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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

ARGENTINA - DIA 8 - ROSARIO - DIA DE PRAIA DE RIO


09/01/2022
(domingo) - mais uma vez acordei com o alarme do celular, às 08:15 horas. Foi uma noite de sono profundo, sem acordar uma vez sequer. Fiquei jogando Pokemon Go no celular até perto da hora em que agendamos nosso café da manhã. Desta vez, nosso agendamento estava na listagem. Fomos rápidos, demorando apenas meia hora no local.

Saímos às 10:00 horas do estacionamento rumo à parte norte da cidade, onde fica o Balneario La Florida. O dia, como sempre, estava quente, com céu sem nenhuma nuvem. O balneário fica perto da ponte que liga Rosario a Victoria, cruzando o Rio Parana. Tentamos uma vaga no estacionamento por detrás do balneário, mas tinha um fila grande de carros para entrar. Decidimos colocar o carro perto da portaria principal. Havia muitas vagas. Era estacionamento pago, controlado pela prefeitura da cidade. Pelo tempo integral de funcionamento do balneário, o valor do estacionamento é único. Pagamos, em dinheiro, ARS 200,00 (R$ 5,75). Do estacionamento, vimos a extensão da praia que margeia o rio. Estava lotadíssima. Não tinha nenhuma sombra e poucos bares. Dentro do balneário, muito espaço na areia. Pagamos ARS 200,00 (R$ 5,75) cada um para entrar.

O local tem uma boa estrutura, especialmente para quem gosta de caiaque (tem para alugar, incluindo os coletes salva-vidas). Também não tem muito local para se proteger do sol, mas no centro do balneário há um serviço de locação de guarda-sol, além de vestiários de tamanho adequado. Gastón seguiu a estrada de madeira a passos largos para o fundo do balneário onde havia um restaurante com muita sombra.

Eu fiquei em uma mesa, com proteção meia boca contra o sol, em uma lanchonete sem serviço de garçom até que Gastón deu sinal que tinha lugar no restaurante Mapu. Fomos para lá.

Para garantir o distanciamento social, na areia havia círculos marcados com mangueiras. Neles se podia acomodar cadeiras de praia e guarda sol. Fora deles, não. Na água, para evitar acidentes com jet ski, há uma barreira indicando onde os banhistas podem ficar. Apenas Emi entrou na água.

Sentamos em uma ótima mesa, com vista para o rio. O restaurante é típico de praia mesmo, com estrutura mais rústica. O vento que soprava alivia o calor que fazia. Resolvemos almoçar ali mesmo.

Restaurante: Mapu Rosario.

Endereço:  Avenida Eudoro Carrasco, 3.610 (Costanera y Escauriza), Rosario, Santa Fe, Argentina.

Instagram: @mapurosario

Data: 09/01/2022 (domingo) - almoço.

Especialidade: petiscos de bar, pescados.

Tempo no local: 4 horas.

Valor pago: ARS 4.230,00, com cartão de crédito (R$ 262,08 na conversão do cartão, já incluído o IOF). Valor para duas pessoas (eu e Gastón).

Ambientefica dentro do balneário La Florida. Decoração rústica, com pé direito alto, salão protegido nas laterais por grandes vidraças que permitem ver a movimentação na praia e o rio. Ao fundo, o balcão de apoio para os garçons. Na parte que dá para a frente, as vidraças estavam abertas, permitindo a circulação de uma providencial brisa. Mesas de madeira, bem distantes umas das outras.

Serviço: eficiente, sem firulas, mas também sem nada de excelência. Mais de um garçom nos atendeu, todos atenciosos. Os nossos pedidos chegaram em tempo adequado à mesa.

A experiênciaficamos muito tempo no restaurante. Comecei apenas com bebidas para refrescar do calor. Primeiro foi um exprimido de naranja (ARS 400,00), cujo gosto não estava bom. Passei para um Seven Up sem açúcar (ARS 210,00). A primeira pedida de comida foi uma empanada frita de carne (ARS 180,00), que estava muito gostosa, embora a massa tenha vindo um pouco gordurosa. Para almoçar, dividi com Gastón a sugestão do dia (ARS 2.500,00): boga (pescado) assada na parrilha, terminada no forno, acompanhada por uma salada de alface (dois tipos), rúcula, tomate e cenoura crua ralada. Também pedi uma porção de batatas rústicas. Na mesma tábua em que o peixe foi servido, veio uma cumbuca com vinagrete. A boga estava bem cozida, com sal no ponto, carne branca e macia. Gastón bebeu o drinque Rosso Pomelo (ARS 490,00) e uma garrafa de um litro de cerveja tipo bock Andes (ARS 630,00).

Durante o almoço, três jovens faziam a distribuição de amostras de bloqueadores solares para o rosto da marca La Roche-Posay. Para ganhar, bastava informar nome e e-mail. De lá para cá, recebi apenas um e-mail com publicidade da empresa. Junto com o brinde, cada um recebeu um cartão que dava 50% de desconto na compra de produtos da La Roche em farmácias de algumas cidades da Argentina. Não chegamos a usar nossos cartões.

Saímos do restaurante às 15:30 horas. Coloquei o pé na areia e quase me queimei. O sol castigava nossas cabeças. Andei mais rápido para chegar no carro, que estava protegido por uma boa sombra.

Da zona norte para a zona sul da cidade, sempre de carro, reparando a arquitetura da cidade. Vimos mansões, prédios modernos, prédios antigos, prédios modernos de novo, sempre com o rio ao lado esquerdo, margeado por muito verde. Há uma sequência de parques e praças, sempre ao lado do rio.

Seguimos até o Monumento Nacional a La Bandera, que já tínhamos conhecido no dia em que chegamos à cidade. Antes de voltar para o hotel, checamos onde nasceu e morou Che Guevara. Era no nosso caminho. Paramos na Calle Entre Rios, nº 480. Uma placa indicava que naquele edifício era a casa de nascimento de Guevara. Pausa para fotos. Outros carros faziam o mesmo, já que não há visitação no edifício, que me pareceu ser residencial até hoje.

Era hora de regressar ao hotel para fazer a famosa soneca de final de tarde, Eram 16:10 horas. Acordei às 19:00 horas. Tempo para banho e arrumar novamente a mala, pois na manhã seguinte seguiríamos viagem para Buenos Aires. Combinamos de jantar em um restaurante especializado em carne. Às 21:30 horas saímos do hotel. Fomos de carro até o restaurante La Estancia. Passando pela porta, sem conseguir achar vaga nas ruas perto dele, vi que indicavam um estacionamento conveniado na avenida ao lado. Deixamos o carro neste estacionamento. O restaurante dava como cortesia uma hora e meia no estacionamento.

Restaurante: Parrilla La Estancia.

Endereço: Avenida Pellegrini, 1.510, Rosario, Santa Fe, Argentina.

Instagram: @laestancia_parrilla

Data: 09/01/2022 (domingo) - jantar.

Especialidade: carne (asado).

Tempo no local: 1 hora e 40 minutos.

Valor pago: ARS 4.010,00, com cartão de crédito (R$ 250,45 na conversão do cartão, já incluído o IOF). Valor para duas pessoas (eu e Gastón). Deixamos ARS 200,00 (R$ 5,74), em espécie, de gorjeta.

Ambientelocal amplo, com muita madeira na decoração, além de objetos de decoração que te lembram que você está em uma parrilha argentina. Mesas de madeira, sem toalhas, cadeiras confortáveis, também de madeira. Ambiente totalmente climatizado.

Serviço: muito bom, com uma boa brigada de garçons. Os pratos pedidos chegaram muito rápidos à mesa. A casa cobra pelo serviço de mesa (cubiertos) no valor individual de ARS 120,00. Tem convênio com um estacionamento na mesma avenida. O cliente recebe como cortesia uma hora e meia de estacionamento.

