02/01/2022 (domingo): eram 15:45 horas quando chegamos no balcão de check in da Aerolíneas Argentinas no Terminal 3 do GRU Airport. Com toda a papelada exigida para entrar na Argentina. Havia duas pessoas verificando os documentos antes da fila para o check in. Os dois eram empregados de uma empresa prestadora de serviços que está atuando no aeroporto e atendendo às companhias aéreas. Uma mulher pegou os documentos de Gastón, enquanto eu esperava, quando o homem resolveu pegar os meus. Gastón há havia sido liberado, entrando no espaço da fila, quando o homem disse que meu exame do RT-PCR tinha sido feito com mais de 72 horas. Aí começou a confusão, com muito bate boca, especialmente entre Gastón, que retornou da fila, e o tal empregado. Ele afirmava que contava o dia em que foi feito o exame. Como fizemos no dia 30/12/2021, ele contou 30, 31 e 01. Uma conta totalmente sem noção. Gastón argumentou que tinha viajado pela mesma companhia aérea, saindo de Guarulhos, em novembro de 2021, tinha feito o exame tal como nós fizemos e ninguém questionou. Ele manteve sua conta. Nem adiantava dizer que deve ser desconsiderado o primeiro dia e contado o último, como é a contagem de prazos no direito brasileiro. Ele não deixava a gente passar e a fila ficava grande atrás de nós. Pedi para falar com o supervisor dele. Enquanto ele ia até o balcão conversar com o supervisor, levando nossos exames, deixamos a fila fluir. Ele retornou dizendo que o supervisor viria em instantes. Mas o que vimos foi o supervisor passar de um balcão para o outro, atender passageiros e nem dar sinal de que viria até onde estávamos.
Gastón continuava a discutir com o empregado, perguntando a ele como contava seus aniversários. Se nasceu em 1985, ele já tinha um ano no nascimento, porque era assim que ele estava contando o prazo de nosso exame. A discussão seguia acalorada e em voz alta, quando uma mulher de colete chegou perguntando o que havia. Gastón começou a relatar, ela começou a dizer que o empregado estava certo, quando lhe perguntei se ela era a supervisora. Já tinha visto a mulher rondando o terminal. Era uma espécie de segurança. Óbvio que a resposta foi negativa. Insisti para que o supervisor viesse até nós, momento em que tal mulher foi até ele, apontando para nós dois. Veio o supervisor, com a mesma ladainha do empregado, sem nem mesmo esperar nossa fala, ou seja, já veio armado até os dentes. Ele afirmou que nós não embarcaríamos, que se deixassem a gente passar, chegaríamos em Buenos Aires e teríamos que voltar, com os custos sendo arcados pela companhia aérea. Já não havia como argumentar mais. Decidimos procurar alguém responsável pela Aerolíneas Argentinas, mas eles só trabalhavam de segunda a sexta-feira, em horário comercial. Somente havia o responsável pela empresa terceirizada, cujo nome era Jaime, e ficava no Terminal 2. Não nos deram maiores detalhes da localização. Estavam nos irritando. Gastón resolveu ir procurar a polícia. Muito nervoso, ele disse para eu ficar sentado em algum lugar, quando fiquei com a mala de mão dele. Ele praticamente voou para o Terminal 2 enquanto eu fiquei sentado no Terminal 3, próximo aos balcões da Aerolíneas Argentinas.
Durante minha espera, procurei o telefone da companhia aérea na internet, só encontrando o número da central de atendimento, para a qual liguei, sendo atendido por uma gravação informando o horário de funcionamento de segunda a sexta-feira. Gastón não dava notícias. Também liguei para minha diarista, que estava na minha casa, para ela me enviar uma foto da nossa certidão de casamento, pois Gastón disse que poderia ser útil. Ela conseguiu encontrar a certidão seguindo minhas instruções, tirou a foto e me enviou por WhatsApp.
