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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CABO DA BOA ESPERANÇA

Faltavam dez minutos para as 10 horas da manhã quando Tiane encostou a van em um dos guichês do portão de acesso ao Cabo da Boa Esperança (Cape of Good Hope). A entrada para o parque é paga e não estava incluída em nosso passeio. Cada ingresso nos custou R105 (R$ 23). Tiane, por ser guia credenciado junto ao órgão oficial de turismo da África do Sul, tem entrada livre em todos os pontos de interesse turístico do país. Ele pediu para prestarmos atenção no movimento de carros entrando no parque, ainda bem fraco, para compararmos quando fôssemos sair. O Cabo da Boa Esperança está no Parque Nacional da Montanha Mesa (Table Mountain National Park) e tem, basicamente duas grandes atrações: o famoso cabo de nossos livros de história mundial e o farol localizado no Cape Point. Fora isto, uma vegetação rasteira, com poucas árvores, algumas espécies de animais selvagens, mais de 200 espécies de pássaros e dois marcos da época das grandes navegações. Tiane estabeleceu que o primeiro ponto a ser visitado era o farol, local de grande fluxo de pessoas, posto que a vista que se tem dele é sensacional. Antes, porém, paramos no centro de visitantes para irmos ao banheiro. No local, há um pequeno museu contando a história do cabo e alguns ossos de baleia. Do centro de visitantes, vimos o primeiro marco, a cruz deixada por Vasco da Gama quando atravessou o Cabo da Boa Esperança, até então chamado de Cabo das Tormentas. Depois de algumas fotos, voltamos para o carro, seguindo para o farol. No caminho, o outro marco, a cruz deixada por Bartolomeu Dias, quando conseguiu vencer as fortes correntezas daquele local e desceu em terra firme. Vimos uma avestruz correndo pelo gramado. Do nosso lado esquerdo, víamos o mar que parecia muito bravo por causa dos fortes ventos, uma constante no local. Chegamos ao estacionamento do Cape Point. Tiane mostrou de onde partia o funicular para o farol, dizendo-nos que o ideal era gastar cerca de quarenta e cinco minutos lá em cima, mas como tínhamos um tour privativo, poderíamos ficar o tempo que achássemos necessário. Ele não subiu conosco. Havia uma pequena fila para comprar o bilhete para o funicular. Para quem tem disposição, pode-se subir a pé, sem nenhum custo. Na nossa frente, uma família enorme discutia se todos iriam a pé ou de trem. Havia desde crianças até pessoas bem idosas, com dificuldade de locomoção. Quando chegou a vez deles, decidiram comprar seis tíquetes. A bilheteria imprimiu tudo e registrou a compra. Nesta hora, a mulher que comandava a trupe se deu conta de que os aposentados pagavam menos e quis cancelar parte da compra. A bilheteira dizia que não podia fazê-lo e a mulher travou a fila. Eu queria comprar os nossos bilhetes, mas a discussão continuava. A mulher pediu para chamar o gerente. Neste momento, pedi para ser atendido, já que o gerente iria decidir a questão daquela família. Os austríacos atrás de mim apoiaram a minha intervenção. Consegui comprar os três bilhetes, ida e volta, cada um por R52 (R$ 11,30). Nova fila, desta vez para entrar no pequeno trem que nos conduziria para o alto. A mulher também conseguiu resolver seu problema, juntando-se ao grupo que estava na fila. Esperamos meia hora para entrar no funicular. O trajeto é feito em menos de dez minutos. Lá em cima, havia um bom número de turistas, cada um buscando o melhor ângulo e o melhor cenário para suas fotos. Obviamente que fizemos o mesmo. Para alcançar o farol, ainda há uma escada de pedra, mas nada de assustar. Ventava muito na base do farol, cujas paredes estavam marcadas com aqueles indefectíveis corações ou com as frases fulano e ciclano estiveram aqui. A vista das praias de areias brancas, das pedras na água e das rochas que insistiam em barrar o vento, é linda. Quando estávamos posando para fotos, vimos na encosta do farol um dassie, um mamífero maior do que um ratão do banhado, muito comum naquele local, segundo nos disse Tiane. Nem sentimos o tempo passar. Assim que vimos tudo, resolvemos descer, parando na lojinha de souvenir e comprando algumas lembrancinhas. Para a descida, não houve fila. Pegamos o primeiro funicular que apareceu. Quando chegamos no estacionamento, Tiane estava preocupado, dizendo que estávamos atrasados, que tínhamos ficado mais de uma hora lá em cima. Olhamos um para o outro a questionar qual era o nosso compromisso para ele dizer que estávamos atrasados. Nem demos bola. Vera ainda resolveu comprar uma luva de pegar vasilha quente que ela não tinha comprado na loja de cima. Enquanto isto, fui procurar uma água para beber. Foi quando senti algo caindo no meu boné. Tinha levado uma cagada de pombo. Sinal de sorte, em pleno 31 de dezembro de 2013. Com todas as compras nas mãos, voltamos para o carro. Era hora de vermos, de perto, o famoso Cabo da Boa Esperança. Na estrada que leva até ele vimos um springbok, cujo nome em português é cabra-de-leque. É um tipo de antílope com as cores marrom claro e branco. Ele estava deitado como se vendo a vida passar. Tiane apontou para outro animal, um eland, o maior antílope africano, que pastava na encosta de um morro. Mais à frente, muitos carros estavam parados em um determinado ponto. Quando chegamos perto, vimos o motivo: cerca de dez babuínos sentados na beira do asfalto. Tiane parou o carro para tirarmos foto, mas alertou para não abrirmos os vidros, pois eles eram animais agressivos. Mas agressividade ali era só a do mar. Seguimos em frente. Paramos perto das pedras e da praia, onde uma placa de madeira indicava que estávamos no Cabo da Boa Esperança. A indicação está em duas línguas: inglês e africâner, além de ter a sua localização geográfica. Ao descer do carro, sentimos a força do vento e entendemos o porque ele era chamado Cabo das Tormentas. Centenas de navios naufragaram ali. Uma pequena fila, sem muita ordem, para tirar a clássica foto atrás da placa. Esperamos nossa vez, não deixamos uns espertos entrar na frente, tiramos a foto e voltamos para o carro. Chegava a hora de deixarmos aquela área do parque. Na volta, paramos novamente para novas fotos dos babuínos, alguns deles deitados na estrada, pouco se importando com o movimento de carros. Na saída do parque, notamos a grande fila de vans, ônibus e carros particulares que se formava para comprar o bilhete de acesso ao local. Imaginei o tumulto de gente no farol a partir daquela hora. Foi ótimo termos chegado mais cedo. Fizemos uma visita tranquila, sem grande aglomeração de pessoas. Esta visita me fez voltar aos tempos de colégio, nas aulas de história. Interessante ver, in loco, aquilo que você estudou em livros e que foi um local importante para a história da humanidade.



A foto da placa do Cabo da Boa Esperança foi tirada por Cláudia.

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