Barraca no mercado de comida de Pequim
Espetinhos de escorpião no mercado de comidas de Pequim
Após um ótimo banho, ter desfeito parte da mala e dado um cochilo, fiquei pronto para dar uma volta e comer alguma coisa, tentando me ajustar ao fuso horário, fugindo do
jet leg. Combinamos de nos encontrar no
lobby do hotel por volta de 20 horas. Fui o último a descer. Minhas amigas já tinham em mãos um mapa da região no qual o recepcionista do hotel marcou o endereço de uma das unidades do restaurante
Quanjude Roast Duck, cuja especialidade é o pato laqueado, também conhecido como pato de pequim. Saímos pela direita do hotel, atravessando a primeira avenida, permanecendo na mesma rua onde fica a entrada do
Jade Garden Hotel. A rua tinha um bom movimento de pedestres. Andamos duas quadras e vimos uma feira com várias barracas padronizadas que vendiam comida do seu lado esquerdo. O início desta feira fica quase em frente ao
Chinese Children's Art Theatre. Resolvemos atravessar a rua, percorrendo o caminho ao longo das barracas. A primeira delas já nos chamou a atenção, pois tinha uma série de frutos do mar espetados em palitos de madeira, ainda crus, prontos para serem grelhados em uma chapa que fumegava de tão quente. Nos palitos, camarões tentáculos de polvo, peixe bem parecido com um tubarão mas de tamanho reduzidíssimo e uma bacia cheia de estrelas do mar. Muitos chineses comiam e bebiam alegremente em frente a estas barracas, enquanto os vendedores ofereciam seus produtos, sempre feitos na hora, para quem se aproximava. Havia muita gente tirando fotos e uma das barracas era bem concorrida com turistas e locais com suas máquinas digitais e celulares espocando flashes. Aproximei e vi vários insetos espetados, prontos para comer. Tinha espetinho de escorpião de centopeia, de aranha, de larva, de besouro, de grilo, de um casulo do bicho da seda. A curiosidade era grande, mas faltou coragem para comprar um destes espetos para experimentar o sabor de inseto. Tiramos fotos, continuando em frente, vendo outras iguarias diferentes em espetos, como testículos (não identificamos de que animal), serpentes e vários vegetais diferentes. Noodles também estavam presentes na feira, assim como um fedido tofu, cujo cheiro lembra uma buchada. O final da feira se dá em uma movimentada esquina, onde percebemos que os pedestres pouco se importavam com o sinal, o mesmo valendo para os carros. Atravessamos no bolo, seguindo uma turba de chineses. Chegamos a uma rua de pedestres, lotada de shoppings com marcas de grandes grifes internacionais na calçada, como
Emporio Armani, Rolex, Van Cleef & Arples, Cartier, Chanel, Zara, Nike, Gap, entre muitas outras. Voltamos para a mesma rua da feira, pois a indicação do recepcionista do hotel era para entrar em uma rua cheia de restaurantes. Foi o que fizemos, mas não encontramos o que procurávamos Perguntando para um guarda local, mostrando o mapa, pois ele quase não entendia o inglês, ele nos apontou um beco para a esquerda de onde estávamos. Seguimos o beco, chegando em uma galeria, mas nada encontramos. A galeria dava para a rua de pedestres, onde mais uma vez perguntamos a um atendente de um quiosque que vendia bebidas. Ele nos apontou uma placa vermelha, escrita em chinês, localizada no shopping a nossa frente. Seguimos para lá e nada encontramos. Neste momento, vi uma placa azul com o nome do restaurante em nosso alfabeto. Entramos e era uma loja de quinquilharias. Mostrando o mapa para a atendente, ela nos apontou o lado de fora do shopping, contornando a rua. Fizemos isto e achamos o famoso
