permite constatar as explicações de Almodóvar e as impressões do entrevistador em relação à evolução dos filmes enfocados. Ao terminar o livro, pego meu ipod e escuto Teresa Cristina & Grupo Semente. E, já que estou no clima, escuto também Las Canciónes de Almodóvar, músicas de seus primeiros filmes (cd que comprei em uma viagem ao Chile no final dos anos noventa). O avião pousa no horário certo e minha mala, por incrível que possa parecer, é a primeira a sair na esteira. Saio e o sol e o céu de Brasília estão lindos. Meu companheiro ainda não está no aeroporto. Ligo e ele diz que já está perto. Mais dez minutos e ele chega. Saudades...
Passamos no balão do aeroporto, conhecido como banbolê de Sara e vislumbro o tóten anunciar que faltam 364 dias para os cinquenta anos de Brasília. Lembro, então, que a cidade completara 49 anos no dia anterior. Meu companheiro diz que houve mega festa na Esplanada dos Ministérios, com shows de Xuxa, Jota Quest e um cantor sertanejo. O público foi estimado em setecentas mil pessoas. Houve sete pessoas esfaqueadas com um morrendo a caminho do hospital. Os governantes precisam organizar melhor tais festas e que isto sirva de alerta para a festa de 2010. Chego em casa e vejo os móveis novos que chegaram neste mesmo dia. Adoro cheiro de móvel novo. Desfaço as malas. Roupa para lavar. Como um caldo de feijão, afinal, nesta quinta-feira, pesarei novamente e verei o resultado de meu esforço em manter a dieta em plenas férias. Resolvemos colocar a sala do modo que pensamos, com uma decoração pendendo para o minimalismo (algo novo e difícil para mim). Retiramos a árvore que mantenho há anos na sala. Ela é colocada no corredor, do lado de fora, próximo ao elevador, pois pedirei ao empregado do condomínio que desça com ela no dia seguinte. A sala fica ótima, dividida em dois ambientes - sala de estar e sala de jantar. É a primeria vez que tenho uma mesa de jantar. Mesa para seis lugares, em formato oval. Vamos para o escritório e fazemos uma arrumação, com nova disposição dos móveis, pois uma mesa e uma cadeira foram retirados do ambiente. Não há espaço para colocar alguns livros quen estavam em uma estante, agora ocupada com os equipamentos de informática. Colocamos os livros dentro do guarda roupa. Estou cansado e tenho sono. Amanhã é dia de voltar ao trabalho. Prometi escrever um post especial com o título A Nova Geração, mas ficará para amanhã. Por hoje é só.

Música do dia: música espanhola e Teresa Cristina & Grupo Semente. Durante a arrumação em casa, Roberto Carlos, das antigas.