Eram mais de 16:30 horas quando ele retornou com o semblante para baixo, dizendo que foi muito bem atendido pela Polícia Federal, que lhe disseram que as companhias estavam fazendo a contagem como o empregado fez, motivo pelo qual as filas para fazer o teste rápido no aeroporto eram gigantescas. Não havia mais tempo hábil para fazermos novo exame, pois demorava, no mínimo, quatro horas para sair o resultado. Nosso voo era às 19:00 horas. Tínhamos que providenciar a remarcação do bilhete, resolver a questão da bagagem, que tinha sido despachada em Confins diretamente para Buenos Aires, e ainda contactar hotel para alterar a reserva. A única forma de fazer isso era ir novamente conversar com o supervisor com o qual tínhamos discutido. Ainda com a documentação na mão, fomos para o balcão de check in. Quando lá chegamos, estava apenas a mulher que havia liberado o Gastón antes da confusão. Ela apenas perguntou se Gastón era argentino, que respondeu, em um estalo, que era argentino e tinha residência em Buenos Aires, assim como eu, por ser casado com ele. Ela abriu aquela fita que separa o cercadinho onde se forma a fila do check in, fazendo apenas um gesto para passarmos, desejando-nos boa viagem. Conclusão, ela sabia que estávamos certos desde o início e que tudo foi armado por causa da discussão, dos ânimos acirrados.
Ainda assim, ficamos tensos até o momento do check in, pois o supervisor e o empregado que me impediu de entrar passavam para lá e para cá entre os balcões. Um atendente super educado e simpático nos atendeu, pegou toda a documentação, conferiu, nem lançou no sistema, pois isso já havia sido feito pela Azul quando do nosso check in em Confins, marcou nossos assentos como pedimos (14C e 14D - corredores lado a lado), conferiu se nossas bagagens estavam registradas no sistema da Aerolíneas Argentinas. Recebemos os cartões de embarque. Felizes e aliviados, fomos para a sala de embarque de imediato.
A fila para passar no Raio X estava fluindo rapidamente, mas sempre há aqueles que andam cheios de penduricalhos de metal e atrasam a todos, pois têm que tirar tudo para passar no detector de metais. Quando passei, detectaram algo na minha mochila, pedindo para que eu a abrisse. Era o talco que uso. Deram ok e terminei o controle. Gastón, que vinha em seguida, foi sorteado para a inspeção aleatória. Tendo que ficar parado, enquanto um segurança passava o detector de metas por seu corpo, e ainda teve que abrir a sua mala de mão. Gastón, que nunca tinha sido sorteado, ao ser dispensado, insistiu para a segurança verificar o interior de sua mochila. Esperei ele se recompor com seus pertences para seguirmos para a fila da imigração.
Como tinha a certidão de casamento no celular, eu e ele fomos na mesma fila, de brasileiros. Juntos passamos pelo balcão da imigração, onde tivemos que tirar a máscara para a policial nos comparara com as fotos dos nossos documentos.
Eram 17:20 horas quando entramos, enfim, na área de embarque internacional. Resolvemos tomar algo refrescante, escolhendo um bonito bar da Heineken que fica logo após a escada rolante que dá acesso às salas VIP. Estava vazio. Sentamos em uma mesa mais distante do interior, mas nenhum dos garçons veio até nós. Esperamos mais um tempo e nada de sermos atendidos. Levantamo-nos e seguimos em frente, quando um dos garçons nos chamou, dizendo que tínhamos esquecido o celular na cadeira da mesa em que estávamos. Tanto o meu celular, quanto o de Gastón, estavam conosco. Respondemos que não era nosso. Era um iPhone 13 e um carregador portátil. Fiquei pensando se não era uma pegadinha, dessas que são gravadas e depois passa na televisão.
Mais à frente, depois de passar pelas lojas de grife, comprei uma garrafa de água com gás (500 ml) e um Sprite Leve (500 ml) na loja 365 Déli, pelos quais paguei R$ 27,00 no cartão de crédito. Sentamos em uma mesa em frente para matar a sede.
Perto de 18:00 horas nos dirigimos para o portão de embarque, passando pelo banheiro antes. Nosso grupo para embarcar era o três. Aguardamos sentados o início do embarque, que começou somente às 18:30 horas. Vimos um senhor no atendimento que nos pareceu o responsável pela empresa terceirizada, bem como o empregado que nos barrou no check in. Nova tensão se apossou de nós. Só relaxei quando entreguei meu passaporte e meu cartão de embarque para o empregado, que nem olhou para mim, se limitando a devolver os documentos, desejando boa viagem. Gastón só relaxou quando o avião fechou as portas.