A experiênciapara beber, ainda insisti no exprimido de naranja (ARS 220,00), mas este estava ótimo. Veio geladinho, bem gostoso, sem gosto de laranja passada. Gastón compartilhou vinho tinto Nicasia Malbec (ARS 1.530,00) com Emi e Rogério, bem como uma soda (água com gás) (ARS 50,00). Para começar, eles dividiram uma provoleta (ARS 550,00), nada mais do que queijo provolone assado regado com azeite. Para comer, eu e Gastón dividimos um corte Mar Del Plata (ARS 1.950,00), que é uma costela cortada ao inverso, acompanhada por ensalada rusa (ARS 600,00). Bem servido tanto a carne quanto a maionese (ensalada rusa). Carne super macia, podendo ser partida com a colher. Foi com chave de ouro que fechamos nossa estadia em Rosario.

Depois de um bom jantar, era hora de retornar ao hotel. No estacionamento, com o tíquete do restaurante, pagamos apenas a diferença, pois ficamos mais de uma hora e meia no La Estancia. Tal diferença ficou em ARS 120,00 (R$ 3,43), paga em dinheiro.

Na recepção do hotel fui agendar nosso café da manhã de segunda-feira, mas não era necessário, pois muitos hóspedes já haviam partido naquele domingo.

Ainda terminei de arrumar minha mala. Deitei em seguida. Nem vi a hora.

Continua...

BO BURNHAM: INSIDE


Bo Burnham: Inside, 2021, 87 minutos.

Concebido, escrito, dirigido e interpretado por Bo Burnham. É também responsável pelo figurino, fotografia e direção de arte.

Especial para televisão feito pelo ex-comediante, que continua fazendo comédia, Bo Burnham. É um musical com canções criadas por ele que falam sobre o seu dia a dia, seus pensamentos, suas neuras, suas dúvidas e seus fantasmas, tudo isso feito durante um ano enquanto esteve sem poder sair de casa devido à pandemia causada pelo novo coronavírus.

A capacidade de Burnham em fazer tudo, incluindo a gravação, que também acompanhamos no especial, em um espaço pequeno, lotado de parafernálias eletrônicas, com emaranhados de fios pelo chão, impressiona.

Além de bom comediante e fazer piada sobe ele mesmo, Burnham tem uma excelente voz e uma prefeita comunhão com as câmeras. É um camaleônico, usando poucos elementos de figurino, se transforma em várias personas em uma mesma pessoa. Quase como demonstrando múltiplas personalidades.

Seus medos e dúvidas são similares aos que têm passado milhares de pessoas ao redor do planeta por causa do distanciamento social. Muitos ficaram doentes, tendo que recorrer a médicos e remédios de controle para a ansiedade.

É um bom musical com conexão com os musicais produzidos na Broadway. Tem até intervalo (que dura segundos).

Diverte e faz refletir.

Vi por indicação de Gastón, que reviu o filme comigo.

Disponível na Netflix.

ROCK BRASIL 40 ANOS


No período de 26 de janeiro a 21 de fevereiro de 2022 esteve em cartaz no CCBB BH o Festival Rock Brasil 40 Anos.

Para comemorar estas quatro décadas do chamado Rock Brasil, que floresceu no início dos anos 1980, a Pek Produções organizou o citado festival, com shows dos principais cantores e cantoras que colocaram o rock nas paradas de sucesso, com grande sucesso nas rádios, shows, vendagem de discos e presença em programas de televisão. Não que antes de 1980 não houvesse rock no Brasil, estando Rita Lee e Erasmo Carlos ainda em atividade para provar o contrário. Mas o fenômeno com muitas bandas de uma só vez no cenário musical fazendo sucesso foi a partir de 1982.

Além de shows musicais, ainda houve exposição de fotos, mostra de cinema (sete filmes), teatro, e palestras de Nelson Motta. A exposição e os filmes tinham entrada gratuita, enquanto os demais o ingresso custava R$ 30,00 cada um. Paguei R$ 15,00 em cada ingresso por ter cartão Ourocard, um dos patrocinadores do festival.

Dentre os mais de trinta espetáculos, conferi os seguintes:


1. Exposição "Acervo de Fotos Cristina Granato Rock Brasil 40 Anos" - montada no foyer do Teatro I, a exposição trouxe fotos tiradas pela fotógrafa Cristina Granato ao longo das últimas quatro décadas de figuras importantes do rock, tais como Rita Lee, Erasmo Carlos, Serguei, Cazuza, Renato Russo, Arnaldo Antunes, Dinho Ouro Preto, Frejat, Fernanda Abreu, Júlia Freitas, Evandro Mesquita, Toni Platão, Affonsinho, Paula Toller, George Israel, Leoni, Cássia Eller, Barão Vermelho, Titãs, Hanói Hanói, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, João Penca e Os Miquinhos Amestrados, Paulo Ricardo, Nando Reis, Leo Jaime, entre outros.


2. Cássia Eller, O Musical - foi o único espetáculo que já tinha visto antes, exatamente há oito anos no CCBB de Brasília. Tacy de Campos, atriz/cantora, incorpora Cássia Eller em um poderoso musical.


3. Fernanda Abreu - trouxe um show com seus sucessos, lembrando os tempos de Blitz, quando cantou A Dois Passos do Paraíso. Mostrou muita disposição e elasticidade corporal, mesmo com 60 anos de idade. Ao final, transformou o teatro em uma pista de baile funk.


4. Evandro Mesquita - montou uma banda exclusiva para os shows do festival, cantando músicas em inglês que o influenciaram em sua carreira musical. Embora o show tenha sido bom, frustrou a maioria dos presentes ao cantar apenas duas canções da Blitz (Saquarema e A Dois Passos do Paraíso).


5. Cabeça, Um Documentário Cênico - musical/teatro calcado no disco icônico Cabeça, dos Titãs, lançado em 1986. Potente e político. Pena que o teatro tinha apenas um terço de sua ocupação.


6. Barão Vermelho - com novo vocalista, Rodrigo Suricato, fez um show de rock dançante e vibrante. Não deixou ninguém sentado a partir da terceira música. Homenagens a Cazuza e a Frejat. Cantou Legião Urbana.


7. Paulinho Moska - show acústico, só Moska e violões (que foram feitos com madeira recuperada do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro). Foi o show mais intimista de todos que vi, recheados de seus sucessos. Falou sobre a Inimigos do Rei, da qual fez parte, mas não cantou nenhuma música da banda. No bis, prestou homenagens a Cazuza e a Renato Russo.


8. Arnaldo Antunes - como sempre, foi um show ótimo. Arnaldo é um showman, nasceu para o palco. Com aquele jeito de tímido, preenche o palco e domina a plateia. Sucessos dos Titãs, da carreira solo e dos Tribalistas.


9. Paulo Ricardo - o show com a plateia mais histérica. Mulheres e homens não paravam de gritar lindo, gostoso, casa comigo. Paulo Ricardo adotou de vez o ventilador a la Beyoncé soprando suas madeixas enquanto canta. No setlist, sucessos do RPM, de sua carreira solo, de Cazuza, de Renato Russo e alguns sucessos internacionais.


10. Leoni - show cortesia oferecido pela Pek Produções para o CCBB que convidou os que mais frequentaram o festival. Foi um show gostoso, com muitos sucessos do Kid Abelha e do Heróis da Resistência. Na entrada do show, cada espectador convidado ganhou uma sacola de presente contendo uma camiseta Osklen com a logo do festival (tamanhos aleatórios, a minha foi do meu tamanho exato), um fone de ouvido tipo os do iPhone e um copo de 550 ml com a marca do festival.


11. Leo Jaime - para mim, o melhor show. Foi a primeira vez que o vi em um palco. Cantou seus maiores sucessos, especialmente os do primeiro disco. Simpático, dançou, cantou sucessos de outras bandas da mesma época, contou casos, driblou bem a situação quando houve um descompasso entre ele e a banda. Colocou a galera para dançar no terço final do show.


