Tiane nos deixou no nosso hotel, o Strand Tower, pouco antes de 16 horas. Gostamos do tour que fizemos durante o dia, mesmo com ele nos apressando quando saímos de Cape Point, dizendo que estávamos atrasados. Enquanto Cláudia e Vera pegavam as nossas compras do dia que ficaram na van, fui até a recepção do hotel para verificar se a agência Akilanga tinha deixado alguma mensagem em relação ao city tour do dia seguinte. Nada havia. Mais um furo deles, pensamos. Então decidimos pedir a Tiane a cotação de um city tour com sua empresa, a Samsara Africa, com duração de quatro horas na tarde do dia 01º de janeiro de 2014 para conhecer os principais pontos turísticos da Cidade do Cabo. Ele ficou de nos enviar uma resposta por whatsapp antes das 18 horas. Acertamos o pagamento pelo tour do dia e o que faríamos no dia 02 de janeiro às vinícolas de Stellenbosch e Franshhoek. Tais passeios foram contratados antecipadamente, via e-mail, quando ainda estávamos no Brasil. Pelos dois tours, pagamos o total de U$ 750. Para nos conduzir no dia 02, não seria Tiane o nosso guia. Teríamos uma pessoa falando em inglês. Subimos rapidamente para nossos quartos, combinando de sair em vinte minutos. A ideia era caminhar até o Waterfront, trajeto de uns vinte minutos a pé. Tanto Tiane quando os recepcionistas do hotel disseram que a cidade era segura e que não havia problemas em fazer aquele percurso a pé. No horário combinado, nós três estávamos prontos do lado de fora do quarto. Neste momento, senti uma indisposição na bexiga. Como tinha tido crise renal pouco antes da viagem, achei melhor não sair. Voltei para o quarto, tomei um remédio, deitando para descansar. Quando estava naquela situação de dorme não dorme, o telefone tocou. Era Cláudia com voz embargada dizendo que estavam de volta, pois tinham sido assaltadas no caminho até o Waterfront. Elas relataram que tinham andado cerca de quatro quarteirões, uns quatrocentos metros, caminhando por uma movimentada avenida, quando um homem pulou de um arbusto no canteiro lateral do passeio com uma faca de mesa na mão. Mais três homens vieram na direção delas. O homem da faca foi com a mão direto no pescoço de Cláudia, arrancando seu cordão de ouro. Na rua não havia pedestres, mas muitos carros passavam no momento. Vera e Cláudia começaram a gritar, assustando os caras, que saíram correndo. Dois carros pararam para ajudá-las, mas elas preferiram entrar no táxi que estava passando, que também parou. Estavam muito nervosas. Deram o endereço do hotel, dizendo que tinham acabado de ser assaltadas. O motorista, vendo o estado em que estavam, deixou-as no local solicitado, não querendo cobrar a curta corrida. Elas insistiram em pagar. Deste episódio, tiraram a conclusão que não mais andariam a pé pela cidade. Não importava a distância, sempre pegariam um táxi. Concordei. Perguntei se estavam bem, se tinham machucado, se os ladrões tinham levado mais alguma coisa. Cláudia disse que estavam mais tranquilas, já que tinham voltado para o hotel, não estava machucada, nem mesmo marcas ficaram no seu pescoço, visto que o cordão era fino, e que eles não levaram mais nada, embora estivessem com suas respectivas bolsas, dinheiro, documentos, cartões de crédito, de débito e celulares. Coloquei-me à disposição para o que precisassem. Combinamos de só sair do hotel perto da hora de nossa reserva do jantar antes da festa de réveillon. Tiane enviou, antes das 18 horas, a prometida mensagem para Cláudia, confirmando nosso city tour para o dia seguinte, começando às 14:30 horas, com quatro horas de duração, ao preço de U$ 250, com a guia Sofia, nascida em Moçambique. A Akilanga deu notícias perto das 20 horas, também confirmando o nosso city tour. Deixamos um recado na recepção para comunicarem a quem fosse nos buscar no dia seguinte pela manhã no hotel que não faríamos aquele city tour. Pode parecer uma revanche pela falha no traslado da nossa chegada na cidade, mas a falta de compromisso com o cliente, só informando o horário no final da noite, foi muito grande. Prontos para a nossa noite de réveillon, todos vestidos de branco. Assim, nos encontramos no hall do hotel às 20:15 horas, pois o restaurante Fork, onde tínhamos reserva, ficava bem próximo, cerca de 250 metros do hotel. Com o trauma recente do assalto, perguntei às amigas se queriam ir de táxi, mas o mensageiro do hotel nos desencorajou, mostrando que o trânsito estava parado na rua que devíamos subir dois quarteirões e meio. Fomos a pé, mas sempre alertas com as pessoas que se aproximavam demais da gente. A rua tinha um enorme fluxo de gente subindo e descendo, além de estar totalmente engarrafada, com carros parados. Depois descobrimos que naquela rua, a Long Street, era onde tudo acontecia na noite da cidade: bares descolados, boates, inferninhos, prostituição, drogas, restaurantes badalados, hotéis clássicos, enfim, uma espécie de Rua Augusta. Chegamos ao Fork sem nenhum incidente, mesmo tomando alguns sustos com os gritos dos jovens que passaram por nós, o que nos obrigou a parar na porta de um hotel e fingir entrar, perguntando ao segurança se ali ficava o nosso restaurante. Ele nos apontou uma bandeira vermelha, com o nome Fork estampado a poucos metros de onde estávamos. Era hora de fazer nossa última refeição de 2013. E a fizemos em alto astral.
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