terça-feira, 21 de abril de 2009

TIRADENTES

Centro Cultural Dragão do Mar - Fortaleza - Ceará


Mais um feriado. Mais chuva em Fortaleza. As cólicas estão presentes, mas estou bem melhor que no dia anterior. A fome está também presente, como sempre. Descemos para o rotineiro café da manhã, com salada de frutas e mel. Hoje, ao ver um pudim de pão, não resisti e comi uma lasquinha. Nem de perto lembra o que minha mãe faz. De pão não tinha nada. Volto para o quarto e dedico a manhã inteira à leitura do livro de entrevistas com Almodóvar. Já li dois terços do livro. Saio no inicinho da tarde para comprar remédios: um para repor a flora intestinal, outro para suavizar as cólicas e um soro hidratante. Volto, converso pelo skype com meu companheiro até ele perder a paciência, pois ao ficar pintando as unhas de caneta em frente à câmara, digo que ele está se parecendo uma trava. Ele se enfurece, sem nenhum espírito esportivo, e interrompe a ligação. Eu e meu amigo fazemos planos para o dia chuvoso: almoçar no Camarões (enfim, consigo que ele vá e olha que foi ele quem propôs...), uma passada rápida no Centro Cultural Dragão do Mar para fotos diurnas e, em seguida, já que estaremos por perto, uma passada na Dragon Health Club, pegar um vapor e fazer uma massagem relaxante com um massoterapeuta. Após a sauna, iremos caminhar pelo calçadão, nos despedindo destas férias em Fortaleza.
Cai uma chuva muito forte. Esperamos passar e por volta de 14 horas saímos em direção ao calçadão da Avenida Beira Mar. Vinte minutos de caminhada, super pinta de turistas, pois estava de mochila nas costas e máquina fotográfica nas mãos, chegamos ao restaurante Camarões Beira Mar. Restaurante enorme, com uma infinidade de garçons. Meu amigo comenta que parece ter mais garçons do que clientes (o restaurante está bem cheio). Há cinco ambientes, um terraço próximo à calçada, uma pequena varanda e um terraço lateral, todos externos, e dois internos, em dois pisos. O maior possui um pé direito enorme e lustres bem grandes pendem do teto. À direita de quem entra pela Beira Mar, o mezanino, com várias mesas. Embora haja um número considerável de pratos a base de camarão, pedimos um peixe a delícia (filé de sirigado gratinado com banana frita, ladeado de arroz branco e batatas gratinadas). Todos os pratos servem duas pessoas. Para beber, nada mais do que suco de limão. Comento com meu amigo que o restaurante é cópia descarada do homônimo em Natal, Rio Grande do Norte. Ao chegar o prato, em uma espera de pouco mais que vinte minutos, faço novo comentário que até a apresentação do prato é igual ao potiguar. O peixe estava bem feito, e a banana frita faz a diferença. Quanto à batata gratinada, melhor nem comentar. Pedimos a conta e pagamos R$64,00. Ao efetuar o pagamento, pergunto ao garçon se o restaurante tinha alguma relação com o Camarões de Natal e ele responde, na ponta da língua, que é uma cópia mais que perfeita, mas que não tinha nenhuma relação e nem sociedade com os proprietários de Natal. Acrescentou que o restaurante de Fortaleza fazia parte de um grupo de empreendimentos ligados à alimentação, com unidades no Ceará e na Bahia e que em maio o grupo abrirá um Camarões em Brasília. Pegamos a rota do hotel, via calçadão e algumas pessoas nos pararam pedindo cigarro (meu amigo é um caipora!) e moedinhas. Voltamos a pé para o hotel. O tempo fechadíssimo anunciava uma tempestade. Parada rápida no hotel e pegamos um táxi, por volta de 16 horas, em direção ao Centro Cultural Dragão do Mar, passando antes em uma loja de conveniência para comprar lâminas de menta e cigarro. O táxi ficou em R$10,00. No Dragão do Mar, muitas fotos, de todos os ângulos possíveis, inclusive a que ilustra este post. O céu cada vez mais carregado. Às 16:45 horas entramos na Dragon Health Club e em menos de dez minutos lá dentro, o aguaceiro despenca do céu. A sauna não está cheia. Pegamos um vapor (como sempre bem frio para uma sauna) e fomos para o bar. Música ao vivo na sauna. Um rapaz cantará músicas do pop rock nacional. Público: não mais que cinco pessoas. Às 18 horas começa a cantoria e realmente é um desfile de sucessos do rock nacional dos anos oitenta. Há apenas um massoterapeuta na casa. Parece ser a folga do outro. A sauna não enche. A chuva, que não para, é a grande culpada. A cantoria se estende por três horas sem parar e sem repetir uma só música. Decidimos ir embora sem a massagem planejada. A fome chega devagarinho. São 21:20 horas e pagamos a conta da sauna (a minha parte fica em R$27,50, sendo R$2,50 referentes a uma coca cola zero e o restante à entrada). Vamos ao Dragão do Mar novamente e procuramos um local que seja abrigado caso chova novamente e que tenha pizza. Não encontramos nenhum que unisse as duas coisas. Resolvemos ir a pé até a área de restaurantes da Praia de Iracema, bem próxima ao local