12. João Penca e Os Miquinhos Amestrados - show mais irreverente, marca registrada da banda, com um público fiel de longa data, pois a maioria dos presentes acompanhava todas as músicas, algumas cantadas a plenos pulmões.

Dos demais espetáculos, não quis ir ao musical Renato Russo, aos shows de Ira Folk! e de Rogério Flausino e Wilson Sideral cantam Cazuza porque já os tinha visto em oportunidades anteriores. O primeiro no CCBB de Brasília, enquanto o segundo e o terceiro no Sesc Palladium, em BH.

Ainda fizeram shows Nando Reis (não consegui ingresso), Dinho Ouro Preto, Hanói Hanói, Toni Platão, George Israel, Rodrigo Santos, Humberto Effe, André Frateschi, Cláudio Zoli e Kiko Zambianchi, alguns deles conjugados com palestras de Nelson Motta. Ainda teve o musical Cazas de Cazuza para o qual também não consegui comprar entrada.

Durante minha presença nos espetáculos, senti-me transportado para a década de oitenta, quando frequentava festas nas escolas de Arquitetura e de Farmácia, além da danceteria Santa Teresa Cine Show, onde sempre tinha a promoção "o porteiro fugiu". Durante 15 minutos ninguém pagava para entrar, o que motivava filas surreais na porta. Na época, a grana era curta. Ia com o dinheiro contado para a passagem de ônibus ida e volta, pagar a entrada e comprar um único refrigerante. Ficava na danceteria até o dia raiar, pois tinha que pegar ônibus para voltar para casa. Diverti muito no Santa Teresa Cine Show.

TRÊS CANÇÕES PARA BENAZIR (THREE SONGS FOR BENAZIR)

Três Canções para Benazir
(o título original é em afegão), 2021, 22 minutos.

Curta metragem afegão dirigido por Elizabeth Mirzaei e Gulistan Mirzaei, que concorre ao Oscar 2022 de melhor documentário em curta metragem.

Acompanha a história de Shaista, um jovem afegão, recém casado com Benazir, para quem canta algumas canções que relatam o dia a dia da mulher. Eles vivem em um acampamento precário de refugiados afegãos, em condições precárias. Shaista sonha em servir ao seu país se alistando no exército afegão, mas encontra dificuldades por ser semianalfabeto e ter que pedir que alguém da família preencha os formulários de alistamento, se responsabilizando por ele e por seus atos no exército. Ninguém da família concorda com o alistamento, pois têm medo de retaliações a todos da tribo por parte do Talibã. Ele é induzido por seu pai a ir trabalhar na colheita do ópio, onde ele acaba se viciando, pois come as sementes da papoula durante toda a colheita. O filme dá um salto de quatro anos. Shaista está em um casa de recuperação de viciados, onde recebe a visita de Benazir e seus dois filhos. Ali, ele canta mais uma canção para Benazir.

É um documentário triste, onde os sonhos de uma vida melhor para ele e sua família são frustrados por uma decisão de seus familiares. Apesar de todo o sufoco, de derrotas pessoais, o amor prevalece.

O documentário poderia explorar mais a história de Benazir, que serve apenas para dar nome ao filme.

Vi na Netflix.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

LICORICE PIZZA

Licorice Pizza, 2021, 133 minutos.

Filme dirigido por Paul Thomas Anderson, tendo como protagonistas Alana Haim (Alana) e Cooper Hoffman (Gary).

A trama acompanha o desenvolvimento de uma amizade, bem como do amor, entre Alana, uma jovem de 25 anos, com Gary, um adolescente de 15 anos, em San Antonio Valley, Los Angeles, California.

O filme se passa nos anos 1970, cuja trilha sonora foi muito bem escolhida. Paul Thomas Anderson mostra, mais uma vez, que é excelente diretor de atores, pois as performances de Alana Haim e de Cooper Hoffman são dignas de premiações. Alana faz parte da banda Haim, para quem Anderson já dirigiu alguns vídeos musicais. Cooper é filho do fantástico ator Philip Seymour Hoffman, que participou de dois grandes filmes de Anderson: Boogie Nights e Magnolia.

Apesar destes elogios, o filme não me conquistou. Como li muitas resenhas, análises e críticas favoráveis a Licorice Pizza, tendo recebido três nomeações para o Oscar 2022, incluindo melhor filme, resolvi vê-lo novamente. Conclusão: realmente o filme não fez minha cabeça.

Achei chatérrima a historinha de primeiro amor. A obsessão de Gary por fazer sucesso de qualquer maneira, primeiro como ator, depois como vendedor de colchões de água, e, em seguida, com máquinas de pinball em uma arcade, sempre com o apoio de Alana, é demais para um adolescente de 15 anos, nos idos de 1970. É o tal sonho americano aplicado em sua forma mais idiota. A relação de Alana com Gary é cheia de maneirismos, de constantes mudanças de humor, tipo uma masturbação mental.

Os dois protagonistas correm demais em cena, tanto de forma metafórica, quanto de forma literal. Até lembrei do ótimo filme alemão Corra, Lola, Corra, de 1998. 

As participações de Sean Penn e Bradley Cooper são meteóricas e apenas servem para dar o ar surreal, bizarro e de esquizofrenia ao filme.

Fui pesquisar porque o filme se chama Licorice Pizza, pois nenhuma pizza, pizzaria ou alcaçuz aparecem na trama, nem mesmo em referências nos diálogos. Este era o nome de uma famosa cadeia de lojas de vinil que fazia sucesso na Califórnia nos anos 1970, local onde nasceu e cresceu o diretor. Anderson quis fazer uma homenagem, já que o filme se passa no mesmo estado e na mesma época.

Vi, em 23/02/2022.

Em cartaz nos cinemas.

O JUSTICEIRO (THE PUNISHER)

O Justiceiro (The Punisher) - série da Marvel que ficou no catálogo da Netflix até o final de fevereiro de 2022.

Vi a primeira temporada quando foi lançada em 2017. Somente dois anos depois, a segunda temporada foi disponibilizada no streaming. Quando a Netflix anunciou que todas as séries Marvel sairiam de seu catálogo em 28 de fevereiro de 2022, corri para conferir a segunda temporada, pois não há certeza se elas migrarão para a plataforma Disney+, dona atual da Marvel.

Criada por Steve Lightfoot, a série tem duas temporadas, totalizando 26 episódios, cuja duração média de cada um gira em torno de 45 minutos. Quem dá vida ao Justiceiro é Jon Bernthal.

Herói da Marvel sem poderes, o Justiceiro é Frank Castle, ex-policial que teve sua mulher e filhos assassinados por Billy Russo, um ex-colega de trabalho. Treinado com técnicas e táticas de guerra, ele inicia sua jornada de vingança e de justiça com as próprias mãos, ou melhor, com os próprios punhos. Vira caça, não só da polícia, como também dos bandidos. Muita porrada, muito sangue, muito nariz quebrado.

Como toda série atual de heróis, seja Marvel ou DC, há alguns crossovers com outras séries Marvel, especialmente com O Demolidor, também saindo do catálogo Netflix. O próprio Demolidor, Karen Page e Delegado Mahoney são exemplos de personagens de outras séries que aparecem em O Justiceiro.

Para quem é fã do gênero herói.

Vi na Netflix.

ARGENTINA - DIA 7 - CONHECENDO ROSARIO

08/01/2022 (sábado) -  Acordei com o alarme do meu celular tocando, às 08:15 horas, mas só me levantei às 09:05 horas. Na noite anterior, antes de subir para o quarto dormir, agendamos nosso café da manhã para 09:30 horas. Exigências devido à Covid 19. Café da manhã incluído na diária do hotel.

Ao chegar na entrada, perguntaram nosso apartamento, mas não encontraram o número na agenda para aquele horário. Pediram para esperar, mas eu disse o nome de quem foi o recepcionista que fez o agendamento. Assim, passamos de imediato. Chegamos primeiro que Emi e Rogério. Escolhemos uma mesa para quatro pessoas. Logo os dois chegaram.

