Eu estava em Natal, Rio Grande do Norte, desde a última terça-feira, dia 06 de março, coordenando uma reunião de trabalho. Sexta-feria, após terminado o evento, chovia por volta de 17:30 horas. Resolvi pegar um táxi, dar uma passada no hotel, deixar minha mochila, indo conhecer o shopping Midway Mall. Minha ideia era dar uma volta, fazer um lanche, e assistir algum dos filmes em cartaz no Cinemark local. Do Serhs Grand Hotel, onde eu estava hospedado, até o centro de compras, o táxi levou meia hora devido ao tráfego intenso do horário. O Midway Mall é amplo, com corredores largos. Fui direto ao piso onde está o cinema. Ao chegar lá, vi que o Teatro Riachuelo ficava no mesmo piso, em frente a uma ala com alguns restaurantes (não é a praça de alimentação, que fica no piso inferior ao que eu estava). A entrada do teatro é imponente, com linhas modernas e pé direito bem alto. Por pura curiosidade, parei em frente à tela de LCD que mostrava a programação do mês de março. Ao ver que Gal Costa era atração daquela noite me empolguei, pois não a via nos palcos há mais de dez anos. É uma das minhas cantoras brasileiras favoritas, ao lado de Simone, Bethânia, Zizi Possi e Marisa Monte. A bilheteria estava vazia. Pensei logo que não haveria ingresso para o show, mas fui me certificar. Fiquei surpreso quando o atendente respondeu-me que ainda tinham lugares disponíveis, tanto nas frisas quanto no balcão nobre, ambos com o mesmo preço, R$ 200,00 a inteira. Pedi um ingresso, perguntando a ele qual o melhor lugar entre a frisa e o balcão, pois não conhecia o teatro e também não queria ter visão parcial do palco. Ele me aconselhou a cadeira O da frisa 1. Faltavam mais de duas horas para o início do show, mas não quis voltar ao hotel. Conheci todos os pisos do shopping, entrei na Livraria Siciliano (achei que ela já havia sido totalmente incorporado pela Saraiva), dei uma folheada em alguns livros, e quando a fome deu sinal de sua existência, resolvi jantar no Piazzale, um restaurante italiano em frente à entrada do teatro. Passei mais de uma hora no restaurante. Como era aberto, dava para ver o movimento das pessoas chegando para o show. O pessoal chegava muito bem arrumado, as mulheres com vestidos longos, joias, cabelos bem penteados, bem diferente do púbico de shows em Brasília, onde os frequentadores são mais informais no vestir. Muito bem organizada a entrada, com local exclusivo para quem tem ingressos cortesia, como os patrocinadores, além de fila exclusiva para idosos, gestantes e pessoas com deficiência. Por falar nisto, o teatro é todo adaptado para uma acessibilidade universal. Entrei logo que abriu, mas ainda não estava liberada a entrada para dentro do teatro. Fiquei no belo hall de entrada, sentado em uma das mesinhas dispostas no ambiente. Via o público entrar. Fotógrafos profissionais paravam alguns casais que faziam poses para as fotos, anotando, em seguida, nome e contato para uma eventual compra da fotografia. Assim que liberaram o ingresso às poltronas, me dirigi ao primeiro piso do lado esquerdo, onde se localizam as frisas ímpares. O teatro é belíssimo, trazendo as cores da loja de departamentos Riachuelo, verde e azul, em suas cadeiras e poltronas. Há muitos empregados que orientam o público onde se encontra o seu lugar, fazendo com que rapidamente todos se acomodem. O primeiro sinal soou às 21 horas. Após dez minutos, novo sinal e muita propaganda nos paineis laterias do palco. Ainda não tinha noção de como seria minha visão do show, pois as luzes no palco estavam apagadas e aquelas acesas em direção à plateia me impediam de vê-lo. Fiquei, mais uma vez, observando o pessoal que chegava, a maioria já na casa dos 60 anos. O terceiro sinal veio às 21:15 horas. O teatro estava bem cheio, mas não lotado, com poltronas vazias no balcão nobre. Com as luzes apagadas, pude ver o palco. Não havia cenário. Apenas uma mesinha de apoio, onde um copo de água de coco reinava absoluto, um banquinho e um pedestal com microfone. Caixas de retorno de som e algumas luzes completavam a cena. Tive a certeza que não teria problemas com a visão do show, mas se fosse uma peça de teatro, com cenários ocupando todo o espaço, as frisas não são os melhores locais. O músico entrou seguido de Gal Costa, em um vestido vermelho e cinza com mangas