que estávamos. Chegamos ao Porto Fino, um restaurante instalado há dez anos no mesmo endereço e nos divertimos com os gritos das moças que trabalham nos restaurantes Porto Fino e La Marea, um em frente ao outro, na Rua Tremembés. Elas gritam, tentando atrair clientes, em sua maioria turistas estrangeiros, homens em busca de sexo fácil. As que gritam fazem a linha de femme fatale cearense. Sentamos e pedimos uma pizza média. A chuva cai forte novamente. A pizza tem a massa muito fina, quase não sentimos na boca. A escolha foi por uma metade de parmegiana de berinjela e a outra metade de portuguesa. A surpresa na hora de comer é que ao invés da berinjela, colocaram abobrinha. É lógico que o sabor suave da abobrinha se perdeu no molho de tomate e no queijo. Comemos assim mesmo, pedimos a conta e lá se foram R$30,00. Novamente um táxi em direção ao hotel. A música que toca no carro é um forró desses que entram na cabeça e não sai mais. O motorista diz que a chuva de cinco horas da tarde durou cinquenta e quatro minutos e alagou vários pontos da cidade, deixando vários moradores da capital cearense desabrigados e o Rio Cocó transbordou, impedindo a passagem para o aeroporto. Chegamos ao hotel. Corrida fica em R$8,00. Olho o relógio, 23 horas, ainda é cedo. Não dá cumprir o programado e andar pelo calçadão, pois a chuva insiste em cair na Terra do Sol. Atualizo blog, orkut e vejo e-mails. Resolvo ler até que o sono chegue.
Os remédios comprados no dia de hoje fazem um efeito ótimo. Estou sem dores, sem cólicas e hidratado.
Música do dia: sucessos do pop rock nacional da década de oitenta e um forró arretado ouvido no último táxi que pegamos no dia.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

UM DIA RUIM

Durmo muito mal. A madrugada toda sinto dores nas costas e um pouco de dor de cabeça. Nem Tylenol PM resolve. A chuva cai a noite, madrugada e manhã. Levanto. Desço para tomar café. Novamente apenas salada de frutas e chá de hortelã. Cólicas na barriga. Me arrependo do jantar na noite anterior (meu organismo não aguenta mais carne vermelha à noite). Subo para o quarto e deito novamente. As dores aumentam. Teclo um pouco com amigos virtuais, incluindo um cearense. Dores mais fortes. Penso em comprar um remédio. Dor intensa. Banheiro, uma, duas, três, quatro vezes seguidas. Não quero sair. Não quero comer nada. Meu amigo resolve sair, pergunta se quero algum remédio. Agradeço. Ficarei no quarto. O telefone do quarto toca. É Avelar, o motorista que nos trouxe de Jeri. Ele está com o carregador do iphone de meu amigo, que desce correndo todo feliz, pois poderá usufruir de seu brinquedinho novamente. Sem dinheiro trocado, me pede R$20,00 para dar de gorjeta para o motorista. Nada de fome. Como uma maçã e um barrinha de sementes. Parece que comi um bonde, como dizem os mineiros. Deito e fico quietinho, mas não durmo. O computador fica ligado. Um som indica que alguém está chamando para conversar. É o amigo virtual cearense. Falo das dores na barriga. Muito solícito, pergunta se preciso de um médico. Agradeço, vai passar. Tenho fome por volta de 15 horas. Peço comida no quarto, nada demais, apenas um peixe grelhado e legumes cozidos no vapor. Demora apenas vinte minutos. Como sem entusiasmo. O amigo cearense, ainda on line, pergunta em que hotel estou. Respondo. Resolvo ver um filme, afinal trouxe cinco e ainda não vi nenhum. Escolho um clássico de 1980, Touro Indomável (Raging Bull), de Martin Scorsese, com Roberto De Niro fazendo o papel de Jack La Motta, um lutador de boxe. Confesso que não gosto de filmes de boxe e que, apesar de adorar cinema, ainda não tinha visto este filme. Roberto De Niro está impressionante no papel, incluindo na transformação física. O filme, quase todo em preto e branco, é muito bom. As lutas não são o essencial da fita. O que vale é a vida do ser humano, machista e mandão ao extremo, mas ao mesmo tempo sedutor. Belo filme, que desejo rever em tela maior, afinal vi na tela de 18 polegadas de meu notebook. O telefone toca no quarto, atendo. Avisam que um amigo está embaixo, Luciano. É meu amigo virtual. Surpresa para mim. Realmente os nordestinos são bem simpáticos e solícitos. Veio me conhecer e ver se preciso de alguma coisa. Meu amigo que viaja comigo chega. Os três conversamos sobre vários temas, mas em especial sobre bares em Fortaleza. Ele fica por meia hora e diz que se precisar é só ligar, pois mora perto. Deixa o número de seu celular. Meu amigo pergunta se vou conseguir sair. Não sei, pois a barriga ainda está dolorida. Ele sai para comer algo e dar uma volta no calçadão, já que a chuva deu uma trégua. Resolvo atualizar o blog.
O tempo passa e as dores também. Resolvo não sair. Meu amigo já está na rua há muito tempo. Vou continnuar a ler o livro de entrevistas com Almodóvar.
Música do dia: nenhuma. Não ouvi nadinha de nada.