O café da manhã é servido no último piso, em amplo salão, com as mesas bem distantes umas das outras. O sistema é self service, mas para fazer torradas ou mexer em outras máquinas, por causa das restrições que adotaram em prevenção à covid, o hóspede tem que pedir para a pessoa que está no buffet, justamente para atender a esses pedidos.

No buffet, o tradicional do desjejum argentino, ou seja, muitas facturas, media lunas (doces e salgadas), pães, geleias, além de bolos, suco de laranja, frutas frescas e em calda, frios, mel, granola, café, leite quente e frio, iogurte, ovos mexidos, bacon, salsichinha ensopada, entre outras coisas. Infelizmente, não tinha pomelo fresco, nem em suco. Não era época desta fruta amarga que adoro.


Terminado o desjejum, fomos conhecer o terraço que rodeia o salão do café da manhã. Muitas plantas, uma cúpula linda, vista para os prédios da vizinhança, e muito, mas muito calor.

Às 10:45 horas estávamos saindo do estacionamento. O planejado no café da manhã era conhecer alguns pontos turísticos de Rosario. Começamos pelo mais distante de nosso hotel, a Plaza Ernesto "Che" Guevara. Che nasceu em Rosario, motivo pelo qual achamos que teriam várias referências a ele na cidade. Para chegar ao parque, usamos o GPS do celular. Caminho totalmente plano, como toda a cidade o é. Poucas pessoas nas ruas, devido ao forte calor que fazia.


A praça é enorme, com uma ampla área gramada, mas com poucas sombras. Muito mal cuidada, com poucas pessoas no momento em que lá estivemos. A estátua de Che estava toda pichada. Ao lado dela, um muro com pinturas que não primavam por nenhuma beleza, faziam referência a ele. No gramado, restos de trilhos de trem e uma construção de uma estação de trem, em área cruzando a rua, para lembrar tempos passados. Tiramos algumas fotos, retornando para nosso tour. Próxima parada: Parque Independencia.


O parque é bem grande, cortado por larga avenida. Também é mal cuidado, com jardins precisando de um bom jardineiro. Como tem muita sombra, havia gente passeando, incluindo com carrinhos de bebê. Dentro do parque, há diversos mini parques. Um deles, um roseiral, mas o forte calor que assolava a Argentina tinha esturricado as poucas flores que insistiam em enfeitar o lugar. Ao lado deste roseiral, uma fonte com inspiração sevilhana muito bonita chamada Fuente de Los Españoles estava cercada para restauros. Dentro do cercado, dois mendigos fumavam como se não houvesse amanhã. Continuamos caminhando até o lago, onde há passeios pagos de pedalinho e um restaurante bem movimentado. Demos a volta completa no lago, que não é grande, parando ao final em um quiosque, onde comprei uma garrafa de 500 ml de Coca Cola sem açúcar, pagando, em dinheiro, ARS 150,00 (R$ 4,28). O sol forte, acima de nossas cabeças, indicava que era hora de parar para almoçar. Já tínhamos escolhido um restaurante à beira do rio Paraná, o Los Jardines. Andamos de volta até o carro, que estava estacionado na sombra, seguindo direto para o restaurante.

Procuramos um local para estacionar, também na sombra, nas imediações do restaurante, mas não encontramos. Colocamos o carro no sol mesmo. Andamos uns 50 metros até a entrada do restaurante, que fica em uma encosta do rio. Há duas possibilidades de acesso, por escada ou por elevador. Eu e Rogério optamos por essa última, enquanto os fumantes desceram pelas escadas. O elevador tem acesso direto ao Los Jardines. Para chegar ao salão comedor, passamos por uma pequena galeria de arte, onde alguns desenhos estavam expostos. Eram 13:00 horas quando nos acomodamos em uma mesa no salão principal, área interna, com ar condicionado que garantia um ambiente agradável.

Restaurante: Los Jardines.

Endereço: España y Barrancas del Parana, s/n, Rosario, Santa Fe, Argentina.

Instagram: @losjardinesrosario

Data: 08/01/2022 (sábado) - almoço.

Especialidade: peixes de rio.

Tempo no local: 2 horas.

Valor pago: ARS 4.180,00, com cartão de crédito (R$ 252,20 na conversão do cartão, já incluído o IOF). Valor para duas pessoas (eu e Gastón).

Ambienteo restaurante fica na encosta do rio, cujo acesso se dá pelo elevador ou por escadas desde o parque que margeia o rio Paraná. Há mesas em um deck externo, protegidas com ombrelones. Um salão climatizado, com pé direito alto, decoração rústica, paredes de tijolinho aparente, mesas de madeira sem toalhas, objetos de decoração com motivos de água. No salão interno, há um balcão de onde saem os drinques pedidos na casa.

Serviço: as mesas externas são interessantes, pois se tem uma linda visto do rio, mas preferimos ficar em local com ar condicionado. A garçonete que nos atendeu foi muito cortês, esclarecendo nossas dúvidas. As bebidas chegaram rapidamente à mesa, assim como os pratos que pedimos. Cobram ARS 150,00 por pessoa a título de serviço de mesa (cubierto).

A experiência
eu e Gastón começamos com uma empanada al horno de pescado (ARS 200,00), que chegou quentinha, assada quase naquela hora. O recheio de peixe estava bem temperado, muito bom, mas não era farto. Dividimos a empanada apenas para experimentar e aprovamos. O nosso foco era o peixe de rio, motivo pelo qual pedimos um dorado asado en la parrilla, que servia duas pessoas (ARS 2.400,00). Os acompanhamentos são cobrados à parte. Para acompanhar, nossa escolha foi pure de calabaza (ARS 400,00). Prato bem servido, realmente comem duas pessoas à vontade, quiçá até três. Peixe bem cozido, carne branda. Estava muito bom. Excelente pedida. O purê de abóbora estava delicioso também, levemente adocicado, quase sem sal, harmonizando perfeitamente com o peixe.


Terminado o almoço, fomos caminhando até nossa próxima parada turística, que também fica às margens do Rio Paraná, o MACRO - Museo de Arte Contemporáneo de Rosario. O museu ocupa um antigo silo, cujas paredes em forma de cilindro estavam pintadas em cores pasteis que chamam a atenção de quem passa na avenida em frente. Quando chegamos na entrada, uma frustração. Um cartaz informava que o museu não funcionaria naquele final de semana. Não havia justificativas para tal fechamento. Na parte de baixo do museu, há um bar com vista para o rio. Voltamos para o carro, que estava super quente internamente por causa do sol que ficou batendo nele todo o tempo em que ficamos no restaurante.


Seguimos na avenida que margeia o rio para ver uma interessante escultura de um barco branco, parecendo aqueles barquinhos de papel que a gente fazia quando era criança. Está localizada na região chamada de Puerto Norte, que passa por um processo de revitalização, com muitos bares e restaurantes descolados, belos edifícios residenciais e comerciais. A escultura fica na rotatória da Avenida de La Costa com a Avenida Francia, tendo como autores os arquitetos rosarinos Gustavo Augsburger e Daniel Kosik (lógico que pesquisei no oráculo Google). É uma obra simples que chama bastante a atenção.

Retornamos ao hotel, pois o sono gritava para todos. Antes de entrar, fomos ao quiosque em frente para comprar uma garrafa de 1,5 litros de água sem gás Nestlé, de baixo sódio e um maço de cigarro, pagando, em espécie, ARS 450,00 (R$ 12,86). Eu dormi de 16:40 até às 19:00 horas. Levantei, tomei um longo e refrescante banho, troquei de roupa, descendo para sair para jantar. Escolhemos um restaurante pelo qual passamos na porta de carro, achando-o interessante. Consultando na internet, verifiquei que era um clássico da cidade. Ficava a três quadras de nosso hotel. Fomos a pé para o El Cairo.

