Pesquisar este blog

terça-feira, 18 de setembro de 2012

UM PASSEIO PELAS RUAS DA ÁREA MUÇULMANA DE XI'AN


Portão interno da Grande Mesquita


Minarete da Grande Mesquita


Inscrição na entrada da sala de orações da Grande Mesquita


Pipas à venda no Mercado Muçulmano


Barraca de comida nas ruas ao redor do Mercado Muçulmano


Torre do Tambor


Great Tang All Day

No final da tarde da quinta-feira, com a temperatura mais agradável, fomos conhecer a área muçulmana de Xi'An, especialmente o mercado com as ruas ao seu redor e a Grande Mesquita. Descemos da van em frente à Torre do Tambor, um imponente pagode que nos tempos imperiais servia para anunciar o final do dia para os trabalhadores. Como eles não tinham relógio, duas torres indicavam a hora de ir para o trabalho e a hora de retornar para casa. A primeira era a Torre do Sino. Assim que o dia raiava, o sino desta torre soava, avisando a todos para ir para o trabalho. Quando o sol se punha era a vez do som do tambor da Torre do Tambor ecoar pelos ares, sinal de que era tempo de terminar a jornada diária. Hoje estas duas torres estão muito bem conservadas, construídas no formato de pagodes, com suas paredes vermelhas e abertas para visitação. A Torre do Tambor seria o nosso referencial para encontrarmos mais tarde com nossa guia. Caminhamos um pouco em torno desta torre, onde o movimento de gente e automóveis era grande. Pedestres e carros disputavam espaço nas ruas sem se importar muito um com o outro. Um grande comércio de artigos chineses convive pacificamente com as grandes cadeias de restaurantes mundiais, como a Starbucks e o McDonald's. Em frente a esta unidade da lanchonete dos arcos dourados fica a entrada para o mercado. Paramos para Snow nos dar uma explicação sobre como proceder para comprar qualquer artigo lá dentro. A regra é simples: pechinchar sempre. Temos que barganhar por qualquer coisa que quisermos comprar. É um exercício de paciência, pois os vendedores fazem um grande teatro. Esperava um mercado tumultuado, mas me enganei. Uma única via estreita serpenteia entre um sem número de barracas, tudo devidamente coberto por um telhado, que vendiam de tudo, desde lembrancinhas chinesas, até falsificações de grifes famosas de bolsas e vestuário. Burberry é a marca preferida dos chineses. Assim, milhares e milhares de produtos com o famoso xadrez da marca inglesa estavam disponíveis para vender ali. Snow pediu para deixarmos as compras para depois de visitarmos a Grande Mesquita, localizada no meio do mercado. Passamos olhando as mercadorias, sempre ouvindo uma saudação em inglês dos vendedores que anunciavam seus produtos. O ingresso para a mesquita já estava incluído no pacote. O movimento das ruas ao redor do mercado e o trança-trança de pessoas na via dentro dele se acaba totalmente quando entramos no primeiro jardim da mesquita. Reina a paz em um local sereno, bem conservado, com algumas obras de restauração, e muito verde. A Grande Mesquita tem mais de 1.200 anos de fundação, fato ocorrido durante a Dinastia Tang. Ela possui quatro grandes jardins. Em cada um deles, há prédios específicos, alguns transformados em museu, guardando relíquias vinculadas ao islamismo e mobiliário das dinastias que reinaram na China imperial. A passagem de um jardim para o outro se dá por grandes portões, minuciosamente decorados com inscrições gravadas na madeira ou na pedra, conforme a arquitetura do portão. A construção mais alta da mesquita é seu minarete, localizado no terceiro jardim. Sua função é chamar os fiéis para as orações. Alguns prédios laterais não tem entrada permitida, mas se pode olhar seu interior pelas portas e janelas abertas. Apesar do calor, a temperatura nos jardins estava bem agradável, pois o formato da construção e as árvores do local garantiam um certo frescor. Ao final do último jardim se localiza a grande sala de orações. A entrada é permitida apenas para muçulmanos, mas os demais visitantes podem verificar seu belo interior pela porta principal, que estava aberta. Lá dentro cabem cerca de mil pessoas em posição de oração e em suas paredes estavam inscritos textos do Alcorão. Estas inscrições estão parte escritas em chinês e parte em árabe. O interessante é que a arquitetura da mesquita obedece o padrão dos templos chineses, diferenciando e muito das demais mesquitas dos países cujo islamismo é a principal religião. Ficamos cerca de quarenta minutos na mesquita. Quando saímos, combinamos com Snow local e horário de nos encontramos com ela. Ficamos