domingo, 19 de abril de 2009

MAIS DO MESMO

Madrugada sem dormir direito. Manhã ensolarada. Descemos para tomar café por volta de 9:30 horas do domingo. Parece fim de feira. Não há mais nada no buffet. Como uma salada de frutas, como em todas as outras manhãs anteriores e subo para dormir novamente. Consigo dormir até 13 horas, quando meu amigo me chama para resolvermos nossa vida dominical. Não há alternativas: barraca de praia. Arrumamos, protetor solar no corpo e táxi para a Praia do Futuro, exatamente no reduto gay do pedaço, a Barraca Cabumba. Valor da corrida, com bandeira dois, R$20,00. A barraca está lotadíssima, mas conseguimos uma mesa coberta na areia. Vemos vários rostos que estavam na boate na noite anterior. Todos frequentam os mesmos espaços. Alguns gringos estão perto de nós, assim como dois nativos que estão de cuecas, mas achando que abafavam com o modelito. A música éclética. Bate um tédio total. A mesmice me aborrece. Creio estar perdendo meu tempo. Ficamos assim, sem comer nada (apenas um barra de cereais que havia levado) durante todo o tempo que ficamos por lá. Às 17 horas, deixamos a mesa na areia, pagando as contas, que são duas, a do coco, R$4,00 e a das bebidas, R$10,90. Fomos nos sentar em outra mesa, desta vez fora da areia. Apenas mais meia hora e uma caipiroska de maracujá para cada um (feita com suco de fruta, nem de longe se pode comparar com as que bebemos em Jeri). Pedimos a conta. R$10,00. Há um enorme desce e sobe para o mar. Esquisito demais. Todos vestidos, apenas para passear para lá e para cá, desfilando os assessórios, especialmente óculos de sol, colares, máquinas digitais e bonés. Nos pés uma quase onipresença de Havaianas. Saímos da barraca e não há táxi. Meu amigo não quer caminhar em direção à Crocobeach, com medo de assaltos. Vamos assim mesmo, pois há várias pessoas caminhando na mesma direção. Poucos passos e um táxi aparece. Estou faminto (só com café da manhã e uma barra de cereais), meu amigo pergunto para onde e digo que podemos descer em Mucuripe e comer uma peixada. Ele disse que prefere algo perto do hotel (claro que entendi perfeitamente a mensagem, novamente sanduíche). Fico puto e falo para o motorista nos deixar no hotel. O valor da corrida é idêntico ao da ida, ou seja, R$20,00. Meu amigo pergunta onde comer e eu digo que não irei a nada perto. Pergunto porque ele tem tanto medo de restaurantes e ele diz que não é o caso. Ele quer comer perto, pois quer ir para a boate Divine, no centro da cidade (para quem estava com medo de andar a pé no calçadão da Praia do Futuro, a coragem é extrema, pois esta boate é bem bagaceira). Digo a ele que não terá minha companhia nesta noite. Subimos. Após tomar banho, ele sai. Desejo boa diversão. Consulto o Guia 4 Rodas. Todos os restaurantes que quero conhecer não funcionam para o jantar de domingo. Resolvo caminhar pelo calçadão da Beira Mar. Caminho por vinte minutos e chego ao Faustino Restaurante, uma filial do famoso restaurante Cantinho do Faustino, duas estrelas no citado guia e considerado pelo mesmo guia como o melhor restaurante do Nordeste. Resolvo conhecer a filial. Ainda é cedo, poucas mesas estão ocupadas às 19:30 horas. Escolho um local sossegado. Vejo o cardápio. Escolho a especialidade da casa, ou seja, comida regional: carne de sol nordestina com baião de dois. As mesas vão sendo ocupadas. O garçon é muito simpático e vendo que estou só, vem conversar comigo. Descubro que o restaurante premiado está fechado para reformas e em breve reabrirá. O prato chega. Muita comida, dá para três pessoas comerem. A carne é super macia, o baião de dois deixou a desejar, com pouco feijão e muito coentro (um horror esta maldita erva). A paçoca é bem feita, mas nada de extraordinário. O café expresso é intragável. Peço a conta, deixo R$81,73 e mais da metade do prato (devido a quantidade). Volto caminhando para o hotel. O sono bate forte. Atualizo este blog.

