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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PIAZZA DUOMO - GASTRONOMIA EM ALBA (ITÁLIA)

Tínhamos reserva confirmada no Piazza Duomo para 20 horas, mesa para cinco pessoas. Eu, Rogério e Emi chegamos na Piazza Risorgimento cinco minutos antes. A praça estava lotada, com muitas barracas de comidas e bebidas debaixo das arcadas da sede da prefeitura de Alba. No centro, colocaram mesas altas, com tampo redondo, que serviam de apoio para quem bebia e conversava. Não havia cadeiras. No centro das mesas, velas iluminavam o ambiente. Um palco montado em um canto da praça indicava que ali haveria um show. Não conseguimos identificar o restaurante. Resolvemos perguntar em um  bar bem próximo da Catedral San Lorenzo e nos indicaram o outro lado da catedral, em sua lateral esquerda, para onde fomos e nada achamos. Nova consulta em outro bar e nos foi apontada a primeira rua à esquerda, mas era mais uma informação errada. Demos uma grande volta pelas ruas ali perto, chegando novamente na Piazza Risorgimento. Um jovem que trabalhava em uma das barracas de comida da praça nos mostrou por onde entrava no restaurante que procurávamos. Embora o endereço seja na praça, o que temos no térreo é um restaurante chamado Piola, do mesmo proprietário do Piazza Duomo, que fica no segundo piso. Há uma entrada privativa para ele na via lateral, na Vicolo dell'Arco, 1, na esquina com a Piazza Risorgimento, por onde entramos. Fomos recebidos na porta por uma jovem atendente que nos conduziu até o segundo piso, onde já estavam sentadas Vera e Cláudia. O Piazza Duomo integra a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, editada anualmente pela revista britânica The Restaurant, figurando no 41º lugar na edição 2013, além de ter três estrelas Michelin.

Endereço: 4, Piazza Risorgimento, Alba, Itália. (www.piazzaduomoalba.it).

Contato: +39 0173 356 167 - info@piazzaduomoalba.it

Especialidade: cozinha piemontesa, com toques contemporâneos, sob o comando do chef Enrico Crippa.

Quando fui: jantar de 26 de outubro de 2013, sábado. Éramos 05 pessoas, com reserva feita com mais de um mês de antecedência pela guia Silvia Aprato da empresa de turismo Tasting Tours. O restaurante ocupa o segundo piso de uma edificação antiga localizada na principal praça de Alba. Em seu interior, nada lembra os prédios antigos que estão do lado de fora. Amplas janelas se abrem para a praça. As paredes são brancas com alguns desenhos como adorno. Iluminação ótima, bem clara. Nas mesas não há nenhum tipo de decoração, apenas uma toalha branca, pois a quantidade de amuse bouche que chega é assustadora, não havendo possibilidade de concorrência com nenhum objeto decorativo. Ficamos por mais de três horas no restaurante.

Serviço: ótimo atendimento na entrada, bem como eficiente serviço de mesa, incluindo o vinho e a trufa branca. Foram diligentes ao perguntar a cada um de nós se havia alguma intolerância ou restrição alimentar. No meu caso, respondi que não comia espinafre. O restaurante é adepto do movimento Slow Food, com a indicação no menu da procedência de seus produtos e matérias-primas utilizadas na elaboração de seus pratos, todos eles da região do Piemonte. O que não gostei foi da falta de isolamento acústico das janelas. Como acontecia um show de rock na praça, o barulho incomodava, mesmo com as janelas fechadas. Para piorar, como estávamos em época pré-inverno, não havia como esfriar o ambiente com o ar condicionado. Assim, tínhamos que optar entre o barulho e o calor. Emi, sempre em um eterno calor, pedia para abrir a janela a todo instante, mas logo tinham que fechá-la, pois a música alta incomodava.

O que bebemos: pedimos auxílio ao sommelier para fazer uma harmonização com o menu degustação com trufas brancas. Fomos prontamente atendidos, custando-nos € 80 por pessoa (quatro vinhos para seis pratos). A harmonização está descrita na sessão abaixo. Começamos com uma taça (€ 10) do espumante rosé Ettore Germano, brindando nossa amizade e a felicidade de estarmos juntos na viagem. Acompanhou os vinhos água mineral com e sem gás Lauretana. Ao final um forte café espresso Illy.

O que comi: os cinco da mesa não tiveram dúvidas em escolher o menu degustação com trufas brancas, chamado Menu Tartufo (€ 150, sem as trufas, que custava € 7 o grama), já que estávamos na melhor época para apreciar esta iguaria gastronômica. Todos os seis pratos do menu, incluindo a sobremesa, recebem lascas de trufas brancas raladas por sobre o prato na hora, à vista do cliente. Assim que escolhemos o menu degustação, o garçom nos trouxe à mesa uma seleção de trufas brancas e uma balança de precisão. Ele mesmo sugeriu uma delas, o que aceitamos. Pesou em nossa frente, anotando o peso de 61,4 gramas. Paga-se apenas o que se consome, motivo pelo qual o que resta da trufa ao final é pesado novamente e a diferença é o que se deve pagar. No caso, consumimos 49,2 gramas (€ 344,40). Antes do menu, encheram o centro da mesa com inusitados e diferentes mimos do chef. Sempre em porções com cinco unidades cada um, vieram uma espécie de pururuca de arroz, palitos de espaguete assados, flan caramel com missô (o melhor de todos, com a mistura de sabores doce e salgado), azeitonas falsas (a verde era um tartare de vitelo, muito bom, e a preta era um lagostim, que tinha um forte gosto de mar), queijo do Piemonte, minisalgadinhos, gressinos, foie gras com crispy de milho e espuma de campari (outro mimo muito interessante na boca, pois a gordura do foie gras casou bem com o amargo do Campari), entre outras variedades.