livres para bater perna pelo mercado. Já paramos na barraca em frente à entrada da mesquita, onde V achou um pincel de caligrafia que queria comprar para usar como objeto de decoração. A vendedora pediu RMB 800 (R$ 260,00 ou U$ 127), anotando o preço em uma calculadora. V não aceitou o preço. Começava uma longa negociação. A vendedora entregou a calculadora para V, que marcou RMB 200. A vendedora fez uma cara de espanto, falando em um difícil inglês que o pelo do pincel era de cabra e seu cabo trabalhado em osso de boi, dando um novo preço: RMB 670. V continuou marcando RMB 200 e balançando a cabeça, ameaçando ir embora. A vendedora apertou um monte de botões aleatoriamente na calculadora, em um autêntico teatro, como se estivesse aplicando descontos, chegando a RMB 580. V entregou o pincel e foi saindo da barraca. A chinesa a pegou pelo braço, colocando RMB 400. V disse que seu preço era o último e ponto final, deixando a barraca. A chinesa fingiu chorar, bateu os pés no chão e colocou RMB 350 na calculadora. V saiu da barraca com a vendedora atrás dela, a puxando pelo braço para dentro da loja novamente. V tinha conseguido o preço que ela se propôs a pagar pelo pincel: RMB 200 (R$ 65,00 ou U$ 32). Comprou dois pinceis diferentes. S aproveitou a negociação e também levou um exemplar pelo mesmo preço. Seguimos em frente, passando por um setor só com barracas de itens falsificados: Lacoste, Nike, Adidas, Burberry, Louis Vuitton, Chanel, Calvin Klein, Dior, entre muitas outras. De vez em quando tínhamos que nos espremer no corredor, pois chineses em bicicletas, motos e pequenos tuc-tucs circulavam pela via estreita do mercado. Parei em frente a uma barraca que vendia objetos em miniatura, quando vi os animais do horóscopo chinês. Claro que comprei o meu signo, um coelho, mas não negociei, pois custou a bagatela de RMB 20 (R$ 6,50 ou U$ 3.20). C e D também compraram miniaturas na mesma barraca. Enquanto isto, S achou uma caixinha em cloisonné, pedindo auxílio de V na negociação. A peça foi vendida pelo preço que S se dispôs a pagar no início, com um teatro parecido com o da primeira compra de V. Saímos do mercado em uma rua movimentada, cheia de lojas e barracas na rua vendendo tudo quanto é tipo de comida. Desde frutas frescas, até doces e salgados, passando por pratadas de noodles e alimentos diferentes. Moscas e lixo eram comuns na rua. Em frente a algumas lojas havia uma máquina com uma espécie de bacia em sua base. Esta bacia tinha sal e pimenta. Nela eram colocadas nozes levemente quebradas com um martelo, sem abrir. Um pequeno buraco para deixar entrar a mistura de temperos. A bacia rodava enquanto um fogo brando aquecia as nozes. Tivemos vontade de comer, mas Snow havia aconselhado que não devíamos comer nada nas ruas da região. Seguimos adiante, parando aqui e ali para tirar fotos das comidas expostas. Viramos a primeira rua à direita, onde há uma série de pequenas mercearias. Entramos em uma delas para ver os produtos chineses. C comprou uma caixa de doce feito com romã e um pacote das tais nozes que tínhamos visto na rua. Nesta rua, havia também algumas barracas de comida vendendo pés de porco com um aspecto horrível. A área é muito frequentada por muçulmanos que dominam o mercado local. Assim, vimos muitas chinesas com panos cobrindo a cabeça. Já estava chegando a hora de encontrarmos novamente com Snow. Fomos direto para o ponto de encontro, onde ela já estava. Dali, seguimos a pé em direção ao restaurante De Fachang, onde experimentaríamos o famoso banquete de dumplings da cidade. Depois do jantar, ainda fomos fazer mais um passeio. Snow nos levou para um novo bairro da cidade, bem afastado do centro, onde está o metro quadrado mais caro da região e uma pulsante vida noturna. Nós já estávamos bem cansados, mas ainda descemos do carro para percorrer a pé um pedaço da chamada Great Tang All Day. É uma avenida com um canteiro central largo onde árvores artificiais de luzes coloridas e grandes esculturas contam a história da Dinastia Tang, lembrando muito a artificialidade de Las Vegas. Nas laterais da avenida estão imensos shoppings modernos com todas as grifes mundiais conhecidas. Alguns destes shoppings ainda nem foram inaugurados e estão sendo construídos em pagodes antigos devidamente restaurados e adaptados para a vida moderna. Percorremos quatro quadras e nos demos por satisfeitos. Era hora de voltarmos para o hotel para um providencial descanso.

turismo
férias

Nenhum comentário:

Postar um comentário