sábado, 18 de abril de 2009

DE VOLTA A FORTALEZA

Acordo bem cedo, como sempre antes do despertador do celular de meu amigo, programada na noite anterior, tocar. Como já havia arrumado as malas, fico na cama. Meu amigo levanta e vai arrumar as suas duas mochilas. O tempo está chuvoso. Descemos para nosso último café da manhã no Hotel Mosquito Blue. Como frutas, como nos dias anteriores, e acrescento um sanduíche com pão integral, pois a viagem de volta duraria cinco horas e meia, segundo informaram na recepção do hotel. Volta para o quarto, banho e recepção para o check out. Tenho que repetir tudo de novo sobre os lançamentos errados no extrato de nossa conta. Brenda, Felipe e Thiago são os recepcionistas. O carro que nos levará, uma Toyota Hilux 4X4 encosta às 9:25 horas. Confirmam que eu estava certo e fazem as devidas correções na conta. Pagamos a diferença devida, uma vez que meu amigo fizera no ato da reserva um depósito de R$432,00, eu paguei o mesmo valor no check in e pagamos R$250,00 das massagens diretamente ao spa. O valor restante - R$655,46 - correspondia a gastos de frigobar, restaurante, acesso à internet e o transfer para Fortaleza. Pediram para preencher uma ficha de satisfação. Apesar dos contratempos, todos resolvidos a contento, gostei do hotel e fiz uma boa avaliação. Apenas comentei o fato de a cobrança do restante das diárias no check in nos colocou numa posição de caloteiros em potencial (foi como nos sentimos). Sugeri que façam como os hotéis classificados como quatro e cinco estrelas, ou seja, solicitam uma pré-autorização no cartão de crédito, para confirmação no ato do check out. Alegar que pode-se ligar para o cartão e pedir o cancelamento é burrice, pois o acesso a Jeri é muito difícil e o hotel está cheio de seguranças, que verificariam hóspedes saindo com malas sem o devido acerto. Para quem está curioso, ainda não disse como o hotel é. De proprietário italiano, sua arquitetura nos remete às construções às margens do Mar Mediterrâneo, especialmente as italianas, obviamente. Num terreno relativamente estreito, aproveitou bem os espaços. A piscina principal fica no centro de um corredor, com muitas plantas, incluindo grandes coqueiros. Nas laterais da piscina, os apartamentos, em dois pavimentos. Ao lado desta piscina há uma pequena academia de ginástica e um mezanino para leitura e acesso à internet. Em baixo deste mezanino, algumas mesas para jogar baralho e sinuca. Há também uma jacuzzi ao lado da piscina. Por trás dos apartamentos, à direita de quem desce, há outra piscina e uma jacuzzi maior, rodeadas por um jardim bem cuidado. Ao final do corredor, já na areia da praia fica o restaurante, Oceano Blue, onde é servido o café da manhã, e as espreguiçadeiras (como as das piscinas) da praia.
Ao efetuarmos o pagamento, pedi um comprovante e me deram o extrato para simples verificação. Pedi a nota fiscal e a resposta foi que ela irá pelo correio. Já vi este filme várias vezes e nunca recebi nota alguma de outros estabelecimentos localizados em cidades do interior do Brasil. Pensei em exigir a nota, mas meu amigo disse para deixar pra lá. Apenas quis um comprovante e eles bateram um carimbo e assinaram. Cabe aqui registrar que meu amigo é fiscal de tributos e como tal recebe uma gratificação pelo volume arrecadado. Embora não trabalhe no Ceará, não entendi sua postura. Aguardarei a nota pelo correio.
O motorista, Avelar, já a postos. Colocamos a pequena bagagem no carro e partimos em direção a Fortaleza. O relógio marca 9:45 horas. O motorista, muito bem treinado e educado, só fala quando pergunto alguma coisa. Sempre responde a contento minhas dúvidas. O caminho, muito mais tranquilo que a ida para Jeri, pois o conforto é incomparável. Vencemos os caminhos de areia em pouco menos de uma hora de viagem. Já no asfalto, tenho uma forte sonolência e fico naquele estado de dorme não dorme. O motorista para em um posto de gasolina na cidade de Acaraú. Não desço. Meu amigo aproveita a deixa para ir ao banheiro e fumar. Continuamos viagem. O tempo está nublado, com o sol aparecendo. Em alguns pontos, a chuva aparece rapidamente e da mesma forma se vai. O caminho não é o mesmo que fizemos na ida. Pegamos a rodovia Estruturante - CE 85, a chamada Costa do Sol Poente. A estrada é boa. Apenas alguns pequenos pontos com lama e homens e máquinas trabalhando para o devido conserto. Afinal, é uma rota turística e temos um feriado prolongado pela frente. Meu amigo descobre que esqueceu o carregador de seu iphone no hotel. O motorista prontamente liga para Jeri e meu amigo fala com a recepção. Ficam de procurar e informar mais tarde. O telefone do motorista praticamente pega em todo o trajeto, pois toca durante a viagem algumas vezes. Pergunto a operadora. Tim. Nova parada, desta vez todos descem. Meu amigo fuma novamente. Como uma barra de sementes para disfarçar a fome. São é mais de meio dia. Fortaleza se avizinha. Ao longe, meu amigo identifica as dunas de Cumbuco, local que não conheço. O motorista confirma que é Cumbuco. Chegamos a Fortaleza, o relógio marca 13:20 horas. O motorista pede para fazer uma pequena parada na Barra do Ceará, pois ele precisa pegar uma lona para colocar no carro. Caso chova, as malas de turistas podem molhar. Sem problemas. A parada foi em vão, pois não havia ninguém no endereço. Vi o Rio Ceará e a ponte que está sob ele. Chegamos ao início das praias de Fortaleza, em Iracema. O motorista, muito simpático, vai falando os pontos de interesse. Chegamos na porta do Hotel Mercure Meireles às 14:10 horas. Portanto a viagem dura menos do que o informado. Para quem pode pagar R$450,00 (o carro leva com folga até três pessoas), o conselho é: "pague!". Não há comparação. O motorista se oferece para trazer o carregados de meu amigo, caso achem. Ligam para Jeri e confirmam que o carregador foi encontrado. Meu amigo, um macmaníaco, ficará sem seu brinquedinho por vinte e quatro horas. O motorista entregará no hotel na tarde de domingo, quando retornar de Jeri (para onde estaria novamente levando turistas para o Mosquito Blue).
Novo check in, apresento meu cartão A-Club (novo cartão de fidelidade da rede Accor) e meu nome. Localizam a reserva, mas não localizam a minha ficha nem a de meu amigo (e olha que está é a quarta vez que fico hospedado neste hotel, além do fato de a última ter acontecido havia quatro dias). Peço as malas grandes que ficaram no bagageiro do hotel. A recepcionista fala com seu colega que não há quartos limpos. Digo que já são mais de duas horas da tarde e como tinha reserva confirmado, queria um quarto imediatamente. Acha um, o 102, faz apenas uma chave. Peço duas e pergunto se não há um quarto em andares superiores. Ela diz que no momento, somente aquele. Antes de subir, pergunto se o 102 tem duas camas de solteiro. Resposta negativa. Digo que nem pensar e em dois tempos aparece um quarto como o reservado, no sexto andar. Duas chaves nos são entregues. Colocamos as bagagens no quarto e saímos imediatamente para almoçar. Decidimos comer sanduíche nas proximidades. Fomos em direção ao calçadão da Avenida Beira Mar. Iríamos repetir a dose no Baba Gula. Estava fechado. Andamos poucos passos e resolvemos entrar em um restaurante simples, mas que sempre estácheio de turistas à noite. Para o almoço, apenas uma mesa ocupada. Decoração simplérrima. O garçon sugere um peixe grelhado à belle meunière. Aceitamos, pois servia duas pessoas. O garçon mostra a foto no prato na parede do restaurante e faz propaganda que vinha com molho de alcaparras e camarões. Tento falar ao telefone com a filha de uma amiga que mora em Fortaleza. Não consigo. Falo com meus pais e com meu companheiro. O prato não demora muito. São passa das três horas da tarde. Comemos. Comida simples, sem grandes firulas. Não estou comendo camarões, pois quero preservar as minhas taxas de colesterol em níveis baixos. meu amigo também não quer comê-los. O que seria o diferencial do prato é deixado na travessa. Pedimos dois expressos e a conta do restaurante Tropical Beach - R$44,00. O garçon leva a travessa e a separa. Creio que comerá os camarões mais tarde...
Passo na farmácia para comprar pasta de dentes, sem a companhia de meu amigo. Volto para o hotel e desfaço as malas. O sono bate forte. Deito, durmo e sonho. Meu amigo fuma desbragadamente e posta fotos em sua página no orkut. São 21:30 horas, levanto, atualizo o blog. Vamos sair para dançar. Haverá uma festa na boate Donna Santa, chamada Caminhos das Índias (totalmente sem originalidade).