Lá chegando, o recepcionista nos perguntou se estávamos chegando para o show. Resposta negativa. Ele então explicou que aquela noite teria um show cover da banda Soda Stereo, que Gastón adora. Se sentássemos do meio do restaurante para o palco, pagava-se couvert artístico por pessoa (ARS 400,00). Do meio para trás, somente pagava-se o consumido. Optamos por sentar mais ao fundo, perto da porta.

Restaurante: El Cairo.

Endereço: Santa Fe, 1.102, Rosario, Santa Fe, Argentina.

Instagram: @barelcairo

Data: 08/01/2022 (sábado) - jantar.

Especialidade: petiscos de bar, culinária argentina clássica.

Tempo no local: 3 horas.

Valor pago: ARS 3.560,00, com cartão de crédito (R$ 218,79 na conversão do cartão, já incluído o IOF). Valor para duas pessoas (eu e Gastón). Deixamos ARS 200,00 de gorjeta. A conta total foi divida por igual entre os dois casais (total da conta: ARS 7.320,00).

Ambienteé um bar clássico da noite rosarina, com palco para shows ao vivo, pelo qual se cobra couvert artístico. Na noite em que fomos, havia o show de uma banda cover da famosa Soda Stereo, banda de rock argentino que não mais existe. O salão é amplo, com pé direito alto, bem climatizado. mesas de madeira, com cadeiras confortáveis (um assento acolchoado garantia o conforto). O tom amarelado predomina na decoração.

Serviço: ótimo atendimento na recepção, com explicação sobre o show (quem sentava do meio do salão para trás não pagava couvert artístico, apenas o que consumia). Garçons atentos às mesas. Pratos pedidos chegaram em bom tempo à mesa, especialmente os petiscos. Durante o show, a energia acabou duas vezes, tendo que ser utilizado gerador de luz, mas não atrapalhou o atendimento. De onde sentamos, mais perto da entrada do restaurante, ouvimos todo o show, que não atrapalhou nossa conversa.

A experiênciapor se tratar de um bar, resolvi apenas petiscar. Começamos compartilhando anéis de lula à dorê, acompanhados de molho tártaro (ARS 1.000,00). Estavam bem fritas, mas não uniformes no cozimento. Algumas eram macias, deliciosas, enquanto outras estavam em um ponto borrachudo. Junto com os anéis de lula, vieram empanadas fritas de carne (ARS 450,00 a porção com três unidades). Massa deliciosa, recheio farto, mas com muito cominho para meu gosto. Mesmo com o cominho, estava gostosa. Como estava em Rosario, pedi um carlito especial tamanho normal (ARS 850,00).


O sanduíche é feito com pão de miga tostado e, no caso, era recheado com presunto, queijo, pimentão vermelho, azeitonas verdes, ovo cozido e, claro, o seu item que o caracteriza, o ketchup. Vieram seis pedaços, bem tostados, maravilhoso. Não consegui comer tudo. Durante a permanência no El Cairo, bebi um exprimido de naranja (ARS 300,00), que tinha um gosto residual de laranja passada, e uma garrafa de 500 ml de Coca Cola sem açúcar (ARS 240,00). Já Gastón compartilhou duas garrafas de vinho com Rogério e Emi, além de uma água mineral Eco de Los Andes com gás (ARS 200,00) e o drinque mais consumido na Argentina, o Fernet con Coca (ARS 450,00). Para comer, além dos petiscos aqui mencionados, Gastón pediu milanesa a la fugazzeta (ARS 850,00).

Depois de uma ótima noite no El Cairo, retornamos para o hotel. Já eram 23:40 horas quando saímos do restaurante. O dia foi quente. Eu queria uma cama para descansar. O mesmo Gastón e Rogério. Emi começou a reclamar que era um absurdo irmos deitar cedo em noite de sábado. Na porta do hotel, ele avisou que sairia sozinho. E assim foi Emi para a balada rosarina.

Na recepção do hotel, agendamos o café da manhã para às 09:30 horas do dia seguinte, deixando claro que naquela manhã não encontraram nossa reserva. Era outro recepcionista, que lançou imediatamente no computador o horário que pedimos.

No quarto, o sono veio logo.

Continua...



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

MACUNAÍMA

Macunaíma, 1969, 110 minutos.

Outro filme tema da quarta e última aula sobre Cinema Novo que assisti foi Macunaíma. Na verdade, já o tinha assistido um par de vezes antes. Direção de Joaquim Pedro de Andrade a partir da obra de mesmo nome de Mário de Andrade.

No elenco, Paulo José (mãe de Macunaíma e Macunaíma branco), Grande Otelo (Macunaíma preto e filho de Macunaíma branco), Milton Gonçalves (Jiguê), Rodolfo Arena (Maanape), Dina Sfat (Ci), Joana Fonn (Sofara), Jardel Filho (Venceslau Pietro Pietra), entre outros.

Macunaíma, definido pelo irmão ao nascer como um herói nacional, após a morte da mãe parte de uma tapera onde morava no meio do mato para a cidade grande com Jiguê e Maanape, seus irmãos. No meio do caminho, entra em uma fonte de água e se transforma em homem branco. No centro urbano, conhece Ci, uma guerrilheira que luta contra o regime e por ela se apaixona, vivendo às custas dela, pois não gostava de trabalhar. Ao final, retorna para a mesma tapera onde vivia, mas é abandonado pelos irmãos pois segue mentindo e sem trabalhar. Por fim, tem um encontro com Iara, a mãe das águas.

O filme tem um forte diálogo com o Modernismo, afinal é uma adaptação de uma obra ícone do movimento, assim como com o Tropicalismo, movimento que nascia no final dos anos 1960, início dos 1970.

A afirmação de uma cultura nacional, o uso forte de cores e paisagens que enaltecem o Brasil são uma constante no filme. Mas por estar inserido em um período em que a ditadura militar recrudescia no país, há menções visuais ao período, como policiais patrulhando as ruas da cidade grande e a presença de uma guerrilheira, que lutava contra o regime instalado. Também o discurso em praça pública indica a situação política pela qual passava o Brasil.

A antropofagia lançada pelo Modernismo brasileiro é mostrada no filme em cena surreal do casamento da filha de Venceslau, filmada no Parque Lage (Rio de Janeiro), com uma piscina cheia de sangue e corpos dilacerados, com as tripas para fora, onde, após um sorteio, os convidados eram jogados na água e comidos por um ser que não aparece.

Embora goste do filme, o tom clownesco dos personagens me incomoda um pouco (preciso dizer aqui que tenho um trauma com palhaços), assim como o exagero de atuação em algumas cenas (o choro/grito estridente de Macunaíma quando nasce ou quando é contrariado, ainda criança, é muito chato e irritante). A caracterização de Venceslau Pietro Pietra é exagerada propositalmente, deixando Jardel Filho irreconhecível.

Críticas ao racismo (a transformação de Macunaíma preto em branco quando vai para a cidade), ao conservadorismo de parte da sociedade, justamente a que apoiava o regime militar (discurso na praça interrompido por Macunaíma), à corrupção (Venceslau é um empresário corrupto) estão presentes no roteiro.

A cena final, com uma roupa verde na água sendo invadida pelo sangue vermelho de Macunaíma é uma alegoria fortíssima ao regime militar, que torturava e matava os opositores do regime.

Enfim, um bom filme, um clássico do cinema brasileiro.

Vi, em 23/02/2022, na Globoplay.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

SUCCESSION

Succession - série com três temporadas disponíveis na HBOMax.

Criação de Jesse Armstrong, com Brian Cox (Logan Roy), Kieran Culkin (Roman Roy), Alan Ruck (Connor Roy), Jeremy Strong (Kendall Roy), Sarah Snook (Shiv Roy), Matthew Macfadyen (Tom Wambsgans), Nicholas Braun (Greg Hirsch), Peter Friedman (Frank Vernon) e J. Smith-Cameron (Gerri Keliman).

Os filhos de Logan Roy brigam entre si e com o próprio pai para ter o controle do conglomerado de empresas da família, tanto no ramo de comunicações, quanto no de turismo.

