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sábado, 15 de setembro de 2012

NOITE DE ÓPERA E UM QUASE JANTAR FRANCÊS NO MEIO DE UM HUTONG

Desde o primeiro dia que chegamos, estávamos convictos de que tínhamos que assistir a uma ópera. Afinal, sempre ouvi falar sobre a Ópera de Pequim. Pedimos à guia uma indicação, mas ela insistiu em dizer que era melhor um show de kung fu ou uma apresentação de acrobacias. Os dois espetáculos eram mais populares, tendo duas sessões por noite, enquanto a ópera, sengundo ela, era mais chata e sonolenta, tendo apenas uma sessão noturna, sempre às 19:30 horas. Há várias montagens espalhadas pelos teatros da capital chinesa. Para os três espetáculos - kung fu, acrobacia e ópera - os preços são os mesmos, com duração de cerca de 75 minutos cada um. Eu toparia ver qualquer dos três espetáculos. Minhas amigas não queriam de forma alguma ver as acrobacias e quando a guia disse que tinha número de globo da morte, com motos, a decisão por não ver este tipo de espetáculo foi unânime. O show de kung fu parecia ser mais movimentado, mas as artes marciais não agradaram muito às mulheres do meu grupo. Assim, decidimos pela ópera. A guia ficou insistindo para vermos algum dos outros dois espetáculos, mas fincamos o pé e ponto final. Ela se encarregou de reservar as entradas. Pedimos o ingresso mais a frente. Custava RMB 280 (R$ 94,00). A princípio, S não iria, mas na tarde da terça-feira, dia da apresentação, ela decidiu ir. Não houve problema, pois Crystal reservou mais um tíquete. A guia foi muito gentil, pois se prontificou a nos levar até o teatro, que ficava um pouco distante de nosso hotel. Como queríamos ver os atores se maquiando antes do espetáculo e iríamos de táxi, a guia calculou que se saíssemos do hotel às 18:30 horas estava de bom tamanho. Todos prontos, estávamos no lobby do hotel na hora marcada. Crystal já estava nos esperando. Pedimos ao pessoal da recepção para chamar um táxi e, como da primeira vez, disseram para pegarmos na rua. Passaram-se dez minutos e nenhum táxi parou. Crystal deu a opção de ir de ônibus até um certo trecho e depois caminhar um pouco até chegar ao teatro. Aceitamos a proposta. O ponto de ônibus era próximo ao nosso hotel. Ônibus número 2, cujo bilhete custou RMB 1 (R$ 0,30). Ele passou rápido e não estava cheio. Descemos duas paradas depois, logo que passamos pela Praça da Paz Celestial. Começamos a caminhar por uma avenida larga e movimentada. O tempo foi passando e nada de chegar. A guia dizia que estávamos perto, que era logo em frente, mas este logo parecia o perto de mineiro, nunca chegava. Paramos em um sinal de trânsito. Era hora de atravessar a rua. C reclamava de futuras bolhas no pé, já que estava com uma sandália pouco apropriada para longas caminhadas. Assim que atravessamos a avenida, caminhamos a passos largos mais cinco minutos, chegando ao Jianguo Hotel, onde fica o teatro Liyuan Theatre. Faltavam cinco minutos para o início da ópera. Crystal correu para a bilheteria, pegou os bilhetes, nos entregou, levando-nos até dentro da sala de espetáculo. Nossos lugares eram em uma mesa lateral, a última da direita do palco, com visão de 90%. Crystal reclamou, mas não havia como mudar. Na mesa, um bule de chá verde e vários petiscos, tudo incluído no valor do ingresso. Pagamos à guia. Ela se despediu, dizendo como voltar para o nosso hotel de ônibus. As luzes se apagaram. Um vídeo introduziu a história da ópera, que sempre retrata a vida na época dos imperadores. Em ambos os lados do palco, fixados na parte de cima da parede, displays com legendas em chinês e inglês para melhor compreensão da história contada na noite. O espetáculo era dividido em atos. Não dava para acompanhar as legendas, pois passavam rápido demais. Desisti de ler, fixando no gestual dos atores, observando a maquiagem, muito carregada, o figurino e a marcação no palco. A voz aguda demais das atrizes chega a ser irritante. Com vinte minutos de espetáculo, cansei. Não entendia nada. Procurei algo para me distrair. Lembrei de que estávamos em um hotel. Procurei uma rede wi-fi livre pelo meu iPhone e achei. Atualizei mensagens e emails, sem atrapalhar ninguém, pois atrás de nossa mesa estava tudo vazio. O público ocupou mais de 2/3 do teatro, sendo a maioria turistas estrangeiros ou chineses de fora de Pequim. Achei as roupas bonitas, a maquiagem interessante, mas é uma experiência que não pretendo repetir. De qualquer forma, foi válido conhecer.