Música do dia: uma seleção musical colocada pelo motorista no trajeto Jeri-Fortaleza. Desde Madonna, passando por Art Popular, Zeca Baleiro, Cássia Eller, Titãs, Bajofondo, Zeca Pagodinho, Beyoncé, entre outros.

Saímos e fomos comer alguma coisa. Sem muita originalidade e tendo o meu amigo terror pânico de gastar dinheiro em restaurantes, fomos pela terceira vez nesta viagem comer sanduíche no Baba Gula. Optei pelo sanduíche vegetariano com suco de limão para acompanhar. Meu amigo foi na mesma linha natureba. Ficamos meia hora e pedimos a conta, que ficou em R$24,00. Olhamos a hora, 23:40 horas. Decidimos passar na farmácia para comprar aquelas lâminas de menta que dissolvem ao entrar em contato com a língua para dar uma refrescada no hálito. Não achamos. Havia um táxi na porta. Fomos direto para a boate Donna Santa. Como a corrida foi curta, pagamos apenas R$8,00 pelo trajeto. Havia uma fila quilométrica para entrar na boate. Faltavam cinco minutos para terminar o preço promocional de entrada (R$15,00). entramos na fila. Lentidão. Muita bicha quaquá desfilando pela calçada e pela rua em frente à portaria. Começa uma chuva fina. Alguns correm para um estacionamento coberto em frente. Ficamos um tempo, a chuva aperta. É hora de também buscarmos abrigo. A chuva passa, voltamos para a fila, que continua lenta. Um segurança passa perguntando quem vai pagar em dinheiro. Nosso caso. Passamos, pois, na frente de todos. A fila era para pagamento em cartão de crédito. Pago R$20,00 para entrar. Lá dentro, muita fumaça e muita música eletrônica. A decoração que remete ao Caminho das Índias é pequena, simples, mas surtia o efeito desejado. Fomos para a área externa. Novamente um show de música brasileira dançante é anunciado. Kátia Kiss & Banda. Música baiana grita nas caixas de som do lado externo. A chuva volta a cair e todos correm para dentro. Muito cigarro, sufoco nos olhos e garganta. Volto para fora. Estão enxugando as mesas. No palco, a banda passa o som. O show começa às 01:45 horas. Uma multidão se aglomera em frente ao palco. Todos cantam, pulam e dançam, mesmo com a voz da cantora sendo inaudível. Melhoram a saída de voz da vocalista a partir da terceira música. Sucessos recentes de bandas baianas. Foi-se o tempo. Não conheço mais nada. Compro uma coca zero - R$2,50. Danço um pouco. Resolvemos entrar. Na pista da boate há uma expectativa para o show da transformista da noite. Uma drag queen entra, pega o microfone, fala um monte de besteiras, xinga todo mundo, dubla uma música que todos sabem, mas eu não sei o nome. O refrão diz vai buscar Dalila, ou coisa do gênero. Parece música de Carlinhos Brown, cantada pela Cláudia Leite. A performance acaba, alguns gritinhos e ela anuncia a atração principal da noite. A Top Drag paulistana Thalia Bombinha. Hilária, como sempre, dubla a música de abertura da novela Caminho das Índias. É um espetáculo. Depois, um mini show de humor com a mesma drag. São quase quatro horas da madrugada de domingo. Chamo meu amigo para ir embora. Ele quer ficar. Encosto no balcão do bar. Passados dez minutos, ele fala que podemos ir. Táxi na porta. Corrida rápida, também R$8,00 até o hotel. Já passou da hora de dormir...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

CHUVA...MUITA CHUVA

Chuva e Jeri continua linda...


