Acordei bem cedo, antes mesmo do anúncio no sistema de som para que todos estivessem reunidos no Salão Sky, onde um café para madrugadores era servido antes do desembarque no Cabo Hornos, o pedaço de terra mais ao sul do planeta antes da Antártica. Às 7 horas já estava paramentado para enfrentar vento, frio e chuva. A primeira informação dada foi que um bote Zodiac já havia deixado o Stella Australis para checar as condições para desembarque em terra firme. Enquanto aguardávamos, deram instruções de como proceder para o desembarque no Cabo Hornos. Sinal verde, a turma de brasileiros desta vez era a primeira de todos. Fui no segundo bote. Um mar mais mexido do que os demais dias não deixava dúvida de que estávamos perto do encontro entre os oceanos Pacífico e Atlântico. Na água, muita alga, motivo pelo qual o condutor do Zodiac teve que desligar os motores e dois homens-rã, na verdade os dois garçons do bar do Salão Darwin, estavam na água, protegidos com roupas de neoprene e máscaras que lembravam ninjas, para empurrar o bote até a pequena praia. Um a um saía e já dava de cara com uma escada com 160 degraus. Ventava muito frio e uma chuva fina insistia em cair. Vencida a escadaria, já avistei o monumento "Cabo de Hornos", de José Balcells Eyquem, uma escultura gigante com a figura vazada de um albatroz, a ave solitária, muito comum na região. Caminhamos até este monumento para registrar a nossa presença em fotos, parando no meio do caminho para receber as boas vindas do oficial chileno que mora na ilha. Anualmente um oficial se muda para lá com sua família. Atualmente moram na ilha o oficial, sua mulher e dois filhos. A sua casa fica no mesmo prédio onde funciona um farol e uma lojinha de souvenir, comandada pela esposa do oficial. Em frente à casa, uma capela de madeira compõe o cenário, além de uma bandeira do Chile tremulando eternamente devido aos fortes ventos que sopram no extremo sul da Patagônia. Vistos os atrativos da ilha, voltamos para o bote e, consequentemente ao navio. Neste desembarque quase ninguém tirou os coletes salva-vidas, pois tudo era muito rápido, já que o tempo poderia mudar a qualquer momento e uma retirada mais célere da ilha poderia ser necessária. Ao chegar ao navio, o café da manhã estava servido no Comedor Patagônia, para onde nos dirigimos após desfazermos das pesadas roupas. Após o café uma pequena exposição sobre a Baía Wulaia, onde ancoraríamos após o almoço e faríamos nosso último desembarque antes do término do cruzeiro. No mesmo local desta informação, o Salão Sky, foi exibido o documentário Expedição Antártica do Shackleton. Como tinha tido uma noite muito ruim, preferi retornar à cabine para tentar dormir, o que de fato consegui, acordando perto da hora de almoçar, quando retornei à mesa 19 do Comedor Patagônia. O último buffet a bordo foi dedicado à culinária chilena, quando iguarias como centolla, pastel de choclo (milho), cebiche, porotos verdes (feijão), entre outras, puderam ser degustadas. Na sobremesa, doces chilenos, incluindo huesillo de mote, um suco de pêssego desidratado com milho cozido em caldo doce, servido gelado e com uma colher para comer o milho. Gostei. Nenhuma programação até o desembarque, previsto para 16 horas. No trajeto, vi leões marinhos brincando no mar, bem próximos ao navio. O último desembarque foi na Ilha Navarino, cuja concessão de uso pertence à companhia Cruceros Australis. Uma antiga estação de rádio foi restaurada e serve de sede para um museu que conta a história do local, especialmente dos yámanas, etnia que habitava a Terra do Fogo quando o homem branco ali chegou. No caminho entre o navio e a ilha, o maior trajeto da expedição, uma turma de golfinhos deu o ar da graça. Os condutores dos botes Zodiac davam voltas na baía antes de chegar no pequeno pier de desembarque para permitir aos turistas belas fotos dos golfinhos. Ainda no navio, tivemos que decidir que tipo de caminhada faríamos na Ilha Navarino. Também havia a opção de andar de caiaque, único passeio pago e limitado a oito pessoas. Apenas quatro quiseram este passeio. Os demais se dividiram entre as duas opções de caminhada. A esmagadora maioria, onde eu estava, preferiu a caminhada morro acima. A outra seria pela costa. Arrependi. É uma subida pesada (muita gente desistiu no meio do caminho), sem muitos atrativos. Há uma bela vista no alto do morro que rendem algumas belas fotos e uma enorme castoreira cujos habitantes não quiseram aparecer para nós. Ficamos parados, em silêncio, esperando o castor colocar o focinho para fora, mas não adiantou. Uma jovem brasileira reclamou em voz alta que queria voltar, motivo de reclamação dos turistas franceses que exigiam o máximo de silêncio para ver o castor. A turma de brasileiros desceu logo, eu inclusive. De volta à praia, dei uma rápida olhada no museu e aproveitei para beber um chocolate quente, como nos demais desembarques. Voltei ao navio e fui enfrentar a fila para pagar os extras do navio na loja do 2º andar, antes do jantar de despedida.
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Léo - não sabia que você passou a se dedicar aos esportes radicais! Contratou a agente de viagens do Luís Henrique?! rss Curti seu post. Abraço. Luciano Maduro
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