Quanjude Roast Duck. Sua entrada é bem chamativa, em cor vermelha vibrante e há um boneco de um pato amarelo onde a foto junto a ele torna-se inevitável para o turista. Um senhor que ficava na rua nos apontou o restaurante perguntando, em inglês, se tínhamos reserva. Como não tínhamos, nos disse que a espera seria de uma hora para arrumar mesa. Resolvemos ignorar o que ele falou, entrando no prédio Uma recepcionista vestida a caráter perguntou a quantidade de pessoas que iria jantar. Cinco, disse eu. Ela nos mandou pegar o elevador e descer no quinto andar, onde uma nova recepcionista nos atendeu, entregando-nos uma senha, toda escrita em chinês, apontando a sala de espera, onde algumas pessoas aguardavam. Pelo movimento, a esmagadora maioria dos frequentadores são chineses. O restaurante é muito tradicional na cidade, tendo sido fundado em 1864. Presente em todos os guias internacionais, sendo incluído no rol do livro que lista os 1.000 lugares que se deve conhecer antes de morrer. A única coisa que dava para entender na senha era nosso número: 2003. Um display ficava ao lado do elevador, todo escrito em chinês, mas os números apareciam em nossa língua. 1032 e 1033 foram chamados. Imediatamente pensamos que nossa vez nunca chegaria, mas esperamos apenas cinco minutos até que uma atendente nos chamou, acomodando-nos em uma mesa redonda para cinco. Uma garçonete que sabia falar inglês nos atendeu. Eu, V e D queríamos experimentar o pato, enquanto C e S optaram por um peixe feito no vapor. Pedimos, por sugestão da garçonete um pato inteiro, acompanhado de molho doce, panquecas e cebolinha. Com muita sede, pedi uma lata de
Coca Cola Light. Enquanto esperávamos, observávamos o movimento da casa, sempre com mesas completas. Alguns cozinheiros fatiavam o pato laqueado em frente dos clientes que fizeram tal pedido. Na mesa em nossa frente ocorreu um acidente, quando uma taça de vinho caiu na roupa de um senhor. Foi um garçom que deixou cair a bebida. Foi um alvoroço. Arrumaram uma camisa branca para o senhor e levaram a camisa dele para dentro, voltando alguns minutos depois com a camisa totalmente limpa e passada. Houve um certo estresse desta mesa ao pagar a conta. Tiramos a conclusão que eles queriam descontos por causa do acidente. Ficamos rindo e conversando sobre nossa viagem quando uma garçonete chegou perto das amigas que escolheram o peixe. Ela tinha nas mãos uma sacola de plástico branca com um peixe fresco lá dentro. Queria saber se elas aprovavam o pescado. Balançaram a cabeça afirmativamente, rindo muito da situação. Nosso prato chegou primeiro. Um cozinheiro se postou perto de nossa mesa, fatiando o pato em nossa frente. As panquecas, feitas com massa de arroz, finas e com consistência elástica, foram servidas em um cesto de bambu que conservava seu frescor. Molho doce e o caule fatiado de cebolinha foram servidos em um pratinho semelhante aquele recipiente que se coloca molho shoyo. Um outro potinho raso com açúcar também veio à mesa. O peixe das amigas chegou em um prato de porcelana branca, feito inteiro, incluindo cabeça Elas não gostaram do pedido, achando o peixe sem graça sem nenhum tempero, nem mesmo sal. Já quem pediu o pato, comeu bem. Gostei da experiencia. Era a primeira vez que comia este prato. Um garçom me ajudou, mostrando-me como se preparava a panqueca para comer. Pega-se dois ou três pedaços do pato com um hachi, mergulha-os no molho, colocando-os em um lado da panqueca, passando um pouco do molho na massa. Um ou dois pedaços de cebolinha e fecha-se a panqueca em uma espécie de trouxa. Come-se com as mãos Ao final de pouco mais de uma hora, pagamos a conta, fazendo o percurso de volta para o hotel, passando pela rua de pedestres. Claro que fizemos algumas paradas em algumas das lojas, como
Nike, Gap e
Sephora, onde algumas compras foram feitas por V e C. Cansados e com sono, voltamos para o hotel. No caminho vimos uma turma, a maioria mulheres, dançando em passos iguais ao som de uma alegre música chinesa. Era o nosso primeiro contato com o
line dance, muito comum nas ruas de
Pequim, quando um grupo se reúne para dançar em linha com passos fáceis de se seguir. O início se dá com poucas pessoas, mas logo o grupo fica maior, incorporando quem vai passando. Paramos para ver. S entrou na dança. Divertida a nossa noite. No hotel, não quis saber de mais nada a não ser deitar e dormir. Afinal, nossa viagem estava apenas se iniciando.
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