A madrugada inteira foi de muita chuva. A minha garganta fica arranhando. Meu amigo liga o ar condicionado e coloca no automático. Acordo com muita tosse e com dor de garganta. Não consigo desligar a porra do ar e ainda há cheiro de cigarro no quarto, o que contribui para a irritação da garganta ficar mais irritante: ar seco e com fumaça. Meu amigo fuma muito e não se preocupa se as pessoas que estão com ele gostam de respirar a fumaça de cigarro no quarto. Tento dormir, mas a tosse não deixa. O barulho da chuva, pelo menos, é reconfortante. O dia clareia, o ar se desliga, pois estava no automático. Durmo um pouco. Meu amigo me acorda desesperado, achando que já passava do meio dia e que perdera o café da manhã. Olho o relógio, sem óculos nada enxergo. Pego o bendito e bingo, 8 horas da manhã. A chuva cai forte lá fora. Esperamos um pouco. A chuva continua forte. Tento dormir, mas a garganta ainda arranha (e não sou Ana Carolina...). A fumaça do cigarro matinal de meu amigo já chega em minhas narinas. Um horror! Levanto, troco de roupa. O telefone toca no quarto. Era a agência do hotel direto de Fortaleza, pedindo desculpas pelo mal entendido sobre o transfer por mim solicitado na noite anterior. Confirmam o 4X4 na hora que eu marquei, 9:30 horas da manhã de sábado. Pego o guarda-chuva e desço para o café da manhã à beira da praia. Areia molhada, goteiras caem do telhado. Muita gente ainda sentada, pois os programas e passeios tem que esperar a chuva passar. Acabamos o café e passamos no spa do hotel. Resolvo fazer duas massagens de uma vez, uma relaxante e uma reflexologia. Meu amigo resolve fazer uma drenagem linfática, afinal ainda está em recuperação de sua lipoaspiração (mas está enchendo a cara de cerveja e comendo muito no café da manhã. Assim não há operação que dê resultados). Às 10:30 horas começo minha sessão de massagens. Camila é a primeira massagista. Simpática, de voz suave, me informa como será a sessão. Ela é de Ribeirão Preto, São Paulo e está há três anos em Jeri (quase todos os profissionais que atuam com massagens, aulas de kitesurf, windsurf, donos de pousadas, hotéis, lojas e restaurantes no vilarejo parecem ser de fora do Ceará). Mãos suaves, óleo perfumado, luz natural quebrada, barulho da chuva, nada melhor para dormir o que não consegui durante toda a madrugada. Não vejo o tempo passar, acho que realmente adormeci. Camila pergunta se está tudo bem, fala para eu ficar ali deitado, pois a próxima massagista, Marta, já havia chegado e estava se preparando para fazer a reflexologia em meus pés. Meu amigo chega para a sua drenagem linfática. Marta, muito simpática, explica que fará uma esfoliação nos meus pés, em seguida a massagem (reflexologia) e, ao final, aplicará uma máscara hidratante nos pés. Sensacional a sessão. A conta por este mimo fica em R$130,00 para minhas duas massagens e R$120,00 para a drenagem do meu amigo. Estes valores são para pagamento à vista, em dinheiro. Saio leve, relaxado, tomo um banho quente. A vontade é de dormir. A chuva continua. Pego o livro "Conversas com Almodóvar" e avanço um pouco na leitura no mezanino próximo à piscina do hotel. Leio por quase quarenta minutos. Resolvo parar. Atualizo este blog.
Saímos para almoçar, decidindo previamente que iríamos para a Rua do Forró, onde nos dias anteriores vimos o Restaurante Dona Amélia sempre com muita gente em suas mesas. Uma amiga sempre diz que restaurante cheio pode ter dois significados, comida boa ou comida barata, podendo as duas características estarem conjugadas. Sentamos em uma mesa na varanda do restaurante. Eram 14:30 horas e apenas uma mesa tinha pessoas comendo. Para sair do trivial, pedimos um prato com peito de frango grelhado. Os preços no cardápio já indicavam a característica de comida barata. A comida não demora, frango grelhado ao molho de mostarda, arroz branco, feijão preto com alguns pedaços de bacon, purê de batata, farofa, salada crua. A apresentação do frango não é das melhores. O molho era grosso, parecia que derrubaram um pote de mostarda em cima do filé e salpicaram algumas sementinhas não identificadas. Como sem muito entusiasmo. A comida não é boa. Não há café expresso. O som é o indefectível cd da infinita série um barzinho, um violão. Lastimável. Pedimos a conta com apenas quarenta minutos lá sentados. Valor: R$40,15. Ao optar pelo pagamento com cartão Visa, a surpresa. Máquina quebrada, fomos levados ao vizinho, um depósito de material de construção. O restaurante devia uma compra para a loja e, ao passar nossos cartões, o Depósito Vitória abatia o débito. Saímos e tomamos uma estradinha pela esquerda e chegamos na igreja local, toda em pedras aparentes. Parada para fotos e continuamos a caminhada. Várias construções e reformas de pousadas. Todos se preparam para a alta temporada, quando os ventos alíseos chegam na vila e com ele trazem uma legião de estrangeiros praticantes de windsurf e kitesurf. Por cima, avistamos um telefone público e ligo para meus pais para dar notícias. Continuamos a caminhada em direção ao mar. À esquerda, avisto o Morro do Serrote, verdejante com suas vaquinhas pastando calmamente e a Praia da Malhada, cercada de pedras. Mais ao fundo, também à esquerda, um dos cartões postais de Jeri, a Pedra Furada. Não a vejo completamente, e a maré não permite que caminhemos até ela. O único acesso possível no momento é subir o morro e desanimamos. Voltamos pela areia da praia para o hotel. Sentamos no bar do hotel e jogamos conversa fora, bebendo café expresso e caipiroska de maracujá. O tempo fechado, mas sem chuva. Turistas persistentes em ver o por do sol sobem a duna homônima. Nada de sol no horizonte. Nativos se preparam para uma pelada na areia molhada da praia. Ficamos neste estado contemplativo, conversando vários temas por mais de uma hora e meia. Resolvemos voltar para o quarto, pois os pingos da chuva começam a cair. Recepção do hotel e nova senha para acesso 24 horas na internet do hotel (mais R$20,00 são debitados em nossa conta).
Depois de um descanso e respostas a e-mails, voltamos a sair, desta vez para jantar. Como é nossa última noite em Jeri, escolhemos o restaurante que mais gostamos aqui, o Leonardo Da Vinci. Pedimos massa e caipiroska de maracujá (todas as caipiroskas desta fruta que bebemos por aqui estavam ótimas). A massa desta vez tinha camarões e abobrinha. O prato estava muito melhor do que no primeiro jantar neste restaurante. Fechamos com um café expresso o jantar e pagamos R$80,00. Voltamos para o hotel, pois precisamos arrumar a mala e estou com muito sono, reflexo da noite mal dormida e das massagens relaxantes feitas nesta sexta-feira. Ao chegarmos no quarto encontramos no chão um extrato de nossa conta para simples conferência. Conferimos e notamos que não lançaram o pagamento efetuado por mim no check in (aquele que não houve impressão do comprovante pela máquina) e havia um lançamento a mais da senha para acesso à internet wi-fi do hotel. Volto e já reclamo na recepção. Quem me atende é o mesmo recepcionista que fez nosso check in. Ele informa que enviará uma mensagem para o responsável e que os estornos só poderão ser efetivados na manhã do sábado, quando fizermos nosso check out. Volto para o quarto, o sono não está me deixando raciocinar. Tempo apenas para atualizar os registros da viagem. Preparo as malas. Cuidados noturnos com a pele e vou dormir. Meu amigo diz estar sem sono e que sairá novamente. Provavelmente vai à festa no Planeta Jeri, na Rua Principal, onde havia uma placa anunciando uma festa chamada Vinte e Poucos Anos, com o melhor do flash back dos anos oitenta.
Música do dia: reggae, muito reggae.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

