Cláudia tinha pesquisado restaurantes em Alba e achou o Dulcis Vitis interessante, enviando um e-mail solicitando reserva para o jantar de 24 de outubro de 2013, quinta-feira, em nossa primeira noite de férias no norte da Itália. Eu, Rogério e Emi fomos a pé do Hotel I Castelli até o restaurante, onde chegamos no horário da reserva. Cláudia e Vera já estavam sentadas na única mesa ocupada do restaurante, no salão à esquerda de quem entra. A mesa ficava próxima às janelas que davam para a rua, mas tinham cortinas que garantiam a privacidade de quem nela estava. Cláudia não passava bem, já tendo chamado um táxi para voltar para o hotel. Assim que chegamos, ela foi embora.
Endereço: Via Ratazzi, 7-7/A, Alba, Itália - www.dulcisvitis.it
Contato: +39 0173364633 - Reservas: prenotazioni@dulcisvitis.it
Contato: +39 0173364633 - Reservas: prenotazioni@dulcisvitis.it
Especialidade: culinária do norte da Itália, especialmente da região do Langhe e de Roero, sob o comando do chef Bruno Cingolani.
Quando fui: noite de 24 de
outubro de 2013, quinta-feira. Éramos 04 pessoas, com reserva feita por e-mail com mais de um mês de antecedência. O restaurante tem iluminação mais baixa, o que valoriza o amarelo envelhecido que domina as paredes. Seu teto tem tijolos aparentes, em formato abobadado, enquanto a decoração tem mobiliário antigo e muitas garrafas de vinho dos produtores da região, especialmente de Barolo.
Serviço: como só havia nossa mesa ocupada na primeira hora em que estivemos no restaurante, as duas garçonetes ficaram atentas o tempo inteiro, sempre estando à disposição para nossos chamados. Por volta de 21 horas, uma outra mesa foi ocupada, com quatro pessoas, no mesmo salão em que estávamos. O serviço continuou muito eficiente. Os pratos chegaram ao mesmo tempo na mesa, na sequência correta do menu degustação. Como é um lugar para apreciar a enogastronomia local, o tempo de chegada dos pratos à mesa obedece a este requisito. O chef é muito simpático e conversou conosco o tempo todo, mas sem ser invasivo. Atendeu prontamente ao nosso pedido para indicar um vinho, o segundo da noite. Para nossa surpresa, ele nos trouxe um vinho sem sabermos o produtor, o rótulo e o preço. O vinho era muito bom. Ao final, o vinho custava mais barato do que o que havíamos escolhido para o início de nosso jantar. O restaurante faz questão de informar, nas primeiras páginas do cardápio, todos os produtores que fornecem os insumos para ele. Tais produtores são todos da região, o que garante o movimento da economia rural local. Este é um dos pilares do movimento Slow Food, criado na Itália, exatamente na região em que estávamos.
O que bebemos: dois vinhos tintos. Iniciamos com um Barbaresco 2006 Vigneto Brich Ronchi do produtor Albino Rocca, com 14,5% de álcool (€ 82). Vinho com bom corpo e ótima harmonização com os pratos do menu degustação. Em seguida, foi a vez do vinho indicado pelo chef Bruno Cingolani, um Barolo Renato Corino 2007, de Arborina, com 14,5% de gradação alcoólica (€ 65), cujo produtor, Corino, ocupava a outra mesa do salão. O vinho é muito bom, harmonizou melhor com o aromático prato de ovos fritos com trufas brancas, mostrando-se elegante e encorpado. Para acompanhar os vinhos, água mineral com e sem gás Lurisia (€ 5 a garrafa de um litro). Ao final, um bem tirado café espresso Illy (€ 4), servido em uma xícara da mesma marca em edição especial chamada Pedro Almodóvar. Depois de encerrada a conta, o chef sentou conosco, oferecendo-nos dois aperitivos. Uma taça do vinho de sobremesa Barbaresco El Chinà Cascina Luisin e uma dose da grappa Bocchino Cantina Privata.