A família é bilionária, esbanja riqueza, e cada um deles só pensa em como se dar bem para controlar todas as empresas.

O elenco é tão afiado, mas tão bom, entregando performances incríveis, que não consegui, finda a terceira temporada, ter afeição por nenhum dos personagens. São irônicos, corruptos, oportunistas, aproveitadores, golpistas, malvados, enfim, o que há de pior no ser humano está inserido no seio da família Roy.

Na minha opinião, é a melhor série das plataformas de streaming da atualidade. Não tem efeitos especiais, não tem fantasia, nem tem romantismo. É a vida dos bilionários nua e crua (dizem que a trama da família Roy foi inspirada em disputas reais por poder em grandes corporações norte-americanas).

A terceira temporada é sensacional, com um gancho para uma já aguardada quarta temporada.

Nota: 9 (nove).

COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS


Como Era Gostoso O Meu Francês, 1971, 84 minutos.

Mais um filme que assisti do Cinema Novo, desta vez para a quarta aula do curso ministrado pelo Prof. Alisson Gutemberg para o Clube da Análise Fílmica (Cinema com Teoria).

O filme integra a terceira e última fase do Cinema Novo, quando cores e um tom de comédia foram adotados pelos diretores, especialmente em Como Era Gostoso O Meu Francês e Macunaíma (também tema da mesma aula).

Como era gostoso o meu francês tem direção de Nelson Pereira dos Santos e não é um filme fácil de compreender se não souber um pouco da história do Brasil. A maior parte dos diálogos são na língua tupi (créditos para o grande cineasta Humberto Mauro), idioma falado pelas tribos Tupiniquim e Tupinambá. Há poucas falas em francês e em português de Portugal. Nenhum dos diálogos tem legenda para o português. Assim, temos que entender o que rola nas telas pelas imagens, pelo que sabemos da história brasileira e pelos intertítulos com trechos de documentos históricos assinados por Mem de Sá, Hans Staden, entre outros.

O prólogo do filme nos leva a crer que assistiremos a uma comédia, pois um narrador conta uma história, mas as cenas que vemos são totalmente ao contrário do que se vê. Algo como passar a informação errada, as tão propaladas fake news atuais, como se fosse uma verdade. Mas terminado o prólogo, o filme assume um ar documental. No entanto, faz uma nova leitura do que aprendemos na história, com os índios tendo total controle da situação e lutando de igual para igual com os invasores portugueses e franceses. É uma clara referência à Semana de Arte Moderna de 1922, quando o movimento antropofágico foi lançado. No filme, temos a antropofagia literal, pois os tupinambás eram canibais e prepararam o francês para a comer na comemoração da guerra contra os tupiniquins, e a antropofagia metafórica, o que o movimento modernista pregava, ou seja, deglutir a cultura estrangeira para criar uma nova cultura, totalmente brasileira, no filme representado pela assimilação pelo francês de hábitos e costumes da tribo na qual era prisioneiro, tornando-se um deles, andando nu, caçando e até com o corte de cabelo igual aos demais índios.

Outro ponto a destacar é a influência do Tropicalismo, movimento que se iniciou no final dos anos 1960, início dos 1970, com a valorização das cores e das paisagens brasileiras.

Foi a primeira vez que vi este filme e confesso que fiquei um pouco entediado, muito por ter que ficar ouvindo uma língua que não conheço, sem ter tradução. Quase que um filme mudo, mas com cores e com diálogos.

Vi, em 22/02/2022, no YouTube.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

ARGENTINA - DIA 6 - PARTE 2 - ROSARIO

07/01/2022 (sexta-feira) - Gastón estava tossindo muito e sentia a garganta arranhando. Ao sair do La Favrika del Bajo, onde fizemos um almoço tardio, ele foi à farmácia Red Farma, na esquina na diagonal de onde estávamos,  para comprar um remédio para gripe, pelo qual pagou ARS 200,00 (R$ 5,71). Da farmácia, fomos dar uma volta pela região para conhecê-la. Embora já passasse de 18:00 horas, o dia ainda estava claro, com céu limpo e muito calor. Descemos a rua Urquiza em direção ao Rio Paraná, que banha Rosario.

Muita gente caminhando nos calçadões dos parques que ladeiam o rio. Nós decidimos ir para a esquerda, pela Avenida Belgrano, em direção ao ponto turístico mais famoso da cidade, o Monumento Nacional a La Bandera. No caminho, famílias inteiras aproveitando a leve e refrescante brisa que vinha do rio. Também os esportistas correndo, caminhando em passos largos, andando de bicicleta e patinetes. Fomos caminhando tranquilamente, apreciando a arquitetura dos edifícios da avenida.

Há um monumento aos mortos na Guerra das Malvinas, com um painel com a seguinte frase: Malvinas, por siempre argentinas. Mais adiante, já em frente ao Monumento Nacional a La Bandera, uma homenagem aos 250 anos de nascimento e aos 200 anos da morte do General Manuel Belgrano, pessoa fundamental na libertação da Argentina do poder espanhol. A escultura em sua homenagem fica no Parque Nacional a La Bandera.

O mastro da bandeira argentina é muito alto, fincado no meio da avenida, entre o parque e os edifícios. Em frente a ele, o famoso monumento. Ao fundo, uma empena de um dos edifícios da região estampa uma pintura de Messi, que nasceu em Rosario, com a mão no peito, mirando a bandeira nacional. Um tapa na cara daqueles que o acusam de não ser patriota por ter ido viver muito criança na Espanha.

Voltando ao monumento, ele impressiona por sua imponência e magnitude. Muito concreto, muita pedra, muito mármore em uma esplanada enorme, sem sombras, sem plantas, limpíssima, apenas um grande vazio. No alto das escadas está a chama que nunca se apaga, e mais uma esplanada, menor do que a primeira, até dar nos costados da Basílica Catedral Nuestra Señora del Rosario. Tiramos muitas fotos, apreciamos a vista do rio e dos prédios ao lado do monumento, além de um mural alusivo à independência argentina. Atravessamos todo o monumento, indo em direção à catedral. No muro em frente ao seu costado, uma interessante homenagem a Juan Emilio Basso Feresin, com grafite, lambe lambe, colagem, stencil, desenho, tudo fazendo referência aos direitos das mulheres.

Entramos na catedral, que é muito escura por dentro, mas nada nela me chamou a atenção. Ela fica na Plaza 25 de Mayo, que tem desenhos dos lenços símbolos das Mães de Maio no seu piso. Consultamos o mapa para ver a melhor direção para chegarmos de volta ao hotel, onde entramos às 19:20 horas.

Eu estava muito cansado, pois tivemos o dia de viagem, que sempre é desgastante, e essa caminhada por quase três horas. Foi tomar um banho, deitar e dormir. Acordei às 21:40 horas com o telefone do quarto tocando. Era Emi querendo saber onde iríamos jantar.

Pelo adiantado da hora, não conseguimos fazer reservas em nenhum dos restaurantes que consultamos. Entre eles o Ceviche Rosario e o Chinchibira, ambos na Calle Jujuy. Decidimos pegar o carro e seguir para a região onde se concentram os restaurantes e bares mais badalados da noite rosarina, nos arredores do Paseo Oroño.

Todos os bares estavam cheios, afinal era noite de sexta-feira, fazia calor, o céu estava limpo. A juventude na rua celebrando a vida. Paramos em frente ao Ceviche Rosario. Eu desci do carro, indo até a portaria, onde o recepcionista da casa me atendeu, perguntando se eu tinha reserva. Respondi que tinha ligado e não aceitavam mais reservas. Estava cheio e não estavam colocando nomes da lista de espera, pois a cozinha encerrava o expediente às 23:00 horas. Voltei para o carro. Gastón tinha em sua lista um bodegón (estilo cantina) clássico da cidade, o Comedor Balcarce, que não ficava longe de onde estávamos. Seguimos para lá. Não havia como estacionar na porta, demos uma volta larga até achar uma vaga e seguimos a pé. O restaurante fica em uma esquina. Ali jantamos.