esvoaçantes. Até então, eu pensava que veria um show baseado no mais recente lançamento de Gal, Recanto, onde todas as músicas são de autoria de Caetano Veloso, mas ela começou cantado Eu Vim da Bahia (Gilberto Gil), passando logo para Azul (Djavan), para delírio de seus muitos fãs que ali marcavam presença. Antes de iniciar a terceira música do set list, ela deu boa noite à plateia, apresentando o violonista Luiz Meira e dizendo que seria um show de voz e violão, quando cantaria uma série de músicas que todos, com certeza, conheciam e saberiam cantar com ela. Foi um desfile de sucessos de sua grande carreira. Mais para o meio do show, ela disse que estava ensaiando o espetáculo baseado em seu cd mais novo e que voltaria à Natal para apresentá-lo àquele público tão carinhoso. Teceu loas à Bossa Nova e a João Gilberto, dizendo que ele era um dos grandes inspiradores na sua carreira. Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi, Moraes Moreira e Caetano Veloso são alguns dos compositores que ela gravou. Muitas destas gravações viraram sucessos na voz de Gal e algumas delas ela apresentou no show como Chega de Saudade e Garota de Ipanema, ambas de Tom Jobim & Vinícius de Moraes, Festa no Interior (Moraes Moreira & Abel Silva), Folhetim (Chico Buarque) e Vatapá (Dorival Caymmi). Assim que terminou de cantar Meu Bem Meu Mal, de Caetano Veloso, ela afirmou que é a cantora que mais gravou Caetano, estatisticamente comprovado. Esta música foi acompanhada o tempo inteiro pela plateia, sendo que Gal deixou o público cantá-la uma grande parte sem sua participação. Se por um lado, um show de grandes sucessos é uma certeza de bom espetáculo, tem sempre este inconveniente de o cantor deixar o público cantar. Mas mesmo não tendo pago para ver um grande coro potiguar cantar alguns sucessos de Gal Costa, o show foi ótimo. A cantora estava bem humorada, conversando muito com o público, fazendo chamegos no músico, tomando água de coco (ela chegou a reclamar, de leve, da produção, pois achou que a água não era natural). Fez questão de falar que sua voz continua a mesma, com todos os agudos de sempre, dando um recado para aqueles que a criticaram dizendo que ela não alcança mais as mesmas notas musicais que alcançava quando era mais jovem. Fez firulas com a voz, como Elza Soares costuma fazer, só que utilizando tons agudos. Outros sucessos interpretados por Gal Costa neste espetáculo foram: Camisa Amarela (Ary Barroso), Sorte (Celso Fonseca & Ronaldo Bastos) e Baby (Caetano Veloso). Um momento lindo do espetáculo foi sua interpretação para Vapor Barato (Jards Macalé & Waly Salomão). Ela provocou o público assim que terminou de interpretar Garota de Ipanema, dizendo que adorava o modo como os potiguares falam Ipanema. Obviamente que ela pediu para que todos repetissem a palavra, sendo atendida em uníssono. Foi o bastante para ela elogiar o sotaque dos presentes e dizer que adora a diversidade de sotaques do Brasil. Neste momento alguém gritou "Você É Linda!". Ela abriu um sorriso, respondeu que aquele elogio ficava mais bonito com o sotaque potiguar, pegou o copo com água de coco e, antes de beber mais um gole, cantou os primeiros versos de Você É Linda, de Caetano Veloso, confessando que achava aquela canção tão bonita, mas nunca a havia gravado. Com uma hora de show, ela se despediu cantando Festa no Interior e Canta Brasil (David Nasser). Aplaudidíssima, deixou o palco para voltar rapidamente devido ao insistente pedido do público. Mais dois sucessos foram cantados: Chuva de Prata (Ed Wilson & Ronaldo Bastos), encerrando com Força Estranha (Caetano Veloso). Fim de um belíssimo show. Foi ótimo rever Gal Costa em cena, em forma e feliz. Voltei para o hotel radiante de ter tido a sorte de conferir este show.
música
Noel,
ResponderExcluirHá uns três ou quatro acnos, acho, vi um show em que ela cantava sucessos, mas aí com banda.
Minhas lista de cantoras prediletas é a sua também, mas acrescida de Elis Regina, Clara Nunes, Nana Caymmi e Alcione.
Bjs
Outra coisa:
ResponderExcluir- estou ouvindo o disco Burgre, que adoro, do Ney, e não tem como me lembrar do Ric.
A apresentação dele e a dublagem de Mente, Mente, foi perfeita e inesquecível.
Dê um beijo nele por mim.
Bjs
Pek,
ResponderExcluirAguarde mais um show de Ric na festa de 50 anos de Murilo.
Bjs.