Na saída, a dificuldade para se tomar um táxi se repetiu. Havia dois táxis parados na porta do hotel. S, C e D foram para o primeiro táxi, mostrando o endereço do restaurante francês que tínhamos escolhido para jantar. O taxista falou qualquer coisa. Ouvi C dizer 16, aceitando o preço dado  pelo motorista. Elas entraram no carro e foram embora. Enquanto isto, eu e V mostrávamos o mesmo endereço para o carro de trás. O motorista leu e recusou a corrida. Ficamos ali parados esperando outro táxi passar. Os turistas que estavam no mesmo espetáculo saíam em grupos, entrando em ônibus de excursão. Nada de táxi. Resolvemos caminhar para um local mais visível, quando avistamos um táxi entrando com uma passageira no hotel. Corremos atrás dele, esperamos a chinesa sair e entregamos o cartão com o endereço de nosso destino ao motorista. Ele foi categórico em recusar. Voltamos para a rua, passando por um grupo que tentava, em vão , um táxi. Ficamos próximos a uma parada de ônibus. Paramos um novo táxi. O motorista olhou o cartão de ambos os lados, olhou para cima, pensou e disse para entrarmos. Enfim, tínhamos conseguido. Quando já rodávamos por quinze minutos, recebemos uma mensagem das amigas. Elas já estavam no restaurante. O taxista não sabia onde era o endereço. Eles não usam GPS, o que dificulta ainda mais. De repente, ele parou, olhou para uma placa, virou-se para nós, disse algo em chinês e seguiu em frente. Mais adiante, parou novamente, repetindo os mesmos gestos, retornando o carro para o local anterior. Como V tinha visto fotos do restaurante na internet, ela ficava procurando algo conhecido nas imediações. Entramos em uma rua estreita que foi se afunilando. Estávamos em um hutong. A sujeira imperava nos dois lados da rua. Bares simples estavam abertos, perto de 21:30 horas. O motorista parou e perguntou a uma mulher onde era o endereço que queríamos chegar. Ela nada ajudou. Ele percorreu mais cinquenta metros, parou o carro e disse em um inglês macarrônico "over there", apontando para frente. Olhamos na direção que ele apontava. Era uma rua pouco iluminada, sem movimento. Resolvemos pagar a corrida, RMB 20 (cerca de R$ 6,50) e não descer. Não queríamos arriscar em ficar ali, não achar o restaurante e ter dificuldades em conseguir novo táxi. Mostramos o cartão do hotel. Ele entendeu que queríamos sair dali, ligando o taxímetro novamente. Pagamos mais RMB 10 (R$ 3,25) pelo novo trajeto. No hotel, V enviou uma mensagem para as amigas informando que não conseguimos chegar ao restaurante, sendo impossível nova tentativa, pois o horário de jantar encerra por volta de 22 horas em Pequim. Não encontraríamos nada por perto para podermos jantar algo diferente de comida chinesa. Decidimos ficar sem jantar. Era minha segunda noite que dormiria sem ter jantado. Quando V subia par a o quarto, ela recebeu uma mensagem das demais. Elas também estavam voltando, pois o restaurante estava fechado para uma festa com menu único ao preço fixo de RMB 500 (R$ 160,00) por pessoa. Resolvi esperá-las, o que demorou mais de meia hora, pois elas também tiveram dificuldade de conseguir um táxi. Assim que chegaram ao hotel, me contaram a aventura que tiveram. Primeiro com o taxista, que tinha falado que a corrida custaria RMB 60 (R$ 19,00) e não 16 como C havia entendido. Depois, ele também não sabia chegar ao restaurante, mas foi mais esperto do que o nosso, ligando para alguém. Ele ainda ficava repetindo jocosamente tudo o que as três conversavam. No restaurante, elas ficaram em uma sala de espera, nos aguardando. Quando souberam do menu fixo, desistiram de ficar, mesmo porque era uma festa, pediram um táxi, mas, como cortesia, o restaurante serviu champanhe, entrada fria e um prato quente, como pedido de desculpas pelo fato de não terem avisado que naquela noite não serviriam o cardápio normal da casa. Elas ficaram tão agradecidas e sensibilizadas com a gentileza que reservaram para nós cinco almoçarmos lá no dia seguinte. Assim, fiquei sem o jantar naquela noite, mas S, C e D foram dormir bem satisfeitas com o que apreciaram no restaurante Temple Restaurante Beijing.
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