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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

UM PASSEIO PELO LITORAL DA CIDADE DO CABO


Chapman's Bay

Acordei cedo no último dia de 2013. Abri as cortinas da janela do meu quarto no hotel Strand Tower e vi um céu limpo, azul, uma montanha verdejante à minha esquerda e o imponente Cape Town Stadium, construído para a Copa Fifa de 2010, na minha frente, bem ao fundo, com pedacinhos do mar aparecendo. Dia perfeito para um passeio pelo litoral da Cidade do Cabo. E era o nosso programa do dia. Descemos para o primeiro café da manhã da viagem às 7:15 horas. O restaurante, localizado no 2º andar do prédio, estava bem cheio. Já esperávamos, pois o hotel é favorito entre as agências de turismo que organizam grandes excursões de ônibus e, geralmente, é neste horário que a turma costuma tomar o café antes de sair para cumprir o roteiro de viagem. Procuramos um canto mais calmo, à esquerda de quem entra, longe das crianças que faziam muito barulho. Um pianista com uma roupa multicolorida, usando gravata, tocava para animar o ambiente. Era uma figura digna de programa do Chacrinha. Mas o repertório por ele escolhido não tinha nada de animado. O buffet é muito sortido, com variedade de frutas (nenhuma delas por nós desconhecida), pães, frios, ovos, linguiças e panquecas. Ainda havia uma seção só de iguarias asiáticas, além de feijão cozido, arroz, batatas coradas, tomates e outros legumes cozidos. E tem gente que enche o prato de manhã, como se estivesse almoçando. Ficamos no básico: pão, queijo, omelete, suco de laranja e café. Pouco antes das 8 horas já estávamos no hall do hotel, onde Vera reclamou do cheiro, reclamação que foi recorrente no restante dos dias que passamos em Cape Town. Ela achava que o cheiro era de esgoto, mas era o aroma dos produtos de limpeza que usavam no local. Para mim, muito parecido com o perfume masculino da Issey Miyake (que não suporto!). Perguntamos na recepção se a Akilanga tinha deixado alguma mensagem para nós em relação ao tour que eles no ofereceram por terem falhado no nosso traslado no dia anterior, mas nada havia. Tiane do Amaral, o guia que contratamos para o tour pelo litoral, chegou no horário marcado. Muito simpático, se apresentou e nos levou até a van. Ele seria nosso guia/motorista durante todo o dia. A van Hyundai era espaçosa e muito confortável. Como o tour era privativo, nós três, eu, Cláudia e Vera, tínhamos espaço de sobra. Assim que entramos, ele já entregou uma garrafa de água mineral para cada um, dizendo que estava muito quente, com previsão de fazer 38º C no meio do dia. Na maior parte do trajeto, não descemos do carro. Percorremos vias e estradas em direção ao Cabo da Boa Esperança, cujo trajeto durou em torno de duas horas. Ao longo do caminho passamos perto do Cape Town Stadium, hoje um elefante branco, pois o futebol não faz muito a cabeça dos sul-africanos, sendo preterido pelo rúgbi, esporte nacional, e pelo críquete, herança dos ingleses. Segundo Tiane, o que ocupa o estádio são grandes concertos musicais, como os do U2 e de Elton John, um habitué na cidade. A partir do estádio, e sempre à esquerda de quem está de frente para o mar, estão os bairros mais nobres da cidade, com poucos prédios. A maioria é casa e mansão. Venta muito na região, motivo pelo qual o mar parece sempre estar bravio. A água tem uma temperatura de 11 a 12º C no verão. Vimos neste passeio que as praias ficam lotadas de gente, muitas delas em pé junto à água, mas é raro ver alguém nadando. De longe, parece uma parede humana na borda do mar. Gente molhando apenas os pés na água gelada. A primeira praia que vimos foi Three Anchor Bay, onde há uma área de convívio gramada, com aparelhos para ginástica, pista de corrida e uma piscina pública com água do mar. Em seguida, passamos por Rocklands Bay, Boat Bay, Bantry Bay, todas praias com pedras no mar, o que conferia ao local um belo visual. Ao longe, algumas ilhas de pedras habitadas por dezenas de focas, o que significava que também havia tubarões por ali. Ao passar por Clifton Bay, Tiane nos disse que ali era um ótimo local para ver o por do sol, mas não era melhor do que vê-lo do alto da Table Mountain. A próxima praia, Camps Bay, é muito badalada na happy hour, com uma fila de restaurantes e bares na orla. Nesta altura, a vista que se tem dos doze picos conhecidos como Twelve Apostles (Doze Apóstolos) é sensacional. Este conjunto de picos é uma espécie de continuação da famosa Table Mountain. Seguimos em frente, sempre sem parar. Tiane deixou a via ao longo do mar para dar início a uma longa subida, mas, mesmo de longe, conseguimos apreciar a bela paisagem de Sandy Bay. Iniciávamos a subida para Chapman's Peak. Ao entrarmos na Chapman's Peak Drive, que tem uma extensão de nove quilômetros, Tiane nos explicou que aquela estrada é considerada uma das dez mais bonitas do mundo, sendo cenário para vários filmes de ação, como 007, e para comerciais de carros como Mercedes e Porsche. Há pedágio nesta estrada, que é muito bem conservada. Cheia de curvas sinuosas, a vista da direita da rodovia é de tirar o fôlego. Enfim, paramos em um belvedere, quando tiramos fotos da linda baía Chapman's Bay. Ao deixar a estrada, entramos em uma região vinícola chamada Cape Point Vineyards e vimos a primeira favela da África do Sul. Seguimos em frente em direção ao Cabo da Boa Esperança. O guia sempre alertava que tínhamos que chegar mais cedo ao nosso destino porque quanto mais perto da tarde, mais cheio fica o Parque Nacional da Montanha Mesa (Table Mountain National Park). Antes de entrar na estrada que conduzia à portaria do parque, Tiane fez mais uma parada. Desta vez na entrada de uma fazenda de criação de avestruz. Descemos para fotos e tirar a prova dos nove no que diz respeito a atração desta ave por coisas que brilham. Havia um casal de avestruz em um curral bem próximo da estrada. O macho é infinitamente mais emplumado e mais bonito do que a fêmea. Assim que posei para a foto, com meu braço perto da cerca, devidamente protegida por uma tela, a avestruz bicou meu relógio por mais de uma vez. Era a tal atração pelo brilhante. Ainda neste local, uma placa nos chamou a atenção. Ela alertava para o perigo de se alimentar os babuínos locais, chamados chacma baboons. Tiane nos contou que estes babuínos atacavam as casas da região em busca de comida e ficaram, ao longo dos anos, bem agressivos. Ele garantiu que veríamos alguns exemplares no parque. Depois de passar por paisagens deslumbrantes do litoral da cidade, chegamos, enfim, à portaria de acesso ao Cabo da Boa Esperança e ao Cape Point. Mas isto é assunto para outra postagem.


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