Há muito tinha vontade de conhecer o Museu do Futebol em São Paulo, mas sempre alguma coisa me impedia de visitá-lo. Na última vez que estive na capital paulista, não tive dúvidas. Na manhã de um sábado nublado, logo após o reforçado café da manhã, peguei um táxi em direção ao Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Estádio do Pacaembu, onde se localiza o museu. A bilheteria fica à direita da entrada principal do estádio. Paguei R$ 6,00 pelo ingresso, com direito a ver a exposição permanente e uma mostra temporária chamada "Vestiário". Antes de começar a visita, logo após passar a catraca, fui informado que fotos não eram permitidas, salvo quando o campo de futebol do estádio fosse visível. Como estava de mochila, tive que deixá-la na chapelaria. Para ver a exposição temporária, era necessário começar por ela, pois há um roteiro definido para o acervo, com a saída do museu localizada em outra parte do estádio. Assim, percorri a mostra "Vestiário", onde três artistas mostravam suas obras. Logo no saguão de entrada do museu estava a instalação de Felipe Barbosa, com bolas de futebol em vários formatos e cores dando um colorido especial ao local. Já no espaço expositivo, percorri a mostra de fotografias de Gilberto Perin, com fotos coloridas tiradas de vestiários frequentados pela equipe do time gaúcho G. E. Brasil de Pelotas. São situações impensáveis para os grandes estádios de futebol, com instalações precárias nos vestiários dos estádios do interior do Rio Grande do Sul. Uma instalação simula um ambiente com chuveiro na passagem da mostra fotográfica para a terceira exposição, um vídeo mapping de autoria de VJ Spetto. Era uma grande instalação de um vestiário e seus ícones, com direito a muitos objetos e projeções de vídeo sobre eles. Esta vídeo-instalação termina no saguão, onde estão as bolas de Felipe Barbosa e a escada rolante que dá acesso aos diversos espaços expositivos do museu. Enquanto subia a escada, observava a parede ao lado esquerdo onde uma profusão de flâmulas, escudos de times brasileiros e fotografias alusivas ao mundo futebolístico faziam um belo mosaico. Ao final da escada rolante um telão de LCD com a imagem de Pelé em tamanho real saudando os visitantes em várias línguas. Continuando o percurso, uma série de imagens de crianças jogando futebol é o ponta pé inicial para a sala onde imagens de craques de ontem e de hoje são projetadas em painéis de vidro pendurados, dando a sensação que os jogadores estão bailando no ar. Em seguida, começa a interatividade do museu. No centro de uma sala escura, vários monitores estão à disposição para quem quer ver e ouvir o relato de 26 personalidades apaixonadas pelo futebol. Num time majoritariamente masculino, o depoimento de Soninha é muito interessante. Na mesma sala, uma homenagem à era do rádio e das transmissões dos jogos de futebol, quando os locutores eram o elo entre os torcedores e o jogo. Gasta-se bons minutos nesta sala. Saindo dela, vem a parte mais emocionante. Debaixo dos pilares da arquibancada do Pacaembu, vários vídeos são projetados em telas de formatos diversos, mostrando as 27 maiores torcidas do Brasil, com direito a ouvir o som desta galera festejando o seu time do coração. A sensação que tive foi que estava no meio das várias torcidas que são mostradas, ouvindo o som, o tremor das arquibancadas na comemoração de um gol. Claro que a torcida apaixonada do Clube Atlético Mineiro, meu time do coração, está presente nesta bela homenagem aos brasileiros fãs de futebol. A próxima sala conta, por meio de fotografias e monitores de vídeo, a origem do futebol brasileiro. A forma que tais fotos estão dispostas é uma verdadeira instalação. Fiquei um bom tempo nesta sala, para, então, passar para o espaço que homenageia os grandes heróis da cultura brasileira, como Monteiro Lobato, Carmem Miranda, Carlos Drumond de Andrade, Nelson Rodrigues, Jorge Amado, entre muitos outros. Ao lado destes heróis, estão os grandes craques Domingos da Guia e Leônidas da Silva. É legal sentar e ouvir o texto sobre estes personagens da história do Brasil, enquanto as imagens destas personalidades são iluminadas em um painel móvel. A próxima sala é chamada de Rito de Passagem. Em um ambiente escuro, com a narração de Arnaldo Antunes, todo o sofrimento dos torcedores brasileiros na derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, realizada no nosso país, está escancarado no vídeo em exibição contínua na parede deste ambiente sombrio. Mesmo quem não viveu naquela época, sai triste da sala para entrar em um local onde há uma profusão de monitores e fotografias coloridas contando sobre cada copa do mundo e os fatos relevantes da história mundial que aconteceram na época. Cultura, guerra, felicidade, tristeza, personalidades, política, enfim,vários temas convivem com informações e fotografias sobre os jogos de cada uma das copas já realizadas. Depois dos totens com tais histórias, cheguei ao local onde Pelé e Garrincha são reverenciados. Logo em seguida, atravessei uma passarela, vendo o estacionamento do estádio, chegando ao ponto onde é permitido tirar fotos: um pequeno balcão com ampla visão da arquibancada e do campo. Registrei minha presença e segui em frente, chegando à sala onde uma quantidade enorme de placas coloridas contam as regras, táticas, curiosidades, números e outras informações ligadas ao futebol. Para ler tudo, gasta-se muitos minutos nesta sala. Há muito fato curioso por lá. Depois, uma nova sala com o nome de Dança do Futebol, onde quatro vídeos diferentes nos mostram a atuação do goleiro, a magia do gol, os grandes dribles e o histórico Canal 100 (lembrei-me dos tempos de adolescência, quando ia ao cinema e antes de iniciar cada sessão um filme do Canal 100 passava na telona). Cada vídeo está em um cercado que não atrapalha quem está vendo o outro vídeo. Cheguei a uma nova escada rolante. Ao descer, bandeiras dos times brasileiros pendiam do teto. As bandeiras estão colocadas obedecendo a ordem alfabética. No piso inferior, mais interatividade, pois há dois campos de futebol virtuais onde pais e filhos se divertiam, um cinema 3D (não vi), um fichário de todos os clubes que participaram do Campeonato Brasileiro de Futebol, contendo dados tais como hino, cor, uniforme, mascote, data de fundação, principais títulos nacionais e internacionais; e o chute a gol, com direito a fila, pagar mico chutando uma bola em um gol projetado na parede com fotografia deste momento (não participei deste "momento para a posteridade"!). Por fim, o último ambiente expositivo faz uma homenagem ao Pacaembu em uma série de fotografias, vídeo e a maquete do estádio. Uma nova escada rolante nos conduz à saída, onde uma loja com artigos e souvenires ligados ao mundo do futebol nos aguarda. Gostei muito de ter conhecido este museu moderno.
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