ÊXTASE


Vista de uma das várias lagoas temporárias entre as dunas de Tatajuba

Acordamos cedo, com o dia clareando. Barulhos na varanda do quarto. Não ligo, meu amigo não ouve. De repente ele me chama para trazer a câmara fotográfica porque havia um enorme lagarto verde no parapeito da varanda. Lindo. O momento mundo animal do dia começa.
Café da manhã no hotel, muita fruta, incluindo maracujá delicioso. Fotos nas espriguiçadeiras do hotel na areia da praia. Um bugueiro oferece os seus passeios. Outro chega e é mais convincente. Faz um preço menor do que usualmente se cobra para o passeio até Tatajuba. Fechamos o negócio com exclusividade só para nós dois. Preço cobrado: R$150,00 (o normal é R$180,00). Tatajuba fica a 35 quilômetros de Jeri. Nos preparamos em meia hora e pegamos o buggy na porta do hotel. Meu amigo, por ser mais velho, tem a preferência de escolha de lugar. Ele escolhe o banco dianteiro, ao lado do motorista. eu fico sentado na parte traseira, com visão privilegiada. Saímos às 10 horas, Eli, o motorista, abastece o carro na vila Nova Jeri e seguimos pela praia, mangues, mangues secos, até um braço de mar, rodeado por manguesais, para uma parada opcional. Objetivo da parada:ver cavalos marinhos em seu habitat natural, e de quebra, muitos caranguejos vermelhos. Topamos o programa, descemos do carro e entramos numa canoa. Fomos acompanhados por um casal. O canoeiro explica tudo pelo caminho. O barco desliza bem lentamente, bem junto às margens, próximo ao mangue, para melhor observamos as dezenas de caranguejos vermelhos e os cavalos marinhos que ficam agarrados em plantas bem nas bordas. Logo o canoeiro nos mostra um. Somente eu vejo, ele volta a canoa, aponta para o animalzinho e todos conseguem enxergar. Ele pega o bicho em uma cabaça para todos tirarem fotos. Retorno o animal para a água, sem encostar nele. Orientações do Ibama. Seguimos, mais à frente pequenos baiacus, que comem os caranguejos e os filhotes dos cavalos marinhos. O canoeiro diz que ali há muitos baiacus e tainhas. Mais um cavalo marinho é avistado. O barco continua em sua rota lenta e silenciosa, somente no remo. Resolvemos voltar. Pagamos R$10,00 por cabeça por este passeio. Retornamos ao carro e logo entramos numa trilha entre as árvores secas do mangue. Muita bonita a paisagem. Em seguida, mais praia, mais areia, mais mar. A vista é linda, natureza exuberante, bela, em todo o seu esplendor. No céu há sinais de chuva, mas o sol está presente. Raras vezes vemos um ou outro pescador no mar. Jegues, cavalos e vacas pastam no verde à beira da areia. Urubus no caminho de areia comem carcaças de peixes deixadas por pescadores. Avistamos o Rio Guriú, cuja travessia fazemos em uma balsa simples de madeira. Já fora do Parque Nacional, subimos as dunas brancas e amarelas, dependendo da intensidade da luz solar e chegamos no alto de uma delas, onde outrora era a vila Tatajuba, hoje conhecida como Velha Tatajuba, em contraponto à Nova Tatajuba, vista do alto de uma das dunas. Vários carros estão parados. Parada obrigatória para fotos. A vista é de tirar o fôlego. E o dia estava especial, pois vimos um lado totalmente ensolarado e outro encoberto por nuvens, com chuva a caminho. Continuamos a descer. Nova travessia em balsa. Esta segunda travessia em balsa só acontece nesta época do ano, o inverno como eles dizem, pois há muita chuva. Após a travessia, mais um pouco de trilhas por dunas e enfim o nosso destino é avistado:a Lagoa da Torta. Lindíssima a vista do alto da duna. À direita bem lá embaixo, vejo algumas barracas toscas com redes e cadeira dentro d'água. É para lá que estamos indo. O buggy desce a última duna, para ao lado de vários outros carros e subimos em um barco. Travessia com muitas pessoas, todos turistas, que dura cinco minutos. A barraca indicada pelo nosso motorista é a mais a esquerda, embora não fosse a melhor estruturada. Decidimos seguir o conselho e não nos arrependemos. Cleomir, o garçon novinho da Barraca do João, nos atende muito bem e a caipiroska de maracujá do local é fantástica. Logo ele trás uma bandeja com peixe (pargo e ariagó), lagosta e camarão, todos fresquinhos. Escolhemos o peixe que não conhecíamos, o ariagó, que segundo o garçon e o nosso motorista, era um peixe da família do pargo. O acompanhamento do peixe, que escolhemos grelhado, é baião de dois, farofa e tomate. O preparo demora apenas vinte minutos. O peixe nos foi servido às 13:20 horas. Embora com um sal um pouquinho além da conta, estava muito bom. Ótimo o baião de dois, bem caseiro. O melhor de tudo, nada com coentro (que na minha opinião estraga qualquer prato). Ao terminar o almoço, o motorista avisa que é melhor voltar por causa da maré. Vemos que todos se preparam para a volta. Pagamos a conta do restaurante no valor de R$50,60 e entramos no barco de volta para o local onde o buggy estava estacionado. Surpresa, a travessia neste barco é cobrada, cada um tem que pagar R$2,00. De volta para o buggy, somos o primeiro carro a sair e o motorista resolve mostrar suas habilidades, subindo e descendo as dunas, ao invés de pegar a trilha normal. Descidas, subidas nas laterais das dunas, zigue-zagues, e velocidade, muita velocidade. Foi assim até Jeri. Nunca tinha andando em um buggy com emoção, sempre recusei a oferta quando estou em praias fazendo os passeios nestes veículos, mas desta vez ninguém perguntou nada, o motorista simplesmente fez as manobras que achou interessante fazer. Atravessamos as duas travessias de balsa (cada travessia custa R$10,00 a ida e volta, já incluído no valor ajustado com o bugueiro). Eli nos deixou na praia, bem em frente ao restaurante de nosso hotel às 15:10 horas. Pagamos o valor acertado e fomos para a piscina, onde ficamos até começar a chover, por volta de 16:30 horas. Hora de voltarmos para o quarto, tomar banho, descansar e atualizar nossos registros. É o que faço agora.
A supervisora do hotel, Patrícia, muito amável, liga para o quarto e quer saber se estamos bem, se falta alguma coisa, enfim, depois das reclamações no dia de nossa chegada e tendo falado com meu amigo que iria postar o fato neste blog, o pessoal do hotel está amabilíssimo conosco.
Leio o Guia Quatro Rodas sobre indicações em Jeri. Resolvo agendar nossa volta para Fortaleza em um 4X4 diretamente no hotel. Queremos sair no sábado às 9:30 horas, mas o carro só estará disponível a partir de 11:30 horas. Meu amigo, birrento, não quer. Teremos que procurar em agências de viagem pela vila. A recepcionista do hotel, Taís, muito simpática, diz que tentarão outro carro e que a resposta definitiva do hotel será dada na manhã de sexta-feira, dia 17/04. Nova senha para acesso por 24 horas à internet sem fio do hotel nos custa mais R$20,00. Depois de falar por vinte e cinco minutos pelo skype com meu companheiro e uma amiga, resolvemos sair para jantar. Antes passamos por duas lojas para comprar anéis. Ambos compramos anéis em prata. Comprei um anel em prata 950 (R$85,50) do designer argentino (que mora há cinco anos em Jeri com toda a família) Javier Grané na loja Arte em Prata, na Rua Principal. Nesta mesma loja, meu amigo compra um colar de couro com detalhes em prata. A preocupação dele é o anel não ficar armado, parecendo gola de palhaço, mas a vendedora, esposa do designer, afirma que basta tomar um banho com o colar e ele se moldaria ao pescoço. Ele cede e compra o colar. Em uma loja ao lado, de Alexandre Sidou, compro outro anel em prata 950 (R$176,00). Meu amigo também compra um anel de prata com couro, para combinar com seu recém colar. Já que estávamos na Rua Principal, paramos para jantar no restaurante Casa das Trufas. Havia apenas uma mesa ocupada por dois casais de estrangeiros, que se comunicavam em inglês e em espanhol. Escolho um peixe grelhado, na continuidade de minha heróica batalha pelo emagrecimento. Comida caseira, muito bem feita. Meu amigo quer carne vermelha. Ficamos apenas cinquenta minutos no restaurante. Comemos, bebemos um café expresso e pedimos a conta. Total consumido é de R$68,64. Voltamos para o hotel. Vamos descansar um pouco e temos planos de sair por volta de meia noite, ver o movimento na Rua Principal. A dica que nos deram é ir dançar no Mamma África. Veremos...
Nada vimos, pois ao sair do quarto, a chuva começou a cair fortemente, sem sinais de trégua. Voltamos e, pela primeira vez nesta viagem, após oito dias, meu amigo liga a TV para ver o Programa do Jô. Vejo apenas a primeira entrevista, com um tal de Inri Cristo, que diz ser Cristo reencarnado. Hilário. Fecho os olhos e tento dormir.
Música do dia: apenas os sons da natureza.