Restaurante: Comedor Balcarce.

Endereço: Calle Brown, 2.093, Rosario, Santa Fé, Argentina.

Instagram: @comedorbalcarce

Data: 07/01/2022 (sexta-feira) - jantar.

Especialidade: estilo cantina, com clássicos da culinária argentina.

Tempo no local: 1 hora.

Valor pago: ARS 2.210,00, em dinheiro (R$ 63,14). Valor para duas pessoas (eu e Gastón).

Serviço: entramos e nos sentamos em uma mesa para quatro pessoas no primeiro salão, próximo ao balcão. Um garçom mais velho nos atendeu, muito simpático e atencioso. Respondeu tranquilamente nossas perguntas, tirou o pedido, trazendo em seguida as bebidas. Já com a comida servida, que veio em tempo adequado, Rogério pediu a um outro garçom, mais jovem, uma garrafa de soda (água com gás), mas o garçom não entendeu, respondendo rispidamente que Rogério deveria falar em espanhol e que era para ele pedir para o garçom que estava atendendo a mesa. Gastón não gostou do tom do garçom e começou a discutir, indo até o balcão, onde foi recebido pelo dono do local, que o acalmou. O garçom que iniciou nosso atendimento voltou a nos atender e assim foi até o final do jantar. Os pratos vieram quentes. São bem servidos.

Ambientea casa fica em uma esquina, com suas paredes externas pintadas em tons de tijolo. No interior, predomina a madeira escura e pesada, além da cor vermelha. Mesas com tolhas vermelhas dão o tom do clássico e da nostalgia do local. O restaurante é famoso e está sempre movimentado. Após dez minutos de nossa chegada, não havia nenhuma mesa vazia. Há dois ambientes: um salão pequeno logo na entrada, e um corredor ao lado do balcão.


A experiência
eu nunca tenho dúvidas em locais clássicos. Peço o mais tradicional, o mais consumido, pois é muito difícil vir algo errado. Em praticamente todas as mesas havia, pelo menos, um prato com milanesa. Desta forma, escolhi, assim como Gastón, o prato que leva o nome do restaurante, a milanesa balcarce (ARS 800,00). Trata-se de uma milanesa de carne bovina, fininha, macia, com o empanado bem crocante, encimada com queijo gratinado no forno, um pedaço de pimentão vermelho para dar cor e charme na decoração, e um ovo frito com gema mole. Para acompanhar batatas fritas sem nenhuma gordura. Prato simples,delicioso. Eu bebi uma Coca Cola sem açúcar (ARS 160,00), enquanto Gastón pediu uma dose de Cinzano (ARS 250,00) e uma soda (ARS 100,00). 

Após o jantar, o clima estava nos convidando para uma caminhada sem pretensões. Fomos andar no Paseo Oroño, cheio de palacetes e bares descolados. Caminhamos umas dez quadras em direção contrária ao rio, quando decidimos voltar. Neste passeio, Emi fez questão de dizer que não queria mais comer em bodegón na viagem. O Comedor Balcarce foi o primeiro bodegón que fomos desde o início de nosso giro pela Argentina.

Era hora de uma boa noite de descanso. Retornamos para o hotel, onde chegamos exatamente à meia-noite.

Dormir era necessário.

Continua...


 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

O MARGINAL - O CARA DE FORA (EL MARGINAL)

Série argentina com quatro temporadas disponíveis na Netflix.

Criada por Israel Adrián Caetano e Sebastián Ortega. Tem no elenco  Juan Minujín (Miguel), Nicolás Furtado (Diosito), Claudio Rissi (Borges), Martina Gusman (Ema), Gerardo Romano (Antín) e Abel Ayala (César).

Miguel é um policial infiltrado em uma penitenciária com presos de alta periculosidade. Seu objetivo é investigar o sequestro orquestrado por uma facção de dentro da cadeia. Este é o mote da primeira temporada, mas há muitas reviravoltas no roteiro, até em relação ao policial infiltrado. Uma temporada é dedicada a acontecimentos anteriores à primeira temporada. 

Atores excelentes, especialmente Nicolás Furtado (Diosito), que se transformou fisicamente para compor seu personagem, e Gerardo Romano (Antín), que dá vida a um diretor de penitenciária corrupto, sem escrúpulos, irônico e muito desbocado (é bom para aprender xingamentos argentinos).

A série, além de ser uma trama policial, trata de temas comuns aos países da América Latina, como o tratamento humanitário dos presos, a necessidade de um trabalho para reinserção social de quem sai da prisão, os encontros amorosos atrás das grades, as relações de rivalidade e dominação das facções, o comércio ilegal de drogas dentro da cadeia, o comando de crimes e ilícitos que ocorrem fora da prisão, mas, principalmente, a corrupção dos agentes penitenciários e o dirigente maior. Resquícios da ditadura militar argentina também ecoam no roteiro, particularmente na quarta temporada.

No aguardo da quinta temporada, que segundo o aplicativo TV Time, virá.


ARGENTINA - DIA 6 - PARTE 1 - DE FEDERACIÓN A ROSARIO

07/01/2022 (sexta-feira) - acordei cedo, por volta de 06:30 horas. O sol já indicava que seria mais um dia quente. Troquei de roupa, terminei de arrumar a mala para nossa viagem de Federación a Rosario, na província de Santa Fé.

Mais uma vez tomamos café da manhã na copa/cozinha comunitária do hotel, mas nada compramos, pois fizemos um apanhado das coisas que tinham sobrado dos cafés da manhã dos dias anteriores em Federación. Ao final do café, cada um revisou os itens de seus quartos para verificar se nada faltava. Com tudo conferido e guardado nos lugares certos, levamos as malas para o carro. Em seguida, despedimo-nos da Família Almada, pois eles seguiriam viagem para outra cidade na mesma província de Entre Rios, enquanto eu, Gastón, Emi e Rogério iríamos para Rosario.

Saímos do hotel às 10:25 horas. Nossa primeira parada foi em um posto de gasolina YPF, ainda dentro da cidade, para encher o tanque do carro de gasolina, pelo qual pagamos ARS 3.800,00 (R$ 108,57), em dinheiro. Cada casal arcou com a metade do valor.

A distância entre Federación e Rosario é de 410 quilômetros em estrada em ótimo estado, toda duplicada.

No caminho, passamos por dois pedágios, que nos custaram ARS 85,00 (R$ 2,43) cada um, sempre com o pagamento em espécie.

Fizemos duas paradas. A primeira delas em um posto YPF na estrada, onde comprei um refrigerante Paso de Los Toros, sabor pomelo (ARS 120,00 = R$ 3,43), pago em dinheiro, além de irmos ao banheiro. A segunda, já na hora do almoço, escolhemos um lugar na estrada, mas dentro de uma pequena cidade chamada Nogoyá.

O restaurante se chama El Nuevo Establo. Tinha muito carro estacionado em sua porta. Quando nos sentamos, no salão interno, eram 13:55 horas. Todas as luzes estavam apagadas, o que conferia uma atmosfera sombria ao restaurante. Um garçom mal humorado, sem máscara, nos atendeu. Tudo que escolhíamos, ele dizia que não tinha. Enfim, nós quatro conseguimos eleger o mesmo prato, pedindo quatro milanesas de carne com batatas fritas. Para beber, 3 garrafas de águas saborizadas. O restaurante tinha metade de suas mesas ocupadas, a maioria delas ainda sem terem seus pedidos chegado. Imaginei que a demora seria longa. Quando o relógio marcava 14:50 horas, o garçom veio até a mesa para informar que não havia mais milanesas de carne, mas somente de frango, item que ele tinha dito, quando tirou nossos pedidos, que estava em falta. Gastón ficou super bravo e começou a discutir com o garçom, que o mandou à merda, saindo de perto. Gastón levantou e foi atrás, quando um outro empregado, que parecia ser o gerente o atendeu. Ele pagou as águas e saímos sem comer nada, mortos de fome. Total gasto no restaurante foi de ARS 600,00 (R$ 17,14). Outras pessoas também foram reclamar da demora com o gerente. O garçom mal educado não mais apareceu.