O avião decolou com quase meia hora de atraso. Estava com uma ocupação de mais de 70%, com certeza.
O voo 1243, trajeto Guarulhos-Aeroparque, transcorreu tranquilo, com pouca turbulência. Houve serviço de bordo: dois sanduíches de miga e refrigerante.
Pousamos em solo portenho às 22:00 horas, praticamente dentro do horário inicialmente previsto. Não desembarcamos por ponte, nem por ônibus. Ao descer as escadas do avião, um bafo quente nos recebeu em Buenos Aires, mostrando o que seria nossa estadia na Argentina.
Gastón disparou na frente para a imigração, eu fui atrás. Ele disse para eu passar com ele. Como estava para trás, ainda ouvi o funcionário da imigração separando os argentinos e residentes para um lado e os demais estrangeiros para o outro. Fui na fila dos argentinos e residentes, alcançando Gastón. Passamos juntos no balcão da imigração, onde tivemos que tirar a máscara e os óculos para uma foto. Para Gastón, o funcionário pediu apenas o certificado de vacinação, enquanto eu tive que mostrar o certificado e o seguro saúde. O exame negativo RT-PCR, que tanta confusão deu em Guarulhos, não foi sequer mencionado pelo funcionário da imigração. No meu passaporte, ele carimbou a entrada para turista, 90 dias.
Era hora de esperar as malas, que vieram rápido. Passamos pelo controle alfandegário sem ter que colocar nossas bagagens na esteira de raio X. Saímos do Terminal Internacional, contornando pelo lado de fora, para o lado direito, entrando novamente no aeroporto para fazer câmbio no balcão do Banco de La Nación.
Enquanto eu fazia o câmbio de R$ 100,00, apenas para ter pesos argentinos até o dia seguinte, Gastón foi procurar onde comprar algum voucher para táxi. Pelos R$ 100,00, recebi ARS 1.770,00. Ao sair, uma fila se formava para o câmbio. Fui atrás de Gastón. Já quase chegando perto dele, percebi que tinha deixado meu celular no balcão da casa de câmbio. Gastón, muito pessimista, disse que eu não o encontraria. Voltei a passos largos, pedi licença para os que estavam na fila. Chegando no campo de visão do balconista do câmbio, ele me mostrou meu celular. Que alívio! Não queria mais um problema naquele fim de domingo.
Encontrei Gastón. Eu queria pegar um remis. Embora seja mais caro, pode comprar um voucher nos balcões que existem no aeroporto, paga-se com cartão de crédito, tem sempre carro disponível, os carros são limpos e confortáveis e os motoristas são, geralmente, muito educados. Gastón queria chamar um Uber, mas, na Argentina, a coisa mais difícil é um motorista Uber aceitar quando a opção de pagamento é por cartão de crédito. Ainda assim, Gaston simulou uma corrida do aeroporto até o nosso hotel. Ficavam ARS 1.680,00.
A decisão foi pelo táxi que fica na porta do aeroporto. Há um novo sistema para tomar tais táxis. Há um QR Code que deve ser lido com a câmera do celular, abrindo uma página na qual você informa o destino, o número de passageiros e o número de bagagens, recebendo o valor a pagar. Ao entrar no táxi, a gente deve mostrar, no celular, o valor da corrida e o destino. Não há pagamentos pelo aplicativo, apenas o valor que deve ser cobrado. O pagamento é feito diretamente ao motorista, no fim da corrida, geralmente em dinheiro. Alguns aceitam pagamento via mercado pago. Nosso valor foi de ARS 938,90, sendo dois passageiros e três bagagens, com destino ao Huinid Obelisco Hotel (Sarmiento 1.431). Enfim, nossa saga em aeroportos chegava ao fim naquele domingo. O relógio marcava 22:44 horas. Fomos para a fila do táxi.
Continua...
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