flan caramel com missô


pururuca de arroz


seleção de amuse bouche


azeitonas falsas (fake olives)


foie gras com crispy de milho e espuma de campari


a trufa branca escolhida antes de ser ralada em nossos pratos

Em seguida, começou a sequência do menu, todos os seis pratos com bela apresentação:

1. Capesante, radici, nocciola - harmonizado com o vinho branco da região da Alsácia, França, Grand Cru Bruderthal Gewurstraminer 2008. Trata-se de vieiras grelhadas, com avelãs frescas e folhas de baby rúcula. Harmonização meia boca. As vieiras estavam deliciosas sem as trufas. Com elas, acho que o sabor se perdeu.


2. Di razza fassona - harmonizado com o vinho tinto de Abruzzi, Itália, Marina Cveltic Cabernet Sauvignon 1997. Um dos pratos mais típicos do Piemonte, trata-se de uma espécie de tartare de carne bovina da raça fassona. Harmonização excelente. Vinho muito bom. Sabor da carne bem marcante, com e sem as trufas. Aprovado.



 3. Crema di patate, Lasang Souchongharmonizado com o vinho tinto de AbruzziItáliaMarina Cveltic Cabernet Sauvignon 1997. O melhor prato da degustação, sem dúvidas, opinião compartilhada pelos cinco do grupo. É um creme consistente de batatas com um molho do chá chinês Lasang Souchong. Dentro do creme havia um ovo de codorna cuja cor era acinzentada, meio transparente, tipo fumê. Ao morder, uma gema mole e deliciosa, harmonizando perfeitamente com o creme. O molho de chá deu um toque inusitado, alterando o sabor da batata. Ficou bom tanto sem, quanto com a trufa branca. Aprovadíssimo. A harmonização deixou a desejar.



4. Plin di fonduta - harmonizado com o vinho tinto italiano Bernardot Barbaresco 1993, do produtor Bricco Asili, da região de Langhe, no Piemonte. Trata-se de outro prato típico piemontês. É um ravioli de massa fresca feita com ovo e recheado com fondue de queijo da região. Ficou excelente com as trufas, que potencializaram o sabor e o aroma do prato. A harmonização foi fraca, pois o vinho era muito forte para a massa.


 5. Cotornice e foie grasharmonizado com o vinho tinto italiano Bernardot Barbaresco 1993, do produtor Bricco Asili, da região de Langhe, no Piemonte. Originalmente, este prato tem como acompanhamento espinafre refogado, mas no meu caso, como tinha falado sobre esta minha restrição alimentar, eles trouxeram o prato acompanhado por pequenas folhas de couve de bruxelas. Trata-se de uma codorna assada, com pele, e molho de foie gras. A carne da codorna estava dura e sem graça. O molho nada acrescentou, bem como as lascas de trufas brancas, que só lhe deram perfume. Não gostei, muito menos da harmonização.



 6. Monte bianco - bem harmonizado com o vinho de sobremesa Château Rieussec Sauternes 1er Grand Cru Classé 2000, produzido pela vinícola Lafite Rothschild na França. A trufa branca foi um excesso, não harmonizando nenhum um pouco. É um marrom glacê legítimo, feito com castanhas portuguesas, com chantilly em seu topo, o que remonta ao famoso Monte Bianco, monte que fica na fronteira da Itália com a França, onde recebe o nome de Mont Blanc, que também dá nome à versão francesa desta sobremesa. Não aprecio chantilly. Acabei deixando boa parte da sobremesa no prato, embora tenha gostado do marrom glacê.



Para acompanhar o café espresso, uma série de novas amuse bouche, desta feita todas doces. O que mais me chamou a atenção foi a garrafinha com um creme doce à base de leite que tomamos de uma golada só. O pirulito de chocolate também era diferente na boca, onde explodia um sabor azedinho por causa do limão de seu recheio.


seleção de amuse bouche doces

Valor individual da conta: € 345. Foi a conta mais cara que já paguei, individualmente, em um restaurante na minha vida até então.

Minha avaliação: * * *. Mesmo com vários prêmios e integrante de listas dos melhores restaurantes, não tive uma experiência que me surpreendesse positivamente no Piazza Duomo. A harmonização ruim, o prato com codorna, as trufas na sobremesa, o barulho da música externa e o calor do ambiente interno pesaram nesta avaliação.

Gastronomia Alba (Itália)

Um comentário:

  1. Mas pelas fotos e pelas descricões dos pratos eu arriscaria... Fora que é dificil resistir a tantos amuse bouches!

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