O que comi: Todos na mesa não tiveram dúvidas em pedir o menu degustação. Como havia duas opções, optamos pelo menor, o que tinha dois pratos com as famosas trufas brancas de Alba. O menu recebe o singelo nome de piccolo menù degustazione al tartufo bianco d'Alba (€ 125), consistindo de dois pratos quentes e de uma sobremesa. Enquanto esperávamos os pratos, uma providencial cesta de pães artesanais, sem conservantes, foccacias e gressinos (grissini) foi colocada em nossa mesa (coperto: € 4). Tínhamos comentado entre nós o que lemos nas últimas folhas do menu, onde havia uma sugestão de degustação de azeites. Ao ser perguntado sobre esta degustação, o chef pediu à garçonete que trouxesse cinco tipos diferentes de azeites produzidos na região. Assim, degustamos os pães e foccacias embebidos nos extra virgens Costa Digiano, Lu Cavalire, Benza Primuruggiu, Franci Villa Magna e Tenuta Maffone. Cada um com sabor diferente, alguns mais amargos, outros mais puxados para um toque suave e doce. Gostei mais do Costa Digiano, com sabor amargo e bem acentuado, harmonizando perfeitamente com a foccacia, devido ao sal proeminente nesta iguaria italiana. Para completar, ainda havia uma manteiga fantástica acompanhando a cesta de pães. Antes de iniciar a sequência do menu, o chef nos brindou com uma amuse bouche leve, feita com uma fina fatia de salmão cru recheada com uma pasta de bacalhau e maionese, também servida à parte no mesmo prato. Sabor intenso, que preparou nossas papilas gustativas para o que viria a seguir.
Prato 1: ravioli di ricotta seirass, burro di montagna, parmigiano d'alpeggio e tartufo bianco d'Alba. Nosso primeiro prato com trufas brancas da viagem. A garçonete colocou os pratos com o ravióli recheado com ricota seirass cujo perfume de manteiga e queijo parmigiano era intenso. Em seguida, Bruno veio com uma vasilha onde estavam as trufas brancas frescas, guardadas com todo o cuidado. Escolheu uma delas, pegou o ralador apropriado e começou a ralar finas fatias em cada um de nossos pratos. Um aroma de alho invadiu o ambiente e alterou, para melhor, o perfume que subia do prato. Experimentei a massa recheada com e sem a trufa, preferindo a segunda opção. A ricota seirass é típica do Piemonte, sendo feita com leite de vaca e de ovelha. É muito leve, cujo sabor foi fortalecido pela presença da trufa branca. Amei.
Prato 2: crostone di pane ai sapori antichi, bagna caoda, uovo all'occhio di bue e tartufo biano d'Alba. Este segundo prato deixou o primeiro no chinelo. Perfume e sabor intensos, com harmonia entre ingredientes fortes, difíceis de combinar um com o outro, como a bagna caoda, um tempero feito à base de alho, azeite, creme de leite fresco, manteiga e anchovas, e a trufa branca, também ralada na hora pelo chef em nossos pratos. Eram dois ovos fritos, com as claras unidas como se fossem uma só e as duas gemas no centro, inundados de bagna caoda, tudo isto em um leito de uma fatia de pão tostado à moda antiga do Piemonte. Prato aparentemente simples, mas com sabor inigualável. Para sempre ficará em minha memória afetiva esta experiência gastronômica.
Prato 3: a sobremesa, um bunet di amaretti e cioccolato Gobino. Trata-se de uma receita típica do Piemonte. É uma espécie de pudim de farinha de amêndoas e chocolate. No caso, o chef utiliza a marca Gobino, tradicional chocolataria de Turim. A sobremesa foi servida com um physalis parcialmente encoberto por chocolate como decoração do pudim. Tinha um sabor forte, com leve toque de rum. Não me surpreendeu como os pratos salgados do menu.
Valor que me coube no total da conta: € 190.
Minha avaliação: * * * * 1/2. Experiência enogastronômica de primeira, que mereceu uma segunda visita em nossa curta estadia em Alba. O chef Bruno Cingolani é uma simpatia, sabendo atender bem e conquista os clientes com ótimo papo, contando sobre a culinária da região.
Gastronomia Alba (Itália)
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