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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

A FALECIDA

A Falecida
, 1965, 90 minutos.

Mais um filme do Cinema Novo que assisto para seguir a aula do Prof. Alisson Gutemberg no Cinema com Teoria.

Dirigido por Leon Hirszman, tendo no elenco Fernanda Montenegro (Zulmira), Ivan Cândido (Toninho), Paulo Gracindo (João Guimarães), Nelson Xavier (Timbira), e Joel Barcellos (sócio da funerária).

Rodado em preto e branco, longe dos estúdios, o filme acompanha Zulmira, moradora do subúrbio carioca, sem dinheiro, casada com Toninho, infeliz na vida, doente do pulmão, desejando a morte e um enterro de primeira linha. Toninho está sem emprego e tem uma rotina bem banal: bar, conversar sobre o Vasco, seu time do coração, e casa, onde não costuma interagir com sua mulher. Faz as refeições, deita, dorme, levanta, sem um diálogo com Zulmira. Ela planeja seu enterro, fazendo a cotação na funerária, e, já no leito de morte, pede a Toninho que cumpra seu desejo. Para custear o funeral, ela diz para seu marido procurar por João Guimarães, quando Toninho descobrirá a verdade sobre sua mulher.

Só podia ser texto de Nelson Rodrigues, que sabia, como ninguém, retratar os relacionamentos conturbados das pessoas que viviam na periferia do Rio de Janeiro.

Seguindo a cartilha do Cinema Novo, A Falecida traz a realidade nua e crua da classe baixa da sociedade carioca, mostrando casebres de madeira, com paredes mofadas, e banheiro fora da casa, além dos pequenos golpes sempre presentes na malandragem carioca. Além de colocar o tema do desemprego, mesmo que tangencialmente, na trama. A questão política, diferente de outros filmes do Cinema Novo, não está presente, o que pode demonstrar que a classe menos favorecida não tinha tanta informação ou que já tinha muitos problemas para se preocupar.

Fernanda Montenegro estreia nos cinemas neste filme e já entrega uma performance de tirar o fôlego. A cena em que ela toma banho de chuva, revelando um pequeno momento de felicidade, é marcante.

Vi, em 16/02/2022, no YouTube.

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