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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

DRIVE MY CAR (DORAIBU MAI KÂ)

Drive My Car
(Doraibu Mai Kâ), 2021, 179 minutos.

Dirigido por Ryûsuke Hamaguchi, tendo como protagonista Hidetoshi Nishijima (Yûsuke Kafuku).

Foi a primeira vez que vi um filme dirigido por Hamaguchi. Ao final dos 179 minutos de duração de Drive My Car, fiquei impactado. Que filme maravilhoso. Não é cansativo, está repleto de simbolismos, e nos faz refletir muito.

Um dramaturgo é casado com uma roteirista de TV, descobre que é traído, e entra em um modo introspectivo, mergulhando em seu interior mais profundo. Ele é convidado para dirigir a peça Tio Vânia, de Tchekhov, em um festival de teatro em Hiroshima. Ele prefere ir dirigindo, pois ama seu Saab vermelho, aproveitando para ir ensaiando o texto de Tio Vânia, ouvindo uma fita cassete com os diálogos gravados por sua mulher. Em Hiroshima, por causa das regras da organização do festival, quem vai dirigir seu carro é uma motorista, também muito introspectiva. Os dois irão desenvolver uma empatia que vai alterar seus modos de pensar a vida.

Os créditos, com o nome de atores, só irão aparecer após 40 minutos de filme. Parece que o diretor nos quis apresentar um longo prólogo para situar o dramaturgo e seus características psicológicas. É como se fosse uma peça de teatro dividida em atos. E para ficar mais verossímil esta comparação, o filme é calcado na peça Tio Vânia, cujos diálogos e passagens se confundem com o que está ocorrendo na história.

O que mais me impressionou é a performance dos atores. Não há demonstração de sentimentos, especialmente do dramaturgo e da motorista. Eles têm semblantes frios, com olhar fixo, demonstrando o medo de cada um perder o controle de suas vidas. Um dos símbolos mais visíveis é a interação de Yûsuke com seu carro. Ele sempre quer dirigi-lo, como se fosse a direção de sua própria vida, mas quando se depara com uma regra do festival que não consegue quebrar, entregar a direção de seu carro para uma estranha é como deixar de ter controle total de sua vida.

Outro ponto que também me chamou a atenção foi a condução dos ensaios da peça, para a qual foram selecionados atores asiáticos, mas nem todos falam japonês. Há ator falando em mandarim, outro em coreano e outra em linguagem de sinais coreana. Cada ator fala seu texto em sua própria língua, dando um toque na mesa quando termina sua fala, que é a deixa para o próximo ator também falar sua parte em sua língua. Ninguém entende ninguém, mas a peça os uniu em único propósito. Aqui vi outro simbolismo, o da dificuldade de controle quando não se pode ter uma mínima compreensão do que o outro quer transmitir.

O trabalho de direção de Hamaguchi é fantástico, com uma direção de atores perfeita. 

Ao final, fiquei curioso em conhecer a obra de Hamaguchi.

Vi, em 15/02/2022, a partir de um link que acessei de um perfil que sigo no Twitter.

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