Seguimos viagem, tentando encontrar outro local na rodovia para comer. Acabamos por chegar em Rosario, indo direto para o hotel, que Gastón havia reservado via Booking.

Como o hotel não tinha garagem, colocamos o carro em um estacionamento ao lado. Saindo do estacionamento, carregando nossas malas, entramos no Esplendor by Windham Savoy Hotel (San Lorenzo, 1.022). Eram 16:40 horas. Antes de nos dirigirmos ao balcão, um empregado verificou nossa temperatura e apontou um frasco de álcool gel para utilizarmos.

O hotel é antigo, um clássico da cidade, e foi todo reformado quando assumido pela rede Windham.

No check in, descobrimos que o estacionamento tinha convênio com o hotel, podendo pagar as diárias no momento do check out.

Recebemos duas chaves magnéticas para o nosso apartamento, que foi o de número 318. Emi e Rogério ficaram no mesmo andar. O pagamento dos gastos no hotel, incluindo as diárias, seria apenas no check out.

Subimos para o quarto, que era de bom tamanho, com banheiro gigante, boas amenities, ar condicionado funcionando. Nossa vista era para o pátio interno do próprio hotel.

Como a fome gritava, nem troquei de roupa. Foi deixar as malas no quarto, sem abri-las, encontrar Emi e Rogério no lobby do hotel e sair para comer algo. Eu, com um humor pra lá de horrível, disse que não procuraria nenhum lugar, que sentaria no primeiro que visse. Todos concordaram. O hotel ficava em uma esquina. Viramos a esquina à esquerda, caminhamos 100 metros e na outra esquina tinha um pequeno café. Foi ali mesmo que entramos, sentamos e comemos.


Restaurante
: La Favrika del Bajo.

Endereço: San Martin, 510 Rosario, Santa Fé, Argentina.

Instagram: @lafavrikarosario

Data: 07/01/2022 (sexta-feira) - almoço tardio.

Especialidade: cafeteria, com refeição leve e rápida.

Tempo no local: 1 hora.

Valor pago: ARS 1.480,00, em dinheiro (R$ 42,28). Valor para duas pessoas (eu e Gastón).

Serviço: entramos e escolhemos a única mesa para quatro pessoas no salão interno, que não é grande. Foi preciso chamar a garçonete para nos atender. Ao deixar os cardápios, ela informou que a maioria dos pratos quentes não sairia naquela hora, pois eram servidos somente no até às 15:00 horas, horário do almoço. O que poderia ser pedido eram sanduíches frios e quentes, saladas e bebidas. Nada que tivesse que ir ao forno ou em panelas seria preparado. A garçonete, que usou máscara todo o tempo em que lá estivemos, era desatenta, pois ficava sempre de costas para as mesas. Todas as mesas tinham frasco de álcool gel para uso dos clientes.

Curiosidades: esta unidade funciona como um cafeteria. A outra loja é um restaurante maior (Tucumán, 1.816).

Ambientea casa utiliza a calçada para colocar mesas nas duas laterais, já que fica em uma esquina. O lado externo estava cheio, com pessoas tomando café e lendo jornal. Na parte interna, um balcão para rápido atendimento à esquerda de quem entra, e poucas mesas no lado direito, onde ficamos, em mesa mais ao fundo. Nada de sofisticação. Cardápio enxuto. Não havia ar condicionado. As janelas amplas estavam todas abertas.

A experiênciacom a fome que eu estava, escolhi algo mais rápido. Pedi um carlito de pollo (ARS 500,00), sanduíche quente (feito na tostadeira elétrica), feito com pão de miga, recheado com presunto, queijo, frango, ovo cozido, tomate, pimentão vermelho e um toque de ketchup. Gastón fez a mesma escolha, explicando que era um sanduíche típico de Rosario. O que o diferencia é justamente o ketchup no recheio. Para beber, eu pedi um suco de laranja (ARS 200,00) e Gastón um Seven Up sem açúcar (ARS 170,00). O carlito era enorme. Veio cortado em seis pedaços, o que facilitou na hora de comer. Eu preferi usar as mãos, devidamente higienizadas com álcool gel. O sanduíche estava com bela coloração dourada, sinal de que o tostado estava no ponto certo, exalando um ótimo aroma. A crocância do pão casou muito bem com a umidade do recheio, que era bem farto. Gostei do que comi.

Continua...


A GRANDE CIDADE ou AS AVENTURAS E DESVENTURAS DE LUZIA E SEUS 3 AMIGOS CHEGADOS DE LONGE

A Grande Cidade ou As Aventuras e Desventuras de Luzia e seus 3 Amigos Chegados de Longe, 1966, 80 minutos.

Mais um filme do Cinema Novo que assisti pela primeira vez. Foi tema da aula do Clube de Análise Fílmica (Cinema com Teoria), ministrada pelo Prof. Alisson Gutemberg, no dia 17/02/2022.

Faz parte da segunda fase do Cinema Novo, quando a temática girava em torno das grandes cidades, a modernização dos centros urbanos e o contraste entre ricos e pobres.

Dirigido por Carlos Diegues, mais conhecido como Cacá Diegues, tendo como protagonistas Anecy Rocha (Luzia), Leonardo Villar (Jasão), Antônio Pitanga (Calunga) e Joel Barcellos (Inácio).

Luzia chega no Rio de Janeiro, vinda do sertão, interior de Alagoas, para encontrar seu noivo que havia partido alguns anos antes. A única referência que tinha era que ele morava no Morro da Mangueira. Na subida do morro, conhece Calunga, nordestino, que vai ajudá-la em sua busca. Como tinha um endereço na Zona Sul onde morava uma família rica, foi até lá buscar emprego, mas não o conseguiu no primeiro momento, tendo que arrumar um lugar para ficar. Aí entra em cena Inácio, pedreiro, amigo de Calunga, também migrante nordestino, que a deixa ficar em seu cubículo por alguns dias. Enfim, ela encontra Jasão e se decepciona com a frieza do noivo. Jasão tinha um vida de assassino de aluguel, não querendo envolver Luzia em seu dia a dia. Ele mata um senador, sendo, então procurado pela polícia. O final, como era de se esperar, é trágico (o próprio cartaz assim indica).

Cacá Diegues foca na difícil vida do migrante nordestino nos anos 1960, que deixava o sertão árido para tentar a sorte na cidade grande. Lá chegando, tem que viver nas favelas, trabalhando como empregados domésticos, na construção civil ou fazer bicos. Também mostra que alguns vão viver de pequenos golpes, como o malandro Calunga, ou enveredar pelo crime, como o fez Jasão. Quando a família rica da Zona Sul aparece, é algo distante, nem mesmo o nome da mulher que atende Luzia é revelado para nós, os espectadores.

Diegues também mostra no filme algumas referências ao cinema, como o faroeste nas cenas em que aparece Jasão e suas duas pistolas em punho, inclusive com foto de procurado nos jornais como nos cartazes de procura-se nos filmes western. Outra cena interessante é o delírio de Inácio correndo, intercalado com cenas de miséria da população da periferia da cidade, que parece um filme mudo. 

Ainda há referência à mitologia grega com o nome Jasão do personagem vivido por Leonardo Villar. Diegues voltaria ao tema com o filme Orfeu, de 1999.

O crescimento e a modernização dos grandes centros urbanos brasileiros que teve início nos anos 1960 trouxe mazelas que até hoje convivemos com elas.

E quanto à situação política brasileira, o filme deixa claro, em determinadas cenas, que os militares estavam no poder e ostentavam o poderio com tanques e soldados nas ruas.

Vi, em 17/02/2022, no YouTube.