No período de 26 de janeiro a 21 de fevereiro de 2022 esteve em cartaz no CCBB BH o Festival Rock Brasil 40 Anos.
Para comemorar estas quatro décadas do chamado Rock Brasil, que floresceu no início dos anos 1980, a Pek Produções organizou o citado festival, com shows dos principais cantores e cantoras que colocaram o rock nas paradas de sucesso, com grande sucesso nas rádios, shows, vendagem de discos e presença em programas de televisão. Não que antes de 1980 não houvesse rock no Brasil, estando Rita Lee e Erasmo Carlos ainda em atividade para provar o contrário. Mas o fenômeno com muitas bandas de uma só vez no cenário musical fazendo sucesso foi a partir de 1982.
Além de shows musicais, ainda houve exposição de fotos, mostra de cinema (sete filmes), teatro, e palestras de Nelson Motta. A exposição e os filmes tinham entrada gratuita, enquanto os demais o ingresso custava R$ 30,00 cada um. Paguei R$ 15,00 em cada ingresso por ter cartão Ourocard, um dos patrocinadores do festival.
Dentre os mais de trinta espetáculos, conferi os seguintes:
1. Exposição "Acervo de Fotos Cristina Granato Rock Brasil 40 Anos" - montada no foyer do Teatro I, a exposição trouxe fotos tiradas pela fotógrafa Cristina Granato ao longo das últimas quatro décadas de figuras importantes do rock, tais como Rita Lee, Erasmo Carlos, Serguei, Cazuza, Renato Russo, Arnaldo Antunes, Dinho Ouro Preto, Frejat, Fernanda Abreu, Júlia Freitas, Evandro Mesquita, Toni Platão, Affonsinho, Paula Toller, George Israel, Leoni, Cássia Eller, Barão Vermelho, Titãs, Hanói Hanói, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, João Penca e Os Miquinhos Amestrados, Paulo Ricardo, Nando Reis, Leo Jaime, entre outros.
2. Cássia Eller, O Musical - foi o único espetáculo que já tinha visto antes, exatamente há oito anos no CCBB de Brasília. Tacy de Campos, atriz/cantora, incorpora Cássia Eller em um poderoso musical.
3. Fernanda Abreu - trouxe um show com seus sucessos, lembrando os tempos de Blitz, quando cantou A Dois Passos do Paraíso. Mostrou muita disposição e elasticidade corporal, mesmo com 60 anos de idade. Ao final, transformou o teatro em uma pista de baile funk.
4. Evandro Mesquita - montou uma banda exclusiva para os shows do festival, cantando músicas em inglês que o influenciaram em sua carreira musical. Embora o show tenha sido bom, frustrou a maioria dos presentes ao cantar apenas duas canções da Blitz (Saquarema e A Dois Passos do Paraíso).
5. Cabeça, Um Documentário Cênico - musical/teatro calcado no disco icônico Cabeça, dos Titãs, lançado em 1986. Potente e político. Pena que o teatro tinha apenas um terço de sua ocupação.
6. Barão Vermelho - com novo vocalista, Rodrigo Suricato, fez um show de rock dançante e vibrante. Não deixou ninguém sentado a partir da terceira música. Homenagens a Cazuza e a Frejat. Cantou Legião Urbana.
7. Paulinho Moska - show acústico, só Moska e violões (que foram feitos com madeira recuperada do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro). Foi o show mais intimista de todos que vi, recheados de seus sucessos. Falou sobre a Inimigos do Rei, da qual fez parte, mas não cantou nenhuma música da banda. No bis, prestou homenagens a Cazuza e a Renato Russo.
8. Arnaldo Antunes - como sempre, foi um show ótimo. Arnaldo é um showman, nasceu para o palco. Com aquele jeito de tímido, preenche o palco e domina a plateia. Sucessos dos Titãs, da carreira solo e dos Tribalistas.
9. Paulo Ricardo - o show com a plateia mais histérica. Mulheres e homens não paravam de gritar lindo, gostoso, casa comigo. Paulo Ricardo adotou de vez o ventilador a la Beyoncé soprando suas madeixas enquanto canta. No setlist, sucessos do RPM, de sua carreira solo, de Cazuza, de Renato Russo e alguns sucessos internacionais.
10. Leoni - show cortesia oferecido pela Pek Produções para o CCBB que convidou os que mais frequentaram o festival. Foi um show gostoso, com muitos sucessos do Kid Abelha e do Heróis da Resistência. Na entrada do show, cada espectador convidado ganhou uma sacola de presente contendo uma camiseta Osklen com a logo do festival (tamanhos aleatórios, a minha foi do meu tamanho exato), um fone de ouvido tipo os do iPhone e um copo de 550 ml com a marca do festival.
11. Leo Jaime - para mim, o melhor show. Foi a primeira vez que o vi em um palco. Cantou seus maiores sucessos, especialmente os do primeiro disco. Simpático, dançou, cantou sucessos de outras bandas da mesma época, contou casos, driblou bem a situação quando houve um descompasso entre ele e a banda. Colocou a galera para dançar no terço final do show.
12. João Penca e Os Miquinhos Amestrados - show mais irreverente, marca registrada da banda, com um público fiel de longa data, pois a maioria dos presentes acompanhava todas as músicas, algumas cantadas a plenos pulmões.
Dos demais espetáculos, não quis ir ao musical Renato Russo, aos shows de Ira Folk! e de Rogério Flausino e Wilson Sideral cantam Cazuza porque já os tinha visto em oportunidades anteriores. O primeiro no CCBB de Brasília, enquanto o segundo e o terceiro no Sesc Palladium, em BH.
Ainda fizeram shows Nando Reis (não consegui ingresso), Dinho Ouro Preto, Hanói Hanói, Toni Platão, George Israel, Rodrigo Santos, Humberto Effe, André Frateschi, Cláudio Zoli e Kiko Zambianchi, alguns deles conjugados com palestras de Nelson Motta. Ainda teve o musical Cazas de Cazuza para o qual também não consegui comprar entrada.
Durante minha presença nos espetáculos, senti-me transportado para a década de oitenta, quando frequentava festas nas escolas de Arquitetura e de Farmácia, além da danceteria Santa Teresa Cine Show, onde sempre tinha a promoção "o porteiro fugiu". Durante 15 minutos ninguém pagava para entrar, o que motivava filas surreais na porta. Na época, a grana era curta. Ia com o dinheiro contado para a passagem de ônibus ida e volta, pagar a entrada e comprar um único refrigerante. Ficava na danceteria até o dia raiar, pois tinha que pegar ônibus para voltar para casa. Diverti muito no Santa Teresa Cine Show.
Nenhum comentário:
Postar um comentário