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domingo, 12 de janeiro de 2014

THE POT LUCK CLUB - GASTRONOMIA NA CIDADE DO CABO, ÁFRICA DO SUL

Como ninguém tinha dormido, resolvemos nos aprontar um pouco antes do horário combinado e conhecer a loja de vinhos Caroline, antes de irmos para o restaurante The Pot Luck Club. A loja fica a menos de cem metros da entrada do nosso hotel, o Strand Tower Hotel. Chegamos faltando cinco minutos para ela fechar. Tínhamos a indicação de Caroline ser a melhor loja de vinhos de Cape Town. Demos uma rápida olhada e como já eram 17:30 horas, as portas se fechavam. Pegamos um cartão com o horário de funcionamento da loja e saímos. Na esquina, vimos um táxi livre. Entramos nele e indicamos o endereço do restaurante. O motorista não ligou o taxímetro. Perguntei quanto custaria a viagem, obtendo a resposta que a corrida sairia por R70 (R$ 15,50). Aprendemos ali que teríamos que perguntar o preço da corrida sempre ao entrar no táxi. Em cerca de vinte minutos chegamos a uma construção que me pareceu uma antiga fábrica. O táxi entrou no estacionamento interno para nos deixar. Era uma espécie de shopping com lojas descoladas de design. O local chama-se The Old Biscuit Mill. Perguntamos ao vigilante onde ficava o restaurante e ele nos apontou para o último andar de uma torre. Na verdade, era onde funcionava um silo, já que estávamos na zona portuária da cidade. Pegamos um elevador panorâmico, muito quente, por sinal, e descemos no sexto e último piso, onde estava o The Pot Luck Club. Uma simpática loura nos atendeu, conferiu o nome de Cláudia na reserva e nos conduziu para uma mesa ao centro do salão. O local é cercado com janelões de vidro, permitindo que toda a luz do dia ilumine o seu interior, além de oferecer uma deslumbrante vista da Cidade do Cabo e de parte da sua famosa Table Mountain. Mesas de madeira, bar e cozinha totalmente abertos e luminárias diferentes pendendo do teto fazem da decoração um misto de rústico e moderno. Na verdade, não tínhamos nenhuma referência deste restaurante. Ao tentar reservar uma mesa para jantar no restaurante The Test Kitchen, classificado como número 61 do mundo pela revista britânica The Restaurant, em sua edição 2013, Cláudia recebeu a resposta que estavam completos, podendo colocar o nome na lista de espera, em posição não muito confortável, lá pelo 27º lugar. No mesmo e-mail, eles indicaram o The Pot Luck Club, situado no mesmo prédio, e do mesmo chef Luke-Dale Roberts. Sarah foi a nossa garçonete durante toda a noite (na verdade, como ficamos no local de 18:30 às 20:30 horas, tivemos praticamente luz do sol durante todo o nosso jantar). Ela nos explicou a proposta do restaurante. Não havia pratos grandes, mas apenas pequenas porções para compartilhar com todos da mesa, o que garantia um melhor convívio entre as pessoas. O cardápio era dividido por sabores: doce, amargo, azedo, salgado e umami, além de extra doce, específico para as propostas de sobremesa. Como éramos três pessoas, sugeriu que pedíssemos, no mínimo, nove pratos. Os pratos não chegariam na ordem do pedido, mas sim na medida em que os subchefes os preparassem. De onde ficamos, dava para ver todo o trabalho na cozinha. Uma lousa indicava as sugestões do dia, a maioria delas incluída no menu. Recebemos uma folha para anotarmos nosso pedido com as respectivas quantidades. Durante o jantar, escolhemos nove pratos, sendo três deles em dobro. Nestes pratos, estava incluída uma sobremesa. Também escolhemos um espumante sul-africano para iniciar os trabalhos e brindar o início de nossa viagem. O espumante foi o Sterhuis Blanc de Blanc 2010 (R285 - R$ 63,20), produzido na região de Stellenbosch. Boa perlage, refrescante, foi uma certada escolha para os pratos mais leves. Em seguida, bebemos um vinho branco, também sul-africano, produzido em Western Cape, na região do Cabo da Boa Esperança. Era o Yardstick 2012 (R330 - R$ 73,20), elaborado com a casta chardonnay. Outro vinho refrescante, que foi uma ótima companhia para o calor que fazia naquele início de noite. E uma surpresa para as amigas por eu estar apreciando um vinho branco! Por fim, Vera e Cláudia acompanharam a sobremesa com o Port-style Catherine Marshall Myriad 2008, cuja taça custou R45 (R$ 10). Eis os pratos do jantar, apresentados sem ser na ordem de chegada à mesa:
