Depois de jantar no Fork, escolha que fizemos ainda no Brasil, degustando tapas e brindando com champanhe Tattinger, voltamos a pé para o hotel Strand Tower em caminhada de uns dez minutos. A rua estava cheia. Notei, tanto no restaurante, quando nas ruas, que as pessoas não estavam usando roupas brancas, como é tradição no Brasil. Foi a primeira vez que passei um réveillon fora do meu país, portanto não sabia que esta superstição era brasileira. No hotel, entre ir ao quarto e estar novamente no hall, demoramos pouco mais do que dez minutos. Pedimos ao mensageiro para nos chamar um táxi, pois queríamos ver a queima de fogos no Waterfront. O taxista nos cobrou R80 (R$ 17,30) pelo trajeto, sem ligar o taxímetro. O trânsito estava complicado, mas ele pegou umas vias pouco movimentadas, nos deixando no ponto em frente ao hotel Victoria & Alfred faltando vinte minutos para a meia noite. Era nosso segundo contato com o Waterfront. O lugar estava entupido de gente. Turistas e locais se misturavam em uma babel de línguas. As roupas eram as mais comuns possíveis, daquelas que todos usam no dia a dia. A maioria vestia roupas leves por causa do calor que fazia. Um show rolava no palco montado em um dos diques do porto. Era difícil ver alguma coisa, pois todo mundo já tinha arrumado seu lugar estratégico para ver a queima dos fogos. Andamos entre a multidão. Em alguns momentos me senti no carnaval de Salvador de tanta gente que tinha andando para lá e para cá. Com muito custo, conseguimos um lugar que dava para ver parcialmente o palco, com toda visão do telão atrás dele, onde imagens gráficas eram passadas. Para mim, quase ninguém prestava atenção no show. Grupos de amigos ou famílias conversavam alegremente, alguns com bebidas nas mãos. Os bares e restaurantes do Waterfront estavam totalmente lotados. Quando faltava um minuto para a meia noite, o vocalista parou de cantar, ficando apenas o som dos instrumentos de sua banda, enquanto um cronômetro digital aparecia no telão fazendo a contagem regressiva para a chegada de 2014. Faltando dez segundos, um coro, tímido para a quantidade de gente que havia, fez a contagem em voz alta. À meia noite, eu, Cláudia e Vera nos abraçamos, desejando-nos um feliz ano novo, como é de praxe no Brasil, mas não vi este gesto se repetir nos grupos que estavam próximos de nós. Alguns gritinhos aqui e acolá e todos olharam para o céu, pois começava o show de fogos de artifício que saiam por trás do hotel Table Bay at Waterfront. Para quem já viu os fogos de Copacabana na virada do ano ou em Barcelona na Festa La Mercè fica decepcionado. Pirotecnia fraca e curta. Durou apenas seis minutos, marcados no relógio. Para nosso espanto, foi acabar os fogos, o lugar ficou tranquilo de se andar. Muita gente vai até lá apenas para ver tais fogos. O show voltou a rolar no palco, mas era pouco empolgante. Fizemos uma horinha, resolvendo voltar para o hotel, quando ainda não era uma hora da madrugada. Voltamos para o ponto de táxi, onde, obviamente, não havia nenhum deles. Aglomerados de gente eram vistos em vários pontos da via de acesso ao local. Aparentemente todos esperavam táxi. Quando um aparecia, mais de uma pessoa ia negociar o preço da corrida. Nós ficamos um tempo aguardando no ponto de táxi, mas, sem sorte, mudamos de local por mais de uma vez. Cláudia conversou com um empregado do local pedindo a ele para conseguir um táxi para nós. O cara falou para a gente esperar onde estávamos e saiu correndo. Neste momento, um ônibus encostou no local onde a gente ficou. O cara não nos veria. Cláudia, a mais agoniada para voltar para o hotel, foi procurá-lo, enquanto eu e Vera víamos o movimento de gente querendo entrar no ônibus. O motorista fazia a vez de cobrador também e não tinha a menor pressa em conferir o dinheiro recebido como pagamento do bilhete. Ele ainda atendeu seu telefone celular e ficou conversando, enquanto as pessoas esperavam do lado de fora. Depois falam que isto só acontece no Brasil!! Absorto nesta cena, não vi Cláudia. De repente, ela grita o nome de Vera. Tinha conseguido um táxi e já estava dentro dele. Negociou pagar R150 (R$ 32,40) a corrida até nosso hotel. O trânsito estava lento demais. Demoramos quase uma hora para chegar, mesmo o taxista fazendo alguns desvios. Ao final, imbuídos do espírito de festa, pois era noite de réveillon, deixamos R200 (R$ 43,20) com o motorista. Durante o trajeto, deu tempo de todo mundo falar com seus parentes no Brasil, desejando um ótimo 2014. Nós já tínhamos entrado no ano novo, mas no Brasil ainda faltavam cerca de três horas para a virada acontecer. Entrei no quarto sem sono e resolvi navegar um pouco na internet, mas logo desisti. Fui refletir sobre 2013 que acabara de findar. Um ano pleno de emoções, alegres e tristes. Peguei um livro, mas logo adormeci com ele aberto.
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