01) Pot Luck Club fish tacos (R50 - R$ 11,10) - pedimos dois deles por causa das indicações de Sarah. É uma releitura de tradicional prato da culinária mexicana, mas recheado com peixe fresco. Estava sensacional. Tacos crocantes e peixe bem molhado.
02) Foie gras "au torchon" with apple and cramberry chutney and brioche (R150 - R$ 33,30) - outro prato que pedimos duas porções. Cerejas defumadas deram um toque esquisito ao sabor deste prato. Os brioches estavam muito bons. Até pedimos mais deles para comer com o foie gras, que estavam muito leve, bem pastoso. O chutney de cramberry ajudou a tirar o sabor residual de gordura próprio desta iguaria francesa.
03) Salmon trout with lemon oil dressing, thinnly sliced turnip (R75 - R$ 16,60) - prato que não estava no menu, sendo a indicação da noite do chef. Releitura de ceviche, com o salmão cortado mais fino do que um sashimi, deitado em cama de finas lâminas de nabo cru. O sabor do limão estava bem acentuado, o que matou a delicadeza do salmão no paladar. Sem dúvida, foi o prato com a mais bela apresentação do jantar.
04) Spring salad, sesame sushi rice ball with tamarind and tahini dressing (R40 - R$ 8,90) - salada de folhas e releitura de prato chinês, com ótimos bolinhos de arroz, com toques da culinária japonesa e árabe, ou seja, cozinha de fusão em sua melhor definição. Estava muito bom. Vera e Cláudia não gostaram do prato.
05) Smoked beef fillet with black pepper and truffle café au lait (R90 - R$ 19,90) - mais um prato que pedimos duas porções. Tiras de filé mignon defumado servido com pimenta preta em calda de café com leite trufado. Mais uma mistura inusitada e de excelente resultado no paladar.
06) Wood fired scallops with yuzu dressing and foie gras butter (R125 - R$ 27,70) - vieiras feitas na brasa com um molho a base de cítricos envoltas em uma manteiga de foie gras. Gordura e acidez misturados. Inusitado. Agradou, mas não me empolgou.
07) Blood orange and gin sorbet, sake compressed watermelon and bitter jellies (R30 - R$ 6,60) - este prato foi servido antes das carnes gordas, lavando as papilas gustativas dos sabores ácido e amargo que degustamos até então. Além disto, foi altamente refrescante. A gelatina de melancia com sakê estava sensacional, mas Cláudia passou, pois não aprecia esta fruta.
08) Selection of south african cheese (R85 - R$ 18,80) - cinco tipos de queijo em uma tábua de madeira, acompanhados por pães artesanais. Todos os queijos produzidos no país. Sou suspeito para falar, pois como bom mineiro, gosto muito de queijo, de qualquer tipo.
09) Nectarine and almond tart with malted pop corn ice cream (R50 - R$ 11,10) - já estava satisfeito a esta altura, não provando desta sobremesa. Ela foi aprovada por minhas amigas.
Antes da conta, pedimos um café espresso duplo, cuja xícara saiu por R20 (R$ 4,40) cada uma. Ainda fomos na pequena varanda externa, próxima ao bar, para tirar algumas fotos tendo a Table Mountain ao fundo. O bar já estava cheio de gente do segundo turno do jantar, que começaria às 21 horas. Pelo fausto jantar, pagamos o total de R1.950 (R$ 431,60), já incluída a gorjeta, que no caso, é 12,5% do valor da conta. Pedimos para chamarem um táxi para nós, mas acabamos descendo antes do carro chegar para conhecer o local. As lojas já estavam fechadas (o comércio em Cape Town fecha por volta de 21 horas). Vimos dois restaurantes abertos e completamente lotados. Burrata, de cozinha italiana, e o The Test Kitchen, onde fomos ver, "in loco", se conseguíamos uma mesa para as noites seguintes (tínhamos nome na lista de espera para jantar nos dias 01, 02 e 03 de janeiro). Nada feito, ainda permanecíamos nos mesmos longínquos lugares na tal lista. A hostess nos tirou a esperança, dizendo-nos que dificilmente havia desistência, principalmente em alta temporada, como a que estávamos. Pegamos o primeiro táxi que chegou no local. Nosso destino: Waterfront.

Endereço: Silo Top Floor, The Old Biscuit Mill - 373-375 Albert Road Woodstock, Cape Town.
www.thepotluckclub.co.za
Contatos: +27 21 447 0804 - e.reservations@thepotluckclub.co.za
Especialidade: cozinha de fusão, sob o comando do chef Luke-Dale Roberts.

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